Tribunal chinês decide contra denunciante em proeminente caso de assédio sexual

Um tribunal chinês decidiu ontem contra a denunciante, num caso de alegado assédio sexual ocorrido na imprensa estatal do país e considerado de grande importância para o movimento feminista #MeToo na China.

Em 2018, Zhou Xiaoxuan acusou Zhu Jun, conhecido apresentador da televisão estatal CCTV, de assédio sexual, numa altura em que nas redes sociais chinesas começaram a surgir vários relatos de assédio, frequentemente censurados. Zhou era estagiária na CCTV.

Em comunicado, o Tribunal Popular de Haidian, em Pequim, considerou que as provas apresentadas por Zhou “são insuficientes para provar a acusação de assédio sexual”. O tribunal decidiu, por isso, rejeitar a queixa de Zhou.

A conta do tribunal na rede social WeChat publicou inicialmente aquela nota, que foi, posteriormente, apagada.

A queixosa afirmou, após a notificação do veredicto, que o tribunal “rejeitou todos os pedidos” para inclusão de novas provas no seu caso.

“Não é que eu não possa aceitar a perda do caso, mas, pelo menos, poderíamos ter um debate completo durante o processo. Nesta sessão, não houve debate e o tribunal não nos deu tempo suficiente para nos defendermos”, argumentou.

“Acho que [o tribunal] deu o veredicto antes do julgamento”, protestou Zhou, à saída do tribunal. A mulher também anunciou que apelaria da decisão.

De acordo com o texto do tribunal, “durante o julgamento, o autor e o réu realizaram testes e interrogatórios de acordo com a lei, e ocorreu um amplo debate judicial sobre o foco da disputa”.

No início deste mês, um tribunal da cidade de Jinan, no leste da China, retirou as acusações contra um ex-funcionário do grupo Alibaba, suspeito de abusar sexualmente de uma funcionária, durante uma viagem de trabalho. As denúncias de assédio sexual continuam a ser um tabu na China.

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