NATO rejeita ver China como inimigo mas quer aliança reforçada perante ascensão de Pequim

[dropcap]O[/dropcap] secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, rejeitou ver a China como inimigo, mas pediu um reforço da Aliança Atlântica perante “a ascensão de Pequim”, que está a mudar o “equilíbrio global do poder”.

“Não, a NATO não vê a China como o novo inimigo ou adversário, mas vemos que a ascensão da China está a alterar fundamentalmente o equilíbrio global do poder”, declarou o líder da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, sigla inglesa), falando numa conferência ‘online’ sobre o futuro e a sua visão para a aliança em 2030.

Falando a partir de Bruxelas no evento digital organizado pelo Atlantic Council e pelo German Marshall Fund, Jens Stoltenberg vincou que os 30 aliados da NATO devem “permanecer fortes militarmente, mas mais unidos politicamente e ter uma abordagem global mais ampla”.

Desde logo porque “está a aquecer a corrida à supremacia económica e tecnológica”, ao mesmo tempo que se “multiplicam as ameaças às sociedades abertas e às liberdades individuais”, destacou o responsável norueguês, numa alusão à aposta feita pela China para se tornar na maior potência mundial em termos económicos e militares.

“A China está a aproximar-se de nós a partir do Ártico ou do ciberespaço”, acrescentou, considerando que isso coloca pressão sobre “os valores e modos de vida” da aliança e que, por essa razão, a NATO deve ter uma “presença global”.

Falando sobre a sua visão para a organização nos próximos 10 anos, Jens Stoltenberg sustentou que a NATO tem trabalhar “ainda mais estreitamente com os países que partilham da mesma visão”, como “a Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul”.

Tal cooperação permitira “estabelecer normas e padrões, no espaço e no ciberespaço, sobre as novas tecnologias e o controlo global do armamento e, em última análise, [serviria] para defender um mundo construído sobre liberdade e democracia, e não sobre intimidação e coerção”, adiantou.

Na ocasião, Jens Stoltenberg foi ainda questionado sobre uma eventual retirada, por parte dos Estados Unidos, de parte do contingente destacado na Alemanha.

Escusando-se a comentar as notícias avançadas pela imprensa, o responsável notou antes que, “nos últimos anos, houve um aumento” da presença militar norte-americana em “vários locais” da Europa e “não apenas na Alemanha”.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, tem vindo a repreender sistematicamente os aliados da NATO na Europa e no Canadá por aquilo que considera serem despesas insuficientes em matéria de defesa, o que levou a tensões dentro da organização.

Nos últimos anos, Donald Trump também retirou os Estados Unidos do acordo climático de Paris e do acordo nuclear iraniano e, mais recentemente, ameaçou cortar o financiamento à Organização Mundial de Saúde, acusando-a de ser controlada pela China e de ter enganado o mundo sobre a pandemia de covid-19.

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