BBC | Repórter preso em Xangai “não se identificou como jornalista”

A China disse ontem que o jornalista da BBC, detido no domingo, durante um protesto em Xangai, não se identificou como jornalista, após a cadeia televisiva britânica ter revelado que um dos seus colaboradores foi preso e “espancado” pela polícia.

“De acordo com aquilo que nos foi transmitido pelas autoridades competentes em Xangai, ele não se identificou como jornalista e não apresentou voluntariamente as suas credenciais de imprensa”, disse Zhao Lijian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, apelando à imprensa estrangeira que “respeite as leis e regulamentos chineses enquanto estiverem na China”.

A televisão pública britânica, através de um porta-voz, mostrou-se “muito preocupada”, no domingo, ao confirmar que o repórter de imagem Edward Lawrence “foi atacado” em Xangai, como demonstram imagens partilhadas nas redes sociais, nas quais se vêem agentes da policia a arrastarem o jornalista algemado pelo chão.

29 Nov 2022

Ucrânia | China insta Pentágono a revelar existência de laboratórios biológicos

Pequim afirma que o departamento de defesa dos EUA controla 336 laboratórios em todo o mundo

 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu aos EUA que revelassem informações sobre os alegados laboratórios biológicos do Pentágono na Ucrânia “o mais depressa possível”.

Na segunda-feira, os militares russos afirmaram que as autoridades ucranianas tinham estado a destruir os agentes patogénicos estudados nos seus laboratórios. Moscovo alegou que 30 laboratórios ucranianos, financiados pelos EUA, têm vindo a cooperar activamente com os militares americanos.

Kiev negou o desenvolvimento de armas biológicas. De acordo com o website da embaixada dos EUA em Kiev, o Programa de Redução de Ameaças Biológicas do Departamento de Defesa dos EUA apenas “colabora com países parceiros para combater a ameaça de surtos” de doenças infecciosas. Em 2020, a embaixada chamou a tais teorias sobre laboratórios biológicos financiados pelos EUA na Ucrânia de “desinformação”.

Falando numa conferência de imprensa na terça-feira, contudo, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Zhao Lijian afirmou que, segundo informações do seu país, os laboratórios na Ucrânia são apenas “uma ponta do iceberg” e que o Departamento de Defesa dos EUA “controla 336 laboratórios biológicos em 30 países em todo o mundo”. Isto é feito sob o pretexto de “cooperar para reduzir os riscos de bio-segurança” e “reforçar a saúde pública global”, disse Zhao.

Segurança em causa

Zhao disse que, de acordo com dados “divulgados pelos próprios Estados Unidos”, existem 26 laboratórios dos EUA na Ucrânia. À luz da ofensiva militar russa no país, Zhao exortou “todas as partes envolvidas” a garantir a segurança dos laboratórios.

“Em particular, os Estados Unidos, como a parte que melhor conhece estes laboratórios, deveriam publicar os detalhes relevantes o mais rapidamente possível, incluindo quais os vírus armazenados e quais as investigações que foram realizadas”, disse ele.

“Os EUA têm estado a obstruir exclusivamente o estabelecimento de um mecanismo de verificação independente. Tal comportamento”, disse Zhao, “agrava ainda mais as preocupações da comunidade internacional”.

De acordo com um relatório publicado no jornal brasileiro The Rio Times, a embaixada dos EUA na Ucrânia apagou todas as informações sobre laboratórios biológicos financiados pelo Pentágono no seu website a 26 de Fevereiro. No entanto, a jornalista Dilyana Gaytandzhieva alegou que o pessoal da embaixada se esqueceu de retirar um documento que mostrava que o Pentágono está a financiar dois novos laboratórios em Kiev e Odessa.

“A Ucrânia não tem qualquer controlo sobre os laboratórios militares. O governo ucraniano não está autorizado a divulgar informações sensíveis sobre o programa”, afirmou o órgão noticioso brasileiro.

Nos últimos 20 anos, o Centro de Ciência e Tecnologia da Ucrânia, estabelecido em conjunto com os Estados Unidos, investiu mais de 285 milhões de dólares em cerca de 1850 projectos realizados por cientistas que, segundo Gaytandzhieva, trabalharam anteriormente no desenvolvimento de armas de destruição maciça. As autoridades norte-americanas ainda não comentaram as últimas alegações.

11 Mar 2022

Ucrânia | China envia ajuda humanitária, mantendo rejeição de sanções contra a Rússia

A China vai enviar ajuda humanitária para a Ucrânia, incluindo alimentos e bens de primeira necessidade, no valor de cinco milhões de yuans, enquanto se continua a opor às sanções impostas à Rússia.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Zhao Lijian disse, em conferência de imprensa, que um lote inicial foi enviado à Cruz Vermelha ucraniana, na quarta-feira, e que mais ajuda vai seguir, dentro do prazo “mais rápido possível”.

Zhao também reiterou a oposição de Pequim às sanções económicas impostas a Moscovo pelos países ocidentais.

“Empunhar o bastão das sanções a toda a hora nunca trará paz e segurança, mas causará antes sérias dificuldades às economias e meios de subsistência dos países em questão”, apontou.

O porta-voz disse que a China e a Rússia “vão continuar a realizar uma cooperação comercial normal, incluindo o comércio de petróleo e gás, no espírito do respeito mútuo, igualdade e benefícios mútuos”.

A China tentou culpar os Estados Unidos por instigar o conflito, citando a incapacidade de Washington em considerar adequadamente as “legítimas” preocupações de segurança da Rússia, face à expansão da NATO.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

9 Mar 2022

China aguarda criação de governo afegão “aberto e representativo” para reconhecimento

A China disse que está a aguardar o estabelecimento de um governo “aberto, inclusivo e amplamente representativo” no Afeganistão, antes de decidir sobre o reconhecimento das novas autoridades em Cabul.

“Se vamos reconhecer um governo, temos que esperar até que o governo seja formado”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian. “Só depois chegaremos à questão do reconhecimento diplomático”, observou, em conferência de imprensa.

Zhao reiterou que Pequim espera uma “transição suave”, após o retorno dos talibãs ao poder, para evitar mais violência ou um desastre humanitário.

“A China vai continuar a apoiar a reconstrução pacífica do Afeganistão e a fornecer assistência ao desenvolvimento económico e social do Afeganistão, dentro da sua capacidade”, disse Zhao.

O porta-voz afirmou que os talibãs devem cumprir com o seu compromisso de não dar abrigo a terroristas ou permitir que elementos estrangeiros operem no seu território, destacando o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, que Pequim culpa pelos ataques na região noroeste de Xinjiang, que compartilha uma fronteira estreita e remota com o Afeganistão.

Pequim há muito pede que os EUA deixem o Afeganistão, mas condenou o que chama de retirada “apressada” das forças norte-americanas.

A China procurou ter boas relações tanto com o ex-Governo afegão como com os talibãs, hospedando o principal líder político do grupo, o ‘mullah’ Abdul Ghani Baradar, durante as conversações com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, no final do mês passado.

19 Ago 2021

China avisa EUA: É “impossível” dissociar as economias

A China avisou ontem os Estados Unidos de que é “impossível” forçar a desassociação das economias dos dois países, numa reacção à decisão do Governo norte-americano de revisar a estratégia de Washington no abastecimento em sectores-chave. “É impossível pressionar por uma dissociação das indústrias ou usar o poder político para forçar mudanças nas leis económicas”, apontou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China Zhao Lijian.

Na quarta-feira, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que os Estados Unidos “devem garantir que a escassez de produção, interrupções comerciais, desastres naturais ou acções de rivais e adversários estrangeiros não voltam a deixar a América numa posição vulnerável”. O objectivo de Washington é não depender da produção e importação de bens produzidos por “rivais estrangeiros”, numa referência à China.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, deve assinar um decreto na quarta-feira que estabelece 100 dias para apresentar um relatório detalhado sobre a reavaliação das cadeias estratégicas para o país.

“A China espera que os Estados Unidos cumpram as regras do livre comércio e protejam a estabilidade e confiabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais”, respondeu o porta-voz chinês, acrescentando que não deve ser esquecido que “os interesses de todos os países estão profundamente interligados”. “A China opõe-se a quaisquer acusações infundadas ou estigmatização das suas actividades económicas e comerciais”, apontou.

Na quarta-feira, o novo ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, disse que está à “espera e disposto a trabalhar” com os Estados Unidos para “fortalecer o comércio” bilateral, mas ressaltou que vai ser preciso “lidar com as discrepâncias” nesta matéria.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, também pediu aos EUA esta semana que removam as taxas alfandegárias impostas aos produtos chineses e levantem as sanções às empresas e instituições chinesas, visando melhorar as relações, que se deterioraram rapidamente durante a presidência de Donald Trump.

Embora Biden tenha prometido uma abordagem diferente, o seu Governo parece inclinado em manter a pressão sobre o país asiático.

26 Fev 2021

China nega vistos a norte-americanos que se “portam mal” em questões de Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje que vai restringir a emissão de vistos a cidadãos norte-americanos que se “portaram mal”, no âmbito da lei de segurança nacional de Hong Kong que está a ser ratificada. “Os Estados Unidos nunca vão conseguir obstruir os esforços da China para avançar com a lei de segurança nacional de Hong Kong”, disse Zhao Lijian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“Em resposta às [medidas anunciadas] pelos Estados Unidos, a China decidiu impor restrições na emissão de vistos a cidadãos norte-americanos que se portaram mal em questões relacionadas com Hong Kong”, disse.

Ignorando os apelos dos países ocidentais e a oposição pró-democracia de Hong Kong, Pequim pretende impor aquela lei, vista pelo críticos como uma ameaça à autonomia e às liberdades na antiga colónia britânica.

Retornada à China em 1997, a cidade de Hong Kong foi abalado no ano passado por protestos contra a influência do Governo Central nos assuntos do território. A lei, actualmente em discussão no parlamento chinês, poderá ser adoptada nas próximas horas.

O texto continua a ser desconhecido, mas o jornal de Hong Kong South China Morning Post citou duas fontes que garantiram que a lei incluiria penas de prisão perpétua por “actos de secessão, subversão, terrorismo e conspiração com forças estrangeiras para comprometer a segurança nacional”.

A decisão de Pequim constitui uma retaliação contra a decisão de Washington de restringir a emissão de vistos para autoridades chinesas que põem em causa a autonomia de Hong Kong. Esse texto legal tem como objectivo “salvaguardar a segurança nacional” contra a “interferência estrangeira” que Pequim vê nos protestos pró-democracia iniciados há mais de um ano, mas os advogados e activistas de Hong Kong acreditam que a lei visa restringir as liberdades desfrutadas pela cidade.

29 Jun 2020