EditorialOs TNR e o fracasso da diversificação económica Carlos Morais José - 30 Dez 201530 Dez 2015 [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]e um extra-terrestre aqui caísse de pára-quedas ficaria confuso quando se começasse a informar sobre certos aspectos da economia de Macau. Por exemplo, a tal propalada diversificação económica. Que é difícil. Que o peso do Jogo torna a tarefa impossível. Que isto e que mais aquilo. E, plano após plano, Governo após Governo, Secretário atrás Secretário, a diversificação económica não arranca, muito menos se consubstancia. Entretanto, Pequim vai batendo na mesma tecla. Resmunga que é precisa, zurze que é necessária. A cada subida do Chefe ao Norte ou a cada descida de um dignatário ao Sul, lá se repisa a mesma tecla: a malograda diversificação económica, em tom de marcha fúnebro ou de ralhete bem medido. Não parecem por isto corar as faces dos nossos governantes. E diga-se, de passagem e com toda a franqueza, que não têm sobre os ombros tarefa de invejar. E isto porque, para além de muitas razões, deparam-se com situações que raiam a esquizofrenia. Por exemplo. É vox populi, enraizada nalgum bom senso e conhecimento da economia, que as Pequenas e Médias Empresas (PME) terão um lugar importante, senão vital, na diversificação. Todos os anos o Governo anuncia um pacote de estímulo, que ee aplaudido mas que, no fim, revela sempre a sua ineficácia. Contudo, não se poderá dizer que existe má vontade do Executivo em relação às PME. Só que o que dão com uma mão tiram com outra. É que a maior parte das PME precisa de trabalhadores não-residentes (TNR) como de água para a sede. Mas, verifica-se, cada vez é mais difícil, quando não impossível, a sua contratação. Isto é o que dizem os responsáveis por essas pequenas empresas. O mercado laboral de Macau, constituído por residentes, nem de perto nem de longe pode fornecer mão-de-obra suficiente para as necessidades das PME. Estas exigem qualificações pelas quais os residentes esperam salários elevados, algo que as PME não podem realmente pagar, sobretudo se atendermos ao actual preço das rendas. Só os TNR podem realmente dinamizar, constituir o sangue que fará girar a economia da RAEM. Afirmar o contrário é condenar ao fracasso qualquer tentativa de diversificação económica.