Salário mínimo | Governo assegura valor para portadores de deficiência

O mecanismo prometido pelo Governo para garantir que portadores de deficiência recebem o equivalente ao salário mínimo vai assumir a forma de regulamento administrativo e entrar em vigor no mesmo dia da implementação da lei do salário mínimo, se a proposta for aprovada. Já sobre o período de revisão do valor não há consenso

 

[dropcap]A[/dropcap] promessa do Governo em salvaguardar os interesses dos trabalhadores com deficiência vai concretizar-se através de um regulamento administrativo que deverá entrar em vigor no mesmo dia da efectivação da lei do salário mínimo para os trabalhadores em geral. Os membros da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa não terão acesso ao conteúdo do regulamento administrativo antes da eventual aprovação da proposta de lei.

O Governo já tinha garantido que iria assegurar aos portadores de deficiência um rendimento equivalente ao salário mínimo. Neste sentido, vai atribuir um subsídio a estes trabalhadores que colmate a diferença entre o que auferem e o valor do salário mínimo. A justificação, reiterada pelo Governo, de que os portadores de deficiência não devem ser incluídos na proposta porque isso poderia “afectar a oportunidade de trabalho dessas pessoas”, foi ontem acolhida por muitos deputados.

É incerto quantas pessoas vão beneficiar do regulamento administrativo prometido pelo Executivo. “Não sei. (…) Nem todas as pessoas deficientes querem trabalhar, e nem todos os trabalhadores deficientes precisam de ajuda do Governo na procura de emprego”, disse o presidente da Comissão, Chan Chak Mo. O legislador apontou que existem mais de seis mil portadores de deficiência em Macau, mas que apenas cerca de 80 conseguiram emprego através dos Serviços para os Assuntos Laborais. Destes, a maioria aufere um salário superior ao valor do salário mínimo. No entanto, Chan Chak Mo disse desconhecer o número certo trabalhadores com deficiência a trabalhar actualmente.

Relativamente à possibilidade de se adoptar um sistema de avaliação da capacidade laboral ou produtividade de portadores de deficiência, à semelhança do que existe em Hong Kong ou Taiwan, Chan Chak Mo afirmou que “o Governo não vai fazer isso a curto prazo” e que o Executivo explicou haver dificuldades à sua implementação por exigir o envolvimento de profissionais dos Serviços de Saúde e do Instituto de Acção Social. O presidente da Comissão observou ainda que Hong Kong não dispõe do regime de subsídio complementar, questionando se isso é bom para portadores de deficiência.

Sem consenso

A proposta prevê que o salário mínimo seja revisto a cada dois anos. No entanto, o salário mínimo para os trabalhadores de limpeza e de segurança na actividade de administração predial, de acordo com a lei que vigora desde 2016, é revisto anualmente. O Governo justificou que agora a recolha de dados é apenas desse ramo, mas que “no futuro os dados vão abranger todos os sectores de trabalho de Macau e um ano se calhar não consegue reflectir a realidade no âmbito económico e social de Macau”.

No entanto, Chan Chak Mo indicou que um deputado do sector laboral entendeu que o prazo de dois anos “não é aceitável, é demasiado longo”, apoiando uma revisão anual. No seguimento da discussão, apontou que “não tivemos qualquer consenso”, admitindo que o deputado em causa pode votar contra no plenário. Ainda assim, o presidente da Comissão acredita que a proposta poderá ser submetida a plenário no próximo mês.

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