China | Universidade de Cambridge repõe artigos censurados 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade britânica de Cambridge vai repor mais de 300 artigos politicamente sensíveis, removidos de uma das suas publicações na China a pedido das autoridades locais, anunciou na segunda-feira o editor daqueles conteúdos.

Tim Pringle, editor do The China Quarterly, disse à agência noticiosa Associated Press (AP) que a publicação concordou em repor os artigos imediatamente.

A decisão surgiu depois de vários académicos terem assinado uma petição para que a editora da universidade recuse compactuar com a censura imposta pelo Governo chinês.

“Estou encantado com o apoio da comunidade académica internacional”, afirmou Pringle, citado pela AP.

Na sexta-feira, a Cambridge University Press (CUP) afirmou ter cumprido um pedido para bloquear alguns artigos da versão electrónica da publicação The China Quarterly, na China.

Os artigos censurados abordam assuntos sensíveis para o regime chinês, como o massacre na praça Tiananmen, em 1989, a Revolução Cultural (1966-76) e a questão do Tibete.

“O acesso a material publicado da mais alta qualidade é uma componente essencial da pesquisa académica”, escreveu Pringle na rede de mensagens instantâneas Twitter. “Impedir esse acesso não é o papel de publicações respeitadas mundialmente, como a CUP”, acrescentou.

Sob controlo

Académicos indicaram que as universidades têm também sido submetidas a um crescente controlo ideológico, incluindo acompanhamento frequente nas salas de aula.

Christopher Balding, professor associado de economia na Peking University HSBC Business School, na cidade de Shenzhen, disse ter lançado o abaixo-assinado, para pressionar a CUP e universidades e académicos que interagem com a China, e para que as instituições se revoltem contra a censura oficial.

À medida que as instituições de ensino superior chinesas contratam cada vez mais professores estrangeiros, o Governo está preocupado que as universidades percam “adesão ideológica”.

A petição apela à CUP para que recuse acatar a censura do Governo chinês, afirmando que académicos e universidades têm o direito de boicotar a instituição e as suas publicações, caso cedam às exigências das autoridades.

“O motivo fundamental é simplesmente exercer controlo, tentar impor o que eles pensam como a forma correta de pensar”, disse Balding.

De acordo com o texto, que acompanha o abaixo-assinado, os académicos acreditam no intercâmbio livre e aberto de ideias e informação e que é “perturbador que a China esteja a tentar exportar a sua censura em assuntos que não se encaixam na sua narrativa preferida”.

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