Timor-Leste decreta luto nacional durante três dias pela morte de Jorge Sampaio

O Governo timorense decretou hoje luto nacional durante três dias pela morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, considerando-o uma “personalidade de excecional relevância na defesa do povo e dos valores constitucionais timorenses”.

A decisão foi anunciada pelo Conselho de Ministros de Timor-Leste, que deliberou decretar o luto nacional pela morte de Jorge Sampaio “em todo o território nacional, pelo período de três dias, até às 07:59 [horas locais] do dia 16 de setembro”, após uma reunião extraordinária.

Durante esse período, a bandeira nacional do país estará a meia haste “nos lugares de uso obrigatório, incluindo nas missões diplomáticas”, segundo o comunicado do Conselho de Ministros.

Na nota, o Governo timorense considerou que Jorge Sampaio, falecido na sexta-feira e sepultado no domingo, com honras de Estado, em Lisboa, “foi uma personalidade de excecional relevância na defesa do povo e dos valores constitucionais timorenses”.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, afirmou que Jorge Sampaio “entrou para a história” como o Presidente que “muito contribuiu” para a independência de Timor-Leste, “da qual foi testemunha como convidado de honra na cerimónia que se realizou no dia 20 de maio de 2002”.

O chefe do Governo timorense recordou que foi durante os dois mandatos do antigo Presidente português (1996-2006) que “o mundo acordou para a repressão Indonésia”, e salientou que Jorge Sampaio “sempre aproveitou todos os palcos internacionais para exercer fervoroso apoio e ativismo em favor da causa timorense na sua luta pelo direito à autodeterminação e independência”.

Taur Matan Ruak acrescentou que Sampaio “será lembrado no mundo como uma figura maior de causas e de liberdade e reconhecido como um Grande Amigo de Timor-Leste e dos Timorenses”.

No sábado, o Presidente timorense, Francisco Guterres Lú Olo, considerou que o antigo chefe de Estado português foi um “lutador incansável pela liberdade e democracia” e um homem “íntegro e humano em todas as causas em que se empenhou”, exprimindo ainda “a gratidão e reconhecimento” por “tudo quanto Jorge Sampaio fez por Timor-Leste”.

Em 2016, e após ter reconhecido a “solidariedade e o apoio ativo” de Jorge Sampaio na luta pela independência, o Estado timorense condecorou-o “com o maior galardão do Estado, o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste”.

A condecoração foi entregue pelo atual primeiro-ministro, então chefe do Estado timorense, em Lisboa.

Na altura, Taur Matan Ruak manifestou “o profundo reconhecimento pelo humanismo, as inúmeras expressões de solidariedade e o apoio ativo com que, ao longo dos anos, alimentaram a luta pela liberdade, autodeterminação e independência de Timor-Leste”.

Na última visita oficial a Timor-Leste, em 2006, o Parlamento Nacional atribuiu a Sampaio o título de Cidadão Honorário da República Democrática de Timor-Leste.

Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias. O funeral, com honras de Estado, realizou-se no domingo, antecedido por uma homenagem nacional no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.

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