João Santos Filipe DesportoAudi quer continuação da Taça GT em Macau Responsável pela preparação dos carros do construtor defende que Taça Mundial de FT deve continuar em Macau, apesar de sugestão para mudança para Abu Dhabi. [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]pesar dos espectaculares acidentes que têm marcado as edições da Taça Mundial FIA GT no circuito da Guia, o responsável pela preparação dos Audi para clientes privados, Chris Reinke, defende que a prova deve continuar a ser disputada no território. As afirmações surgem numa altura em que existe a possibilidade desta competição ser mudada por outro circuito, como o Yas Marina no Abu Dhabi. Essa foi pelo menos a sugestão de um construtor, segundo o portal Sportscar375, que não identificou o construtor em causa. “Para nós é tudo muito claro. Em Macau há uma forma muita própria de recebermos esta prova, que por não fazer parte de qualquer campeonato se torna num evento radical ao nível da provas de GT3”, disse Chris Reinke, responsável da Audi, ao portal Sportscar365. “Nós consideramos que Macau tem o circuito indicado para esta prova. É um evento extraordinário”, acrescentou. A questão sobre uma possível realocação da prova que desde a criação foi realizada em Macau, prende-se com os vários acidentes. Em 2016, Laurens Vanthoor conquistou o troféu, apesar de ter capotado o carro e obrigado á interrupção da corrida. Depois de uma sessão de 90 minutos em que os carros só realizam 5 voltas em ritmo competitivo. No ano passado, a corrida de qualificação teve um acidente que envolveu quase metade dos concorrentes e que condicionou o resultado final. Chris Reinke considerou estes episódios uma falsa questão, no sentido em que, diz o responsável, as pessoas que se deslocam ao Território sabem o que têm pela frente. “Se falássemos em incluir esta prova num campeonato poderíamos falar numa aposta com um risco elevado. Mas quando as pessoas vão a Macau sabem o que têm pela frente e se querem arriscou ou não. Para nós não há nenhum problema se a prova continuar a ser realizada em Macau”, explicou. “Quando vamos a Macau temos consciência do tipo de circuito e a natureza das provas. É um conhecimento que já existe antes da prova e que sai reforçado quando regressamos a casa”, frisou. Questionada sobre o facto de poder haver uma mudança de pista para a Taça Mundial FIA GT, Reike admitiu que esse cenário está a ser equacionado: ““Há um grande risco de isso acontecer, e nós estávamos cientes desse aspecto quando nos inscrevemos na prova. Acho que todos os que se vão inscrever têm de compreender que isso pode acontecer”, admitiu. “Os riscos fazem parte desta prova, que também se tornou conhecida por esse risco”, concluiu. A Taça Mundial FIA GT começou a ser realizada em 2015, a partir da competição para GT do Grande Prémio. Apesar de no início o evento ser aberto a pilotos amadores, nos últimos anos tornou-se exclusivo para pilotos profissionais. No ano passado, um total de 20 carros participação na prova, com sete construtores diferentes, o que foi um recorde.
João Santos Filipe SociedadeAcadémico e ex-jornalista elogia independência da imprensa local José Manuel Simões considera que financiamento público dos jornais não condiciona a liberdade de imprensa nos meios de comunicação social em língua portuguesa de Macau. No entanto, apela a uma maior abertura para as comunidades falantes de português, que não a portuguesa [dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]ma imprensa com coragem para assumir publicamente as suas posições num Território onde as pessoas muitas vezes não o fazem. Foi desta forma que o académico e ex-jornalista José Manuel Simões abordou o Estado dos jornais em língua portuguesa de Macau e a relação com os subsídios públicos. “Curiosamente os jornais em língua portuguesa de Macau, onde as pessoas não dizem muito abertamente aquilo que pensam, têm essa capacidade e virtude de assumirem posições. Isso é de louvar”, disse, ontem, José Manuel Simões ao HM. “Nota-se nos órgãos de comunicação social em língua portuguesa uma independência face ao poder político por vezes arrojada, uma liberdade de dizer as coisas que podem, à partida, ser surpreendentes, sabendo dessa aparente condicionante”, sublinhou. O académico da Universidade de São José escreveu no ano passado, em conjunto com o também académico Paulo Faustino, um artigo, em inglês, sobre o impacto dos apoios públicos para nos jornais de Macau com o título “Impactos do Apoio Público e do Pluralismo de Vozes nos Jornais de Macau”. Entre as conclusões considera-se que existe uma grande liberdade e pluralidade entre os órgãos de comunicação social em língua portuguesa, apesar do financiamento directo do Governo. “Na prática os subsídios não se reflectem em termos de censura ou controlo editorial. Podemos falar de liberdade de expressão. Isto é em relação à imprensa em língua portuguesa”, explicou José Manuel Simões, ao HM. “Não me parece, e tendo em conta os trabalhos dos meus alunos na cadeira de jornalismo e no mestrado de comunicação e media, que esta mesma não ingerência do Governo não exista nos órgãos em chinês. Neste caso podemos falar de censura ou, pelo menos, de autocensura”, frisou. Os apoios são encarados como o garante da pluralidade de vozes na comunicação social, sendo escrito no artigo que a leitura da imprensa em língua portuguesa permite ter acesso a opiniões neutras, contra e a favor das posições do Executivo. “Os apoios à imprensa portuguesa e chinesa mantêm-se desde a Administração Portuguesa, o que também nos mostra que estamos a falar de um mercado reduzido. É um factor que permitem manutenção e continuidade da diversidade dos média em Macau”, apontou José Manuel Simões. Abertura a outras comunidades Por outro lado, o académico considera que sem o financiamento público seria muito difícil que a imprensa em língua portuguesa se mantivesse em Macau. No entanto, considerou que pelo menos existe espaço para a existência de um jornal. “Num universo em que há três diários e dois semanários, acho que seria possível sobreviver um. Os jornais não sobrevivem nem com as tiragens nem com publicidade, portanto à partida se não houvesse os apoios seria muito difícil. O universo de leitores é muito escasso”, comentou. “Mas se existisse apenas um dos cinco, acho que seria exequível a sobrevivência até na tarefa de angariar publicidade”, completou. José Manuel Simões defendeu ainda que os jornais deveriam centrar-se mais nas comunidades portuguesas, e menos na comunidade portuguesa de Macau: “Por vezes os jornais deveriam ter a preocupação de trazer para as suas páginas as outras comunidades de língua portuguesa, e não só a comunidade portuguesa para quem são mais virados. Era uma tarefa que não seria propriamente complicada”, indicou. O artigo escrito por José Manuel Simões foi publicado em Abril do ano passado na revista Journalism and Mass Communication.
Andreia Sofia Silva SociedadeAeroporto com maior volume de passageiros de sempre [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] número de passageiros que passaram pelo Aeroporto Internacional de Macau o ano passado atingiu a fasquia de 7.16 milhões, um aumento de oito por cento em relação a 2016. Segundo um comunicado, trata-se do maior número em 22 anos de operacionalização do aeroporto, ultrapassando 11 vezes o número da população de Macau. Em Dezembro havia um total de 29 linhas aéreas a passar pelo aeroporto, que ligam o território a 46 destinos do sudeste asiático, que representaram 43 por cento do volume de passageiros de todo o aeroporto. Garantindo que os números bem sucedidos se devem a uma boa cooperação com parceiros e o Governo de Macau, a Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau (CAM) assegura que, o ano passado, o Mercado da China e Taiwan se manteve “estável”, enquanto que os mercados do sudeste asiático e do continente registaram aumentos na ordem dos dez e 15 por cento, respectivamente. Tal representou um aumento de 32 por cento de passageiros nas linhas low cost. Os bons resultados ao nível de rotas e passageiros permitem à CAM “garantir uma base sólida para a expansão das linhas aéreas em 2018”. “Em termos de desenvolvimento de mercado, vamos desenvolver rotas de longo curso, com o objectivo de aumentar e mudar a actual estrutura de mercado em termos passageiros, para que possamos atrair mais viajantes internacionais e locais para o Aeroporto Internacional de Macau”, lê-se no comunicado. A CAM espera ainda este ano concluir várias obras de expansão do aeroporto, tal como o novo terminal norte, que irá permitir uma capacidade de recepção de 7.5 milhões de passageiros por ano.
Victor Ng SociedadePreço de venda de porcos vivos voltou a aumentar [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]pesar dos preços da venda por grosso de porcos vivos terem ficado mais caros com o novo ano, o presidente da Associação dos Comerciantes de Carne Verde Iong Hap Tong de Macau, Che Su Peng, não acredita que o consumidor final vá sentir esse aumento. Em declarações ao Jornal do Cidadão, o presidente defendeu que o facto do aumento não ter sido significativo vai fazer com que os comerciantes de carne mantenham os preços praticados no ano passado. Ainda assim, Che Su Peng considerou o aumento anormal, visto que com base no passado este tipo de aumentos surgia logo a seguir ao Dia Nacional, em Outubro. Porém, desta vez apenas foi registado com o início do novo ano. Por outro lado, o presidente criticou o Governo por ainda não ter feito nada para controlar os preços que chegam ao consumidor final. Face a esta situação, Che Su Peng sugeriu ao Executivo a aquisição de um espaço para instalações de suinocultura no Interior da China. O objectivo passaria por fazer diminuir os preços da carne de porco que chegam a Macau. Também o deputado Ho Ion Sang sublinhou a necessidade do Governo implementar medidas para controlar o impacto da inflação na importação de carne de porco junto dos consumidores finais. O legislador declarou ao Jornal do Cidadão que a sociedade quer ver o mercado da comida fresca liberalizado com a introdução de um mecanismo para implementar concorrência justa, alargamento das fontes de importação dos produtos, garantia de preços razoáveis e redução dos impactos da inflação no Interior da China junto do consumidor final. Apesar de entender que o Executivo prometeu por várias vezes garantir os direitos e interesses dos consumidores no mercado, Ho Ion Sang lamentou que as promessa não estejam a ser cumpridas e que o residentes tenham de continuar a aguentar o alto nível de preços na vida. Ainda assim, o deputado frisou que, com os preços por grosso dos produtos alimentares frescos a aumentarem, que vários cidadãos estão preocupados que tenham de ser eles a pagar esses aumentos. Por essa razão, Ho Ion Sang apelou ao Governo para fazer uma fiscalização mais eficaz.
João Santos Filipe SociedadeChan Meng Kam compra hotel Lan Kwai Fong por 2 mil milhões Empresário e político pagou 1,8 mil milhões de dólares de Hong Kong em dinheiro vivo e completou a aquisição do hotel e casino Lan Kwai Fong. Chan Meng Kam passa a controlar quatro casinos no território [dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]han Meng Kam finalizou ontem por 2 mil milhões de dólares de Hong Kong a aquisição do hotel e casino Lan Kwai Fong ao grupo China Star Entertainment, controlado pelo empresário Charles Heung. A conclusão do negócio foi avançada ontem, em comunicado à Bolsa de Hong Kong, sendo que a identidade do comprador tinha sido revelada anteriormente, pelo portal GGR Asia. Aquisição do hotel e casino foi fechada após um pagamento de 1,8 mil milhões de dólares de Hong Kong. Já em Outubro do ano passado, altura em que foi revelado o princípio de acordo para o negócio, Chan Meng Kam tinha pago 200 milhões de dólares de Hong Kong como caução a fundo perdido. Segundo o moldes do negócio, o valor final da compra ficou cifrado em 2 mil milhões de dólares de Hong Kong e foi feito através da empresa Golden Dragon Entertainment Holdings. “A direcção está feliz por poder anunciar que a conclusão do negócio ocorreu a 3 de Janeiro. Como consequência do pré-acordo existente, o comprador nomeou a empresa Golden Dragon Entertainment Holdings Limited para receber as acções da venda”, pode ler-se num comunicado da China Star Entertainment. “O restante montante da venda no valor de 1.800 milhões foi pago na totalidade em dinheiro vivo”, é acrescentado. O hotel Lan Kwai Fong tem 209 casinos, restaurantes, lojas entre outras instalações. Segundo o comunicado de Outubro da China Star Entertainment, na altura o casino tinha 84 mesas de jogo, focadas no mercado de massas e VIP, e 65 máquinas de jogo. O casino é gerido como satélite da Sociedade de Jogos de Macau, detentora da concessão. Sempre a somar A conclusão deste negócio faz com que o número de casinos controlados pelo empresário e político, que tem lugar no Conselho do Executivo, suba para quatro. Ainda na península de Macau, Chan Meng Kam controla os casinos Golden Dragon e Royal Dragon, também através de acordos com a SJM. Na Taipa, o empresário de Fujian é detentor do Casino Taipa Square, através da licença da Melco Resorts and Entertainment, concessionária controlada por Lawrence Ho. Rumores nos meios da indústria do jogo têm apontado Chan Meng Kam como um eventual candidato a uma licença de jogo, caso o Governo tome a opção de aumentar o número de concessões. Essa licença poderia ser atribuída numa parceria com Alvin Chao, proprietário da empresa de promoção de jogo Suncity.
Sofia Margarida Mota SociedadeAinda não há data para nova lei dos táxis [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Governo ainda não consegue avançar com uma data concreta para a alteração ao regulamento do transporte de passageiros em automóveis ligeiros de aluguer ou táxis. Numa resposta à interpelação escrita do deputado Si Ka Lon, a directora substituta da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), Leong Pou Ieng, disse que o atraso se deve à existência de diferentes opiniões junto da sociedade, pelo que é necessário continuar a fazer estudos sobre este assunto. Na mesma resposta, Leong Pou Ieng disse ainda que nos primeiros seis meses deste ano vai ser lançada a consulta pública sobre o regime de aquisição de bens e serviços. Quanto ao processo legislativo sobre este diploma deverá arrancar no terceiro trimestre deste ano. No que diz respeito aos diplomas relacionados com a renovação urbana, a responsável da DSAJ adiantou que o Governo vai adoptar diferentes medidas para, com base nas necessidades, poderem ser revistas e complementadas as leis em vigor nessa área.
Andreia Sofia Silva SociedadeGrand Hotel, em frente ao Sofitel, abre portas em 2019 A arquitecta Joy Choi é a responsável pela renovação do histórico Grand Hotel e garante que a obra deverá estar concluída em 2019. O edifício obrigou a um estudo de um ano, pois havia o risco de demolição. A obra que obriga os trausentes a circular fora do passeio deverá estar concluída a partir do dia 10 [dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]erá um hotel boutique de duas estrelas, com a antiga fachada renovada e com um estilo clássico. Eis alguns detalhes do histórico Grand Hotel, localizado na zona do Porto Interior, em frente ao empreendimento Ponte 16, e que há anos não passa de um velho edifício abandonado e vazio. Ao HM, a arquitecta Joy Choi, responsável pelo projecto, adiantou que as obras deverão estar concluídas em 2019 e que chegou a existir o risco de demolição de todo o edifício, o que acabou por não se verificar. “Antes deste trabalho a nossa equipa demorou cerca de um ano a estudar as condições do edifício, uma vez que tem cerca de 80 anos. Tínhamos de saber quais eram as condições, se necessitava de ser demolido ou se podia haver uma remodelação. Também fizemos alguns estudos e pesquisas sobre o futuro uso da estrutura. Todos nós estamos contentes com o facto de não termos de demolir o edifício”, apontou a arquitecta. Joy Choi lembrou também que o seu cliente e proprietário do espaço, International Weng Fu Investment Company Ltd, não teve problemas em esperar mais tempo. “Uma parte muito importante é o cliente, que é muito bom e que compreendeu toda a situação. Ele aceitou pagar mais dinheiro para fazer os trabalhos de restauro e reparação de todo o edifício, o que exige mais tempo e dinheiro. Tudo para garantir a segurança das infra-estruturas do hotel no futuro.” O actual proprietário adquiriu o antigo hotel em 2014 e 2015 à família Fok em duas transacções. “Vamos manter a fachada original e vai estar totalmente renovada, com novas janelas, num estilo elegante. Uma parte interessante serão os interiores, pois será um hotel boutique de duas estrelas”, disse Joy Choi. Passeio pronto dia 10 Os trabalhos de fundações levaram ao corte de acesso dos trausentes ao passeio, o que faz com que tenham de andar numa parte da estrada na avenida Almeida Ribeiro. Contudo, Joy Choi assegura que os trabalhos deverão ficar prontos no próximo dia 10. “O passeio vai voltar a estar operacional no dia 10 deste mês. Claro que compreendemos que o público, que não conhece os detalhes, se vá queixar desta obra, mas sem isto não conseguíamos fazer os trabalhos com as fundações. Trata-se de um trabalho de curto prazo e está quase concluído”, concluiu. Ao jornal Ou Mun, o proprietário garantiu que vai demorar cerca de 20 anos a recuperar o investimento feito neste novo projecto hoteleiro.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeSistema de alertas e alarmes para tufões vão ser modificados Os secretários Raimundo do Rosário e Wong Sio Chak revelaram ontem na Assembleia Legislativa que o sistema de alerta de marés e de tufões vai ser revisto e os alarmes vão estar espalhados pela cidade. Os primeiros vão estar em funcionamento até Junho [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s alertas das marés altas vão ser revistos. A medida insere-se no conjunto de iniciativas que têm como objectivo aumentar a capacidade de resposta do território em caso de catástrofe e anunciada ontem pelo secretário para os transportes e obras públicas, Raimundo do Rosário. “Vamos rever os alertas das marés altas de três para cinco níveis e o nível de altura da água vai passar do metro e meio para valores acima dos 2,5 metros”, referiu o governante em resposta à deputada Ella Lei na sessão plenária de ontem da Assembleia Legislativa (AL). Vai ainda ser revista a classificação dos tufões bem como os intervalos de tempo que medem a intensidade dos ventos. De uma medição horária, vão passar a ser tidos em conta os valores registados a cada dez minutos. Numa sessão marcada por mais perguntas e muito poucas respostas, as políticas e acções que o Governo tenciona implementar de modo a evitar estragos como os registados com a passagem do tufão Hato pelo território preencheram o inicio da reunião plenária e contaram com a resposta conjunta de Raimundo do Rosário e do secretário para a segurança, Wong Sio Chak. Depois do Governo reiterar o que já tinha sido dito ao longo das sessões dedicadas às Linhas de Acção Governativa para 2018, Wong Sio Chak revelou que vão também existir algumas modificações no que respeita aos avisos de tempestades tropicais, garantindo que vão ser dados com maior antecedência. “Quanto às tempestades tropicais que podem atingir o território vamos elaborar avisos com três horas de antecedência para que a população tenha tempo de se preparar”, referiu o responsável pela segurança. Vídeos, alarmes e megafones Ainda em resposta às iniciativas que estão a ser levadas a cabo pelo Governo, Wong Sio Chak adiantou que os Serviços de Polícia Unitários (SPU) já estão a promover a instalação de um sistema de alarme em resposta a situações de emergência que irá entrar em funcionamento até meados do próximo ano. Trata-se de um sistema articulado com o que está a ser implementado a nível da videovigilância. “O referido sistema de alarme irá articular-se com a segunda e terceira fase da construção do sistema de videovigilância, instalando-se em 90 candeeiros”, referiu o secretário para a segurança. Caso a rede de comunicação seja afectada e inutilize o sistema em causa, Won Sio Chak também apontou a solução. “Existirá uma cooperação com as entidades que integram a estrutura de protecção civil, destacando pessoal em viaturas, munidos de altifalantes para difundir informações mais actualizadas sobre o tufão nas vias públicas e junto da população”, disse. Ainda na área das comunicações, o secretario revelou que as autoridades já distribuíram 60 walki-talkies a organizações comunitárias. O objectivo é manter uma via de comunicação pronta para “fazer face à falta de electricidade ou se as redes de telecomunicações forem afectadas permitindo o contacto com o Centro de Operações de Protecção Civil”, justificou o governante. Comunicação tripartida De modo a que a comunicação seja facilitada e tendo em conta a cooperação com Guandong e Hong Kong, o secretário para a segurança apontou que as comunicações vão ter uma banda cerca de 10 vezes maior do que a actual. “A banda de transmissão de dados vai aumentar de 2 para 20 megabites”, especificou. Tendo ainda em conta a cooperação regional, estão a ser debatidas entre as três regiões formas de melhorar aspectos que facilitem a resposta a situações de emergência. O secretário dá exemplos e aponta a criação de um mecanismo de passagem de fronteira rapidamente ou o aperfeiçoamento do mecanismo de cooperação médica e de socorro entre as partes. As informações foram dadas directamente a Ella Lei. A deputada com ligações à FAOM interpelou o Executivo acerca de medidas concretas que estejam a ser tomadas já, antes que “comece a época dos tufões”. Para a deputada têm sido muito divulgadas iniciativas sem, no entanto, serem, especificas e claras, e pior, sem serem materializadas em iniciativas objetivas. Ainda relativamente ao Hato vários foram os deputados que pediram mais responsabilidades por parte do Governo, nomeadamente por parte do Chefe do Executivo. Mas Para Wong Sio Chak, Chui Sai On fez o que tinha de fazer. “O Chefe do Executivo reconheceu as insuficiências e a partir do momento em que deu a conferência de imprensa no dia seguinte à passagem do tufão Hato sempre assumiu um papel protagonista liderando todos os trabalhos de socorro e resgate. Convocou a ajuda por parte do continente, redigiu um dossier e tem vindo a acompanhar todos os trabalhos o que representa a sua coragem nesta situação”, rematou.
João Luz PolíticaDeputados querem parecer simples para lei de execução orçamental [dropcap style≠‘circle’]“N[/dropcap]ão conseguimos assinar o parecer”, revelou Chan Chak Mo, presidente da 2ª comissão permanente da Assembleia Legislativa, acerca do relatório sobre a execução do Orçamento de 2016. O deputado previu que o parecer seja assinado hoje à tarde. No entender de Chan Chak Mo, o documento tem um “conteúdo muito longo, repetitivo, complexo e também tem algumas gralhas de redacção, posicionamento de gráficos e mapas” que levaram a que o parecer não fosse assinado na terceira reunião da comissão para tratar da execução orçamental de 2016. “O conteúdo do parecer tem muitas matérias de nível técnico e teórico de contabilidade e pedimos à assessoria para eliminar essas partes e introduzir as respectivas alterações”, comentou Chan Chak Mo. De acordo com deputado, o documento inclui balanços de activos agregados de organismos especiais e, “neste momento, há falta de leis que regulem matérias como os lucros obtidos por parte de instituições e pessoas colectivas públicas e sobre estruturas de participações sociais. O deputado deu como exemplo a Universidade de Macau e o aeroporto. Nesse sentido, os deputados pediram à assessoria para “não revelar concretamente o nome das empresas” no parecer.
Sofia Margarida Mota Manchete PolíticaMais de metade das candidaturas para habitação social não reúnem os requisitos Estão ser analisadas as candidaturas a habitação social do processo que decorreu em 2013. Dos mais de três mil pedidos já analisados, menos de metade reúnem os requisitos. Quanto às sete mil fracções da zona A que o Governo anunciou não serem usadas, Arnaldo Santos afirma que vão ser alvo de reajustamento [dropcap style≠‘circle’]J[/dropcap]á foram apreciadas mais de 3000 candidaturas à habitação pública, referentes ao processo de 2013, e apenas 40 por cento reuniam as condições necessárias para serem admitidas. A informação foi dada ontem pelo presidente do Instituto da Habitação, Arnaldo Santos, na reunião plenária da Assembleia Legislativa. “Das mais de 40 mil candidaturas, já temos apreciados mais de 3000 pedidos e cerca de 40 por cento estão aprovados”, referiu o responsável. Na reunião destinada a respostas por parte do Governo às interpelações orais dos deputados, Arnaldo Santos disse que as cerca de 7000 fracções que o Governo afirma ficarem em reserva nos projectos de habitação pública da zona A dos novos aterros significam uma reserva do próprio Governo. De acordo com o presidente do IH, estas fracções podem ainda sofrer alguns ajustamentos e toda a zona vai ser projectada e construída por fases. “Vamos ainda pensar no planeamento de escolas e ensino. O trabalho vai ser feito por fases”, apontou. A deputada Ella Lei questionava o Executivo acerca da discrepância de números. Para a deputada, o recentemente divulgado relatório relativo à necessidade de habitação pública local não corresponde à realidade porque, segundo afirmou, a procura é muito maior do que a referida pelo Governo e as necessidades não estarão abaixo das 40 mil. Já o Executivo, que ultimamente tem sido inquirido por diversos deputados acerca da desactualização do referido relatório, avançou que, para que não restem dúvidas, no próximo dia 8 vai decorrer uma reunião entre a empresa de consultadoria responsável pelo relatório e os deputados. O objectivo afirmou o secretário para os Transportes e Obras Públicas “é esclarecer todas as questões”. Mas Raimundo do Rosário foi mais longe. “Este relatório vai dar confiança aos deputados e as pessoas vão saber tudo. Se ainda houver problemas depois de dia oito peço para que os dados sejam actualizados para podermos ter um mecanismo que permita saber a procura de habitação e vamos actualizar os conteúdos”. De fora, os do costume Já os jovens e a classe média que não tem condições para alugar casa mas também não reúnem os requisitos para se candidatarem à habitação do Governo, vão ter de esperar que seja criada uma legislação que os integre. A ideia foi deixada por Raimundo do Rosário em resposta às interpelação de Ho Ion Sang. “Quanto aos jovens, tem de ser pensada uma oferta global de habitação. A habitação pública e a social só compreendem as pessoas que têm necessidades”, começou por dizer Arnaldo Santos. Já Raimundo do Rosário mostrou querer resolver a situação. “Passo a passo vamos resolver as questões relacionadas com a habitação económica inclusivamente resolver os problemas desta classe média e dos jovens. Mas para isso temos de ter uma lei que regule. Se não a tiver não posso arrendar fracções económicas aos jovens”, apontou. Quanto a calendarizações, são assuntos de que o secretário não quer falar. A razão apontou, é não querer não cumprir. “Não quero avançar com calendarização para depois me dizerem que não as consigo concretizar”, referiu.
João Luz PolíticaConstrução no terreno da antiga central térmica avança este ano O presidente do Instituto de Habitação confirmou que as obras de construção do empreendimento de habitação social na antiga central térmica arrancam em 2018. As candidaturas já devem ser feitas ao abrigo do novo regime jurídico da habitação social, que se encontra em discussão na especialidade [dropcap style≠‘circle’]“O[/dropcap] terreno já está preparado e, de acordo com informações de quem vai construir, acho que este ano começam as obras”. As palavras são de Arnaldo Santos, presidente do Instituto de Habitação (IH), proferidas à saída de uma reunião da comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL) que discute na especialidade do regime jurídico da habitação social. Raimundo do Rosário, durante o plenário que decorreu ontem, especificou que está previsto que durante o terceiro trimestre de 2018 serão feitas as fundações, para que a construção se inicie no final do ano. É de salientar que no Verão passado, o secretário para os Transportes e Obras Públicas previa que as obras se iniciassem em 2019. O terreno em questão, sito na Avenida Venceslau de Morais, tem capacidade projectada para acrescentar 2500 fogos aos números da habitação social. Para já, quanto aos fogos disponíveis, o presidente do IH revelou que “o concurso para habitação social está a decorrer normalmente, neste momento há cerca de 4000 candidaturas e espera-se que até ao final sejam entre 6000 a 8000”. Arnaldo Santos espera que este seja o último concurso para habitação social, uma vez que com a entrada em vigor da nova lei já não será necessário ter este procedimento. Como a nova legislação irá fixar os critérios de atribuição de casas construídas com dinheiros públicos, “qualquer pessoa que tenha necessidade e cumpra os requisitos pode-se candidatar e não precisa estar à espera de um concurso”, explica o presidente do IH que salientou que este é o aspecto mais importante. Arnaldo Santos referiu ainda que “de momento há cerca de 1300, 1400 habitações disponíveis”, estando em construção mais 1500, às quais acrescem os fogos que serão construídos no terreno da antiga central térmica. Lei de vazios O secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, expressou a importância da alteração ao regime jurídico da habitação social à saída da reunião da comissão permanente da AL que discute o diploma na especialidade. “É a primeira vez que na RAEM se actualiza este regime jurídico, só pelo decurso do tempo já se justifica”, comentou. Uma das questões que mereceu debate entre deputados e membros do Governo prendeu-se com a forma como o projecto de diploma tem muitas matérias onde se remete para regulamento administrativo complementar, ou seja, a lei deixa de forma alguma normas básicas. Ho Ion Sang, presidente da comissão permanente, revelou que o Governo acatou as recomendações dos deputados para enriquecer o diploma, de forma a “evitar problemas na execução da lei, incertezas durante a resolução de litígios nos órgãos judiciais e, também, para que os residentes percebam o sentido das normas”. Outra das novidades prendeu-se com a celeridade que ambas as partes pretendem dar a este processo em termos de frequência de reuniões da comissão permanente para tratar do diploma da habitação social. Ho Ion Sang anunciou que foi marcada outro encontro de trabalho para o próximo dia 11 de Janeiro. O presidente da 1ª comissão permanente da AL referiu ainda que existem artigos “com redacção muito simples”, algo que “não é aceitável”. O exemplo dado por Ho Ion Sang foi o artigo que regula a tipologia e área das fracções, que por agora apenas diz este elementos “são fixados por diploma complementar”. Neste sentido, o deputado revelou que “o Governo assumiu a promessa de que vai definir as áreas e tipologias de forma a satisfazer as condições mínimas e necessárias de habitação dos residentes”. Na próxima reunião serão discutidos os limites de rendimento de património líquido dos candidatos e o que constitui um agregado familiar para aferição destes critérios, nomeadamente quando existem cônjuges oriundos de fora de Macau. Quanto às disposições relativas aos assuntos de construção e administração, Raimundo do Rosário revelou que ficou decidido “remeter essa matéria para discussão técnica/jurídica”. Trocado por miúdos, será algo tratado entre a assessoria da AL, do IH e da Direcção dos Serviços de Justiça.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTNR com baixos salários apostam em lotarias e slot-machines Apesar de fazerem parte das comunidades com os salários mais baixos de Macau, os trabalhadores não residentes também jogam. Não o fazem nas mesas dos casinos, muito menos nas salas VIP, mas apostam em lotarias, onde os bilhetes custam no máximo dez patacas, ou em slot-machines. Há vícios escondidos e famílias destruídas. Associações que representam estas comunidades pedem mais serviços de apoio e uma nova base de dados que inclua os trabalhadores migrantes [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] esperança deposita-se em pequenos quadrados de papel com números e rabiscos. As mãos cansadas de trabalhar seguram-nos enquanto os olhos não saem dos ecrãs com os resultados. É assim a rotina dos que apostam quase diariamente nas lotarias do Pacapio, com gestão da SLOT – Sociedade de Lotarias e Apostas Mútuas de Macau. Não há turistas nem multidões e os jogadores são, na sua maioria, reformados. Há, contudo, um outro tipo de jogadores que se destaca: são trabalhadores não residentes (TNR), filipinos ou de outras nacionalidades, que ali jogam nas horas mortas ou nos intervalos do trabalho. Sabem que com apenas cinco a dez patacas podem ter a sorte de ganhar o jackpot. “Claro que quero ganhar dinheiro!”. Freddie Padin, filipino, trabalhador na área do catering no Aeroporto Internacional de Macau, está confiante de que a sorte um dia lhe vai cair no colo. A mulher vive nas Filipinas e visita-o em Macau sempre que pode. Este TNR vive no território há onze anos. Nunca ganhou nada no Pacapio, mas isso não o demove de continuar a tentar, sozinho ou na companhia de amigos. “Se ganhasse o dinheiro iria investi-lo, iria para casa, para as Filipinas. Se ganhasse o jackpot claro que iria para casa, seria um vencedor”, garantiu ao HM. Não vai ao Pacapio todos os dias, mas sempre que ganha um pouco parte para outros voos em busca da riqueza que lhe vai resolver todos os problemas. “Não venho todos os dias, só às vezes. Quero ganhar um jackpot e aqui só gastamos dez patacas. Se ganhar mais algum dinheiro vou aos casinos, mas nunca ganhei”, assegurou. Regressar às Filipinas com dinheiro no bolso é o sonho de muitos e é isso que os faz ir sempre que podem apostar nas lotarias. São homens e mulheres que aguardam nas cadeiras vermelhas à espera que se faça sorte. Muitos deles experimentam jogar uma primeira vez, como é o caso de Dante Canedo. Há dois anos que vive em Macau e trabalha na área da limpeza, no casino Venetian. “É fácil jogar aqui, mas não sei se virei mais vezes”, contou. “Quero jogar porque quero ganhar o grande prémio, e se conseguir regresso para as Filipinas.” E o que faria na sua terra natal? Dante Canedo queria montar um negócio, na área da restauração, ou fazer uma grande casa para si e para os seus. Também Renato, filipino, vem com alguma frequência, mas não todos os dias. “Venho nos meus dias de folga, porque é muito barato jogar, são só dez patacas”, adiantou. John conversa com um amigo enquanto olha para o ecrã cheio de números. É a sua primeira vez que vem ao Pacapio para jogar, mas caso ganhe o jackpot, já sabe o que vai fazer com o dinheiro: “comprava o meu próprio carro e ia para o Hawai com amigos e raparigas bonitas”. “Jogo faz mal aos filipinos” Enquanto uns apostam e aguardam que a sorte apareça, outros almoçam no restaurante localizado ao lado, com o irónico nome de Estabelecimento de Comidas Boa Fortuna. Choi (nome fictício), bebe um chá quente enquanto fala com o HM, sem nunca desviar o olhar dos números que estão na sala do lado. Choi começou por frequentar o Pacapio para ali fazer as suas refeições, até que sentiu curiosidade e passou a apostar nas lotarias. Hoje, já reformado, frequenta as lotarias entre três a quatro vezes por mês e chega a ganhar não mais do que 200 patacas. Uma vez ganhou um milhão de patacas, há muito tempo, “uma coisa rara de acontecer”, garante. Choi diz que 80 por cento dos jogadores são pessoas como ele: reformados que ali gastam as suas horas mortas, sobretudo no período de férias, quando há mais apostadores. Depois há os trabalhadores migrantes. “Estes jogos são muito baratos e toda a gente tem o objectivo de ganhar dinheiro. Mas acho que este jogo pode fazer mal aos filipinos porque, apesar de custar pouco dinheiro, eles podem gastar o seu salário todo”, defendeu Choi. Este jogador é um dos muitos residentes de Macau que guarda boas memórias de um espaço cheio de história, e que acarreta consigo “memórias inesquecíveis”. “Acho que este tipo de lotarias deve continuar a existir porque há muita gente que não consegue entrar nos casinos”, apontou. Mio, que veio para Macau com dez anos de idade, vai às lotarias umas dez vezes por mês. Esta é a casa onde gasta os seus tempos livres há quase 20 anos. “Aqui não há coisas para fazer além do jogo. Também não costumo fazer desporto, por isso não tenho mais nenhum sítio onde ir além das lotarias”, contou o residente, que trabalha num casino. Um lugar onde “há muita memória” deve sem dúvida manter-se, acredita Mio. “O Pacapio deve manter-se e não deve ser administrado dentro dos casinos, porque há pessoas que não podem lá entrar”, frisou. “Jogo faz mal” O jogo ou o seu vício é uma temática que não se associa aos trabalhadores migrantes dado os baixos salários que estes recebem. Na maioria dos casos, os ordenados ficam abaixo da média salarial de Macau, que ronda as 15 mil patacas. Sabe-se de um caso aqui a ali, mas a maior parte das situações estão escondidas aos olhos de muitos. Rodantes, ligado a duas associações de cariz social ligadas à comunidade filipina, assume já ter ouvido falar de histórias de azar dos que procuraram a sorte. “Sei que há muitas pessoas que vão ao Pacapio e às slot-machines. É um problema porque é muito fácil ir lá, uma vez que esses espaços estão localizados no centro de Macau, e jogam para tentar a tua sorte, mas nós, associações, tentamos alertar essas pessoas para que não joguem.” Rodantes contou que o espaço de slot-machine localizado ao lado do Hotel Sintra é muito frequentado por TNR. “Se formos, por exemplo, às casas-de-banho vemos muitos filipinos e também pessoas de outras nacionalidades, como o Nepal ou o Vietname, que estão lá para jogar. É mais barato [apostar], é muito fácil e podem gastar o tempo livre depois do trabalho, ou mesmo nas folgas. É muito comum.” Embora o azar seja mais comum, há histórias de pessoas que conseguiram regressar ao seu país de origem com mais umas patacas no bolso. “Há alguns anos que ouvimos alguns casos de famílias que entram em falência e que têm de voltar para as Filipinas sem nada, porque perderam o emprego. Mas conheço muita gente que investiu o dinheiro que ganhou nas Filipinas, na construção de casas, por exemplo. Mas a maioria não consegue guardar dinheiro para o seu futuro”, adiantou. Rodantes diz que há muita falta de informações sobre eventuais riscos, e é aqui que entra o trabalho de associações ou outras organizações não governamentais (ONG). “As pessoas que jogam podem não frequentar a igreja ou não ir ao consulado. Há muita falta de informação e temos vindo a falar dos riscos que o jogo acarreta. Gasta-se todo o salário e, por muito barato que seja, gasta-se sempre dinheiro.” Para Rodantes, os TNR não deveriam ter permissão para jogar. “Penso que o Governo deve fazer mais promoção junto das empresas e dos patrões, para não permitirem os seus empregados de jogar. Os locais podem fazer o que quiserem, mas os TNR não deveriam ter permissão para jogar.” Ana Fivilia, representante de outra associação próxima da comunidade filipina, também “ouviu falar” de histórias semelhantes. “Há casos de filipinos que gastam o seu ordenado em jogo, porque pensam que vão ter sorte naquele dia. É muito arriscado gastar o salário assim à espera da sorte.” A associação da qual Ana faz parte dá sobretudo aconselhamento emocional e psicológico. “Ajudamo-nos uns aos outros e damos conselhos a quem tenta sair do vício do jogo.” Ainda assim, Ana considera que os departamentos públicos devem ajudar os trabalhadores migrantes. “Estes jogadores deveriam ter algum tipo de apoio do Governo porque os portadores de blue card têm salários muito baixos e toda a gente sabe disso. Não falo apenas dos filipinos mas de pessoas de outras nacionalidades. E vão para os casinos tentar a tua sorte.” Também têm direito Paul Pun, secretário-geral da Caritas, tem uma posição menos radical do que Rodantes. Os TNR também têm direito a jogar, caso assim o desejem, defende. O que é necessário é criar programas de apoio especiais para estas comunidades, que devem passar, sobretudo, pela criação de uma nova base de dados. Isto porque Paul Pun acredita que os actuais dados, elaborados pelo Instituto de Acção Social, possam incluir apenas os residentes e deixar de fora os portadores de blue card. “Em Macau deveríamos ter mais programas de apoio a migrantes que estão viciados no jogo. Neste momento há um programa de prevenção do jogo e acredito que não estejam a excluir os TNR”, começou por dizer. De facto, segundo o website do IAS, a Divisão de Prevenção e Tratamento do Jogo Problemático – Casa de Vontade Firme aceita residentes permanentes e não permanentes de Macau, tal como TNR. Ainda assim, “temos de ter mais ONG a trabalhar em conjunto para reduzir este problema e também temos de apostar na investigação, para que tenhamos uma melhor base de dados”. “Temos de saber a percentagem dos trabalhadores migrantes que têm um problema sério com o jogo”, explicou. Junto das comunidades de trabalhadores migrantes não existem apenas famílias com salários entre duas a quatro mil patacas. Há pessoal que trabalha na área da segurança, ou mesmo na construção civil, com ordenados a rondar as dez mil patacas ou um pouco mais do que isso. “Não podemos proibi-los de jogar, porque não sabemos se trabalham como empregadas domésticas, alguns deles podem até ter salários mais altos. Mas a maior parte deles ganha muito pouco. Mas também têm o direito de ir aos casinos ou à lotaria, apesar de ser muito arriscado”, acredita Paul Pun. Além das apostas existem muitas vezes outros vícios associados. “Conheço alguns casos de pessoas que ganharam muito dinheiro e que contaram aos outros migrantes que ganharam. Então estes também tentaram a sua sorte. Muitos deles também bebem muito, além de jogar”, concluiu o secretário-geral da Caritas. De acordo com os dados recolhidos pelo IAS, relativos ao período entre Janeiro e Dezembro de 2016, mais de 80 por cento dos pedidos de ajuda partem dos portadores de bilhete de identidade de residente, sendo que, em 40 por cento dos casos, os viciados em jogo ganham mais de 17.000 patacas.
Hoje Macau InternacionalAngola prepara fim da indexação do kwanza ao dólar [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro das Finanças de Angola admitiu hoje estar a estudar o fim da indexação do kwanza ao dólar, mas acompanhando de perto a variação da moeda para garantir que não vai flutuar de forma descontrolada. “Vamos olhar atentamente para a grande diferença entre a taxa de câmbio oficial e a paralela, e considerar deixar que a moeda flutue, mas isso será feito com um olhar atento para garantir que o kwanza não fique descontrolado”, anunciou Archer Mangueira em entrevista publicada ontem pelo The Banker, uma revista do grupo do jornal Financial Times. Na entrevista, o ministro das Finanças angolano diz que o país tem “carregado um fardo pesado por ter mantido uma taxa fixa face ao dólar desde Abril de 2016”, o que originou um enorme desfasamento entre a taxa oficial, de 166 kwanzas por dólar, e os cerca de 430 kwanzas por dólar nas transacções feitas no mercado paralelo. Para além da flutuação do kwanza, o ministro disse também à revista The Banker que um dos objectivos para este ano é “acelerar a mobilização das receitas”, o que envolve, entre outras medidas, “expandir a base de taxação de forma a que não aumente o fardo para os atuais contribuintes”, optando por direccionar os esforços para “alguns sectores subtaxados, que incluem as tarifas e as importações e novas formas de impostos sobre a propriedade”. Do lado da despesa, Mangueira salientou o “fim progressivo dos subsídios, incluindo os generosos subsídios na água e energia, o que deverá gerar uma margem orçamental adicional”. Assim, o défice deverá melhorar de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 para 3,2% este ano, ajudado também pela adopção de medidas “para garantir que há um processo de licitação transparente nas obras públicas, usando um mecanismo electrónico para a provisão de bens e serviços para o Governo”. De acordo com dados divulgados pela agência de informação financeira Bloomberg, as reservas de Angola em moeda estrangeira diminuíram de 15,4 mil milhões em Outubro para 14,2 mil milhões de dólares em Novembro, o que representa uma queda superior a 25% face aos mais de 20 mil milhões no início de 2017. Angola deverá iniciar 2018 com uma desvalorização da moeda nacional, o kwanza, numa proporção ainda desconhecida, no âmbito do Programa de Estabilização Macroeconómica, aprovado na semana passada pelo Governo. Na reunião do Conselho de Ministros da última quarta-feira, orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, foi aprovado um Programa de Estabilização Macroeconómica para o ano de 2018, um documento que, informou à Lusa a Presidência, “visa, a partir do imediato e de forma efectiva, dar início a um processo de ajuste macroeconómico, do ponto de vista fiscal e cambial, que permita o alinhamento da nossa economia a um ambiente referenciado como novo normal”. Não é avançada a proporção da desvalorização da moeda angolana, mas alguns economistas têm defendido como inevitável um corte superior a 20 por cento, o que poderá ter efeitos nos preços. Angola deverá fechar 2017 com uma taxa de inflação superior a 25% (a um ano). O país vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo. Devido à realização de eleições, Angola entra em 2018 em regime de duodécimos, estando a aprovação do Orçamento Geral do Estado prevista apenas para fevereiro.
Leocardo VozesUm Bigo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente Marcelo Rebelo de Sousa foi operado a uma hérnia umbilical na última semana de 2017. A figura que provavelmente reune mais consenso em Portugal (tarefa hercúlea, esta) ficou internado alguns dias no Hospital Curry Cabral, de onde nos foram chegando notícias, desde a situação relativa ao trânsito intestinal do Chefe de Estado, até ao momento em que evacuou pela primeira vez. Se isto interessa? Claro que sim – quem é quer ter um presidente obstipado? Assim que teve alta, Marcelo vetou a proposta lei do financiamento dos partidos políticos, o que lhe valeu mais uma ronda de aplausos. Entretanto as redes sociais, esse grande amplificador do que o Portugal inteiro (literalmente) pensa e sente, não perdoou. A forma como a situação clínica do PR foi seguida de perto, ao detalhe, estimulou a costela humorista lusitana. Não faltaram sequer “cartoons” de Marcelo em pleno acto final da digestão. É um povo muito divertido, este. E sofrido, também. É melodramático, por assim dizer. Isto à distância é interessante de se observar; é matéria para um “case study”, e caso fosse partilhar esta mesma ideia nas tais redes sociais, certamente que haveria quem concordasse comigo. E também quem discordasse, ou me considerasse arrogante, e não me surpreendia de todo que dos mais emotivos (para ser simpático), viesse um ou outro insulto mais colorido, ou ainda uma leitura nas entrelinhas de algo que eu não disse, ou sequer dei a entender. Sabendo da distância de onde estou a emitir esta opinião, é ainda possível que saísse um “fica aí onde estás que não fazes cá falta nenhuma”. Mas não é que teriam mesmo razão? Eu próprio já cheguei a essa conclusão vai para um quarto de século. A “pica” que dá isto das redes sociais explica-se em poucas palavras. No fundo trata-se de poder esgrimir argumentos com pessoas que não conhecemos de lado nenhum, e exercitar um pouco a nossa “razão” – e nós temos sempre razão. Criámos uma ocupação nacional que rivaliza com o futebol, e às vezes até combinamos os dois; esta noite tivemos um Benfica – Sporting, e independentemente do resultado do clássico, já tivemos uma animada semana fora das quatro linhas, com acusações de uma e outra parte, “lampião” para aqui, “lagarto” para acolá. Nesse particular, todos ganharam, e vão felizes para casa. A tecnologia avançou à brava no último século e mais uns pózinhos, mas não somos muito diferentes da forma como Eça, Almada, ou até Bordalo Pinheiro nos pintaram em tempos mais remotos. Somos o mesmo boneco, enfim, e continuamos a pensar que as críticas são sempre dirigidas aos outros, e que aquilo não é nada connosco. Todos rimos de nós próprios, no fundo. Visto aqui de Macau, a uma distância segura, a ganhar melhor e a chegar a casa meia hora depois do trabalho tem uma certa piada. Aqui não temos os mesmos problemas, e caso existisse uma secção local no PNR, certamente que não teria qualquer problema com a quantidade de trabalhadores não-residentes no território – e até eram capazes de dar um pulinho à “mesquita” do D3 aos fins-de-semana. Mas não posso deixar de seguir passo a passo as alegrias e as angústias do meu povo. Quem não sente não é filho de boa gente, e isto afinal trata-se mesmo de uma relação umbilical. Sem hérnia, pelo menos por enquanto. Despeço-me desejando um feliz 2018 aos leitores do Hoje Macau, onde quer que estejam. Um abraço do tamanho do mundo.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesSonhos eróticos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s sonhos eróticos, parte fundamental da nossa sexualidade, já foram alvo de escrutínio durante vários séculos. Diz-me o que achas que os sonhos são, e dir-te-ei todos os complexos sexuais que possas ter. As explicações do que acontece no nosso cérebro quando estamos em REM caía no espectro onde de um lado teríamos a saudável recriação e expressão sexual inconsciente, e do outro teríamos a forma como reprimimos (conceito Freudiano tão citado!), ou reinterpretarmos os nossos instintos. Muito se poderia dizer sobre os sonhos, e muito se poderia estudar, mas a verdade é que as comunidades científicas deixaram de estudar o sonho de forma sistemática, i.e., ninguém anda esforçar-se para escrever um novo manual de interpretação. Isto porque os sonhos caem no domínio da subjectividade individual e quiçá, cultural, de símbolos e conteúdos diversos. O que não quer dizer que não valha a pena escrutiná-los ao tutano para perceber o seu significado. Se quisermos olhar para uma história longínqua dos sonhos, estes sempre estiveram envoltos em mistérios proféticos. Os sonhos eróticos também não seriam excepção, ou porque prometiam uma caça bem sucedida ou um controlo parlamentar pleno. Sim, sim- os políticos da democracia grega antiga consideravam que um sonho erótico com a mãe simbolizava poder, o controlo sexual sobre o que seria a ‘nação’-mãe. Para outros contextos culturais menos proféticos o primeiro sonho erótico/ ejaculação nocturna é considerado um rito de passagem masculino da mesma forma como a menarca é sinalizada como o início da sexualização feminina. E por isso, os rapazes e homens têm mais fama de sonharem com conteúdos sexuais. Não é por acaso que os poucos estudos que existem sobre o tema tendem a concentrar-se na recolha de uma amostra maioritariamente masculina quando se quer perceber a relação entre o sonho erótico e a vida real erótica. Há estudos que mostram alguma relação entre o consumo de pornografia e a frequência de sonhos. Quanto mais se vê sexo na vida vivida, mais se sonha com ele. E aqui é importante enfatizar a diferença entre ver/imaginar sexo e fazê-lo, porque quando se pratica sexo com muita regularidade, o inconsciente sonhador já não utiliza esses conteúdos da mesma forma. Os nossos sonhos alimentam-se, com maior regularidade, de fantasias que acontecem única e exclusivamente nas nossas cabeças – do que fica na nossa imaginação. Há também quem tenha tentado mapear os conteúdos destes sonhos masculinos e parece que são tendencialmente egoístas, i.e., o prazer é só deles e de mais de ninguém. Aliás, a a companhia copulatória no sonho nem costuma ser a sua parceira na vida real, mas será uma mulher conhecida ou desconhecida. Há-de ser outra pessoa qualquer. Apesar do sonho já não receber tanta atenção pela psicologia dita mainstream, o Freud talvez tivesse razão ao achar que o sonho é o caminho real para o inconsciente. Não deixa de ser fascinante pensarmos na nossa capacidade de criar cenários e histórias quando estamos de olhos fechados. Quando sonhamos acordados talvez tenhamos uma melhor percepção daquilo que somos e queremos, porque são fantasias do sexo enraizadas na nossa vivência real. Tudo o que se passa no sonho não deixa de ser um exercício de exploração individual inconsciente – que raramente deve ser tomado literalmente. Contudo, são poucos os que ocupam em perceber, afinal, para que nos serve o sonho erótico? Amadurece-nos sexualmente? Ajudam-nos a resolver os nossos conflitos ou vergonhas? Serão conteúdos artísticos ou desprovidos de nada? Sonhando eroticamente, torna o nosso sexo mais feliz?
Miguel Martins h | Artes, Letras e IdeiasPadres, álcool e aquilo [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a minha família paterna, oriunda de uma aldeia da região de Coimbra, a influência dos padres sempre se fez sentir. Aliás, entre os meus inúmeros primos contam-se um arcebispo de Braga e o actual pároco da Sé de Lisboa. As missas por alma dos mortos são quase diárias e, nas festas de anos dos mais velhos, os padres são presença imprescindível. Naquelas aldeias, hoje quase despovoadas, a capelas só são abertas no Verão, para responder ao afluxo de gente que, ida de Lisboa, vai passar férias à terra. Ora, numa destas ocasiões, uma prima minha assistiu à seguinte situação: A capela estava cheia. Só mulheres. O padre começou o serviço. Passado pouco, uma fiel interrompeu-o: — Ó Senhor Padre, quando é que nos mostra aquilo? Ao que este lhe respondeu: — Calma. Isso é depois. Mas pouco havia progredido na sua função já outra voz se fazia ouvir do meio da assistência: — Ó Senhor Padre, quando é que nos mostra aquilo? A minha prima achava-se, naturalmente, intrigada. Finda a missa, porém, o mistério dissipou-se, ante a sua incredulidade. Com a maior desfaçatez, o padre pegou numa mala, pousou-a sobre o altar e começou a retirar do seu interior uma grande variedade de cosméticos, destinados a serem vendidos ali mesmo. Acumulava as funções de sacerdote com as de revendedor da Avon e não achava qualquer inconveniência em realizá-las a ambas no mesmo local. É um lugar-comum dizer que a realidade, por vezes, ultrapassa a ficção, e claro que isso depende da ficção de que se fala, mas dar-vos-ei três exemplos de histórias verídicas dignas de figurarem nos anais do neo-realismo ou do realismo mágico latino-americano. A primeira passa-se numa taberna da linda cidade de Tomar, onde vivi um pouco mais de um ano: Certo dia, pela hora do lanche, entrei na referida tasca, situada, se a memória não me engana, perto da sinagoga, e pedi uma cerveja, um queijo seco e um pão. Só depois comecei a observar a paisagem circundante. Era um verdadeiro repositório de pó, teias de aranha e serradura para encapotar a sujidade do chão. Ora, o proprietário, ante o meu espanto, achou por bem esclarecer, cheio de orgulho: — É bonito, não é? Tenho este sítio há trinta anos e nunca foi limpo! Limitei-me a responder-lhe que, afinal, me ia ficar pela cerveja. Embora não seja dado a grandes esquisitices, o queijo e o pão tinham, subitamente, perdido o seu encanto. A segunda história passa-se num bar de beira de estrada (aquilo a que os espanhóis, desempoeiradamente, chamam um puticlub), situado próximo de Palmela, onde fui levado por um amigo em cuja quinta de Azeitão me achava a passar férias. Encontrava-me sentado, bebendo o meu whisky e apreciando o panorama, quando a minha atenção se achou presa pela sucessão de pinturas parietais que pretendiam embelezar as paredes da sala. As primeiras, como convinha a um estabelecimento daquele género, representavam mulheres nuas, em poses convidativas. Muito bem. O problema surgia mais adiante, quando estas davam lugar a um pai e um filho caminhando, de mão dada, rumo ao sol, e, até, a um Cristo crucificado. Espantado, dirigi-me a um dos empregados de balcão e indaguei: — Ó chefe, sabe explicar-me o porquê destas pinturas…? Ao que ele retorquiu, visivelmente incomodado: — Não me diga nada! O pintor, a meio do trabalho, converteu-se aos Jeovás e fez este lindo serviço! Este episódio passou-se com o meu amigo T.: andava no Instituto Superior Técnico e tinha um colega que, aos dezoito ou dezanove anos, nunca tinha bebido álcool — nunca, sequer, o tinha provado (era aquilo a que os irlandeses chamam “um pioneiro”). Ora, numa festa académica, os colegas lá o convenceram a beber umas quantas cervejas. O rapaz sentiu-se mal e veio para a rua sentar-se num murete e vomitar. Acontece que, estando ele nesses preparos, por mero acaso (evidentemente), faltou a luz naquele quarteirão. Os colegas foram dar com ele lamentando o seu destino: — Meu Deus, o que é que eu fui fazer? Fiquei cego…
João Luz EventosGonçalo Lobo Pinheiro participa em exposição colectiva de fotografia em Londres [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeçou ontem na capital inglesa, mais propriamente na Brick Lane Gallery, a exposição colectiva “PHOTOGRAPHY NOW”, que conta com a participação do fotógrafo português Gonçalo Lobo Pinheiro, que está radicado em Macau. A selecção do português tem como pano de fundo o povo do Lago Tonle Sap, no Camboja. A exposição estará patente até ao dia 14 de Janeiro, na Brick Lane Gallery, em Shoreditch em Londres. A selecção dos trabalhos para a mostra aconteceu um pouco por acaso. Numa pesquisa de internet o fotografo encontrou um anúncio da galeria londrina a pedir trabalhos para expor e respondeu com o link do seu site de fotografia. Por acaso, Gonçalo Lobo Pinheiro estava a tentar promover outro conjunto de fotografias, porém, o interesse dos galeristas incidiu sobre uma série de imagens a preto e branco que retratam o quotidiano do povo que habita no Lago Tonle Sap. “Disseram-me que estavam a fazer um contrabalanço com fotografias a cores e a preto e branco e escolheram este trabalho que ainda não tinha sido bem divulgado”, explica. A série do Camboja conta com cerca de 35 fotografias. No entanto, como Gonçalo Lobo Pinheiro apenas tem por sua conta uma parede de três por três metros teve de fazer uma selecção criteriosa das imagens a enviar. “Seleccionei 15 fotografias e eles disseram-me que iam ver se eram expostas entre 10 e 15, com um algum jogo de curadoria à mistura”, conta o fotografo. O propósito da série de fotografias é “mostrar a vida, o dia-a-dia daquelas populações que dependem daquele lago que, por acaso, é o maior da Ásia”, revela Gonçalo Lobo Pinheiro. O Lago Tonle Sap, que traduzido literalmente significa “grande lago”, tem uma extensão de quase 2.600 quilómetros quadrados, que se pode agigantar até perto dos 25 mil quilómetros quadrados durante a época das chuva. Em termos comparativos, estamos perante quase um quarto da área total de Portugal. “As pessoas que ali vivem subsistem da pesca e da agricultura e pecuária nas margens”, conta o fotografo. No Tonle Sap a vida comunitária é aquática, os próprios centros sociais, como unidades de saúde, igrejas e templos, estão construídas na água do lago. Este burburinho comunitário reflectido nas águas foi o foco da lente de Gonçalo Lobo Pinheiro.
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasNapoleão em Santa Teresita [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esde miúdo que guardo a sensação de que cada ano, mesmo no seu término, nos trata como se tivéssemos a irrelevância de uma mascote pronta a ser esquecida. Não vejo o que haja a comemorar. Além disso, nem todas as cicatrizes são tão espectaculares que mereçam o relato do que as produziu. Ganhei na última década o hábito de vir passar os derradeiros dias do ano numa lagoa, sem televisão, um lugar quase sem rede telefónica, com uma net gotejante, que exaspera quem dela necessite, e onde os fogos-de-artifício têm a fulgurância dos fósforos molhados no bolso de um esquimó. Chamo a este lugar, em homenagem à minha mulher, Santa Teresita. Bem me tentam os amigos para que com eles festeje em lugares de estardalhaço e dissipação; acabo sempre por desviar-me para esta modorra. Eles não sabem porquê, mas vou-vos contar. Meia-noite e dez sob o alpendre. As miúdas festejam cada “fulminante” que se recorta nos céus. Eu, nas costas delas, sentado à mesa, beberico a Ermelinda e espero uma visita. Todos os anos tenho uma visita. Tossem nas minhas costas, diligentemente encho de vinho a caneca que mantinha vazia ao meu lado e só depois olho por sobre o ombro. É Napoleão. Diz-me, Espero que não te importes, estava entediado em Santa Helena. Não, estás à vontade, esperava por ti. Convido-o a sentar-se Lembra-me como celebrámos o fim de ano em Moscovo. Na véspera caçámos o veado que agora nos era servido, e eu ao seu lado, com um martelo de ouro partia nozes, enquanto a pequena orquestra atacava uma polca. Um conde russo, que apostou no cavalo errado e espera futuras prebendas do imperador francês, introduzia-nos nas delícias da vodka artesanal e trouxe-nos duas irresistíveis gémeas ucranianas, com rasgados olhos fulvos, que partilharemos. São onze e trinta, faltam trinta minutos para o réveillon e Napoleão insiste em oferecer-me o comando da cidade de S. Petersburgo. Agradeci-lhe mas intuo que me quer desviar do meu béguin por Josefina (esperto como um alho, ele já entendeu) e rejeitei-lhe a oferta, contrapondo: “Tão a norte até o meu sangue tropeça no seu passo, se me queres ocupar preferia que me oferecesses Amsterdam, até porque estou comprometido com uma neta de Rembrandt”. Ele não me diz que não, replica apenas, enchendo-me o copo com mais uma dose de rum, “Deixa que o duende da bebida seja bom conselheiro!”. Passámos a noite em transe a recordar algumas noitadas em Viena de Áustria ou a discorrer sobre a cosmologia nas tatuagens dos quioquos. É disto que os meus amigos se foram esquecendo, aturdidos pela festa, urbana e desmemoriada. Na passagem, entre os anos, podemos ter uma visita. Nem vos conto os meus réveillons com Baudelaire, Stravinsky, Pasolini e em Cuba, com Lezama Lima. Com Lezama, vi à mesa (provei-o) o menu do banquete do Satíricon, que vos descrevo, deliciado: ovos de pavão, um papa-figos muito gordo untado de gema com pimenta, vinho com mel, grão-de-bico cornudo, uma vulva de porca estéril, empadas de javali, tâmaras frescas e secas, uvas, salsichas e chouriços, um bezerro cozido, uma franga gorda, à guisa de tordo, e ovos de pata encapuchados; um porco coroado de morcela e, em redor, sangue coalhado e miúdos de ave muito bem preparados; acelga e pão integral; lombo de urso; queixo fresco preparado com vinho abafado; um caracol por pessoa; empadas de tordo recheadas de passas e nozes; marmelos eriçados de espinhos. Não foi nada mau. À vulva de porca estéril tive de desfrutá-la às escondidas para que a minha mulher não notasse. Há três anos conversei com Picasso, que nessa noite me levou a Paris. Os sinos acetinavam o ribombar dos fogos. Já tínhamos aviado três garrafas de Bordéus, e ele mete na mesa uma bagaceira caseira. Todos os outros convivas estavam na varanda. Só nós dois quedávamos à mesa, e ele comentava, a voz já levemente pastosa, “… muita gente julga que não vendi de imediato as Demoiselles d’Avignon por apego à arte, tolos, eu sabia que os meus quadros iriam valer ouro nos leilões de arte, escuta o que te digo, daqui a setenta anos, só os quadros do Da Vinci se equipararão no valor que será alcançado pelos meus quadros nos leilões…”. “E isso, para ti, é importante?”, pergunto-lhe intrigado. “Bom, prefiro a água de uma fonte na montanha à que sai das torneiras de ouro, em Versailles, mas só o dinheiro nos pode dar a ilusão de que o nosso tempo não se gasta…E vais ver que um dia os árabes, com os petrodólares hão-de fazer museus onde quererão pôr a Renascença e as Vénus nuas a sair das águas, eles que sempre proibiram a representação do rosto e do corpo humano… Acho que o mundo enlouquecerá sem dignidade…”. Tomei aquela por uma conversa de ébrio, até que hoje, dia 1 de Janeiro de 2018, li no Público de 31 que o quadro de Da Vinci, Salvator Mundi, um dos símbolos da arte cristã, foi rematado num leilão por trezentos e oitenta e dois milhões de dólares, tendo sido a quantia expedida pelo Departamento de Cultura e Turismo de Abu Dhabi, a capital dos Emiratos Árabes Unidos, onde abrilhantará as paredes da sucursal do Louvre. E leio que, ao lado, os demais países árabes descobriram os museus e assaltam como gafanhotos de patas de amianto e cabeça em aricalco o mercado da arte. Não sei como a arte ocidental, a preferida por tais compradores – pelos vistos -, se compadecerá com os dogmas religiosos muçulmanos, mas é uma curiosidade a seguir com atenção. Esperemos que, como aventava Picasso, isto não seja mais um sinal do mundo estar literalmente chanfrado mas antes um indício de abertura. Temo agora que as conversas com os meus visitantes não sejam inocentes mas proféticas e ter quebrado alguma corrente mágica quando não aceitei governar S. Petersburgo. Embora toda a noite Napoleão, afinal o criador do Louvre, tenha revelado uma grande capacidade de perdão.
Hoje Macau China / ÁsiaGoverno dos EUA bloqueia aquisição do MoneyGram por firma chinesa [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma subsidiária do grupo chinês Alibaba retirou ontem uma oferta pela empresa de transferências monetárias MoneyGram, depois de um comité do governo norte-americano ter travado o negócio. O presidente executivo do MoneyGram International Inc., Alex Holmes, a empresa não conseguiu a autorização do Comité para o Investimento Externo dos Estados Unidos para concretizar a venda à subsidiária da Alibaba, por 1,2 mil milhões de dólares. O comité é responsável por rever aquisições por entidades estrangeiras susceptíveis de ameaçar a segurança nacional dos Estados Unidos. “A situação geopolítica alterou-se consideravelmente desde que anunciamos o acordo”, afirmou Holmes, em comunicado. “Apesar dos nossos esforços para trabalhar em conjunto com o Governo dos Estados Unidos, é agora evidente que o Comité para o Investimento Externo não aprovará” o negócio, acrescentou. Após o anúncio, as acções do MoneyGram, que está cotado no mercado para firmas tecnológicas Nasdaq, recuaram quase 7%. A Ant Financial, subsidiária do gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba, tinha concordado em Janeiro de 2017 adquirir o MoneyGram. Firmas chinesas têm realizado grandes aquisições de empresas tecnológicas e marcas estrangeiras, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos. A maioria dos negócios decorre sem incidentes, mas outros suscitam críticas devido à possibilidade de representaram uma ameaça à segurança do respectivo país ou à perda de activos importantes. China reage Entretanto, ainda ontem, a China pediu aos Estados Unidos “igualdade de condições” para as suas empresas. “Queremos trabalhar com os EUA na base do respeito e benefício mútuos, para avançar na nossa cooperação económica”, afirmou em conferência de imprensa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang. Geng afirmou ainda que o Governo chinês “encoraja sempre as suas empresas a seguir as práticas do mercado, as regras internacionais e as leis locais”. Em Setembro passado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, bloqueou a compra de um fabricante de semicondutores do estado de Oregon (noroeste dos EUA) por uma empresa financiada pelo Governo chinês, por motivos de segurança. O grupo Alibaba foi fundado por Jack Ma, um dos homens ricos da China, que visitou Trump na sua torre em Manhattan, depois da vitória nas presidenciais norte-americanas, em Novembro de 2016. Na altura, o grupo chinês afirmou que podia criar um milhão de postos de trabalho nos Estados Unidos, ao apoiar pequenos negócios a vender os seus produtos no mercado chinês. Após o encontro, Trump afirmou que Ma era um “empreendedor fantástico”.
Hoje Macau China / ÁsiaXinhua destaca importância do 19º Congresso do PCC para a relação com os países lusófonos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), que encerrou em 24 de Outubro, traçou um plano ambicioso para construir uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos até 2021. Mas também enviou fortes sinais de estabilidade e confiança, que são importantes para o mundo lusófono, dizem funcionários governamentais e especialistas. Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o congresso do PCC enviou uma mensagem muito importante, mostrando que a China está comprometida em manter a sua porta aberta e em defender a globalização. “A China está disposta a desempenhar um papel para fornecer bens públicos, o que é importante para outros países,” disse. Segundo Stuenkel, muitos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, necessita de uma ordem internacional estável e aberta para obter progressos económicos. O congresso chinês transmite exactamente uma mensagem positiva. “A China nunca foi tão visível e nunca houve tantas pessoas a elaborar as suas próprias estratégias com base no seu relacionamento com a China,” referiu Stuenkel. “Para mim, é uma grande transformação, onde realmente ninguém pode fazer um plano nacional, político e económico sem pensar muito no que está a acontecer na China,” concluiu. Congresso da estabilidade “O congresso recebeu muita atenção, tanto da população chinesa, como do mundo,” disse Rafael Fontana, especialista do departamento de língua portuguesa da Rádio Internacional da China, acrescentando que o congresso é muito importante e que a partir daí são definidos os passos que a China vai dar nos próximos 15 ou 30 anos. Rafael participou do trabalho de tradução e revisão da versão em português do relatório apresentado por Xi Jinping no 19º Congresso do PCC. “O congresso chama a atenção do mundo inteiro, porque é o evento mais importante que acontece a cada cinco anos na segunda maior economia do mundo,” explicou. “Então é claro que se o congresso e o relatório mostrarem que a China tem estabilidade e um caminho certo para percorrer, isso vai trazer segurança e estabilidade para o resto do mundo,” assinalou. Fontana afirma que o relatório mostra que a China não vai fazer nenhuma mudança brusca nos próximos anos e está disposta a abrir mais. “Isso é muito importante”. Durante os últimos anos, a China manteve sua posição como a segunda maior economia do mundo e contribuiu com mais de 30% do crescimento económico mundial. Além disso, a China defende o desenvolvimento de “uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade” e incentiva a melhora do sistema de governança mundial. Portugal, porto ideal “A China é a locomotiva do crescimento económico do mundo, por isso as decisões emitidas no 19º Congresso do PCC têm, certamente, influência global,” comentou Ronnie Lins, director do Centro China-Brasil para Pesquisa e Negócios. Para o mundo lusófono, “futuro compartilhado” pode ser interpretado como interesses compartilhados que trarão mais oportunidades de cooperação. Ana Paula Vitorino, ministra do Mar de Portugal, avaliou o congresso do PCC como “fantástico”, destacando a parte da Rota de Seda Marítima do Século XXI, no qual o seu país gostaria de desempenhar um papel. “É muito bom quando o evento político mais importante da China confirma essa política internacional, disse. “A Rota da Seda Marítima do Século XXI não é apenas uma política relacionada com a China, mas é uma rota com um ponto de cruzamento com a rota norte-sul do Atlântico, e neste ponto está Portugal,” assinalou Ana Vitorino, acrescentando que passando por Portugal, pode ter uma ligação não apenas ao norte da Europa, mas também à América do Norte, aos países da CPLP e aos países da América Latina. “Por isso, julgo que Portugal é um país ideal para as empresas chinesas,” disse a ministra, acrescentando que os resultados do congresso facilitarão as cooperações entre a China e Portugal, e também com outros países lusófonos. O papel do presidente Para alguns observadores, o desempenho de Xi Jinping, que é considerado o núcleo da liderança do Comité Central do PCC, no congresso, é um sinal de confiança e estabilidade. “Xi Jinping ficou de pé no púlpito do Grande Salão do Povo durante 210 minutos, leu 32.440 caracteres chineses, sem descansar sequer um minuto, e bebeu água somente uma vez. Um feito impressionante para um homem de 64 anos que através de sua postura determinada – com uma voz serena e compenetrada – passou uma mensagem clara ao mundo… O compromisso da maior agremiação comunista do mundo é garantir o progresso da China através da realização da modernização socialista,” escreveu Gaio Doria, doutor carioca que estuda actualmente na Universidade Renmin em Pequim. É impossível ignorar estes elementos quando buscamos entender este gigante asiático, destacou Doria. Mónica Valente, secretária nacional de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT), disse considerar Xi um homem com uma capacidade política muito grande no mundo, à altura dos desafios da humanidade. “Xi é uma liderança importante não apenas para a China avançar nesta nova era mencionada no seu relatório ao congresso, mas também uma liderança global que tem uma preocupação muito forte com a paz, com a humanidade, com o desenvolvimento económico compartilhado, com novos mecanismos de governança global”, assinalou Valente. “Os países de língua portuguesa são países próximos, países amigos da China e têm excelente relação comercial,” disse Rafael. “Hoje a China é o maior parceiro comercial do Brasil e o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América do Sul. Então, tudo que acontece na China interessa obviamente a América do Sul e aos países de língua portuguesa. Se a China demonstrar com esse relatório e com esse congresso que vai manter seu caminho de estabilidade e de crescimento, isso traz segurança para o mundo todo e claramente para os países de língua portuguesa e América do Sul,” destacou. Xun Wei e Wang Yiduan Xinhua
Sofia Margarida Mota EventosFundação Rui Cunha | Esculturas de Todi contam história de crescimento São 14 peças que contam os “momentos” da vida de uma rapariga. A exposição é de Custódia Kong de Sousa que há oito anos deixou para segundo plano a engenharia civil para se dedicar à escultura. A segunda exposição individual da artista vai ser inaugurada no próximo dia 18 na Fundação Rui Cunha [dropcap style≠’circle’]“M[/dropcap]omentos” é a exposição de esculturas de Custódia Kong de Sousa, mais conhecida por Todi que tem inauguração marcada para 18 de Janeiro, na Fundação Rui Cunha, pelas 18h30. A segunda exposição individual da moçambicana que reside em Macau desde 1986 marca também uma experiência da artista na área das peças figurativas. “Usei a escultura para contar uma história, e por isso e chama momentos, porque descreve vários momentos da vida de uma pessoa”, começa por contar Todi ao HM. Por outro lado, Todi quis experimentar outras abordagens, “Nesta série optei mais pelo figurativo porque gosto de desafios e geralmente tento fazer qualquer coisa que seja novo, pelo menos para mim. Como também estava a trabalhar à volta de uma história e de uma pessoa pareceu-me a melhor opção”, sublinha. Crescimento natural “Momentos” conta a história de uma rapariga, desde que nasce até que se torna mãe. Das 14 peças que integram a mostra quase todas foram feitas para esta história. A exposição tem início com uma menina pequena, no colo da mãe, diz a artista. “A menina vai crescendo, uma etapa que é retratada por “Inocência””. Aos seis anos, sonha ser bailarina e na adolescência, descobre que gosta de dançar flamengo. “Nasce a peça à volta desta mudança e deste gosto. É um tema que me inspirou também e penso que é uma dança que representa muito a paixão, sentimento que também quis transmitir com esta peça”, continua Todi. A vida continua a o amor aparece. “Alma gémea” é a peça que retrata esta fase, à que se segue, a “Noiva”. A exposição termina com a protagonista a ser mãe. “A última é a maternidade, quando ela própria se vai tornar mãe. Digamos que aqui quase que o ciclo recomeça”, refere a escultora. Mas há ainda elementos que retratam, mais do que as fases da vida, estados emocionais. “Uma das peças é referente é a gratidão em relação à vida por tudo o que lhe trouxe e outra que se chama “dançando com o universo” retrata a harmonia que sente em relação ao que a rodeia, a tudo”. Peças em movimento Os materiais eleitos por Todi são a massa epoxie e o tecido endurecido. De acordo com a arista, a escolha é uma questão de preferência essencialmente pessoal. “Porque gosto de experimentar materiais novos e estes são pouco usuais na escultura. A massa epoxie é um material muito resistente e endurece ao ar num período de tempo curto, obrigando a uma forma diferente de abordagem do processo de execução. O tecido endurecido é um material que permite dar mais expressividade e movimento à peça”, refere. “Com ele tenho as linhas que quero e a dinâmica que procuro”, remata.
Hoje Macau SociedadeLotarias | Governo renova concessão por mais um ano [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade de Lotarias Wing Hing, Limitada viu renovado o contrato de concessão para a exploração de lotarias chinesas por mais um ano, prolongando-se até 31 de Dezembro e “cessando os seus efeitos” nessa data. O despacho publicado ontem em Boletim Oficial recorda que o primeiro contrato assinado com a Sociedade de Lotarias Wing Hing foi assinado em 1990. O mesmo despacho aponta ainda que “como contrapartida da prorrogação do contrato de concessão até 31 de Dezembro de 2018, a concessionária fica obrigada a pagar à concedente um prémio anual de quinhentas mil patacas, sem prejuízo de outros pagamentos ou obrigações previstos no referido contrato”. Recorde-se que o contrato com a SLOT – Sociedade de Lotarias e Apostas Mútuas de Macau foi prolongado até 2021. A Macau Slot, ligada a Stanley Ho, explora as apostas desportivas, como de futebol e basquetebol, desde 1998. Há alguns anos que se tem vindo a especular a possibilidade dos casinos poderem operar este tipo de lotarias, sendo que recentemente Jorge Godinho, académico que lançou o livro Direito do Jogo, sugeriu novamente a quebra deste monopólio.
Hoje Macau SociedadeEconomia | Exportações de Macau para a China isentas de taxas diminuem [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações de mercadorias com isenção de taxas aduaneiras de Macau para o interior da China atingiram 94,7 milhões de patacas no ano passado, traduzindo uma ligeira diminuição, indicam dados oficiais. Em 2016 o valor das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros de Macau para a China atingiu 97,18 milhões de patacas e em 2015 foi de 101,4 milhões de patacas. De acordo com dados publicados no portal do CEPA – Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau –, sob alçada da Direcção dos Serviços de Economia, Novembro figurou como o melhor mês, com o registo de 14,2 milhões de patacas. Por outro lado, Março foi o pior mês, com 5,3 milhões de patacas. Desde Janeiro de 2004 até Dezembro de 2017, o valor acumulado das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros atingiu 861,1 milhões de patacas. Desde a entrada em vigor do acordo, em Janeiro de 2004, têm vindo a ser assinados diversos suplementos, com vista ao alargamento das áreas, produtos e serviços. Recentemente Macau e a China firmaram dois acordos (um de investimento e outro de cooperação económica e técnica) sob a alçada do CEPA. Segundo o Governo de Macau, os dois acordos referidos vão permitir alargar o espaço de desenvolvimento para as pequenas e médias empresas, profissionais e jovens de Macau, bem como o desenvolvimento da diversificação adequada da economia.
Hoje Macau SociedadeGripe | Serviços de Saúde alertam para aumento de casos O número de doentes atendidos com casos de gripe aumentou cerca de 50 por cento na última semana. Os Serviços de Saúde apontam que nos últimos dias do ano foram registados 33 casos por cada mil pessoas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ano de 2017 chegou ao fim com mais casos de gripe registados no serviço público de saúde. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, houve um aumento de cerca de 50 por cento de casos em relação a igual período do ano passado. “Na última semana de 2017, de acordo com os dados de vigilância da gripe no hospital, Macau registou um aumento do número de utentes a quem foi diagnosticada febre, quando comparado com a 51.ª semana e com o período homólogo de 2016.” O mesmo comunicado aponta para a ocorrência de 33 casos registados por cada mil pessoas, o que “revela um aumento de 20 casos comparativamente aos períodos anteriores”. Estes dados dizem respeito aos adultos. No que diz respeito às ocorrências registadas no serviço de urgência pediátrica, “a proporção média foi de 123 casos por 1000 pessoas, registando-se uma ligeira subida de cerca de 106 casos em comparação à penúltima semana de 2017 e 105 casos relativamente ao período homólogo do ano de 2016”. Os Serviços de Saúde (SS) explicam que os dados entretanto registados em laboratório revelam que “o vírus influenza está a tornar-se mais activo, mas ainda não entrou no período de pico”. Para já, os serviços liderados por Lei Chin Ion “estão a monitorizar de perto a prevalência de doenças respiratórias em escolas e comunidades, sensibilizando os residentes a adopção das medidas de prevenção abaixo que poderá diminuir a infecção da gripe e de outras doenças do tracto respiratório superior”. Mulher intoxicada por monóxido de carbono Uma mulher foi intoxicada por monóxido de carbono num apartamento situado na Travessa da Prosperidade. Segundo um comunicado dos Serviços de Saúde, o incidente deu-se na noite de terça-feira, pelas 23h30, quando a mulher, de 48 anos de idade, “tomou banho durante cerca de 10 minutos e manifestou dispneia, tendo desmaiado”. “Após ter sido detectada por um familiar, a paciente foi transportada de ambulância para o Centro Hospitalar Conde de São Januário onde, após análises, foi diagnosticada uma intoxicação moderada por monóxido de carbono”, aponta o comunicado. “Após investigação verificou-se que na casa de banho do apartamento existe um esquentador sem instalação de qualquer tubo exaustão e que durante o banho, as janelas de casa de banho estavam entreabertas. O exaustor estava desligado. Suspeita-se que a intoxicação tenha sido provocada por gás residual num ambiente com má ventilação”, apontam os Serviços de Saúde. Entretanto a doente está estável e já se encontra em tratamento no hospital Kiang Wu.