Studio City | Novo complexo é “Gotham City” para nova classe de turistas

O Studio City inaugurou ontem e com ele uma série de novos espaços de entretenimento, restaurantes renomados, salas de espectáculos e conferências. A “Gotham City” dos anos 20, de Ho e Packer, é Nova Iorque pelos corredores e pretende atrair um público a que os empresários chamam “extremamente sofisticado”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]novo complexo do grupo Melco Crown, o Studio City, foi ontem inaugurado e o co-presidente da empresa, Lawrence Ho, descreveu-o como sendo uma “Gotham City” com características do universo cinematográfico das décadas 20 e 30, “como se vê no [filme] Great Gatsby”. Para Ho, o público-alvo será, como tem sido, a população chinesa e asiática.
O responsável diz ser preciso “estar sempre a inovar” porque, explica, “os chineses estão a subir a escala de consumo muito rapidamente e são um público extremamente sofisticado”.
Os corredores, que deixam espaço para as vitrines de sumptuosas marcas, estão decorados com adereços de filmes de Hollywood. Enfim, podia quase ser Nova Iorque deste lado do mundo. Além do seu casino – dedicado às apostas de massas – estar aberto 24 horas, o resto do complexo emana uma aura escura, mas simultaneamente divertida. Ao lado de uma loja de doces, encontra-se um pátio de restauração num espaço decorado como se de uma nave espacial se tratasse. O “Cosmos” oferece variedade internacional nas comidas que vai de coreana a chinesa, norte-americana a argentina. Nos corredores do Studio City foram instaladas entradas do metro nova-iorquino para dar a sensação de que os visitantes estão a passear por estúdios de cinema ou pela própria cidade. Nem das tampas de esgoto se esqueceram.

Vendem-se emoções

“Alteramos a forma como as pessoas pensam, porque o mundo do Jogo e a indústria dos casinos não vende produtos, como a maioria das empresas: vende emoções”, afirmou James Packer, co-presidente da empresa. O projecto mental do Studio City começou há cinco anos e nasceu da imaginação dos dois parceiros, que viram em Gotham – cidade fictícia da série de banda desenhada do Batman – muito potencial.
“Acho que há aqui muita coisa que vale a pena, incluindo a Roda Gigante, a House of Magic, as estátuas [no exterior], o espectáculo do Batman, a zona da Warner Bros.”, começou Lawrence Ho por dizer, quando questionado sobre aquilo que mais chamava a atenção dentro do espaço.
Já James Packer preferiu mostrar-se seguro de que as escolhas da administração tiveram em conta a vontade de “oferecer o melhor”, como é, exemplificou, o espectáculo do City Of Dreams, House Of The Dancing Water. “Tentámos, com muito esforço, cumprir o que o Governo queria e acho que conseguimos”, acrescentou Packer. corredor

Nata da nata

Em termos de oferta de entretenimento e restauração, os progenitores do Studio City não fizeram por menos. O espaço – cuja decoração é inteiramente dedicado ao cinema e à art-deco – tem mais de 30 locais de comidas e bebidas espalhados e quatro restaurantes de luxo. O Trattoria Il Mulino voa directamente de Nova Iorque para oferecer a melhor comida italiana da cidade que nunca dorme. A par disso existe o japonês Hide Yamamoto, o Pearl Dragon, do chef Tam Kwok Fung, e o Shanghai Magic.
Além de aquecer o estômago, a clientela pode ficar num dos 1600 quartos disponíveis, passear pelas zonas hollywoodescas e aproveitar os diferentes espaços de entretenimento, quer no exterior como no interior. Em dia de sol, a Roda Gigante pode ser uma boa opção – por 80 ou cem patacas – para ver a cidade de cima e em andamento, enquanto o Simulador do Batman – custa entre 120 e 150 patacas – pode ficar para um dia de chuva ou frio, seguindo de umas horas na Zona da Warner Bros, inteiramente dedicada aos desenhos animados da marca. The House Of Magic oferece shows de magia para crianças e adultos, com preços que vão das 320 às 600 patacas e tem quatro mágicos da casa.
Para encerrar a noite, o Studio City criou uma parceria com a gigante de entretenimento nocturno, a discoteca Pacha. Está aberto das 22h00 às 5h00 e será inaugurado este sábado.
O Studio City inaugurou oficialmente ao público depois das 20h00, mas às 14h00 já dezenas de pessoas se reuniam frente ao complexo para conhecer o mais recente espaço de entretenimento e casino de massas da região.

Scorcese realiza filme sobre novo complexo

O realizador norte-americano Martin Scorcese juntou-se aos gigantes do cinema Robert De Niro, Leonardo DiCaprio e Brad Pitt para realizar “The Audition”, uma curta-metragem de 16 minutos inteiramente gravada no novo complexo hoteleiro do território. A ideia surgiu devido à ligação de James Packer ao mundo da sétima arte: o co-presidente da Melco Crown tem também uma produtora, a Rat Pac. Foi a partir daí que entrou em contacto com os actores e produtores para construir um enredo em volta da luta por um papel principal. Todos os actores fazem de si mesmos num filme que se quer animadamente sério e de promoção do novo espaço da Melco. Tanto Scorcese como os actores DiCaprio e DeNiro estiveram no território para apresentar a curta. Para o famoso Jack de Titanic, tratou-se de “uma experiência sem precedentes”. Não só por contracenar com o próprio realizador, mas também por trabalhar com DeNiro e Pitt. theAudition

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]co-presidente do grupo Melco Crown Entertainment disse ontem que “o Governo chinês é o melhor” dos governos, justificando a sua escolha com o facto da China estar “atenta aos padrões de vida da população”. A afirmação, proferida ontem durante a inauguração do novo empreendimento da cadeia, o Studio City, vem de certa forma contrariar aquilo que o seu parceiro Lawrence Ho havia dito no dia anterior.
“O que tem estado a acontecer com a economia chinesa, especialmente a campanha anti-corrupção, tornou o ambiente no segmento VIP mais desafiante a curto prazo, à medida que o medo tem sido introduzido nos corações de muitos da classe média-alta”, disse o filho do magnata Stanley Ho, numa entrevista à Fairfax media.
O magnata frisou a mesma ideia, quando lhe foi pedida uma previsão para o sector do Jogo nos próximos anos: “Penso que a queda se deve à crise na China, são factores macro (…) e não podemos fazer previsões, apenas esperar que o Studio City ultrapasse tudo isso”.
Sobre a alteração do estatutos do hotel de cinco para quatro estrelas, Lawrence Ho afirmou que a opção foi feita para não colocar “o Governo numa posição difícil”, embora tenha reconhecido que o novo empreendimento está “acima de muitos outros considerados de luxo” no território. Ho não se adiantou em pormenores sobre esta posição difícil.

Duo bem-comportado

Os dois presidentes da Melco estiveram ontem presentes nas conferências de apresentação do complexo, em que responderam às perguntas dos jornalistas. Questionado sobre a abertura de um novo espaço numa altura em que as receitas estão a sofrer um decréscimo, Lawrence Ho e James Packer uniram-se para explicar que estão a “cumprir aquilo que o Executivo pediu”, não fosse essa a razão pela qual investiram cerca de 27,1 mil milhões de patacas na construção de um complexo dedicado à sétima arte.
“Penso que somos quem mais apostou no sector não-Jogo (…) percebemos o que o Governo queria”, acrescentou Ho. Packer disse ainda ver o seu sócio como um visionário por ter sido o único, além de Sheldon Adelson, “a acreditar no Cotai” e no potencial daquela zona da cidade.

Expansão em acção

Os dois responsáveis do Studio City anunciaram que um terço do terreno do empreendimento ainda está por desenvolver, mas Lawrence Ho e James Packer já têm planos para aquela porção. Contudo, a ideia é ir mais longe: “há um projecto de expansão no City Of Dreams, onde está a ser construído um centro comercial do mesmo tamanho do Landmark de Hong Kong”, anunciou Ho ontem. Durante a conferência de inauguração do novo espaço, ambos referiram que há ainda muito para fazer nos próximos cinco anos. “Se em 12 meses ainda não está tudo concluído, em cinco vão-se fazer coisas incríveis”, acrescentou Packer.

Uma decisão empresarial

A queda das receitas desta indústria parece não preocupar os presidentes da Melco Crown, Lawrence Ho e James Packer, que afirmam terem-se “afastado de uma aposta no sector VIP há já muito tempo” para se dedicaram ao entretenimento e às áreas de jogo de massas. “Foi uma decisão empresarial”, frisou mesmo Lawrence Ho. “Acreditamos veemente que o futuro da China reside na classe média”, justificou o líder. Esta faixa social de que Ho falava investe, na grande maioria, no sector de jogo de massas, pelo que a aposta no VIP foi posta de lado para a inauguração do novo complexo da empresa, no Cotai. O Studio City inaugurou ontem ao público e vai continuar com uma série de eventos pela semana fora. cosmos

Jogo | Deputada pede medidas concretas ao Governo

A directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) defendeu ontem que o Governo tem de adoptar mais “medidas concretas” para apoiar a economia da região após 16 meses consecutivos de quebras nas receitas do jogo. “Macau é um sítio muito pequeno e o Governo quer diversificar a economia, mas só falam e não dizem como é que apoiariam”, disse Angela Leong, em declarações à Bloomberg. A SJM, fundada por Stanley Ho, é a operadora com mais licenças de mesas de jogo em Macau. Angela Leong, sempre citada pela Bloomberg, considerou que após anos de forte crescimento em Macau, “ninguém esperava que a economia caísse tão depressa” e deixou críticas ao planeamento. “Macau não tem feito bem o seu planeamento. Quando a economia cai, é preciso fazer melhor nas infra-estruturas, nos transportes”, afirmou, dando como exemplo os atrasos na conclusão da ponte que vai ligar o território a Hong Kong e à cidade de Zhuhai, na China continental.

Lawrence Ho | Macau tem capacidade para receber 31 milhões

O magnata da Melco Crown Lawrence Ho, garante que o território consegue acolher o número de turistas que o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, havia anunciado. “Macau tem capacidade para receber 31 milhões”, garantiu o co-presidente do grupo, durante a conferência de inauguração do Studio City. Ho acrescentou que a gestão do número de turistas na cidade em dias de feriados é da responsabilidade do Governo, que, diz, deve saber canalizar as pessoas. “Há um estrangulamento nas semanas douradas e no ano novo chinês, mas se o Executivo conseguir resolver isto, Macau tem capacidade para receber milhões”, argumentou. Lawrence Ho diz que esta gestão deve coadunar-se com a finalização de uma série de projectos. Segundo as previsões oficiais, a ponte entre Macau, Zhuhai e Hong Kong e o terminal marítimo do Pac On deverão estar concluídos até 2019. Packer e Ho falavam de planos a médio-prazo.

De Niro considera “fascinante” presença portuguesa em Macau

O actor norte-americano Robert De Niro considerou ontem “fascinante” a presença histórica dos portugueses em Macau, numa conferência de imprensa com outras estrelas de cinema que participam num filme promocional do novo casino do território. “É fascinante. Os portugueses vieram para cá há 500 anos”, afirmou o actor norte-americano quando questionado sobre o que pensa de Macau. Robert De Niro, que até hoje “só tinha estado um dia em Macau, no empreendimento ‘City Of Dreams’”, também da Melco Crown Crown.
Também Martin Scorcese destacou “a arquitectura do Macau antigo” e o papel da cidade como “ponte entre o Oriente e o Ocidente”. “Percebi a dimensão da presença de Portugal e Espanha”, disse Scorcese.
O realizador falou também das filmagens para o novo filme “Silence”, que segundo o Internet Movie Database (IMDB) aborda a missão jesuíta enviada para o Japão no século XVII e é inspirado no romance de ficção histórica do autor japonês Shusaku Endo. A história do filme também está ligada à presença dos jesuítas em Macau: “Começámos a filmar em Taipé em Fevereiro e recreámos o Macau de 1640”, disse Scorcese.
Já Leonardo DiCaprio destacou a possibilidade que esta curta-metragem de 16 minutos lhe deu de trabalhar com dois grandes nomes de Hollywood: De Niro e Scorsese. “Estes dois homens são os meus pais no mundo do cinema(…). Contracenar com Bob [De Niro] e ser dirigido por Scorsese foi um pedaço do céu para mim como actor”, afirmou.

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