Saúde | Médicos do privado preocupados com critérios mais rigorosos

Os médicos que exercem a profissão há mais tempo temem que a definição de critérios mais apertados para exercer medicina leve a que sejam substituídos por profissionais mais qualificados. Porém, o médico e deputado Chan Iek Lap defende que a nova lei vai aumentar a confiança na medicina local

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s médicos do sector privado estão preocupados com a possibilidade dos novos critérios para profissionais de saúde poderem gerar despedimentos, principalmente entre os médicos com mais tempo de profissão. As preocupações foram expressas num encontro com cerca de 50 profissionais de saúde, organizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Em causa está a proposta de lei sobre o regime legal da qualificação e inscrição para o exercício da actividade dos profissionais de saúde, que foi apresentada, na quarta-feira, pelo Conselho do Executivo e que foi entregue ontem na Assembleia Legislativa (AL).

A proposta de lei vai ser aplicada ao sector público e privado e tem como objectivo uniformizar os critérios de ingresso e requisitos de inscrição na profissão.

Segundo um comunicado da FAOM, os médicos presentes no encontro consideram que o Governo deve divulgar mais informação sobre a matéria tão depressa quanto possível. Também foi divulgado que alguns médicos sentem que a proposta ameaça alguns dos profissionais mais velhos.

Ao mesmo tempo, houve médicos que se mostraram a favor do estabelecimento da Academia Médica de Macau, porque consideram que pode aumentar o nível de serviços de saúde no território.

Mais confiança

Por sua vez, Chan Iek Lap, deputado eleito pela via indirecta e ligado ao sector dos médicos, defendeu que a proposta vai elevar a confiança dos cidadãos no pessoal médico, o que beneficia ao sector.

Ao Jornal Ou Mun, Chan Iek Lap apontou que, devido à ausência da acreditação no sector dos serviços de saúde de Macau, principalmente em comparação com o que se pratica no exterior, o nível da medicina local acaba por ser mais baixo. Neste sentido, explicou, acaba por ser natural que os residentes demonstrem desconfiança face ao sector.

O médico que recentemente levantou questões sobre a importação de médicos vindos de Portugal, revelou preocupações quanto às oportunidades de estágio para os recém-formados. Isto porque apenas há três hospitais no território, incluindo o a unidade hospitalar da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau.

Estágio complica

Já Wong Kit Cheng entende que o regime que define as qualificações e inscrição para o exercício das profissões no sector da saúde é uma necessidade urgente. No entanto, a deputada questiona se em Macau há sítios e professores suficientes que satisfaça a procura de estágios para os recém-formados.

A deputada frisou igualmente que entre as 15 categorias de profissionais de saúde poderá ser necessário atender às diferentes particularidades de cada profissão. Por causa disso, Wong Kit Cheng sugere que se tenha em consideração os diferentes trabalhos, em vez de se realizar um estágio uniforme para as 15 categorias dos profissionais de saúde.

Já Paulo do Lago Comandante, presidente da Associação dos Investigadores, Praticantes e Promotores da Medicina Chinesa de Macau, acha que o regime pode aumentar o nível de reconhecimento dos médicos de medicina chinesa. Contudo, espera que o Governo preste apoio financeiro a estagiários e professores, uma vez que ao longo de um período de, pelo menos, seis meses os futuro médicos têm de fazer um estágio não-remunerado.

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