h | Artes, Letras e IdeiasDois poemas de Georg Trakl traduzidos António de Castro Caeiro - 12 Jul 2018 Dämmerung1 [dropcap style≠’circle’]I[/dropcap]m Hof, verhext von milchigem Dämmerschein, Durch Herbstgebräuntes weiche Kranke gleiten. Ihr wächsern-runder Blick sinnt goldner Zeiten, Erfüllt von Träumerei und Ruh und Wein. Ihr Siechentum schließt geisterhaft sich ein. Die Sterne weiße Traurigkeit verbreiten. Im Grau, erfüllt von Täuschung und Geläuten, Sieh, wie die Schrecklichen sich wirr zerstreun. Formlose Spottgestalten huschen, kauern Und flattern sie auf schwarz-gekreuzten Pfaden. O! trauervolle Schatten an den Mauern. Die andern fliehn durch dunkelnde Arkaden; Und nächtens stürzen sie aus roten Schauern Des Sternenwinds, gleich rasenden Mänaden. Crepúsculo No pátio, enfeitiçado pela luz láctea do crepúsculo, Ternos doentes deslizam através do outono acastanhado. Os seus olhos redondos em cera pensam nos seus tempos dourados, Cheios de sonhos e paz e vinho. A enfermidade fecha-os fantasmagoricamente nela. As estrelas espalham uma tristeza alva No cinzento, cheios de ilusão e repiques, Vê como, horríveis, se dissipam confusamente. As figuras sem forma do escárnio esgueiram-se, de cócoras E esvoaçam sobre sendas negras negros de cruzamentos. Oh! Tão tristes as sombras nos muros. As outras fogem pelas arcadas sombrias. E à noite precipitam-se com as rajadas rubras Do vento estrelar, quais Ménades em fúria. De profundis Es ist ein Stoppelfeld, in das ein schwarzer Regen fällt. Es ist ein brauner Baum, der einsam dasteht. Es ist ein Zischelwind, der leere Hütten umkreist. Wie traurig dieser Abend. Am Weiler vorbei Sammelt die sanfte Waise noch spärliche Ähren ein. Ihre Augen weiden rund und goldig in der Dämmerung Und ihr Schoß harrt des himmlischen Bräutigams. Bei ihrer Heimkehr Fanden die Hirten den süßen Leib Verwest im Dornenbusch. Ein Schatten bin ich ferne finsteren Dörfern. Gottes Schweigen Trank ich aus dem Brunnen des Hains. Auf meine Stirne tritt kaltes Metall. Spinnen suchen mein Herz. Es ist ein Licht, das meinen Mund erlöscht. Nachts fand ich mich auf einer Heide, Starrend von Unrat und Staub der Sterne. Im Haselgebüsch Klangen wieder kristallne Engel. De profundis Há um campo de restolho sobre o qual uma chuva negra cai. Há uma árvore castanha, que aí está de pé, sozinha. Há um vento sibilante à volta das cabanas vazias. Como é triste esta noite. Ao longo da aldeia, A doce órfã colhe ainda escassas espigas. Os seus olhos, redondos e dourados, pastam ao entardecer, E o seu peito anseia pelo noivo celestial. No regresso, Os pastores encontram o seu doce corpo A apodrecer nos arbustos de espinhos. Uma sombra eu sou, longe das lúgubres vilas. De Deus o silêncio Eu bebi na fonte do bosque. Na minha fronte, aparece metal frio. Aranhas procuram o meu coração. Há uma luz que a minha boca extingue. À noite, dei por mim numa charneca, petrificado pela sujidade e pó de estrelas. No bosque das avelaneiras, Ressoam, de novo, anjos de cristal.