Chefe da diplomacia dos EUA inicia périplo na região de Ásia-Pacífico

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, partiu ontem para a região da Ásia-Pacífico, périplo que pretende consolidar as parcerias locais perante a estratégia expansionista da China e que surge em plena intensificação da crise ucraniana.

Blinken passará três dias na cidade australiana de Melbourne, onde vai participar numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros do grupo Quad, uma aliança dos Estados Unidos da América (EUA) com a Austrália, Índia e Japão, que Washington pretende que seja um baluarte contra o desejo de controlo regional por parte da China.

Em Melbourne, o chefe da diplomacia norte-americana vai reunir com altos funcionários australianos, incluindo o primeiro-ministro, Scott Morrison, com quem deve tentar fortalecer a aliança militar trilateral “AUKUS” (Austrália, Reino Unido, EUA), anunciada em setembro para combater a influência da China.

Ao abrigo desta aliança, a Austrália adquiriu, no ano passado, submarinos de propulsão nuclear aos Estados Unidos, rompendo um contrato de compra de submarinos tradicionais à França, o que provocou um incidente diplomático.

Após a partida da Austrália, programada para sábado, Blinken fará uma escala nas ilhas Fiji para se encontrar com vários líderes das ilhas do Pacífico.

“A principal mensagem que o secretário de Estado transmitirá é que as nossas parcerias cumprem as promessas estabelecidas”, disse Daniel Kritenbrink, secretário de Estado adjunto para o Pacífico e Ásia Oriental.

“O Quad é uma componente-chave, económica e de segurança, da política externa dos EUA na região do Indo-Pacífico”, explicou Kritenbrink.

Criado em 2007, o grupo Quad foi revitalizado em 2017, quando a Austrália se envolveu de forma mais assertiva para combater as intenções expansionistas do Governo de Pequim, acusado de intimidação militar no Mar do Sul da China.

As Forças Armadas da Austrália participaram em manobras conjuntas da aliança, em 2020, um ano em que tropas chinesas e indianas entraram em confronto por várias vezes, numa área de fronteira disputada.

A reunião de Melbourne também servirá para discutir estratégias no combate à pandemia de covid-19 e os problemas das alterações climáticas, preparando a agenda para uma reunião de chefes de Estado do Quad, marcada para meados deste ano.

Esta viagem de Blinken acontece numa altura em que os receios ocidentais sobre uma potencial invasão russa da vizinha Ucrânia continuam bem presentes.

Também acontece poucos dias depois do Presidente russo, Vladimir Putin, ter recebido o apoio do chefe de Estado chinês, Xi Jinping, nas críticas contra a expansão da NATO a leste.

Num encontro na capital chinesa, que decorreu por ocasião da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, os dois líderes deram sinais de uma frente comum, com Pequim a apoiar Moscovo no seu confronto com a NATO em torno da Ucrânia e Putin a devolver o apoio de Xi Jinping no que diz respeito a Taiwan, ilha que a China considera parte do seu território e que já chegou a ameaçar a reunificação pela força.

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