Mundial 2018 | Cristiano Ronaldo volta a ser determinante em vitória contra Marrocos

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ortugal venceu, esta quarta-feira, a selecção de Marrocos por 1-0, em jogo da segunda jornada do Grupo B, disputado no Estádio Luzhniki, em Moscovo, que esteve lotado (79 mil adeptos). Cristiano Ronaldo marcou único golo da partida e já lá vão quatro golos para o capitão da selecção portuguesa neste Mundial2018, que soma agora quatro pontos.

O único golo foi marcado aos quatro minutos, com João Moutinho a cruzar para o coração da área, após canto curto, onde apareceu Cristiano Ronaldo a cabecear certeiro para a baliza marroquina. Com um olhar mais atento à repetição nos monitores disponíveis no estádio para a imprensa, o lance foi antecedido de uma falta de Pepe sobre dois adversários na grande área.

O segundo golo de Portugal esteve à vista cinco minutos depois, com Ronaldo perto de bisar graças à boa acção ofensiva de Guerreiro.

Estando em desvantagem, a selecção africana ficou ainda mais agressiva com o passar dos minutos do relógio, movidos ainda pelo apoio vindo das bancadas, e até ao final do primeiro tempo, estiveram mais ofensivos do que Portugal.

O árbitro foi obrigado a interromper a partida para conferenciar com o seu assistente. O norte-americano chamou a atenção do treinador marroquino, Herve Renard, que pedia a intervenção do vídeo-árbitro no lance entre Guerreiro e Amrabat aos 26 minutos.

O segundo tempo começou da mesma forma que terminou o primeiro, com Marrocos mais ofensivo. Aos 57 minutos, Rui Patrício fez a defesa do jogo, ao negar o empate a Belhanda, num cabeceamento tenso do marroquino na sequência de um livre.

Bernardo Silva esteve ‘perdido’ o tempo todo que esteve em campo e Fernando Santos substituiu o jogador do City por Gelson Martins. O mesmo se passou a João Mário, única novidade no onze português, que viu o seu lugar ser tomado por Bruno Fernandes, um dos melhores em campo na última partida com a Espanha. Já muito perto do apito final, Adrien Silva entrou em acção, substituindo João Moutinho. Destaque para a excelente exibição de Pepe, aliás, é devido à acção defensiva do central que Portugal não deixou Moscovo com um resultado negativo.

Portugal maso

O quarto golo de Cristiano Ronaldo valeu assim um muito sofrido triunfo sobre Marrocos, num desafio em que o campeão da Europa foi dominado, mas deu um passo importantíssimo rumo aos ‘oitavos’.

Depois do ‘hat-trick’ no empate 3-3 com a Espanha, Cristiano Ronaldo voltou a facturar, logo aos quatro minutos, e foi decisivo numa exibição muito descolorida do conjunto das ‘quinas’, que bem pode celebrar o desacerto contrário na finalização, sobretudo na segunda parte, num jogo em que chegou a ser ‘asfixiado’.

O estatuto antecipava um claro favorito, porém, no relvado, foi a capacidade de sofrimento que ajudou a conquistar os três pontos, lisonjeiros, perante um adversário superior em praticamente todos os dados estatísticos, menos na eficácia.

A má circulação de bola, com muitos passes errados, fez Portugal correr quase sempre atrás da bola, numa solidariedade desgastante que ditou perda de discernimento frente ao 41.º do ranking da FIFA, que foi ‘senhor’ da bola.

O conjunto norte-africano ficou a reclamar dois penáltis – e ausência da consulta do videoárbitro -, o primeiro com agarrões mútuos entre o irrequieto Amrabat e Raphael Guerreiro e depois Boutaib a queixar-se de falta pelas costas de José Fonte.

Rui Patrício (57 minutos) garantiu a manutenção da vantagem com uma defesa ‘impossível’, em desvio de cabeça de Belhanda, mas, depois, valeu aos pupilos de Fernando Santos um conjunto de remates desacertados, que ditaram a má sorte dos ‘leões do Atlas’.

A vitória (muito suada) diante de Marrocos permite os portugueses somarem agora quatro pontos. Já a selecção africana está mais perto do adeus, uma vez que ainda não pontuaram. A última partida da selecção nacional está agendada para segunda-feira, contra o Irão, em Saransk.

 

Fernando Santos: “Parece que falta confiança”

“Era importante ganhar. A equipa entrou bem, mas a seguir perdeu o controlo do jogo. Fizemos muitos passes falhados, tivemos uma má circulação de bola e perdemos o controlo do jogo. Isso é inexplicável. Parece que nos faltou na confiança na altura de ter a bola. Vamos que rectificar isso seguramente. Alguma coisa temos de ver. Temos de falar. Entrámos bem no jogo, mas depois perdemos o controlo. Começámos a não ligar passes, a falhar passes. Tínhamos de ter mais circulação e quando não temos bola vamos ter de correr e cansar-nos mais. É uma bola de neve. É inexplicável. Tentei dizer isso aos jogadores ao intervalo, mas parece que falta confiança. Perdemos um passe, dois, três, começamos a recuar… E nós, uma equipa de estatura média/baixa, contra adversários muito fortes, se não temos bola… Vamos ter de rectificar isto seguramente”

 

José Fonte | “Soubemos sofrer”

José Fonte referiu após a vitória de Portugal sobre Marrocos que a equipa soube sofrer e reconheceu que a equipa lusa teve alguma “felicidade” na conquista dos três pontos. “Nenhum jogo do Mundial é fácil e isso foi comprovado com jogos de outras equipas. Hoje foi outra vez a mesma situação: uma equipa que à partida é favorita, como nós, mas teve muitas dificuldades”, referiu o defesa central à SIC.

“O mais importante foi ter ganho. Soubemos sofrer, há que melhorar, continuar a trabalhar”, acrescentou.

 

Rússia praticamente nos ‘oitavos’

O Mundial continua pródigo em surpresas, depois das vitórias de das selecções de Japão e Senegal sobre as favoritas Colômbia e Polónia, respectivamente, no Grupo H, enquanto a anfitriã Rússia revela-se uma ‘máquina goleadora’. Com oito golos já marcados, a selecção russa somou a segunda vitória, desta vez por 3-1 sobre o Egipto, que estreou Salah, depois da goleada no jogo inaugural por 5-0 à Arábia Saudita, e tem praticamente garantida uma vaga nos oitavos de final.

Uma entrada pujante na segunda parte assegurou o triunfo à Rússia, que marcou três golos no espaço de um quarto de hora, aos 47, 59 e 62 minutos, graças a um autogolo de Fathy e aos tentos de Cheryshev, que igualou Cristiano Ronaldo do topo dos melhores marcadores com três golos, e Dzyuba, respetivamente.

A selecção senegalesa tornou-se, por seu lado, a primeira equipa africana a pontuar, ao vencer a Polónia, por 2-1. Um autogolo de Thiago Cionek colocou o Senegal, com muita sorte à mistura, em vantagem, a partir dos 37 minutos, visto que o remate do médio senegalês Gana não levava a direcção da baliza polaca e embateu no defesa polaco, desviando a sua trajectória para o fundo das redes, ‘traindo’ o guarda-redes Szczesny. Com uma hora de jogo, após um alívio da defesa senegalesa, Krychowiak atrasou para Bednarek, surpreendido por Niang, que estava fora do campo e recebeu autorização do árbitro para entrar na sequência da jogada, intrometendo-se entre o defesa e o guarda-redes polacos para apontar o segundo tento dos africanos, que valeu os três pontos, apesar do ‘tento de honra’ polaco aos 86 minutos, por Grzegorz Krychowiak. Apesar de estar no oitavo lugar do ‘ranking’ mundial, a Polónia não justificou esse estatuto, dando uma imagem pálida frente a um Senegal, 27.º do mundo, muito físico.

Antes deste jogo, já o Japão protagonizara a primeira surpresa do dia, ao bater em Saransk, no arranque do Grupo H, a favorita Colômbia, recheada de futebolistas credenciados a nível internacional como James Rodriguez, Cuadrado, Carlos Bacca e Falcão, fazendo história por ser a primeira vez que a selecção nipónica bateu uma selecção sul-americana. No entanto, houve um lance, logo aos três minutos, que teve influência decisiva no desfecho do jogo, quando Carlos Sanchez cometeu penálti, cobrado com êxito por Kagawa, e viu o cartão vermelho directo e a consequente expulsão, a segunda mais rápida da história do campeonato do mundo.

Sanchez substituiu Ospina na baliza, na recarga a um remate de Kagawa defendido pelo guarda-redes colombiano. O portista Juan Quintero, jogador ligado do FC Porto, ainda refez a igualdade, aos 39 minutos, na execução de um livre direto, mas Osako garantiu o triunfo do Japão, aos 73. Na segunda parte, os colombianos acabaram por pagar o preço do desgaste físico extra decorrente da desvantagem numérica e o Japão acabou por vencer e abrir as portas da qualificação no Grupo H.

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