Vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês fala da agenda de Xi Jinping na visita a Lisboa

[dropcap]A[/dropcap] China enalteceu hoje a “cooperação activa” com Portugal em países terceiros, em África e na América Latina, nas vésperas da visita do Presidente Xi Jinping, visando “elevar a parceria estratégica para um novo nível”. Xi Jinping vai estar em Portugal a 4 e 5 de Dezembro, após participar na cimeira do G20 e visitar o Panamá.

Trata-se da primeira deslocação oficial de um chefe de Estado chinês a Lisboa, desde 2010, e ocorre a cerca de três meses do 40.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre Lisboa e Pequim.

Xi vai reunir-se, em Lisboa, com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa. Em conferência de imprensa, o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros Wang Chao lembrou que as duas partes têm cooperado “activamente” na América Latina e África, através do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, estabelecido em Macau, em 2003.

Portugal é um “membro importante” da União Europeia (UE) e tem “tradicionalmente influência” na América Latina e África, notou Wang Chao.

O vice-ministro chinês para os Assuntos Europeus revelou que os líderes dos dois países vão “trocar opiniões” sobre as relações bilaterais, as relações entre a China e a UE e questões internacionais e regionais de “interesse comum”.

“O Presidente Xi vai com os líderes portugueses elevar para um novo nível o futuro desenvolvimento da Parceria Estratégica Global China e Portugal”, previu. Aquele documento foi assinado em 2005, para reforçar o diálogo político e a cooperação nas áreas economia, língua, cultura e educação, ciência e tecnologia, justiça e saúde.

Lembrando que as visitas de alto nível se intensificaram nos últimos anos, o vice-ministro chinês considerou que a cooperação nas áreas economia, comércio ou cultura produziram “resultados frutíferos”.

“As duas partes responderam juntas à crise financeira e aos desafios internacionais; a cooperação no campo do investimento alcançou grandes progressos, com benefícios tangíveis para ambos os países”, disse.

Wang Chao lembrou ainda que Portugal foi o primeiro país da UE com que a China estabeleceu uma “parceria azul”.

Os dois países assinaram, em 2017, um plano de acção, visando colaborarem na investigação e em projectos comerciais, no âmbito da economia do mar.

Wang Chao considerou ainda que Portugal tem “respondido positivamente” à iniciativa chinesa ‘uma faixa, uma rota’, projeto de infra-estruturas internacional que inclui a construção de uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos ou centrais eléctricas, visando reforçar a conectividade entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.

Lisboa tem insistido na inclusão de uma rota atlântica no projecto chinês, o que permitiria ao porto de Sines conectar as rotas do Extremo Oriente ao Oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.

Wang Chao revelou que os dois países vão emitir um comunicado conjunto com os “resultados da visita e consensos importantes”, e que serão assinados acordos de cooperação no domínio da cultura, educação, infraestruturas, tecnologia, Recursos Hídricos, finanças e energia.

A delegação de Xi Jinping, que terá em Lisboa a sua última visita de Estado deste ano, inclui Yang Jiechi, membro do Gabinete Político do Comité Central do Partido Comunista Chinês, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Conselheiro de Estado, Wang Yi, e o presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o órgão máximo de planeamento económico do país, He Lifeng, revelou à agência Lusa fonte do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

Desde a crise financeira global, em 2008, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China manteve altas taxas de crescimento económico, aumentando a quota no Produto Interno Bruto global de 6% para quase 16%.

O país asiático tornou-se, no mesmo período, um dos principais investidores em Portugal, ao comprar participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.

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