O Filme do filme

[dropcap]A[/dropcap]o longo da quarta edição do Festival Internacional de Cinema e Entrega de Prémios de Macau (IFFAM) foram muitas as referências ao calvário que é o longo e rigoroso processo de censura a que são sujeitas as obras cinematográficas produzidas na China.

“A City Called Macau”, filme realizado pela chinesa Li Shaolong, galardoada internacionalmente por diversas ocasiões (inclusivamente com um Urso de Ouro em Berlim), é um desses exemplos de filme, que nunca chegou a ser o que era suposto à partida. Por causa “do juízo rigoroso em não mostrar nenhum aspecto que pudesse promover a indústria do jogo”, “A City Called Macau”, um filme que aborda precisamente a indústria do jogo em Macau, chegou às salas de cinema desmembrado, com cenas cortadas e num momento que não permitiu a sua participação nos grandes festivais de cinema do ano passado.

Mas também Juliette Binoche falou do assunto e deu talvez uma opinião importante sobre o tema. Quando questionada se estaria disposta a enfrentar a censura chinesa caso venha a trabalhar no país, a actriz fancesa que esteve de passagem por Macau, disse que “há muitas formas de ser livre” e que, estando “solidária com os artistas que não se podem exprimir livremente”, é preciso encontrar, apesar dos limites, um caminho (interior, pelo menos) que permita a cada um levar “a arte o mais longe possível”. Talvez o ideal não exista, mas talvez o ideal seja uma boa pista para querer fazer mais e não permitir quaisquer constrangimentos de partida. Allez!

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