SociedadePatrimónio histórico | Preservação tem sido feita “a grande custo”, diz Rui Leão Hoje Macau - 18 Dez 2019 [dropcap]O[/dropcap] presidente do Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa, Rui Leão, considerou que o património histórico de Macau tem sido “mais ou menos” preservado, “mas a grande custo”. Para o arquitecto, que cresceu em Macau, onde vive desde 1977, há “uma pressão” sobre o centro histórico de Macau, classificado pela UNESCO desde 2005, e não sabe “se vai desaparecer”. “Tenho dúvidas de que haja essa preocupação de transferir a pressão” sobre o património mais antigo de Macau, mesmo com a contínua expansão do território através de aterros que conquistam terrenos ao mar e que fizeram aumentar a área da cidade de 23 quilómetros quadrados em 1999, quando terminou a administração portuguesa, para os actuais 32,9 quilómetros quadrados. Rui Leão afirmou que, ao contrário do “modelo europeu”, o espaço edificado, em Macau, e também na generalidade da Ásia, é olhado na perspectiva de “novas possibilidades” de crescimento e desenvolvimento da cidade, com “uma ideia de injectar mais pessoas, de injectar dinheiro, de injectar investimento”. “Neste modelo, o património não encaixa muito bem” e, “no fundo, é sempre um problema e tem de se lutar para que não desapareça”, disse à agência Lusa. “Há coisas que se desaparecerem, deixamos de poder contar a História. Isto, a maior parte das pessoas aqui em Macau, infelizmente, não percebe”, afirmou. Em relação à construção em zonas novas da cidade, com uma população que aumentou em cerca de 200 mil habitantes em 20 anos, Rui Leão considerou que há uma grande diversidade, mas atendendo à grande escala dos edifícios de habitação, “há algumas [construções] que conseguem trazer espaços simpáticos à cidade” e “também ter um desenho que dignifica o ‘skyline'” de Macau.