O arrependimento

Estou arrependido de não me ter viciado
em heroína, de não alternar entre a suprema dor
e o supremo bem-estar. Assim, flutuo nesta angústia
alcoólica sem bebida, no terror de viver
sem existência palpável. Da realidade,
conheço o amor fugaz. Da irrealidade,
o ódio que me devotam. Não sei o que chamar
ao esgaçar dos dias. Não sei como resistir
à benevolência da noite. Antes me debatesse,
antes me forçasse a algo. Não ser o adiamento
de tudo o que desejo e não desejo.

Por João Corvo

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