China / ÁsiaHong Kong | Tailândia deporta activista Joshua Wong Hoje Macau - 6 Out 2016 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] activista de Hong Kong, que liderou os protestos de 2014, Joshua Wong foi deportado ontem da Tailândia, horas depois de ter sido detido à sua chegada a Banguecoque, anunciou o seu partido político, Demosisto. Wong, de 19 anos, um dos rostos do ‘movimento dos guarda-chuvas’, foi detido no aeroporto de Suvarnabhumi, em Banguecoque, na terça-feira à noite, informou o Demosisto em comunicado, citando o activista tailandês Netiwit Chotipatpaisal, que se ia encontrar com o jovem de Hong Kong no aeroporto. O líder pró-democracia, que devia dar na quinta-feira uma conferência numa universidade de Banguecoque, partiu num voo com destino a Hong Kong, referiu o partido. Netiwit Chotipatpaisal acusou as autoridades tailandesas de terem actuado a pedido do Governo chinês. Antes da libertação do activista, o Demosisto condenou “veementemente o Governo tailandês por limitar de forma irrazoável a liberdade e o direito de Wong de entrar” na Tailândia. Fontes da polícia de imigração afirmaram para a emissora “Voice TV” que Wong foi indiciado sob acusações de ameaça à segurança do Estado De acordo com a sua página de Facebook, Netiwit deslocou-se ao aeroporto na terça-feira à noite para se encontrar com Wong, mas após esperar várias horas um funcionário da companhia aérea disse-lhe que o jovem activista tinha sido detido. “Perguntámos depois à polícia turística, que nos disse que ele estava detido na imigração e que não podíamos contactar com o Joshua”, escreveu. Já em Hong Kong Joshua Wong disse ontem, à chegada à ex-colónia britânica ,que esteve detido 12 horas no aeroporto em Banguecoque sem nenhuma explicação oficial. Wong, aterrou ontem em Hong Kong às 15:30 locais, disse que à sua chegada esperavam-no cerca de duas dezenas de polícias e agentes de imigração. “Mandaram-me para uma das esquadras de polícia do aeroporto e obrigaram-me a estar dentro da prisão durante 12 horas”, disse Wong. “Quando perguntei o motivo da minha detenção disseram-me que não tinham de me dar explicações”, acrescentou. “Pedi para contactar um advogado na Tailândia ou a minha família para lhes dizer que tinha chegado, mas continuaram a negar os meus pedidos”, adiantou. Activistas pró-democracia de Hong Kong concentraram-se ontem em frente do consulado da Tailândia na cidade em protesto pela detenção em Banguecoque de Joshua Wong. Os manifestantes pediram às autoridades tailandesas para libertarem Wong – que entretanto já foi deportado -, assim como explicações pela actuação das autoridades de Banguecoque. A segunda vez Wong foi um dos três líderes estudantis condenados em Agosto por tentarem entrar no complexo governamental de Hong Kong em 2014, um evento que precedeu os protestos pró-democracia que paralisaram a cidade por mais de dois meses. Em 2016, co-fundou o Demosisto, um partido que apela a um referendo sobre o futuro de Hong Kong, incluindo a opção de independência. Nathan Law, colega de Wong no Demosisto, tornou-se no mês passado o mais jovem deputado de Hong Kong, aos 23 anos. Wong planeava discursar num evento na quinta-feira em Banguecoque, assinalando o 40.º aniversário de um massacre de estudantes pró-democracia por forças de seguranças e milícias leais à família real tailandesa. No dia 6 de Outubro de 1976, mais de uma centena de estudantes foram mortos por grupos paramilitares ultra-monárquicos e de extrema-direita dias após um protesto contra o retorno ao país de dois ditadores derrubados três anos antes. Os estudantes ficaram presos no campus da universidade antes dele ser invadido pelos ultras, que mataram dezenas e feriram centenas, o que levou muitos outros a juntar-se aos guerrilheiros comunistas ou fugir para o exílio. A detenção de Wong foi criticada por organizações como Human Rights Watch, que através de seu subdiretor para a Ásia, Phil Robertson, recriminou a Tailândia pela sua vontade de ceder perante China. “Wong deve ser libertado imediatamente e deve ser autorizado a viajar e exercer o seu direito à liberdade de expressão”, disse Robertson em comunicado. Wong foi deportado em Maio de 2015 da Malásia, depois das autoridades locais terem impedido a sua entrada no país para participar de vários fóruns sobre o movimento pró-democrático de Hong Kong e o massacre de Praça Tiananmen. “Foi a pedido da China” O vice-comandante da polícia tailandesa no aeroporto Suvarnabhumi disse ao jornal local The Nation que Joshua Wong foi detido e impedido de entrar no país “a pedido da China”. O coronel Pruthipong Prayoonsiri, disse que a China enviou um pedido ao governo tailandês solicitando cooperação, no sentido de ser negada a Wong a entrada no reino. “Na sequência deste pedido, o Depoartamento de Imigração colocou o seu nome numa lista negra e prendeu-o para o deportar. Quando foi informado do facto, Joshua Wong não demonstrou qualquer oposição”, concluiu.