Poesia | Deusa D’África lança “Sinopse de cães à estrada e poetas à morgue”

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Deusa D’África, escritora moçambicana que foi uma das convidadas do festival literário Rota das Letras, acaba de lançar um novo livro, com a chancela da Alcance Editores. “Sinopse de cães à estrada e poetas à morgue” é hoje lançado na cidade de Xai-Xai

 

“Sinopse de cães à estrada e poetas à morgue” é o título do quarto livro de poesia de Deusa
D´África, escritora moçambicana que já se embrenhou nas linhas do romance. O livro será lançado hoje na cidade de Xai Xai, em Moçambique, numa parceria entre a Alcance Editores e a Associação Cultural Xitende, de que Deusa D´África é coordenadora geral.

Este é um livro onde a poesia apresenta “uma influência da oralidade na constituição da linguagem poética e a recorrência da pertença local”, sendo este “um importantíssimo elemento de subversão canónica, fundamental para a inovação da literatura moçambicana, contestação e denúncia”, aponta a sinopse do livro.

Nascida em 1988, Deusa D´África tem, apesar da paixão pela escrita, formação na área dos números, possuindo um mestrado em contabilidade e auditoria. Além disso, é ainda professora na Universidade Pedagógica e na Universidade Politécnica. É também gestora financeira do projecto Global Fund – Malária.

Inspirada pela poesia de Noémia de Sousa, Deusa D´África começou a escrever poesia em 1999, sendo autora de diversas obras. Títulos como “A Voz das Minhas Entranhas” e “O Limpopo das Nossas Vidas” venceram o Concurso Literário Internacional Alpas do Brasil.

Muitos dos seus poemas encontram-se publicados no Jornal Notícias, O País, Pirâmide, Diário de Moçambique e Xitende. Deusa D’África viu alguns dos seus trabalhos editados no Brasil e outros traduzidos para sueco.

Um “golpe de azagaia”

A sinopse desta obra dá ainda conta de que “os versos Deusa d’Africa desautomatizam a linguagem e causam estranhamento”, sendo que a poetisa “vê uma função dialéctica com o poder de inaugurar [mas também] de destruir”.

“A sua actividade poética é revolucionária por natureza, exercício espiritual, um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Ciente deste poder regenerador da poesia, a lírica de Deusa d’África vaticina.

Outros teóricos, como Ezra Pound, prescrevem a necessidade do tratamento directo do tema como factor intrínseco ao bom poema. Também assim pode ser a lírica de Deusa, que relata casos como o ciclone Idai, em 2019”, lê-se no mesmo texto, assinado por Vanessa Riambau Pinheiro.

Os poemas da autora são tidos como um “golpe de azagaia”, enquanto que a escrita “desassossega, perturba, rouba a paz, tira-nos da letargia”.

“Cães à estrada e poetas à morgue” é dividida em três partes (Cães de papel/Cães à estrada e Poetas à morgue/ Respeito nas bancas do mercado grossista) e, ao longo de mais de cem poemas, “entretece uma poética-manifesto”.

Os versos expõem “males sociais, como a criminalidade, repressão, violência e miséria”, onde Deusa D´África aponta “as mazelas como problemas sociais de seu país, mas também rasura consonâncias metaforizadas entre a casa física e a entidade abstracta”.

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