EPM | Pais defendem mais horas de aulas no ensino à distância 

Alguns encarregados de educação querem que os alunos da Escola Portuguesa de Macau tenham mais horas de aulas online. A maioria tem duas aulas por dia de 40 minutos cada, mas há quem defenda o cumprimento integral do horário escolar

 

[dropcap]O[/dropcap] ensino à distância na Escola Portuguesa de Macau (EPM) funciona há cerca de três semanas devido à pandemia da covid-19 que decretou a suspensão das aulas presenciais. Ainda assim, há encarregados de educação a defender que os alunos deveriam ter mais horas de aulas por semana.

Filipe Regêncio Figueiredo, encarregado de educação e presidente da Associação de Pais da EPM (APEP), é um deles. “São dadas duas aulas por dia de 40 minutos cada. Acho que é pouco, mas também acho que não deveriam ser dadas todas as aulas, mas sim as que têm matérias mais importantes ou onde haja necessidade de maior acompanhamento.”

Catarina Terra, encarregada de educação de dois alunos no 5º e 8º ano, questiona as razões pelas quais a EPM não cumpre na íntegra o calendário escolar na plataforma online.

“Já estamos na terceira semana e não houve um aumento do número de aulas. Conheço alunos que estão em escolas privadas em Portugal onde as aulas por videoconferência estão a respeitar o horário escolar. Além disso há aulas suplementares na parte da tarde para ajudar com os trabalhos de casa.”

“Porque é que na EPM os professores não dão mais do que uma aula por semana, quando isso é manifestamente insuficiente? E os próprios alunos também precisam de acompanhamento para os trabalhos de casa, que não existem desde Fevereiro”, disse ainda ao HM.

Um outro encarregado de educação, que não quis ser identificado, diz que há “professores que não fazem nada”. “Mandam trabalhos e nem corrigem. Todos sabemos que a falta de feedback ou de avaliação é, além de desmotivadora, um dos principais obstáculos para o avanço na matéria. O sistema de videoconferência está a correr bem, mas deveria ser aproveitado para as disciplinas em que é necessário mais acompanhamento, como português, matemática ou ciências”, frisou.

Este pai fala de problemas nas aulas do ensino primário. “Há professores que se esforçam e mandam uns filmes, mas há outros que mandam umas fichas e não as corrigem. Deviam ser todos obrigados a fazer os filmes e correcções. Há pais nervosíssimos porque vêem o ano a terminar e os miúdos não sabem as letras e não se avança na matéria.”

Em análise

Confrontado pelo HM com estas preocupações, Manuel Machado, director da EPM, adiantou que eventuais alterações a este modelo dependem das directrizes da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). De frisar que não há ainda uma data definida para o regresso às aulas presenciais, tendo em conta o ressurgimento de novos casos de infecção com a covid-19 no território. “Em função da situação que se vive em Macau, e tendo em conta as normas da DSEJ, decidiremos como proceder até à altura em que as aulas serão retomadas.”

Apesar da APEP ter feito um pedido para não se avançar para a interrupção das aulas online no período da Páscoa, Manuel Machado vai manter essa regra. Questionado sobre a falta de interacção por parte de alguns professores com os alunos, o director da EPM prefere “não comentar questões internas nos jornais”.

“Desde que a escola implementou o ensino online que tem sido cumprido o horário normal através da plataforma Google Classroom. Os professores, nos seus horários, estão presentes nessa plataforma para tratarem das questões que há a tratar, ensinar matérias e corrigir trabalhos”, disse.

Manuel Machado recorda que, “quando se iniciaram as aulas por videoconferência [decidiu-se realizar] uma sessão semanal por cada disciplina”. No entanto, “há várias disciplinas em que já foi dada mais do que uma sessão, fruto da necessidade em avançar com os programas e de acordo com as necessidades dos alunos”, rematou o director da EPM.

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