Mulher de Xie Yang diz que julgamento do marido foi uma farsa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] mulher do advogado chinês dos direitos humanos Xie Yang, Chen Guiqiu, disse que o julgamento do marido, realizado na segunda-feira, foi uma farsa, depois de o marido ter confessado que incitou à subversão.

“A vossa peça foi lindamente representada”, disse Chen, que fugiu para os Estados Unidos, com as duas filhas do casal, no início deste ano, num comunicado em reacção ao julgamento.

“Tribunal Popular Intermediário de Changsha: a história vai lembrar-se do vosso fantástico julgamento. Todas as pessoas que participaram no julgamento de Xie Yang: a história vai lembrar-se de vocês”, afirmou.

Xie confessou na segunda-feira ser culpado de incitar a subversão e perturbar processos judiciais, e apelou ao tribunal por uma sentença leve, com base no seu arrependimento.

“Toda a gente deve encarar-me como uma lição: deves comportar-te dentro dos limites da lei, evitar ser usado por forças ocidentais anti-China”, disse Xie em tribunal, ao ler um comunicado preparado com antecedência.

O julgamento, que decorreu na cidade de Changsha, centro da China, foi concluído ao meio-dia e sem a participação de qualquer testemunha.

Xie disse em tribunal que não foi torturado ou forçado a confessar, depois de ter sido detido em Julho de 2015, durante uma campanha lançada por Pequim contra advogados e activistas dos direitos humanos.

A outra verdade

Em Janeiro passado, porém, Xie escreveu numa carta entregue ao seu advogado que foi agredido, privado de sono e forçado a manter-se em posições dolorosas.

A carta diz que qualquer futura confissão sua seria devido a tortura prolongada.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos disse na segunda-feira que continua profundamente preocupado com o bem-estar de Xie e apelou à sua libertação e à de outros advogados detidos na China.

E afirma que a confissão de Xie “parece ter sido feita sob coacção” e que o advogado contratado pela família de Xie, Chen Jiangang, desapareceu na semana passada, alegadamente colocado sob custódia pelas autoridades chinesas.

Os procuradores afirmaram em tribunal que Xie usou mensagens criptografadas através do aplicativo de mensagens instantâneas Telegram, para conspirar com pessoas dentro e fora da China, visando distorcer incidentes de brutalidade policial, para subverter o poder do Estado, derrubar o sistema socialista e danificar a segurança nacional e a estabilidade social.

Xie testemunhou que participou de um curso de formação para advogados em Hong Kong e na Coreia do Sul. Os procuradores afirmaram que isso é indicativo de que ele tinha “vínculos obscuros” com elementos estrangeiros.

As acusações contra Xie são comuns a outros advogados e activistas detidos durante a campanha de 2015.

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