Angela Ka SociedadeMembro do CPU fala de falhas na coordenação entre urbanismo e infra-estruturas [dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á falhas de coordenação entre o planeamento urbanístico e as infra-estruturas públicas. É o que diz Manuel Wu Iok Pui Ferreira. O membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) afirma, em declarações ao Jornal do Cidadão, que existem falhas nesta área e prova disso é o novo plano para a Biblioteca Central que vai ocupar o edifício do antigo tribunal. Para Manuel Wu Iok Pui Ferreira, “os lugares que deverão ter uma [biblioteca], não têm, mas os que não devem ter, têm”. De modo a ilustrar a situação, o membro do CPU avança com o exemplo da zona norte em que a densidade populacional e número de leitores são muito elevados e apenas têm ao seu dispor a biblioteca de Mong Há e algumas salas de leitura. Por outro lado, frisa, há lugares que utilizam as bibliotecas itinerantes que o Instituto Cultural (IC) promove. “O antigo tribunal situa-se na zona mais comercial de Macau e enfrenta graves problemas associados ao trânsito. A instalação de uma biblioteca destas dimensões só vai piorar o problema”, afirma ainda. A questão dos arrendamentos a privados e com montantes elevados para abarcar os escritórios do Ministério Público e do Tribunal Judicial de Base também é levantada, com o membro do CPU a dizer que seria mais adequado usar o velho edifício que já foi espaço da justiça para estas instalações, na medida em que retornaria à sua “função original”. Dez anos depois de já se ter revelado contra a proposta da nova Biblioteca Central, Wu Iok Pui Ferreira mantém a posição.
Joana Freitas SociedadeCPU | Biblioteca e empresa de Pedro Chiang em discussão Construções ao alto A nova Biblioteca Central, edifícios no Parque da Concórdia, nos Lagos Nam Van e no Pac On e tantos outros vão ser alvo de análise em mais uma reunião do CPU, que acontece segunda-feira [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) vai discutir o projecto da nova Biblioteca Central. Isso mesmo refere a lista de projectos que vão estar em discussão na segunda-feira, naquela que será a 9ª reunião plenária do CPU. Ao todo, são 28 os projectos de plantas de condições urbanísticas em discussão, entre os quais se incluem ainda a construção de edifícios nos Nam Van, que pertenciam a uma empresa de Pedro Chiang e Miguel Wu Ka I. Dos documentos que acompanham o projecto da nova biblioteca, fica a saber-se que o edifício não pode ultrapassar o limite máximo de 53 metros de altura e de 26 metros na parte que fica virada para a Avenida da Praia Grande. Fica numa zona que tem de respeitar a Lei de Salvaguarda do Património e na do “plano da Praia Grande”. O projecto para dois lotes do C6 e C7 dos Nam Van, em frente ao edifício da Assembleia Legislativa e onde a empresa concessionária quer construir torres de habitação, é outros dos pontos a analisar. O terreno de 4669 metros quadrados foi adjudicado por arrendamento sem concurso público à Companhia de Construção e Investimento Predial Legstrong, da qual eram administradores os empresários Miguel Wu Ka I e Pedro Chiang, condenados por corrupção no escândalo do ex-Secretário Ao Man Long. Foi este responsável, agora preso por 29 anos e meio, quem concedeu o lote: a empresa comprou nos anos 1990 a Casa do Mandarim. Como este imóvel não podia ser deitado abaixo, por ser classificado, o Governo aceitou trocar um terreno pela casa. As torres a ser construídas no local não poderão ter mais de 34,5 metros. Mais agenda A construção de armazéns e escritório no lote A da Estrada do Pac On, perto do edifício Pearl On The Lough, é outro dos pontos em cima da mesa. Pertencente à Centro Carga Sino-Macau, o lote de mais de 5500 metros quadrados foi concedido por arrendamento sem concurso público à empresa gerida pelo empresário e vice-presidente da Câmara de Comércio de Macau Lei Loi Tak, já nos anos 1990. O espaço serviria para o “armazenamento e paletização” de mercadorias chegadas por via aérea, de acordo com o Boletim Oficial analisado pelo HM. Também a construção de um “hotel e parque de estacionamento público” no actual edifício do Casino Fortuna, na Praça D. Afonso Henriques, Rua de Cantão e Rua de Foshan está em discussão no CPU. O local situa-se nas imediações do Farol da Guia, pelo que o Conselho prevê um máximo de altura de 18,2 metros. Ao HM não foi possível apurar se esta construção será um acréscimo ao actual hotel no local. A concessão feita por arrendamento “não tem contrato”, pelo que não é possível investigar o Boletim Oficial. Um dos outros projectos em discussão é o referente à construção de unidades industriais no Parque Industrial da Concórdia. Concedido por arrendamento sem concurso público em 2002, o lote de nove mil metros quadrados de terreno foi adjudicado à Sociedade do Parque, quando ainda Paulina Alves dos Santos era administradora. O projecto está sujeito a um relatório do impacto ambiental. As instalações do Governo junto aos lagos Nam Van, nos lotes C15 e C16, são também foco da reunião, sendo que os edifícios não poderão ultrapassar os 44 metros de altura. Seguem-se diversas construções na Rua das Lorchas, instalações para os Serviços de Alfândega e uma carreira de tiro para as Forças de Segurança, bem como o projecto de uma moradia em frente à praia de Cheock Van, onde já se encontrava uma vivenda num terreno do Estado. Ainda em discussão estão também as infra-estruturas de apoio ao Centro de Ciência de Macau, no terreno junto à infra-estrutura.
Hoje Macau EventosExposição conjunta de recém-licenciados em Arte arranca em Setembro [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] a primeira vez que jovens licenciados fazem um exposição conjunta de Arte. A “Y Show”, organizada pela Chiu Yeng Culture, arranca a 29 de Setembro e estende-se a 2 de Outubro, juntando recém-licenciados de várias instituições de ensino superior de Macau na área das artes, que vão ter os seus trabalhos expostos no Hotel Regency. A iniciativa surge da necessidade de incutir um espírito criativo e empreendedor nos mais novos, que a organização considera que é colmatada através da partilha de experiências com artistas locais e internacionais. Estes são convidados para expor e para participarem nos vários seminários que irão decorrer durante os cinco dias do evento. Elevar Macau Para 30 de Setembro está marcado uma sessão de partilha com diversas personalidades do mundo das artes. Do Japão vem Katsumi Asaba, director de Arte e fundador de um estúdio de Design em 1975. É membro do Comité do Tokyo Art Directors Club e presidente da Associação de Designers Gráficos de Tóquio, tendo recebido diversos prémios no sector. Jianping He, da Alemanha, nasceu na China mas é em Berlim que trabalha, em Design, indústria pelo qual já recebeu inúmeros prémios. Seguem-se Fons Hickmann Matthias, também designer gráfico, escritor e professor de desenho na Universidade das Artes de Berlim. De Macau, são Mann Lao e Sabrina Ho as convidadas. A primeira é directora-criativa do Chiii Design. Trabalhou em diversas agências de publicidade como a Worldwide em Xangai e a Leo Burnett e foi convidada para trabalhar noutros países para marcas comerciais e projectos culturais. Voltando a Macau em 2011, tornou-se professora de Design de marca no Instituto Politécnico de Macau e, em 2012, criou a Chiii. Co-organiza esta actividade. Já Sabrina Ho é directora da entidade organizadora e membro do Conselho das Indústrias Culturais. Em 2015 foi tida como uma das cem pessoas mais influentes do mercado chinês de arte do mundo. Além desta sessão, que acontece das 11h30 às 12h30, há ainda outros seminários que incidem sobre o futuro desenvolvimento do Design ( 14h30), a nova geração de designers (16h00) e o futuro da área em Macau, este marcado para o dia 1 de Outubro às 11h30. Marcado para dia 2 está ainda o seminário sobre o impacto do Design na sociedade. Arranca às 14h30. “O objectivo desta exposição também passa pela partilha de informação e conhecimento entre as instituições de ensino local e as do estrangeiro para elevar Macau a um centro para a nova geração de artes e cultura na Ásia”, refere a mesma fonte. “Não adianta trabalhar na criação de novos designs se estes não são aceites. O que torna uma marca rentável e funcional é ser produtiva e aceite pelo público e pelos mercados. É nisso que se devem concentrar”, refere ainda.
Hoje Macau EventosFogo de Artifício | Concurso regressa com dez equipas internacionais O Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau começa este fim-de-semana e estende-se até Outubro. Dez equipas de todo mundo prometem impressionar e, de novo, Portugal marca presença [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeça já este fim-de-semana o Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau (CIFAM). A partir de sábado e nos dias 10, 15 e 24 de Setembro e 1 de Outubro, a zona ribeirinha em frente à Torre de Macau é o palco escolhido para as dez equipas internacionais pintarem o céu de cores e efeitos pirotécnicos, ao som de música. A organização cabe novamente à Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Helena de Senna Fernandes, directora do organismo, realça que “todos os anos vêm actuar neste espectáculo algumas das melhores empresas do ramo”. Nesta que é a 28º edição há duas estreias: o Canadá e a Roménia. “Muitos visitantes vêm de propósito para assistir ao espectáculo”, concluiu. Todas as empresas presentes no evento são antigas na indústria da pirotecnia e contam com um passado de prémios e participações. Do Canadá, vem a “Feu d’artifice Orion”, criada em 1999 e que conseguiu, em 2015, ser a primeira classificada no Concurso Internacional de Fogo de Artifício Blackpool, no Reino Unido. A companhia pirotécnica da Roménia, “Pyro-Technic Transilvania Ltd”, criada em 1998, produz anualmente mais de 250 espectáculos pirotécnicos. As restantes oito equipas já participaram no CIFAM em anos anteriores. O “Macedos Pirotecnia, Lda” vem de Portugal e participou quatro vezes, tendo sido vencedor no 12.° CIFAM. Organizou o maior espectáculo pirotécnico do mundo, registado nos Recordes Mundiais do Guinness, na passagem do ano em 2006, na Ilha da Madeira, tendo mantido o recorde até 2012. A companhia do Reino Unido, a “Pyro 2000 Ltd”, foi segunda classificada no 12.° CIFAM. É considerada uma das maiores companhias piro-musicais britânicas. A representar a Suíça vem a “SUGYP SA”, criada em 1967 e terceira classificada no 25.° CIFAM. Organiza anualmente mais de 250 espectáculos pirotécnicos. A Marutamaya Ogatsu Fireworks Co, Ltd. participou no 5.° e no 19.° CIFAM, tendo obtido o primeiro e o terceiro lugar, respectivamente. Vem do Japão. A “Hunan Jingtai Fireworks Co., Inc”, oriunda da província de Hunan, a terra-natal do fogo de artifício do interior da China, conta com mais de 30 anos e foi vencedora do CIFAM em 2014. Programa São dois espectáculos por cada dia, sendo que o primeiro acontece às 21h00 e o segundo sempre às 21h40. A abrir está a equipa da Tailândia e a de Portugal. O tema é “Fantasia Pirotécnica”. No dia 10 as equipas são da Inglaterra e da Suíça e o tema é “Tributo a Bond”. Dia 15 é a vez do Japão e da Coreia do Sul com “Harmonia Lunar de Outuno”. A encerrar o mês de Setembro estão a Itália e o Canadá, com o tema “Estrelas Distantes”, sendo que a Roménia e a China encerram o festival, no dia 1 de Outubro. O tema é “Celebração do Céu”.
Hoje Macau China / ÁsiaAlumínio | Empresa norte-americana comprada por milionário chinês [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m empresário da China decidiu pagar 2,33 mil milhões de dólares pela produtora de alumínio norte-americana Aleris Corporation. A Zhongwang USA, uma firma de investimentos controlada por Liu Zhongtian, anunciou em comunicado que vai pagar 1,11 mil milhões de dólares pela Aleris, que tem sede na cidade norte-americana de Cleveland, e pagar as dívidas da empresa, avaliadas em 1,22 mil milhões. Liu é o fundador e presidente da Zhongwang China, que está cotada na bolsa de Hong Kong, e é a segunda maior fabricante do mundo de produtos industriais de extrusão de alumínio. O seu património líquido está avaliado em 3,1 mil milhões de dólares, segundo a revista norte-americana Forbes.”Esta aquisição é uma expansão internacional que visa estabelecer uma base de negócios complementares”, afirma o comunicado. A Aleria tem 13 unidades de produção espalhadas pelos Estados Unidos da América, Europa e China, e é fornecedora de importantes construtoras, como a Airbus, Boeing e Bombardier. Desde o início do ano, as empresas chinesas já anunciaram mais de 3,9 mil milhões de dólares em aquisições fora do país, nos sectores indústria farmacêutica, biotecnologia e saúde, dez vezes o valor total gasto em 2012, segundo a Bloomberg. O governo chinês tem encorajado as empresas do país a investir além fronteiras como forma de assegurar matérias-primas e fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica. No início do mês, o grupo de investimento chinês Fosun propôs comprar 16,7% do capital do Banco português BCP, por um preço que deverá rondar os 236 milhões de euros, e que poderá reforçar posteriormente a sua participação “para entre 20% a 30%”. Só em Portugal, aquele grupo detém já a Fidelidade, a Espírito Santo Saúde, reconvertida em Luz Saúde, e uma participação de 5,3% na REN (Redes Energéticas Nacionais).
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Bancos alertam para aumento do crédito mal parado Cada vez mais os chineses têm dificuldade em saldar as suas dívidas. Quem o diz são os gigantes bancários do país que alertam para o aumento do crédito mal parado [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s quatro maiores bancos estatais chineses anunciaram um aumento do crédito mal parado, no primeiro semestre do ano, numa altura em que a economia chinesa cresce ao menor ritmo do último quarto de século. Em comunicado enviado à bolsa de Hong Kong, o ICBC, o maior banco do mundo em capitalização em bolsa e por depósitos, revelou que a taxa de incumprimento entre os devedores em Junho, subiu para 1,55%, acima do valor registado no mesmo mês do ano passado, de 1,50%. A mesma nota detalha que, no primeiro semestre, os lucros do banco subiram 0,8%, em termos homólogos. Os três outros gigantes estatais anunciaram também um aumento no crédito mal parado, à medida que Pequim recorre a crédito barato visando impulsionar o crescimento económico. O Banco da China, o mais utilizado para troca de divisas estrangeiras, disse na terça-feira que a quantidade de crédito malparado subiu para 1,47%, no final de Junho, acima do valor de 1,43% registado em Dezembro 2015. Na semana passada, o China Construction Bank, o segundo maior credor do país, anunciou um aumento da taxa de incumprimento de 0,05%, para 1,63%, enquanto o Agricultural Bank of China fixou aquela cifra em 2,40%, ligeiramente acima do registado no ano passado. No final do ano passado, o endividamento da China atingiu os 168,48 biliões de yuan o equivalente a 249% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativas da Academia de Ciências Sociais da China. A mesma fonte diz ainda que o maior risco reside no sector corporativo não financeiro, no qual a proporção da dívida em relação ao PIB é estimada em 156%, incluindo as dívidas contraídas por mecanismos de financiamento dos governos locais. Em Junho passado, um funcionário da Comissão Reguladora do Sistema Bancário da China revelou que nos últimos três anos, os bancos do país amortizaram mais de 300.000 milhões de dólares em crédito mal parado, mais de três vezes o valor do resgate económico acordado em 2011 entre o Governo português e a “troika”. A economia chinesa cresceu 6,9%, em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos.
Hoje Macau China / ÁsiaSócia da Uber fecha acordos com 50 empresas de táxis [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] aplicativo de transporte chinês Didi Chuxing, que este mês adquiriu as operações da Uber na China, assinou ontem acordos de cooperação com 50 companhias locais de táxis, prevendo ampliar as suas operações conjuntas. Os acordos prevêem que o Didi Chuxing disponibilize às empresas os pedidos dos utilizadores do seu aplicativo móvel e a informação recolhida pela sua unidade de ‘big data’ (processamento em massa de dados dos clientes), para melhorarem a sua eficiência. As 50 empresas que se aliaram ao Didi Chuxing, uma firma na qual a Apple investiu 1.000 milhões de dólares em Maio passado, operam numa dezena de cidades chinesas, entre as quais Pequim e Xangai. Com este modelo, a empresa chinesa inclui no seu aplicativo os serviços de 1,8 milhões de taxistas, em 380 cidades, e de condutores privados, em 400. A firma, que tem uma quota de quase 90% do mercado chinês, recebendo por dia cerca de 16 milhões de pedidos, garante que melhorou o sistema para solicitar um táxi, permitindo saber a distância entre os clientes e os condutores, estado do trânsito, e a oferta e procura.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Demolido um dos maiores altos-fornos do noroeste do país [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dos maiores altos-fornos do noroeste da China, utilizado na produção de ferro, foi ontem demolido, numa altura em que a segunda maior economia mundial tenta eliminar o excesso de capacidade de produção no sector secundário. Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, 200 trabalhadores iniciaram a demolição do alto-forno número 2 do Baogang Group, uma estrutura com meio século de existência e 1.800 metros cúbicos de dimensão. A sua capacidade de produção anual está fixada em 1,33 milhões de toneladas de ferro No conjunto, a estrutura do forno, oleodutos e outras partes da construção pesam 10 mil toneladas, segundo técnicos responsáveis pela demolição, citados pela Xinhua. É o maior forno a ser demolido na China, desde que Pequim anunciou um plano designado “reforma do lado da oferta”, que visa reduzir o excesso de capacidade na indústria pesada, refere a agência. No ano passado, o maior grupo especializado em exploração de carvão, no noroeste da China, anunciou que vai eliminar 100.000 postos de trabalho até 2018, para “tentar minimizar os prejuízos”, num dos maiores despedimentos em massa registados no país nos últimos anos. De acordo com o Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social da China, só nas indústrias do carvão e do aço, a China deverá extinguir 1,8 milhão de empregos. Depois de três décadas a crescer em média quase 10% ao ano, a China cresceu 6,9%, no ano passado, o ritmo mais lento do último quarto de século, enquanto o rápido processo de urbanização regista sinais de abrandamento. Pequim quer transformar o sector dos serviços e o consumo interno nos novos motores de crescimento económico.
Manuel Afonso Costa Fichas de Leitura h | Artes, Letras e IdeiasUm cântico agónico e a nostalgia do tempo que passa Lampedusa, Giuseppe Tomasi di, O Leopardo, Editorial Presença Lisboa,1995. Descritores: Literatura italiana, Aristocracia, Decadência, Unificação de Itália, Garibaldi, Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo 210 p.:23 cm, ISBN: 972-23-1876-4, Cota: 821.131.1-31 Lam [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ode-se gostar de um texto, no caso concreto, um texto de ficção por muitos motivos. Eu, em particular, valorizo todas as possibilidades lúdicas ou intelectuais de uma narrativa, a saber a arquitectura, o estilo, a capacidade efabulatória do narrador ou dos narradores, a composição dos personagens, o poder narrativo dos diálogos, a capacidade que um autor pode ter para organizar a intriga e os desenvolvimentos temáticos da história através do dinamismo próprio das múltiplas relações dialógicas dos personagens e finalmente, last but not least os ingredientes formais e puramente estéticos concentrados na palavra e na frase. Não há romances aos quais possamos conceder o estatuto de excelência em todos estes domínios simultaneamente. Há contudo romances que se aproximam deste estatuto e que digamos assim podem ser classificados com distinção em mais de 75 por cento dos itens considerados. Quando isso acontece estamos na presença de uma obra prima e portanto de uma obra de génio. O Leopardo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa conta-se entre o reduzido número de obras que alcançaram esse estatuto. Como se costuma dizer em gíria, falha apenas o pleno por um pequeníssimo pormenor. Mas acontece que por vezes o que parece apenas um pormenor, revela-se, com o tempo e através de um aprofundamento cada vez mais complexo um pormaior, se me faço entender. Momentaneamente, mudando de assunto, deixando a questão do pormenor lá mais para o fim, vou escrever sobre este romance como se ainda estivesse no final do século passado, quando depois de o ter lido pela primeira vez, exultava de entusiasmo e me faltavam os adjectivos encomiosos, laudatórios e apologéticos para descrever o que pensava dele. Para que melhor me compreendam devo dizer que romances assim não são o privilégio de nenhuma tradição em especial, de nenhuma época, de nenhuma literatura nacional particular e também não de nenhum estilo ou mesmo dimensão. Se é verdade que para exemplificar o que disse relativamente à dimensão me apetece imediatamente citar o Guerra e Paz ou a Ana Karenina, de Tolstoi, por motivos óbvios, a verdade é que não é menos justa a referência a um romance moderno de dimensão média como a Conversa na Catedral de Mário Vargas Llosa ou ainda a referência a um texto de dimensão muito reduzida e de uma modernidade fulgurante como é o Pedro Páramo de Juan Rulfo, fundador em larga medida do Realismo Mágico sul americano e na mesma medida precursor de obras primas como os Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez, Heróis e Túmulos de Ernesto Sábato, Todos os Fogos o Fogo de Cortázar, O Paraíso de Lezama Lima, e francamente muitos outros, que se os citasse a todos seria fastidioso. O que pretendo portanto é que não há e nunca haverá uma forma para as obras primas e que não será nunca por aí que lá mais à frente procederei a uma pequena revisão deste Leopardo, que porém e aviso não será minimamente suficiente para o retirar da minha galeria das obras literárias da minha vida. Voltando aos grandes paradigmas literários, para mim as figuras patriarcais da tradição que referi, a do realismo mágico, serão sempre Jorge Luís Borges e Rulfo, a que já me referi, contudo, Borges eu coloco-o à margem não porque não tenha tido influência, mas porque a sua obra tal como a de Fernando Pessoa constitui toda uma galáxia literária. Mais do que autores eles são, isto é foram, oficiantes litúrgicos do fenómeno literário e criadores de uma mitologia complexa e são, nesse sentido, inclassificáveis. De dimensão maior ou menor, estes autores e estas obras possuem todos os ingredientes que referi acima e em alguns casos nem precisaram de ser essencialmente romancistas. E agora para que melhor me percebam ainda, atrevo-me a citar alguns grandes romances que não possuem todos os atributos de excelência a que me referi, percebendo-se bem porquê, para quem os leu, claro: Desde logo o Ulisses de James Joyce a que manifestamente falta virtuosismo poético. De uma maneira geral, as grandes obras do chamado fluxo de consciência às quais falta o fulgor dialógico de muitos romances, salvo talvez O Som e a Fúria, embora possam sobrar outros atributos: a capacidade descritiva, os verdadeiros frescos vivos dos lugares e das situações tanto as presentes como as rememoradas, como é o caso, em particular, das novelas de Virgínia Woolf, mas sobretudo a novela Mrs Dalloway ou a novela Até ao Farol. As gigantescas sinfonias que constituem A Morte de Virgílio e Um Homem Sem Qualidades de, respectivamente, Herman Brock e Robert Musil, são exemplos de fantásticos monumentos literários que porém não atingem o patamar da excelência em todos os itens considerados, embora se excedam noutros, em compensação. A Morte de Virgílio é pobre em estruturas dialógicas, O Homem sem Qualidades não se transcende no poder de efabulação. Ambos se concretizam sobretudo na composição social, mental e intelectual de uma época, o que não é pouco, mas não possuem o charme ficcional e efabulatório das obras primas do género e o melhor exemplo será talvez A Montanha Mágica de Thomas Mann. Se, então, a perfeição não existe, e trata-se de uma opinião subjectiva e muito pessoal, um exercício intelectual interessante, simétrico do discurso elegíaco e laudatório, seria para cada obra verificar não os motivos da sua grandeza e da genialidade do autor, mas os defeitos que impedem que atinja a perfeição absoluta. Vou por isso deter-me agora um pouco nos eventuais defeitos de O Leopardo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, se é que os tem e eu penso que de facto tem. Devo proceder a uma declaração prévia: a minha formação no domínio da História, sendo este romance histórico em larga medida, assim como as minhas convicções ideológicas no plano sociológico em estreita conexão com a natureza e dinâmica dessas transformações sociais, acrescentada à minha concepção do conceito de época história com as suas variáveis complexas; torna-me particularmente sensível a alguns aspectos idiossincráticos na caracterização das personagens a que o autor não consegue fugir e eu também não. São escrúpulos e preconceitos que se aceitam no autor, mas por maioria de razão já não na análise crítica que naturalmente possui uma distanciação maior e uma perspectiva mais global. Devo deixar já muito claro que as minhas análises se situam hoje muito longe da vulgata marxista da Luta de Classes e que procuro combinar alguns elementos de ordem marxiana, mínima, com a predominância das perspectivas braudelianas e em particular de um historiador que me marcou muito no plano teórico e que foi Paul Veyne, mas atrevo-me a não deixar de lado o grande teórico dos Testamentos e das Ordens como foi o católico, nem marxista, nem fiel aos Annalles, Roland Mousnier, por exemplo, que eu ainda hoje levo muito a sério. Tudo isto, entre muitos outros, como é natural. (continua) [dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]iuseppe Tomasi di Lampedusa, aristocrata siciliano, veio ao mundo a 23 de Dezembro de 1896 em Palermo, e partiu deste mundo no dia 23 de Julho de 1957. A última cidade onde foi visto foi em Roma, na cidade eterna. Entre as suas obras conta-se o romance Il gattopardo (O Leopardo) sobre a decadência da aristocracia siciliana durante o Risorgimento. Em boa verdade à parte isso escreveu pequenos ensaios e uma recolha de textos em prosa, sem grande significado. Esta é verdadeiramente a sua obra. Autor de um só livro, apetece dizer, com propriedade. Deste célebre romance ficou a não menos célebre expressão, infinitamente citada e glosada: Algo deve mudar para que tudo continue na mesma, sugerida pelo príncipe de Falconeri, Tancredi, seu sobrinho. Impõem-se duas informações. Em primeiro lugar a ideia de que o leopardo fez parte da fauna selvagem de Itália e foi progressivamente dizimado, até à sua completa extinção, o que faz do título da obra uma parábola da decadência da classe social de que faz parte o protagonista, Fabrizio Corbera, Príncipe de Salinas. A monarquia e os aristocratas eram partes de uma raça em extinção. A outra informação prende-se com a adaptação da obra ao cinema levada a cabo por Luchino Visconti, com a designação homónima de O Leopardo, e que projectou ainda mais o romance, talvez para um patamar, que apesar da excelência do texto, o romance não mereça. Em 1959, foi-lhe atribuído o Prémio Strega e, em 1963, como já disse, o romance foi imortalizado no cinema por Luchino Visconti, com Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale nos principais papéis. Giuseppe Tomasi di Lampedusa, duque de Palma e príncipe de Lampedusa, dedicou-se à escrita apenas nos últimos anos da sua vida, no tranquilo isolamento da sua propriedade, sem contacto com o meio literário. O Leopardo, a sua obra-prima, foi o único romance que escreveu. Inicialmente recusado por duas grandes casas editoriais italianas, viria a ser publicado um ano e meio após a morte de Lampedusa, tendo um sucesso imediato junto do público e da crítica, que o considerou uma das maiores obras literárias do século XX. Traduzido em todas as línguas, O Leopardo é já um clássico incontornável da literatura.
José Drummond h | Artes, Letras e IdeiasQue estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | 25 – O estripador [dropcap style≠’circle’]“M[/dropcap]eu Amor. Estou tão confusa. Não sei se a minha última carta chegou até ti. Sinto-me como um deserto ressequido. Olha para mim com este homem e vajo que nunca houve amor. Hoje voltou a deixar-me aqui presa no quarto. Enquanto procurava algo com que pudesse abrir a porta encontrei uma foto dele quando era jovem com esta outra mulher. É impressionante o quanto ela se parece comigo. Nas costas da foto estas palavras: “Para sempre tua baobei, Xiaolian”. E uma data: 1 de Setembro de 2016. Porque continua ele a guardar esta foto passado tanto tempo? Ele sempre me disse que nunca tinha tido ninguém na vida dele. Nenhuma relação séria. “Para sempre tua” parece-me suficientemente sério não achas? Será possível que este homem tenha alguma vez sido bom? Tenha tido bondade dentro dele? Ele não existe aqui, comigo. Não existe. É uma carne que não existe . é uma alma que não existe mas esta foto que encontrei hoje mostra-o feliz. Com um sorriso e uma aura que nunca vi nele. Será que ele alguma vez foi feliz? Que terá acontecido? Não seria tão bom que ele tivesse sido feliz com ela? Esta tal Xiaolian. Nao sei. Talvez os nossos destinos se tivessem cruzado mais cedo. Talvez. Ou talvez não. Talvez seja este o nosso destino. Tu aí, meu querido Chaoxiong, e eu aqui presa num quarto no meio do Japão. Sinto que começo a dar de mim. A não entender os meus processos mentais. Mas não te preocupes. Esta minha descoberta e eu estar a falar-te sobre ela não tem nada a ver com ciúmes. Não tenho ciúmes por ele. Odeio-o. Sinto que depois de passar uma certa idade a vida torna-se num processo de perda contínua. As coisas realmente importantes começam a desaparecer. Escapam-se. E as coisas que ocupam o seu lugar são imitações inúteis. Estou sem força física. A esperança. O que é a esperança? O que é a fé? O que são os sonhos? Os ideais? As convicções? O que significam quando já ase perdeu tudo? De que vale o amor? De que vale o amor se não pode ser cumprido? As pessoas que amamos a desaparecer uma após outra. Uns de forma anunciada e outras sem aviso. Simplesmente a desaparecer. E uma vez que as pessoas desaparecem nunca mais voltam. E tentamos encontrar substitutos. Será que é isso que eu sou para ele? Uma substitua da Xiaolian? Imagina. Apenas flocos de neve solitários a marcar o começo de um inverno que não acaba. Ao fundo existe um templo. Oiço o badalar dos sinos. Oiço os monges. Todas as manhãs oiço os monges e as suas orações. Oiço os seus passos quando caminham à volta nos seus trajectos de meditação. Sinto estes sons em crescendo. A cada manhã tornam-se mais fortes. Mais profundos. E sinto as reverberações remanescentes. Sinto o fluxo do tempo. E após os sinos do templo do norte aparecem os sinos do templo do sul. Tantos templos e ninguém sabe que eu estou aqui presa. E os quimonos que comprei especialmente para tu mos despires. Será que alguma vez os vais ver? Desculpa-me se estou emocionada. Se me sinto perdida. Gostava de estar contigo. De não me estar a atormentar com esta dor de não saber o que vai realmente acontecer. De não me atormentar por esta tristeza. Por este arrependimento de não ter ido ter contigo e fugir em vez de me ter deixado levar por um sentimento qualquer de que tinha que lhe dizer que estava tudo acabado. Olha agora como eu estou. De que me valeu ter tentado fazer a coisa certa? Os sinos ecoam no meu coração. Mas por quanto tempo? Odeio este mundo. Odeio esta angústia. Esta inquietação de hoje e tu sempre tão longe de mim. Gostava de ouvir a tua voz. Os teus sussurros quando me dizes que me amas. Por que será que me dói tanto ter descoberto que existiu outra mulher que ele nunca me disse. Que se calhar ainda existe. Ou que pelo menos existe dentro do coração dele. Porque razão guardaria ele a foto se ela não estivesse ainda presente no seu coração? Nunca deveria ter confiado nele. Deveria ter acabado com tudo mais cedo. E mais cedo valorizar o meu tempo contigo meu amor. E este vácuo dentro de mim que não é indolor. Porque existe maldade? Infortúnio? Sofrimento? Destino? Será este o nosso destino? Será este o meu destino? E este vazio. Este nada. Este nada de nada. Esta manhã esteve uma névoa espessa. Muito acima da neblina, nuvens brancas banhadas em uma luz brilhante que parecia irradiar-se da terra. A luz do sol, com raios oblíquos, conseguiu fazer descobrir a montanha em frente. Uma montanha coberta de pinheiros. Mais perto da janela uma moita de bambu com folhas amareladas. O nascer do sol foi roxo. Incomum. Uma suavidade no roxo cheio de graduações subtis. E a neblina ficou rosa por momentos. Isto poderia ser o lugar perfeito para nós. Eu poderia pintar. E até poderia pintar em papel de arroz. E arrastar os pinceis por entre carmins e por entre curvas na distância de nós. Porque estão as pessoas todas trocadas umas com as outras?
Leocardo VozesCaixa de arroz & Sopa de fitas [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma das coisas que nos salta à vista assim que arredamos os pés de Macau é a quantidade de coisas que não encontramos nos supermercados e mercearias do território. Sim, é verdade que basta ir aqui ao lado a Hong Kong para constatar que os supermercados de lá têm muito mais variedade de produtos, mas é quando vamos mais longe e por mais tempo que nos apercebemos da dimensão do “problema” – pelo menos para mim é um problema, mas já lá vamos. Uma mercearia de esquina na Alemanha ou na Itália, por exemplo, tem nas prateleiras produtos alimentares que aqui seriam catalogados de “gourmet”, e o seu preço seria inflacionado dez vezes. Pode ser que haja quem defenda que os gostos deste lado “são diferentes”, e não vou discordar, de todo. Enquanto noutros lugares as pessoas não se importam de investir nos prazeres da vida, comer num bom restaurante ou ter uma dispensa cheia e variada, em Macau “dá-se valor ao dinheiro”. Não por sensatez, mas mais por falta de alternativas, infelizmente. Quando abordo este tema, gosto sempre de recordar um episódio que se passou comigo há uns anos, quando comprei um gelado de uma marca conhecida numa mercearia aqui perto de casa. Quando perguntei quanto era, a senhora pediu 15 patacas, e enquanto eu tirava o dinheiro do bolso, é para meu espanto que a ouço desabafar“…esse dinheiro dava para comprar duas caixas de arroz”. E eu estava a dar-lhe negócio, convém recordar. Isto passou-se há anos, e apesar de já não custar apenas sete ou oito patacas, uma caixa de arroz continua a ser o que era: uma caixa de esferovite com arroz branco acompanhado de uma quantidade diminuta de carne, peixe ou vegetais, a escolher de umas travessas de alumínio colocadas à porta dos estabelecimentos da especialidade ao final da manhã e depois da tarde. Há quem compre uma caixa de arroz ao almoço, coma apenas metade, e “guarde o resto para o jantar”. Assim como estas que vendem as caixas de arroz, há ainda as lojas de “sopa de fitas”, e quanto a estas não há que enganar, pois há praticamente uma em cada esquina. Pode-se mesmo dizer que é a única aposta em termos de investimento na restauração em Macau em que não se corre o risco de ter a loja completamente às moscas: a qualquer hora do dia há alguém que quer uma “sopa de fitas”. E como escolher? Os entendidos na matéria podem atender a factores como a antiguidade do estabelecimento e um ou outro particular em termos de ementa, mas basicamente são todos a mesma coisa, e leva vantagem aquele que for “mais barato”. Pode servir a melhor “sopa de fitas” do mundo, mas que não se atreva a cobrar 50 patacas por uma tigela de massas (a não ser que seja algum estabelecimento procurado por clientela de fora, normalmente de Hong Kong, e nesse caso pode cobrar aquilo que quiser). Tudo isto não quer dizer necessariamente que em Macau as pessoas tenham mau gosto, ou não gostem de comer bem. O que acontece é uma espécie de “ditadura das prioridades”, e para os chineses em geral o que está em primeiro lugar é “ter uma casa”, ou seja, habitação própria. No passado era menos complicado comprar uma fracção, mas com a especulação imobiliária empolada por uma interpretação muito singular do conceito de “mercado livre”, tornou-se praticamente impossível a um casal da classe média adquirir uma moradia decente, e mesmo este conceito de “decente” passa muitas vezes por uma caixa de fósforos inflacionada num bloco de 30 andares com oito moradias em cada um deles, e onde vivem literalmente milhares de pessoas. A estes está reservada uma longa dieta de caixas de arroz e de sopas de fitas. Quem já tinha habitação própria e entretanto adquiriu mais uma ou duas, entrou no jogo, que é como quem diz, recuperou o investimento com lucros avultados, ou tornou-se cúmplice do desregrado mercado do arrendamento de imóveis, onde qualquer desculpa serve para se aumentar a mensalidade. Outros investiram nos “lao fa”, os tais imóveis que ainda antes de existirem são vendidos e revendidos várias vezes. A recente bronca envolvendo o edifício Pearl Horizon seria revoltante em qualquer parte do mundo, mas sabendo o que se sabe, como é que os investidores ludibriados daquele empreendimento convencem seja quem for de que se arriscam a ficar a viver na rua se não for encontrada uma solução? Estas “casas” que tantas vezes se compram e vendem sem que alguma vez tenham entrado nelas estão depletas de humanidade. Não foi ali que conceberam os filhos, ou onde os viram crescer, nem lhes dão qualquer outro valor que não seja o do mercado. E no fim ainda pedem ao Governo que interfira, quando antes queriam tudo menos a sua interferência. Não é porque não gostem ou porque não queiram que os residentes de Macau se abstêm de aproveitar os pequenos prazeres que a vida lhes proporciona, mas sim porque se tornaram escravos de um esquema pérfido, mais negro que a face mais negra do capitalismo. Não é o pragmatismo que os leva a calcular as despesas em caixas de arroz e sopas de fitas, que assim se tornam numa denominação local não-oficial, mas que no entanto consegue ser tão corrente como a própria pataca. E há ainda os que têm e querem mais, que fazem das caixas e das sopas o seu combustível, que avidamente aproveitam promoções de descontos de dez patacas do McDonald’s, passando para fora de Macau a imagem de que no território existe fome endémica, e tudo apenas porque de barriga vazia não se fazem negócios. A esses espera-lhes um dia uma caixa maior, e tudo o que têm para enchê-la é arroz.
Hoje Macau China / ÁsiaDireitos Humanos | HRW apela ao G20 para pressionar a China [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s líderes dos países membros do G20, que se reunirão na próxima semana na China, devem apelar ao Governo chinês para que acabe com a repressão “implacável” sobre activistas chineses, defendeu a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW). Numa carta dirigida aos líderes das maiores economias do mundo, a organização de defesa dos Direitos Humanos apela ainda para o protesto contra as restrições impostas por Pequim à participação de grupos da sociedade civil na Cimeira do G20. “O desprezo da China por activistas é evidente na repressão levada a cabo no seu território e nas restrições impostas durante a Cimeira do G20”, afirma em comunicado divulgado ontem Sophie Richardson, directora para a China da Human Rights Watch. “É importante que os líderes do G20 chamem a atenção, publicamente e em privado, para as práticas abusivas da China, ou então que partilhem da culpa pelo vergonhoso tratamento dado aos activistas durante a Cimeira”, acrescentou. Controlo apertado A organização aponta os esforços chineses para reprimir a sociedade civil, incluindo sobre manifestantes anti-corrupção ou activistas pelos direitos dos trabalhadores, recorrendo a ameaças e perseguição, ou a leis restritivas, como a nova directriz que limita a actuação das organizações não-governamentais. Durante a liderança do actual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas. A carta foi enviada para a Argentina, Austrália, Canadá, União Europeia, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Japão, México, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos da América. “Se o G20 quer seriamente ouvir grupos da sociedade civil, os seus líderes devem então visitar as prisões chinesas, e não as salas de conferências de Hangzhou”, apontou Richardson. “Permitir que a China receba este evento e permanecer em silêncio sobre os abusos irá enviar ao Governo chinês – e às pessoas na China – uma mensagem completamente errada”, apontou. Ao contrário dos governos e da opinião pública dos países mais ricos, que tendem a enfatizar a importância da liberdade política individual, as autoridades chinesas defendem “o direito ao desenvolvimento” como “o mais importante dos direitos humanos”.
Julie Oyang h | Artes, Letras e IdeiasChauvinismo e um poema “我是武则天。” [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Matou a irmã, chacinou os irmãos, assassinou o regente e envenenou a mãe. O choque provocou a morte do próprio filho,” assim relata o cronista. Wu Zetian 武则天, a única mulher que ascendeu a Imperador da China, teria sido injustamente acusada destes crimes? Para ser breve, a resposta é, sim! E porquê? Porque a História oficial é escrita por homens. Depois da sua morte, o Imperador que lhe sucedeu organizou a uma campanha de difamação para lhe destruir a imagem. É possível que entre todas as mulheres que já dirigiram Nações, ela tenha sido a mais controversa e a mais poderosa, no entanto, o seu carácter e a sua obra permanecem obscuros, sob camadas e camadas de olvido. Na China do séc. VII e, depois de 3.000 anos de História, esta mulher tornou-se a única a governar o Império por direito próprio. Senhora de excepcional sabedoria e de enorme talento Wu não foi uma heroína complicada. Corajosa e confiante, implacável e decidida, estabilizou e consolidou a dinastia Tang numa altura em que evidenciava sinais de decadência – um feito notável, já que o período Tang é considerado a Era de Ouro da civilização chinesa. Viria a atingir os seus objectivos de forma legítima, mas também com jogos de enganos e intriga palaciana. Seja como for, obteve resultados políticos e diplomáticos surpreendentes e a China alcançou mais poder em termos globais. Budista devota, optou por sistemas de governação mais liberais e benevolentes, rodeou-se de pessoas talentosas, promoveu o desenvolvimento da economia e sabia responder a críticas e vozes dissidentes de forma positiva. Durante o seu reinado a estabilidade social e o desenvolvimento económico criaram condições para lançar os alicerces do que viria a ser conhecido por “Era do Florescimento Kaiyuan”, nos finais da dinastia Tang. Durante este período as mulheres gozaram de uma independência nunca antes vista e, na capital, participavam em exames estatais, montavam a cavalo e usavam roupas masculinas. Li Po, o grande poeta da Dinastia Tang, considerou-a um dos “Setes Sábios” da época, possivelmente devido a sua acção a favor da Imprensa, o que foi muito benéfico para a divulgação da poesia. Wu também deu início à diplomacia dos Pandas, oferta de pandas gigantes a dignatários estrangeiros, ainda hoje adoptada pelos os dirigentes comunistas. Este foi o lado político desta mulher. Mas como é que ela (ou qualquer outro dirigente chinês do passado) exercia o poder? Uma coisa sabemos, antigamente qualquer chinês culto era também um poeta. Wu não foi excepção. Vejamos um excerto da sua escrita. Amanhã vou visitar o Parque Shanglin, e, num repente, hei-de intimar a Primavera: os botões devem florescer de madrugada, Não esperem que sopre o vento da manhã! O poema tem um tom quase controverso. A Imperador Wu fala sobre as suas plantas durante um passeio pelo parque. Tem uma métrica irregular e não rima, o que evidencia a sua natureza informal. Contrasta claramente com o estilo inicial em que preferia uma forma mais regular e mais rígida. Dizia-se que gostava de criar mitos sobre a sua pessoa e que os usava para manipular a opinião pública. A imagética a que recorre quando intima a Primavera é semelhante à hipérbole mítica de uma rapsódia. É possível que tenha usado este poema para mostrar que o seu poder não se limitava ao mundo dos humanos, mas que se estendia à Natureza. Pelo tom informal do poema, patenteia a uma suprema confiança no seu poder, implicando que possui poderes vedados aos simples mortais. A posição que sempre tomou em defesa do Budismo, e o uso que fez da a religião para justificar posições políticas, podem indicar que este poema se destinava a reforçar a sua reputação de líder divina. Todos estes séculos após a sua morte, a pedra tumular erigida em seu nome parece dizer-nos: Não faz mal que julguem e demonizem esta mulher, sei que o vão fazer.
Fernando Eloy VozesVivam os Piratas! [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]qui há dias falava com alguém sobre piratas e vi-me quase ostracizado por dizer que os admiro e até talvez, nas condições certas, me atraia muito mais ser pirata do que um marinheiro qualquer de um barco qualquer o que, claro, levou ao choque total do meu interlocutor. Mas é assim mesmo. Sempre gostei de piratas. Desde pequeno que me lembro do prazer em ler aventuras de piratas e de corsários. E sempre preferi os piratas por serem mais honestos do que os corsários, mercenários de potencias que não pretendiam ver o seu pendão envolvido em acções menos próprias, e de preencher a imaginação com aquelas enseadas escondidas aqui e ali nas Caraíbas. Contrariamente ao que a maioria pensa, ou àquilo que nos ensinam, nem todos os piratas eram máquinas sanguinárias que cortavam cabeças a seu bel-prazer violavam donzelas ou rebentavam com barcos e portos porque sim. Esses eram, e são, os bandidos. Os piratas dos tempos antigos tinham códigos de conduta extremamente bem delineados e uma organização muito próxima do que talvez possamos chamar de verdadeira democracia. A ideia dos capitães piratas ditadores é absolutamente enganosa pois o capitão era escolhido pela tripulação e os alvos a atingir, as rotas a percorrer, eram objecto de discussão colectiva. Se o capitão se armasse em ditador, a famosa prancha ou o abandono num qualquer lugar inóspito era o seu destino mais provável. Para além disso, os piratas pilhavam mas distribuíam. Entre eles, naturalmente, mas de forma igualitária, e entre as famílias ou populações que suportavam, um caso muito frequente, por exemplo, na pirataria nesta zona do mundo. Grande parte dos piratas dos mares do Sul da China eram os únicos meios de sustento de muitas povoações miseráveis do litoral, oprimidas que eram por mandarins gananciosos, esses sim, os verdadeiros selvagens. Ainda hoje, o caso dos famosos piratas da Somália é um exemplo disso. Quantas vítimas há a registar? Muito poucas. Em contrapartida, as zonas controladas por eles na Somália têm condições de vida para a população, com escolas, apoios de saúde, como em mais nenhum lugar do país, Ou seja, tudo aquilo que o Estado corrupto não consegue proporcionar. Os piratas são agentes da distribuição de riqueza. Fossemos nós mais conscientes da necessidade que existe em distribuir a riqueza gerada no mundo por todos e os piratas não teriam razão de existir. Como dizia o professor de economia Carlo Maria Cipolla no seu famoso “Tratado Sobre a Estupidez Humana”, é muito mais perigoso um estúpido do que um ladrão pois enquanto este transfere riqueza, o estúpido cria prejuízos para ele e para os outros, ou seja, ficamos todos mais pobres. E dúvidas existem sobre sermos governados, em grande parte do mundo, por estúpidos? Para além deste poderoso efeito de regulação social, os piratas tinham, e têm, outra grande atracção: chama-se liberdade. Nos tempos dos piratas das Caraíbas, como se pode ler no “Grande Livro dos Piratas” assinado por um misterioso John Malam, que muitos pensam ter mesmo sido pirata para tanto saber e em tanto pormenor, quiçá mesmo um ex-comandante, a prática corrente quando aprisionavam outros barcos era a de dar livre escolha à tripulação derrotada. Ou seja, se pretendiam continuar na vida deles, agarrados a um comerciante avarento ou a uma qualquer marinha ou juntarem-se aos piratas. Diz Malam que era incrível o numero dos que optavam pela ultima solução desejosos que estavam de se libertarem das grilhetas do “establishement”, ávidos pela aventura, da liberdade e, naturalmente, da reforma dourada num qualquer paraíso impossível de outra forma. Madagáscar, diz-se, era um desses locais. Porque apesar de alguns piratas terem sido presos e condenados muitos reformaram-se na altura certa e viveram uma vida tranquila. Os piratas são, portanto, a resposta natural à cupidez, à avareza que faz uns muito ricos e outros muito pobres. Veja-se nos dias de hoje. Quantos de nós, dos que gostam de futebol, vêem os seus jogos preferidos nos canais piratas? Muitos, eu sei. Porquê? Porque os canais dedicados são caros e nem todos os podem aguentar. São caros porquê? Porque os jogadores e empresários ganham fortunas cada vez mais colossais ao ponto de transferências de 40 milhões de euros já fazerem parte do quotidiano e um jogador que custe um dois milhões de euros ser considerado uma bagatela, pois não convém pensar no que se poderia fazer em apoio social com essa “mixaria” de dinheiro. Por isso, as televisões pagam fortunas também, coitadas. Mas se os jogadores ganhassem menos e as transferências não custassem o que custam o futebol acabava? A resposta parece-me óbvia. Outro dos exemplo mais flagrantes é o do cinema. Um filme recente no iTunes custa cento e tal patacas. Não podia custar metade? Os actores, que ainda por cima não têm uma carreira curta como os atletas, precisam mesmo de ganhar os milhões que ganham? Não podiam ganhar um pouquinho menos ou, se calhar, até o mesmo, pois se os filmes fossem mais baratos mais os comprariam. Mas não é assim que funcionam o mundo. A regra é acumular tudo do mesmo lado. Os piratas são fruto da cupidez e, permito-me dizer, um bem social. Veja-se o caso da Uber. Chamam-lhes piratas porque a lei não está de acordo com eles. Mas em vez de aperfeiçoar a lei escorraça-se o serviço sem apresentar uma solução melhor. Viva os piratas! Farto estou de gente engravatada, desses que se dizem bonzinhos e cumpridores das normas sociais pela frente, dos que aparecem nas revistas e nos jornais como gente dita íntegra e para lá que qualquer suspeita e, por trás, são reles bandidos que roubam ideias, que governam mal e subtraem dinheiro aos desgraçados como se tem visto nos escândalos financeiros recentes. Os piratas não escondem o que são. Quando a “Jolly Roger” se ergue já se sabe quem ali está e ao que vem. Os engravatados “impolutos” são muito mais perigosos porque nem sequer pendão hasteiam. Vêm de surra, a sorrirem e de mão estendida. MÚSICA DA SEMANA (David Bowie, 1967) “Rich men’s children running past Their fathers dressed in hose Golden hair and mud of many acres on their shoes Gazing eyes and running wild Past the stocks and over stiles Kiss the window merry child But come and buy my toys”
Andreia Sofia Silva SociedadeColina da Guia | Não há calendário para túnel de peões O Governo desconhece ainda os prazos para a conclusão da construção do túnel de peões junto à Colina da Guia. A deputada Kwan Tsui Hang questionou, em Junho deste ano, o atraso na obra [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]mais uma obra pública que está a ser alvo de estudos e cujo prazo de conclusão é desconhecido. É assim a construção do túnel para peões junto à Colina da Guia, na península de Macau, o qual já recebeu apoio da população em mais de 90%, segundo um inquérito realizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Em Junho deste ano, a deputada Kwan Tsui Hang, da FAOM, questionou o atraso da obra. “Caso os resultados do estudo de viabilidade sejam positivos, será realizada no próximo ano a avaliação de impacto ambiental e a elaboração do respectivo projecto da obra. Visto que o relatório não está concluído e não está definida a dimensão do túnel e a respectiva passagem, bem como o plano de construção do túnel, não conseguimos prever o prazo de execução da obra”, garantiu a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), em resposta à deputada. Na sua interpelação, a deputada não deixou de alertar para o facto deste ter sido um projecto citado no Plano de Desenvolvimento Quinquenal, com inauguração prevista para 2019, quando o plano para a sua construção foi anunciado em 2015. O túnel, de 300 metros, irá ligar o Jardim da Flora a um posto de combustível do Porto Exterior. Quanto ao estudo de viabilidade da construção do túnel, deverá ser aperfeiçoado com mais pareceres e concluído no quarto trimestre deste ano. O plano de “embelezamento da Rua da Encosta e acesso pedonal entre a Zape e a Guia”, anunciado em 2012, deverá ficar concluído também este ano. “O presente plano está a ser executado de forma faseada, estando planeada, em primeiro lugar, a conclusão das obras das zonas 1 e 2 e a sua entrada em funcionamento, e a conclusão da obra da zona 3 no final do corrente ano”, respondeu a DSSOPT a Kwan Tsui Hang. O organismo liderado por Li Canfeng confirma ainda que “em coordenação com o Grande Prémio há a necessidade de estabelecer uma calendarização para a realização do concurso público e execução das obras”. Na sua interpelação escrita, a deputada eleita pela via directa não deixou de alertar para o atraso nas obras. “Os serviços competentes não conseguiram coordenar eficazmente as obras das três zonas relacionadas com o plano de “embelezamento” levando a que as obras sofressem um relativo atraso. Os serviços competentes têm alguma medida concreta para que isso não volte a acontecer no futuro?”, questionou.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Trabalhadores de férias e fábricas fechadas para G20 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades estão a preparar-se para a chegada da cimeira do G20, que reúne 20 potências económicas na China. Ordenaram aos trabalhadores que gozassem férias de 1 a 7 de Setembro e pediram que o fizessem, de preferência, fora da cidade. Algumas fábricas vão fechar durante 12 dias bem como estabelecimentos na baixa do município de Hangzhou, de acordo com informação veiculada em conta oficial nas redes socais. Todos os esforços são no sentido de diminuir os níveis de poluição e permitir um céu azul. Esta não é a primeira vez que a China tenta aliviar os índices de poluição com o encerramento obrigatório de algumas fábricas em várias das principais cidades. A última vez que tal aconteceu foi no ano passado, por ocasião de uma grande parada militar para assinalar o aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Desde esse dia a atmosfera limpa foi baptizada, pelos chineses, como “azul parada” fazendo eco do “azul APEC” que puderam apreciar em 2014, antes da cimeira do grupo de Cooperação Económica Ásia-Pacífico em Pequim Por estes dias a ordem para encerramento abrange as unidades de produção de químicos, materiais de construção e manufactura de têxteis que se estendem de Xangai a outras quatro províncias, de acordo com páginas oficiais da internet. Para além de tentar despoluir o ambiente, as autoridades tentam também descongestionar o trânsito e permitir que a circulação seja mais fácil. A Cimeira realiza-se nos dias 4 e 5 de Setembro.
Joana Freitas SociedadeDICJ reitera que crescimento anual de mesas a 3% não é fixo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]limite de 3% no crescimento anual de mesas de jogo não é fixo. É o que explica a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) numa resposta ao HM, depois de dois relatórios terem dado conta que o número destes elementos de jogo já ultrapassou essa percentagem. Apesar de ter sido constantemente defendido anteriormente que a taxa de crescimento anual seria de 3%, numa resposta ao HM a DICJ indica que não é exactamente assim, ainda que esse limite seja um objectivo do Executivo. “O Governo vai aderir a esta política rigorosa de limitar o crescimento das mesas de jogo a 3% anual, durante dez anos, até 2022. Mas, reparem, estes 3% anuais é um crescimento médio, não é um número definido ou fixo.” A explicação chega depois do Daiwa Capital Markets e do Deutsche Bank terem emitido relatórios, publicados na edição de ontem do HM, onde defendem a mais baixa distribuição de mesas da história (150 para a Wynn) fez com que se tivessem atingido os limites apontados pelo Governo no crescimento de mesas a 3% até finais de 2017. Já em 2015, esse número tinha sido ultrapassado “em 1,1%”. Foi em 2011 que o então Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, disse que o limite de mesas só vai poderia aumentar 3% ao ano, até 2023. “Nos próximos dez anos, o Governo decidiu que o aumento médio anual de mesas de jogo não poderá ultrapassar os 3% e terá como princípio uma distribuição dedicada aos novos projectos”, frisou na altura. O entendimento de deputados da Assembleia Legislativa sempre foi que esse seria um número fixo, mas uma resposta de 2015 a Au Kam San, por Paulo Martins Chan, já director da DICJ, explicava que, apesar do Governo cumprir rigorosamente essa política, a “taxa anual não estava fixada” nesse sentido. De acordo com os relatórios, a média de crescimento nos últimos três anos foi de 4,5%. DICJ “não recebeu” pedido de mesas do 13 A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) mantém que não recebeu qualquer pedido de abertura de casino no novo hotel The 13, em Seac Pai Van. Um relatório do Deutsche Bank dava ontem conta que o novo espaço teria 66 mesas, com mais de 500 lugares para jogadores. Ao HM, a empresa não negou, quando questionada no inicio deste ano, que poderia vir a ter casino. Ainda assim, a existência ou não de um espaço de jogo permanece envolta em mistério. “Até agora não recebemos nenhum pedido de qualquer das concessionárias de jogo a pedir para abrir um novo casino no hotel The 13”, assegura a DICJ. A empresa teria de pedir a licença de jogo através de uma das concessionárias ou subconcessionárias, já que não pertence a qualquer uma delas.
Joana Freitas Manchete SociedadeFarol da Guia | Grupo fala em violações e pede intervenção do CCAC Querem a intervenção do CCAC e a análise do projecto pelo CPU. O Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia enviou uma carta onde afirma que a aparente decisão do Governo em deixar que o prédio da Calçada do Gaio tenha 80 metros vai violar uma ordem executiva de protecção ao património [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia voltou ontem ao ataque, depois de ter sido dada a conhecer a decisão do Governo em aceitar que o prédio embargado na Calçada do Gaio se mantenha com a mesma altura. Os 80 metros que o edifício eventualmente terá vão tapar o património e o Grupo fala de uma clara violação às ordens do próprio Chefe do Executivo, pedindo mesmo a intervenção do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). “Há uma violação séria da Ordem Executiva 83/2008 e isso não deveria ser permitido. De acordo com essa ordem, os edifícios têm de ter um máximo de 52,5 metros de altura. Infelizmente, depois dessa publicação, as autoridades continuaram a permitir a construção destes arranha-céus, até que este prédio atingisse os 80 metros acima do nível do mar, muito mais do que a altura permitida”, começa por indicar uma carta enviada aos média e ao Governo, assinada pelo porta-voz do Grupo, Tony Yuen. “O mesmo erro não deveria ser repetido e o actual Chefe do Executivo tem a responsabilidade de fazer cumprir as instruções de [Edmund Ho], em 2008, para reduzir os pisos em cerca de nove ou dez.” Esta não é a primeira vez que o Grupo pede acção do Governo, já que considera que a construção trará um impacto negativo sobre o Farol da Guia, uma vez que vai tapar a estrutura classificada. “Os residentes, a comunidade internacional e a UNESCO vão voltar a levantar dúvidas sobre a sinceridade [das palavras] do Chefe do Executivo, quando este diz que quer proteger o património mundial.” A própria classificação, defendem ainda na missiva, poderá ser afectada. “O Chefe do Executivo tem de resolver o problema antes do final do seu mandato, de forma aberta e transparente e solicitar aos departamentos públicos competentes que analisem novamente a aprovação do projecto e se este foi feito de forma legal e correcto, pedindo mesmo a assistência do CCAC e das instituições judiciais.” CPU metido O prédio em construção na Calçada do Gaio foi embargado a mando do Governo há oito anos, precisamente por causa desta questão. Mas, há uma semana, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) referiu ao jornal Ou Mun que este deverá manter a altura actual. A San Va é a empresa construtora, que pede ainda uma indemnização devido aos atrasos da obra. A DSSOPT baseia-se numa “recolha de opiniões” para manter a altura. Numa interpelação oral recente, o deputado Mak Soi Kun falou do caso, lembrando o facto do embargo ter sido decretado devido às regras da UNESCO não permitirem a construção de edifícios elevados junto ao Farol da Guia. O deputado eleito pela via directa referiu que, após muitos anos de embargo, o local tem muito lixo acumulado e está coberto de ervas, o que origina a reprodução de mosquitos e tem vindo a afectar a vida dos moradores de forma severa. Algo que também este Grupo reclama. “Afecta seriamente a paisagem e vem causando problemas de saúde e outros problemas à população.” O Grupo faz ainda questão de salientar que o projecto deveria ser remetido ao Conselho do Planeamento Urbanístico para discussão e para que se expliquem “claramente os impactos desse edifício”. Salientando que o actual edifício do Gabinete de Ligação do Governo Central da China em Macau e os outros prédios programados para os lotes ao lado têm e terão 90 metros, a “paisagem do Farol da Guia será danificada”.
Angela Ka Manchete SociedadeOlímpicos | Jovens incentivados a fazer mais desporto com contacto com atletas A Comitiva Olímpica está em Macau para uma visita de quatro dias. Pela primeira vez, e de entre os 60 atletas que a compõem, não estão somente os “ouros”. Depois da chegada na passada segunda-feira, o dia de ontem permitiu o contacto dos atletas com jovens e património. Uma iniciativa de “propaganda” para uns e de promoção de valores para outros. Fu Yuanhui continua a ser a estrela da companhia [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hegaram na segunda-feira ao Terminal Marítimo de Macau. O grupo de atletas medalhados chineses veio acompanhado por representantes do Desporto da China continental e tinha à sua espera cerca de 200 alunos a dar as boas-vindas. Depois da visita a Hong Kong, é a vez de passarem quatro dias em Macau. A noite foi ocupada com um jantar, no qual participou o Chefe do Executivo, e o dia de ontem foi entre os mais novos e visitas ao património da RAEM. A manhã começou com o encontro de intercâmbio com os jovens alunos das escolas secundárias, universidades e associações de serviço social. Estiveram presentes os atletas Long Qingquan (Levantamento de peso), Zhao Shuai (Taekwondo), Zhu Ting e Hui Ruoqi (Voléibol), Zhang Mengxue (Tiro Desportivo), Ding Ning (Ténis de mesa), Ren Qian (Saltos), Fu Yuanhui (Natação). Estavam presentes para que a juventude pudesse colocar questões e chegar mais perto das estrelas. E, no encontro que contou com a participação do Chefe do Executivo, Chui Sai On, e Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, foi isso que fizeram. A curiosidade dos alunos da terra incidiu essencialmente sobre as questões do stress associadas às grandes competições, os hábitos alimentares ou como manter a persistência e ajustar a disposição psicológica em tão exigente missiva. Não passou despercebida também a forma como é possível equilibrar estudos e treino de alta competição. Zhang Mengxue, vencedora do Ouro em Tiro, considera que “só a possibilidade de participação e representação da China já é uma grande honra” e, como tal, o stress terá passado para um plano secundário. “Perante a necessidade de concentração total, a ansiedade é esquecida naquele momento”, diz. Hui Ruoqi – que foi operado ao coração – foi questionado acerca da sua condição física. “Quando se tem um sonho vale a pena a persistência”, mesmo quando as condições aparentam não ajudar, respondeu. É agora capitão da equipa de vólei que representa a RPC. E como é Macau? Para a nadadora Fu Yuanhui, “a menina mística” como lhe chama a população pelo vídeo que se tornou viral após o Bronze, é “engraçado”. “Macau é muito divertido e tem casas muito bonitas”, revela a atleta, pela primeira vez na RAEM, afirmando a curiosidade em experimentar mais sabores da terra. Já para a atleta de vólei Zhu Ting, familiar com o território, este é um lugar que admira porque tem um “ritmo de vida lento e confortável”. Pela pátria Dos presentes e representantes da juventude fica uma mensagem patriota. Para Chan Hou Man, assessor do Macau Youth Summit que participou como representantes das associações de jovens, o contentamento era patente. “Com estas iniciativas ficamos mais próximos dos atletas e eles têm mostrado uma comunicação calorosa connosco.” O assessor afirmou ainda que “estas visitas são importantes porque contribuem para a construção de valores e hobbies”, por um lado, e por outro, porque motiva a “um maior patriotismo”. O facto da presente Comitiva pela primeira vez não integrar só medalhados com o Ouro é, para Chan Hou Man, “sinal de desenvolvimento social”. Mas a presença destes é mais do que uma visita. “É preciso aproveitar bem a popularidade e o encanto dos atletas para reforçar o patriotismo dos jovens de Macau e Hong Kong”, disse, adiantado uma referência especial ao vídeo que se tornou viral de Fu Yuanhui, a nadadora que “fez com que todos os chineses, do continente e das regiões, sentissem que faziam parte da mesma família”. Para o membro associativo é importante, tal como fez a nadadora, “ser mais directo e mais energético, tornando-se numa imagem muito útil para incentivar e motivar o patriotismo dos jovens de Macau e Hong Kong”. Por detrás do brilho Para Zhang Ieng Man, uma das alunas que teve a sorte de estar perto das estrelas olímpicas, uma das coisas melhores deste encontro foi poder conhecer o outro lado da moeda. “Embora os atletas pareçam brilhantes à frente do público, têm ao longo da sua vida acontecimentos muito tristes também, o que faz com que admire ainda mais a sua persistência.” Do encontro, a jovem salienta que ficou com mais vontade de praticar desporto. O aluno Chan Chon Ieong, que vem do Colégio Perpétuo Socorro Chan Sui Ki, esteve presente porque o professor de Educação Física o levou, como afirma com satisfação. À semelhança de outros colegas, refere que aprendeu mais sobre o “espírito desportivo”. “Fica o sentimento de que são pessoas reais com histórias e sentimentos”, afirma ainda a universitária Ma Quchen. Pelos caminhos de Macau Após o contacto com os mais novos, a Comitiva dirigiu-se ao Centro Histórico onde visitou as Ruínas de S. Paulo e seguiu para o Museu de Macau. A manhã terminaria no Miradouro da Guia. Junto a S. Paulo, a azáfama era a do costume, com os turistas característicos da zona. Não fosse o aparato de segurança, discreto mas presente, não se saberia que passariam por ali as estrelas do atletismo chinês. Aos poucos – e com o aproximar das 11h00 – as Forças de Segurança iam dispersando as excursões e as Ruínas eram vistas sem ninguém. Não foi difícil perceber que alguma coisa estava a acontecer e as pessoas começavam a acumular-se por detrás dos jornalistas. A Comitiva deu entrada para admirar as Ruínas e tirar a fotografia do protocolo, por entre saudações. Entre os gritos, era inevitável não perceber o nome da mais recente estrela chinesa, a nadadora que, sem Ouro, conquistou a popularidade entre os seus conterrâneos. Fu Yanhui – com um tempo de 58 segundos – “apenas” trouxe o Bronze olímpico e atribuiu essa posição ao mau estar que sentia na prova devido à menstruação. Caiu em graça e foi, de facto, uma das personalidades mais tidas em conta. Por entre fotografias de grupo e “selfies” os atletas seguiram para o Museu de Macau. Da população ali à volta, maioritariamente constituída por turistas, o HM falou com An Lin, uma turista chinesa que visitava Macau com o namorado. Para a jovem, a presença do “ouro olímpico” naquele lugar foi “uma surpresa”, “não contava com aquilo”. Satisfeita e com o telemóvel em punho, An Lin considera que estas iniciativas são “muito boas” pois de outra forma ninguém conseguiria conhecer aqueles que conquistaram o palco em nome da China. Já o namorado partilha da mesma opinião, registando alguns nomes que até à data só conhecia pelas transmissões de televisão. “É bom que os atletas percorram a China”, afirma. Surpresa foi também para um jovem casal polaco Agatha e Adam que “de repente” se confrontaram com o cenário de recepção aos desportistas. Juntaram-se aos turistas, na sua maioria da China, a apreciar a foto de grupo. Acerca deste tipo de acções, Adam afirma que “nunca tinha visto uma iniciativa destas na vida”, enquanto que para Agatha é um acto que se assemelha a “algum tipo de propaganda” em que há uma exibição dos medalhados pelo país de modo a que o “povo todo possa ver a importância e superioridade da China relativamente ao mundo”. “Isto são suposições”, acrescenta, “não tenho a certeza, mas é o que sinto”. Fu Yanhui também não passou despercebida à jovem turista polaca. “[Ela] pode ser um exemplo para o mundo capaz de representar mais liberdade no que respeita às mulheres na sociedade. É bom que ela tenha feito isso sem vergonha, referindo-se à menstruação, e que, com isso, possa transmitir uma mensagem de normalidade e em voz alta que ainda não é sentida por todos”, remata a polaca. O namorado, sem muito a dizer, concorda que o que a atleta fez é importante para a generalidade das mulheres. Fundações que dão milhões Da recolha de donativos particulares que fizeram questão de demonstrar financeiramente o seu apreço pelos atletas Olímpicos resultou o montante de 14 milhões de patacas. O cheque foi entregue directamente por Chui Sai On à comitiva no jantar de boas-vindas na segunda-feira. Segundo adianta a agência Lusa, o valor do cheque resulta de doações da Fundação Henry Fok (cinco milhões de patacas), Associação das Empresas Chinesas de Macau (três milhões de patacas), familiares de Ma Man Kei (dois milhões de patacas), Chan Meng Kam (um milhão de patacas), Lei Chi Keong (um milhão de patacas), Banco Tai Fung (um milhão de patacas) e Fong Chi Keong (um milhão de patacas).
Hoje Macau China / ÁsiaAnterior chefe máximo do Tibete nomeado para Xinjiang [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Partido Comunista da China (PCC) anunciou a nomeação de Chen Quanguo como novo responsável máximo da organização na região autónoma de Xinjiang depois deste ter ocupado, até à data, aquele cargo no Tibete. Estas são as duas regiões chinesas mais vulneráveis ao separatismo. O Tibete foi ocupado por tropas chinesas em 1951. A 14 de Março de 2008 várias manifestações degeneraram em violência em Lassa, capital da região autónoma, e em locais onde residem minorias tibetanas, causando 21 mortos, de acordo com Pequim, e mais de 200, segundo o governo tibetano no exílio. Chen Quanguo que é da etnia chinesa maioritária han, assumiu o cargo de secretário-geral do PCC, o mais importante nas regiões autónomas chinesas, no Tibete em 2011. Desde então, “a região permaneceu estável e alcançou um rápido crescimento económico”, referiu o jornal oficial China Daily. A sua chegada a Xinjiang, palco dos mais violentos conflitos étnicos registados nas últimas décadas na China, ocorre num período em que Pequim intensifica a luta contra o “separatismo” nesta região habitada pela minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur e a maioria han, predominante em cargos de poder político e empresarial regional. Peritos e grupos de defesa dos Direitos Humanos consideraram que a política repressiva de Pequim relativamente à cultura e religião dos uigures alimenta as tensões étnicas. O Governo chinês acusa o que considera ser grupos separatistas exilados, como o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, de estar por detrás dos ataques terroristas ocorridos no Xinjiang.”Prevenir actividades terroristas tem sido o maior desafio para os altos funcionários no Xinjiang, que tem sido a linha da frente da China no combate ao terrorismo”, apontou o China Daily. Chen substituiu Zhang Chunxian que foi nomeado secretário do PCC no Xinjiang, em 2010, meses após terem acontecido tumultos entre uigures e han de onde resultaram cerca de 200 mortos e 1.700 feridos. O PCC anunciou também a substituição dos secretários gerais das províncias de Hunan e Yunnan no sul do país, por dois aliados do Presidente chinês, Xi Jinping, que trabalhou junto com este na sua época como principal responsável do partido em Xangai, a “capital” económica da China.
Joana Freitas Manchete SociedadeGPDP | Diminuem processos de investigação de violação à lei. Baidu multada As operadoras de Jogo continuam a motivar mais queixas de violação de dados pessoais, indica o Relatório Anual do GPDP. Ainda assim, apenas 8% dos casos originou sanções, tendo o organismo aproveitado para, na maioria, emitir sugestões de melhoria. O motor de busca Baidu foi condenado por duas infracções, tendo de pagar 30 mil patacas [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]enos pareceres, menos autorizações, menos casos. O Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) viu uma diminuição geral nos processos que lhe chegaram às mãos em 2015, mas as operadoras de jogo continuam a liderar os motivos de queixas. Os dados constam do Relatório Anual do GPDP de 2015, ontem publicado. No ano passado, contaram-se um total de 155 novos processos de investigação, uma diminuição de 20,1% face ao ano anterior. A maioria, 63,2%, dizem respeito à falta de legitimidade do tratamento dos dados e 45,2% referem-se à não observância dos princípios de tratamento dos dados. Há ainda três casos de violação do dever do sigilo. As entidades que mais violaram a lei são privadas: contam-se 136 empresas, que representam mais de 66% do total dos motivos de queixa e foram principalmente as operadoras de Jogo (27) quem mais quebrou a lei. Seguem-se as empresas de comércio por grosso e retalho, com 16 queixas, e houve ainda 13 organismos públicos que motivaram queixas. Os números são semelhantes aos de 2014. Mais consciência O GPDP congratula o facto de haver mais consciência da parte dos cidadãos para a protecção dos dados pessoais e justifica esta declaração com o facto de que 67,1% dos processos de investigação terem sido instaurados após a apresentação da queixa dos titulares dos dados. Menos de 4% das investigações começaram por iniciativa do próprio organismo liderado por Vasco Fong. Os dados de 2014 mostram, contudo, que havia mais pessoas a denunciar violações à lei por iniciativa própria, ainda que os números de casos também fosse maiores. Mas o Coordenador do GPDP explica a razão. “Vários serviços públicos e entidades privadas procuram a ajuda deste Gabinete quando encontram dúvidas em matéria de protecção de dados pessoais. No entanto, as consultas e queixas demonstram que ocorrem, de vez em quando, violações da privacidade de terceiros e isso tem relação com o facto de a população em geral ainda não dominar suficientemente os conhecimentos sobre dados pessoais, nem as desconformidades do seu tratamento ou as armadilhas à privacidade, que são facilmente negligenciadas”, pode ler-se no comunicado que acompanha o relatório. Além dos 155 novos processos, o organismo teve ainda de continuar a investigação de 148 casos que foram transferidos de 2014, tratando, ao todo, um total de 303 casos. A maioria, 225, foram concluídos, mas as sugestões dadas foram mais do que as sanções: em todos os casos, 28% mereceram “sugestões de melhoria” e arquivamento dos casos, enquanto que apenas 8% originaram sanções. Ainda assim, a maioria (mais de 30%) não foi investigada por falta de provas. Em 2015, o GPDP recebeu ainda um total de 1834 pedidos de consulta relativos ao tratamento de dados pessoais. “A maior quantidade das consultas recebidas é sobre a notificação e a autorização, representando 37,4% do número total das consultas. As consultas sobre condições de legitimidade do tratamento de dados pessoais ocupam 29%. Além disso, 88,4% das consultas foram efectuadas através de chamadas telefónicas e, quanto à classificação dos consultantes, a maioria é composta por entidades privadas e indivíduos”, indica ainda o relatório, que mostra que o organismo emitiu 41 pareceres sobre o que seria ou não violação à lei, menos 18 que em 2014. Baidu multada por recolha e transferência de imagens em Macau O relatório do Gabinete aponta alguns exemplos de casos que lhe chegaram às mãos e, entre eles, destaca-se o gigante da internet Baidu. O motor de busca, semelhante à Google, foi condenado por duas infracções: uma por não ter consentimento para a captação de imagens e, consequentemente, dados pessoais e outra porque ainda os transferiu para o continente. O caso remonta a 2014, quando o veículo do serviço “Total View” (como o Google Maps/Earth) recolheu imagens de Macau, mas além das ruas, captou também rostos e matrículas de veículos. Foi o próprio GPDP quem instruiu o processo. “[A empresa] diz que na captação das imagens de ruas não recolheu outros tipos de dados e estas imagens foram publicadas depois de terem sido turvados os rostos de pessoas e as matrículas de veículos. [Mas] pessoal do GPDP utilizou o serviço “total view” e verificou que, nalgumas imagens, os rostos de pessoas e as matrículas de veículos ainda não estavam turvados. Entre estas, havia imagens que mostravam a saída e entrada de pessoas em locais religiosos ou domicílios.” A situação, indica o Gabinete, permitia que as pessoas fossem identificadas, sendo por isso dados pessoais. “As ruas de Macau são estreitas e com muitos cruzamentos. Vários domicílios de residentes, locais religiosos e unidades de prestação de cuidados de saúde situam-se no rés-do-chão. Neste sentido, em relação à captação de imagens das ruas locais, quer feita por veículo específico, quer feita por pessoal apeado manuseando câmaras, é inevitável a recolha de dados classificados como sensíveis pela [lei], por exemplo os de imagens que envolvem a vida privada e as actividades religiosas.” Dada a falta de autorização, a empresa acabou multada, até porque “não seria possível à empresa obter o consentimento inequívoco de todos os titulares dos dados envolvidos e o serviço não é necessário para proteger interesses vitais dos titulares dos dados, nem tem a ver com a gestão de serviços de saúde ou processos judiciais”, algo que permitiria a abertura de excepções. A Baidu acabou, então, multada em 30 mil patacas: 15 mil pela captação de imagens/dados pessoais e a outra metade pela transferência destas para a China continental. Além disso a empresa teve ainda que “destruir imediatamente todos os dados de imagens originais”. O GPDP assegura que a gigante chinesa colaborou com o organismo. Este é o segundo motor de busca a ser multado, depois da Google ter sofrido sorte semelhante há dois anos. J.F. Hospital “aconselhado” O Hospital Conde de São Januário foi aconselhado a mudar a táctica no que refere à identificação da subunidade a que os utentes recorrem após consultas. Um residente, funcionário público, queixou-se ao organismo dirigido por Vasco Fong de que o hospital teria identificado a subunidade a que o paciente recorreu no documento que este teria de apresentar no trabalho, como atestado médico. O carimbo, contudo, não deveria estar no papel. “Sugerimos que o hospital se expresse numa classificação mais fundamental (o serviço de internamento, o serviço de urgência, o serviço de consulta externa, etc.) ou com um código para a identificação interna do hospital. Recomenda-se que, na declaração de consulta médica, não se refira o nome concreto da subunidade a que os utentes recorrem, nem se ponha o carimbo da mesma subunidade.” O GPDP arquivou o caso, depois de dar sugestões ao São Januário. Mensagens promocionais? Não Outros dos casos remete para o envio de mensagens promocionais sobre a venda de imóveis para telemóveis pessoais. O Gabinete indica que, mesmo depois de pedir que não o fizessem, continuou a receber mensagens do serviço, que ainda por cima não assinou. O organismo considera esta uma violação à lei, mas foi a própria empresa quem pediu um parecer ao Gabinete. “O GPDP decidiu punir a empresa com multas no valor [total] de 16 mil patacas, pelo envio de mensagens promocionais ao queixoso sem dispor de condição de legitimidade e pela violação do direito de oposição exercido pelo queixoso. Vasco Fong quer ver mais debates na sociedade Há várias situações que precisam de ser debatidas na sociedade face à violação da Lei de Protecção de Dados Pessoais. É o que diz o Coordenador do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP), que indica que as novas medidas de circulação de carros entre Macau e a China continental, as redes sociais e o facto do sector do jogo querer saber quem são os jogadores caloteiros poderão levar a isso mesmo. Na apresentação do relatório anual, Vasco Fong indica que há um junket que quer criar uma base de dados de jogadores devedores, algo que já levou à condenação de um residente de Macau, que criou um site denominado “Wonderful World” para isto mesmo. “Um grupo de promotores de jogo pretendeu criar uma base de dados dos seus devedores, envolvendo isso a recolha e o tratamento dos respectivos dados: como é que se gerem e se utilizam estes dados? Quem fiscaliza a autenticidade dos dados? Quem tem acesso aos mesmos? São questões jurídicas e práticas que têm de ser estudadas e analisadas profundamente”, alerta o Coordenador. Mas também o Governo terá de estar atento. É que as novas medidas que envolvem a livre circulação de carros na Ilha da Montanha terão de ser bem desenhadas para respeitar a lei. “Um dos planos em estudo é que, com a obtenção do consentimento do proprietário do veículo e por conta do mesmo, as seguradoras de Macau entreguem os dados pessoais às seguradoras do interior da China, permitindo a estas últimas emitir a apólice de seguro e cobrir a respectiva responsabilidade. Isso envolverá necessariamente transferência de dados pessoais do proprietário do veículo para o exterior da RAEM. Há que reflectir cuidadosamente sobre as regras e as medidas de segurança a adoptar neste tratamento de dados pessoais”, indica, deixando ainda uma referência aos istemas de videovigilância nos veículos que circulam de um lado para o outro. Vasco Fong alerta ainda para a utilização da internet. “As redes sociais têm sido cada vez mais utilizadas na vida da população e é bastante comum a verificação de casos de divulgação irregular de dados pessoais de terceiros nas redes sociais. Alguns cidadãos ainda não se aperceberam dos efeitos e influências trazidas pela circulação das informações na Internet e são tão descuidados e negligentes que nem sequer sabiam ter violado a privacidade de terceiros.”
Angela Ka BrevesJovem que matou gatos expulso da Universidade Chan Hou Ieong, residente local de Macau e autor da morte de gatos em Taiwan, foi expulso pela sua Universidade da Formosa, embora já tivesse conseguido créditos suficientes para a graduação. A notícia foi divulgada pela UDN, uma publicação de Taiwan. A Comissão de Recompensa e Punição da Universidade de Taiwan decidiu a expulsão do Chan Hou Ieong como punição. A Comissão considera o acto como uma reincidência, uma vez que não foi a primeira vez que o jovem matou gatos. Segundo Lin Dade, o secretário do reitor da Universidade, Chan Hou Ieong não vai sequer obter o certificado de graduação. A Universidade já contactou a família e sugeriu que este receba tratamento psiquiátrico. Lin Dade também referiu que, como o jovem já não é estudante da sua universidade, esta não vai acompanhá-lo quando comparecer em tribunal. O jovem matou, pelo menos, dois gatos na Formosa.
Angela Ka BrevesPJ caça traficante menor A Polícia Judiciária (PJ) apanhou ontem um grupo de traficantes de droga de Hong Kong que usou menores para a venda e tráfico dos estupefacientes. Na sequência de uma denúncia que dava conta da presença de actividades suspeitas na zona dos NAPE, a polícia procedeu à detenção de um homem e um menor no local. O adulto terá confessado que foi a primeira vez que veio para Macau vender droga e que teria recebido como pagamento de 50 dólares de Hong Kong. Já o menor confessou a sua participação e revelou que recebeu 500 dólares como remuneração, segundo a rádio chinesa. Os dois foram encaminhados para o Ministério Público.
Angela Ka BrevesPneu de autocarro incendeia-se O pneu traseiro de um autocarro da TCM incendiou-se ontem, na Praça Ferreira do Amaral. Os cerca de 40 passageiros saíram do autocarro pelo seu próprio pé. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o acidente aconteceu pelas 8h00 e não fez nenhum ferido. Antes da chegada dos bombeiros, o fogo foi extinto pelo responsável do terminal. O motorista do autocarro suspeita que o fogo possa ter sido causado pelo bloqueio do freio de travagem.