Andreia Sofia Silva EntrevistaGil Azevedo, director-executivo da “Unicorn Factory”: “Macau tem investidores relevantes” Em Abril, durante a visita oficial de Ho Iat Seng a Portugal, a “Unicorn Factory” [Fábrica de Unicórnios] de Lisboa recebeu uma comitiva de empresários que mostraram interesse nas oportunidades de negócio que a plataforma pode proporcionar. Na última edição da Websummit, a maior cimeira de tecnologia do mundo, Gil Azevedo falou sobre projectos futuros com a RAEM Em Abril, a “Fábrica de Unicórnios” recebeu uma comitiva de empresários de Macau. Que balanço faz dessa visita? Foi de facto uma visita muito importante para nós. Primeiro, pela proximidade cultural que Macau tem connosco, e, por outro lado, por ser um território tão distante geograficamente de Portugal. Esta visita permitiu, portanto, uma aproximação que a distância física não ajuda. Conseguimos falar com empresários e personalidades muito relevantes e acreditamos que nos possam ajudar na missão de criar um centro de inovação a nível internacional que, obviamente, passa por ter pontes com todos os pontos do globo. Macau é um desses pontos que pode ser muito importante para a nossa estratégia. Essa visita teve muito valor para nós. Foram discutidas algumas parcerias concretas? Acima de tudo, os empresários conheceram o projecto, startups, investidores portugueses e temos vindo a estabelecer contactos com vista a potenciais parcerias no futuro. Não posso avançar ainda informações, mas espero para breve poder avançar com algumas novidades. Com que entidades estão a dialogar? Com o IPIM, por exemplo? É uma das entidades, sim, mas temos dialogado também com algumas entidades privadas. De qualquer forma o nosso grande objectivo é conseguir estabelecer esta ponte de forma a que as startups portuguesas possam ver Macau como uma base para poderem estabelecer-se na Ásia. Pretende-se também aproveitar potenciais contactos com startups que já estejam em Macau para aproveitar Portugal e esta ponte para se expandirem. O empreendedorismo está na agenda política de Macau, e a visita do Chefe do Executivo de Macau a Portugal, em Abril, foi muito pautada por esse ponto. No entanto, as startups de Macau continuam a não marcar presença na Websummit. Falamos de uma área ainda de pequena dimensão? Esse é o grande desafio. Portugal também tem esse desafio, pois é um país muito pequeno à escala mundial, e Macau, obviamente, também é um território que tem as suas dificuldades em termos de dimensão. Mas é aqui que entra a colaboração, e acreditamos que podemos criar uma rede internacional, em que os sistemas de empreendedorismo se possam ligar, e daí todos ganhamos escala em conjunto. É certo que Macau não está aqui na Websummit, mas isso não invalida que não possa fazer parte desta rede, para pensarmos em iniciativas conjuntas. Que tipo de iniciativas poderiam ser feitas em concreto? Em primeiro lugar, termos programas de aceleração de startups de ambos os lados e de incubação em que possamos colaborar. Tudo para que as startups de ambos os territórios se possam juntar e criar uma comunidade que ligue estes dois ecossistemas através destes programas. Em segundo lugar, a nível de empresas e investidores, Macau tem empresas e investidores muito relevantes que podem juntar-se aos programas que temos e aproveitar oportunidades de investimento, parcerias e apoios. Macau pode também ser uma porta de entrada para o mercado chinês. As startups olham também para esse grande mercado que é a China. Claro que sim. Não há volta a dar para uma empresa que queira ser um unicórnio e ser global, tem mesmo de olhar para o mercado chinês. A nível estratégico, as startups portuguesas dão um primeiro passo na Europa ou nos Estados Unidos, mas logo a seguir olham para os outros mercadores maiores que é a Ásia e, obviamente, a China que tem um papel fundamental no crescimento de uma empresa. Quais os grandes desafios que as startups portuguesas enfrentam para entrar neste mercado tão competitivo? É sobretudo a falta de conhecimento e a distância. É assustador para uma startup, com recursos limitados, criar uma estrutura e crescer num país do qual não conhece a cultura e onde não tem contactos. É uma barreira grande, e por isso acabam por optar pela China para uma segunda fase de crescimento. Mas Macau pode ser essa ponte para a China, porque culturalmente é mais próximo de Portugal. Qual foi a grande mensagem que os empresários deixaram na visita de Abril? Macau quer, neste momento, diversificar a sua economia além da indústria do jogo. Vimos uma grande vontade em encontrar oportunidades de negócio, numa ou noutra direcção. Há de facto uma grande vontade de diversificar a economia e de apostar na inovação nos próximos anos. Macau é também um território ligado aos projectos de integração regional da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, uma espécie de nova “Silicon Valley” no sul da China, e a ilha de Hengqin. Este é também um elo de ligação interessante para as startups portuguesas? Há várias regiões que se querem posicionar ao nível da “Silicon Valley”. Aqui vai haver uma competição por talento internacional e por investimento, empresas internacionais, e isso depende muito das políticas seguidas por cada uma destas regiões e a forma como vão conseguir colaborar entre si. A “Fábrica dos Unicórnios” foi criada muito recentemente. Fale-me um pouco deste projecto. Nascemos precisamente com esse objectivo de tornar também Portugal numa “Silicon Valley” a nível internacional. Somos uma plataforma de programas de aceleração e criação que apoia startups portuguesas e internacionais, mas também um espaço de inovação a fim de conseguir criar centros de massa crítica que consigam atrair talentos e empresas internacionais para Portugal. No último ano, tivemos um crescimento muito significativo. Nascemos da “Startup Lisboa”, que historicamente apoiava cerca de 50 a 60 startups por ano, e no último ano demos apoio a mais de 200, ou seja, triplicámos a nossa capacidade de apoiar estas estruturas e, acima de tudo, aumentámos exponencialmente a dimensão das startups que apoiámos. E com isso estamos a conseguir atrair o tal investimento estrangeiro e os talentos. No último ano, 54 empresas tecnológicas de cariz internacional estabeleceram operações em Lisboa, e mais de 12 são unicórnios internacionais. Isso demonstra que temos vindo a dar passos muito positivos, mas temos ainda um caminho a percorrer. Em terras lusas Naquela que foi a primeira visita oficial do Chefe do Executivo da RAEM ao exterior no pós-pandemia, Ho Iat Seng foi acompanhado por uma comitiva de empresários, que teve uma agenda separada do protoloco oficial, liderada pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. No total, entre 16 e 24 de Abril, 40 empresários visitaram 13 entidades locais, nomeadamente a “Unicorn Factory”, a Fundação Champalimaud e diversas empresas de áreas económicas consideradas estratégicas para Portugal e Macau. Os empresários participaram ainda em diversas actividades promocionais de economia, comércio e turismo. O que é um unicórnio Pegando na figura mitológica equestre com um chifre em espiral, os unicórnios na universidade real do empreendedorismo representam uma realidade que vai além da fantasia, mas que ainda assim é bastante rara. As empresas unicórnio são startups com valor de mercado superior a mil milhões de dólares. Ailen Lee, fundadora do fundo de investimentos que apoio empreendedores Cowboy Ventures, usou o pela primeira vez a expressão em 2013. O termo deriva da extrema raridade que estas empresas representam, com menos de 0,1 por cento das startups a serem consideradas unicórnios. Em 2017, apenas 227 empresas a nível global preenchiam os requisitos.
Hoje Macau EventosWeb Summit | Cosgrave pede desculpas sobre o conflito com Hamas e espera que paz seja alcançada O cofundador da Web Summit Paddy Cosgrave pediu hoje desculpas sobre as suas declarações relativas ao conflito entre Israel e o Hamas, lamentando não ter transmitido “compaixão”, e disse esperar que a paz seja alcançada. A posição do Paddy Cosgrave, que é irlandês, acontece um dia depois de o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, ter anunciado que o país tinha cancelado a sua participação na cimeira tecnológica de Lisboa devido às declarações do cofundador da Web Summit, que classificou de “ultrajantes”. “Para reiterar o que disse na semana passada: condeno sem reservas o mau, repugnante e monstruoso ataque do Hamas em 07 de outubro” e “apelo também à libertação incondicional de todos os reféns. Como pai, simpatizo profundamente com as famílias das vítimas deste ato terrível e lamento por todas as vidas inocentes perdidas nesta e noutras guerras”, começa por dizer Paddy Cosgrave, no blogue da Web Summit. “Apoio inequivocamente o direito de Israel existir e de se defender, apoio inequivocamente uma solução de dois Estados”, mas “compreendo que o que disse, o momento em que disse e a forma como foi apresentado causou profunda dor a muitos”, prossegue o cofundador daquela que é considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo. “Para qualquer pessoa que ficou magoada com minhas palavras, peço profundamente desculpas. O que é necessário neste momento é compaixão, e eu não transmiti isso. O meu objetivo é e sempre foi lutar pela paz” e, “em última análise, espero de todo o coração que isso possa ser alcançado”, afirma Cosgrave. Na sua mensagem, recorda que, “tal como tantas figuras a nível mundial”, também acredita “que, ao defender-se, Israel deveria aderir ao direito internacional e às convenções de Genebra – ou seja, não cometer crimes de guerra”. Ora, esta posição “aplica-se igualmente a qualquer Estado em qualquer guerra, nenhum país deve violar estas leis, mesmo que tenham sido cometidas atrocidades contra ele”, afirma, recordando que “sempre” foi anti-guerra e pró-lei internacional. “É precisamente nos nossos momentos mais sombrios que devemos tentar defender os princípios que nos tornam civilizados”, defende. Lembra que o secretário de Estado dos EUA Anthony Blinken disse, na semana passada, juntamente com os parceiros regionais da América no Qatar que “Israel tem o direito e até a obrigação de defender o seu povo e de fazer tudo o que puder para garantir que o que aconteceu no sábado passado nunca mais aconteça”, mas “ao mesmo tempo, a forma como Israel faz isto é importante. A forma como qualquer democracia deve lidar com tal situação é importante”. Para esse fim, “discutimos com os israelitas – instámos os israelitas – a usarem todas as precauções possíveis para evitar” danos nos civis, disse Blinken, citado por Cosgrave. “Nos meus comentários, tentei fazer exatamente o mesmo que o secretário Blinken e tantos outros a nível mundial: exortar Israel, na sua resposta às atrocidades do Hamas, a não ultrapassar as fronteiras do direito internacional”, explica. Destaca ainda, a propósito da Web Summit no Qatar em 2024, “o agradecimento público do secretário Blinken” a Doha “pelo seu apoio nesta crise e em questões mais amplas que afetam a região”, em que referiu que os EUA e o Qatar “partilham o objetivo de impedir que este conflito se espalhe”. Neste sentido, “tal como o governo dos EUA, a Web Summit acredita no trabalho com parceiros regionais e globais – incluindo o Qatar – para encorajar o diálogo e a comunicação dos quais depende a paz, e para lutar por uma solução justa e duradoura para as questões subjacentes que a região enfrenta. Como disse o secretário Blinken: ‘Uma coisa é certa: não podemos voltar ao status quo que permitiu que isto acontecesse em primeiro lugar'”, adianta. “A Web Summit tem uma longa história de parceria com Israel e as suas empresas tecnológicas e lamento profundamente que esses amigos tenham ficado magoados com tudo o que eu disse”, reiterando esperar que a paz seja alcançada. “Dezenas de empresas já cancelaram a sua participação nesta conferência e encorajamos outras a fazê-lo”, disse Dor Shapira, na segunda-feira, numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), depois de em 13 de outubro Cosgrave ter feito uma publicação, na mesma plataforma, que resultou numa onda de críticas entre várias responsáveis de tecnológicas israelitas. “Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são”, destacou Paddy Cosgrave. Em reação, o embaixador israelita defendeu que, “mesmo nestes tempos difíceis”, Cosgrave “é incapaz de deixar de lado as suas opiniões políticas extremistas e denunciar as atividades terroristas do Hamas contra pessoas inocentes”. “Devemos ter tolerância zero em relação aos atos terroristas e de terror”, sublinhou ainda Dor Shapira. Também muitos utilizadores da rede social X reagiram às publicações do cofundador da Web Summit com críticas, partilhado a ‘hashtag’ #cancelwebsummit. A Web Summit foi fundada em 2009 e decorreu em Dublin até 2016, altura em que se mudou para Lisboa, onde no ano passado acolheu mais de 71 mil pessoas de 160 países. A próxima edição será realizada entre os dias 13 e 16 de novembro. Além disso, a empresa também organiza as conferências Collision, em Toronto, e Rise, em Hong Kong, além de eventos Web Summit no Rio de Janeiro e Doha. O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar. Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Andreia Sofia Silva Entrevista Grande PlanoWeb Summit | Presidente da Xiaomi afasta acusações de partilha de dados pessoais Wang Xiang, presidente da tecnológica Xiaomi, participou em duas sessões na Web Summit, em Lisboa, e voltou a rejeitar as acusações de que a empresa terá recolhido dados pessoais de utilizadores de forma ilegal. O empresário garante que a Xiaomi usa regulamentos muito semelhantes aos que vigoram na Europa na área da protecção de dados [dropcap]F[/dropcap]oi em Abril deste ano que a revista Forbes publicou uma reportagem que demonstrava como a Xiaomi estaria a recolher os dados pessoais dos usuários através dos smartphones da marca sem a sua autorização, levantando uma enorme questão de cibersegurança. Wang Xiang, presidente da Xiaomi foi orador na última edição da Web Summit, em Lisboa, e voltou a rejeitar estas acusações. “Não providenciamos dados a outras empresas do meu ponto de vista. Executamos regras de protecção de dados pessoais muito restritas e respeitamos regulamentos. Executamos regras na China semelhantes às que existem na Europa, não vendemos dados”, disse o empresário. Numa outra sessão online, moderada pela jornalista Xin Li, do grupo Caixin Media, Wang Xiang voltou a ser confrontado com este assunto. “Na verdade, somos bastante conservadores na área da protecção de dados pessoais. Passámos muito tempo a estudar as novas regulações que surgiram na Europa e tentámos aplicá-las a 100 por cento. Adiámos o lançamento de muitos produtos para rever vezes sem conta a questão da privacidade de dados.” O empresário, que entrou para a Xiaomi há apenas cinco anos, assegurou que “os dados de todos os produtos que são fornecidos para a Europa são armazenados fora da China, ficam na Europa”. “Este é um passo muito importante para garantir que tudo é seguro”, frisou. Para todos os bolsos Fundada há apenas dez anos, a Xiaomi desde sempre teve o “sonho” de criar tecnologia acessível a todas as bolsas. E um dos primeiros produtos em que apostou foi o purificador de ar, numa altura em que a qualidade do ar era uma enorme questão na China. “Definimos um mercado para o produto por nós próprios. Há uns anos a China tinha um enorme problema com a poluição do ar, mas um purificador de ar ficava extremamente caro para o consumidor. Custava cerca de 1000 dólares e queríamos resolver esse problema. Fizemos muitos esforços para encontrar os melhores engenheiros nessa área, ao nível dos filtros, por exemplo. Tornámo-nos na marca número um na venda de purificadores de ar na China”, contou o empresário. Uma das formas que a Xiaomi encontrou para o consumidor pagar muito menos por um produto semelhante à concorrência foi o uso exclusivo de plataformas online no processo de produção. Regular preços exigiu, para a empresa, “um grande esforço e determinação”. “O nosso sonho e modelo de negócio é que todos tenham uma vida melhor através da inovação. Inovámos em muitas áreas, melhorando a eficiência dos nossos canais de distribuição. No início da Xiaomi não vendemos nada através dos canais tradicionais porque iria custar muito dinheiro da fábrica até ao consumidor final, então usámos apenas canais online. Não gastamos nenhum dinheiro no mercado tradicional. Usamos 100 por cento canais online para comunicar as nossas ideias e produtos”, acrescentou. Actualmente, a Xiaomi possui um modelo de negócio que passa por deter posições minoritárias em startups com as quais podem operar ao nível da concepção e design do produto. “Investimos em mais de 100 empresas e investimos nessas startups, com acções minoritárias, para que façam parte da nossa empresa. Estas mantêm-se como startups e ficamos responsáveis pelo design do produto. Se os produtos destas empresas preencherem os nossos requisitos, vamos vender a nossa marca. É um modelo muito eficiente, produtivo e único. Alguns produtos são feitos a 100 por cento por nós, mas investimos em start-ups para construir esse sistema de igualdade.” IA é o futuro Olhando para o futuro, Wang Xiang não tem dúvidas de que ele passa pelo uso cada vez maior da Inteligência Artificial (IA) nas nossas vidas. “A IA vai ser uma tecnologia muito importante para mudar as vidas das pessoas, para as ajudar, então estamos a investir muito nessa área. Temos milhares de engenheiros na área da IA.” A pensar nisso, a Xiaomi desenvolveu uma série de produtos que podem ser programados através da voz, sem comandos ou botões. “Podemos falar para esse sistema e monitorar todos os aparelhos na nossa casa. Por exemplo, é possível ligar e desligar luzes, abrir ou fechar cortinas. Tudo isso pode ser monitorizado através do sistema de voz. Também se pode usar os comandos da televisão para seleccionar filmes ou programas, e não é preciso carregar nos botões, basta usar a voz.” Um exemplo de um produto inteligente da marca, e que é o mais usado por Wang Xiang, é a panela de cozer arroz. “É um dos meus produtos favoritos, porque podemos comprar o arroz e usar um smartphone para fotografar o código de barras e descobrimos de onde vem o arroz. Temos milhares de receitas com arroz guardadas em nuvem para ajudar o utilizador a cozinhar”, explicou. Com cerca de dois mil produtos ligados à área do Life and Style, a Xiaomi assume que não tem, para já, planos para entrar no mercado dos carros eléctricos. “Não posso responder se temos planos porque não trabalhamos nessa área agora. Estamos a produzir scooters eléctricas que são das mais populares no mundo. Na Europa já é muito fácil encontrar as nossas scooters, em Roma, Barcelona.” Um dos desafios que a marca necessita de enfrentar actualmente é a contratação de engenheiros que saibam responder a diversas valências e mercados. “Estamos em vários mercados tecnológicos. Produzimos smartphones, televisões inteligentes e scooters, e todos esses produtos têm tecnologias diferentes. Como podemos encontrar os melhores profissionais para garantir a inovação?”, questionou. Com uma presença em cerca de 90 mercados, e com um enorme crescimento na Índia, a Xiaomi diz ter uma mente aberta em relação a questões diplomáticas e medidas de proteccionismo económico que têm sido adoptadas. “A Xiaomi é uma empresa muito recente e aberta. Somos diferentes. A empresa foi fundada por um grupo de engenheiros e empreendedores, há dez anos, tal como qualquer start-up na Europa ou no resto do mundo. Estamos a tentar melhorar as vidas das pessoas e a terem acesso a uma melhor tecnologia. Estamos na bolsa de valores de Hong Kong desde Julho de 2018, somos muito abertos. Temos engenheiros em todo o mundo, na China, Japão, EUA. Temos nove centros de design fora da China. Somos uma empresa global e não me preocupo com essas questões”, rematou. A Web Summit, considerada a maior feira de tecnologia, startups e empreendedorismo do mundo, decorreu em Lisboa e chegou ao fim na sexta-feira, depois de três dias de uma edição inteiramente online devido à pandemia da covid-19.
Andreia Sofia Silva SociedadeStartups | Macau com representação inédita na WebSummit A Direcção dos Serviços de Economia de Macau levou à WebSummit um total de 11 projectos desenvolvidos por startups locais, duas associações e quatro professores universitários. É a primeira vez que a RAEM tem um lugar próprio na maior cimeira de tecnologia do mundo [dropcap]C[/dropcap]hega hoje ao fim mais uma edição da WebSummit, que decorre em Lisboa, mas este ano a maior cimeira de tecnologia do mundo conta com uma novidade, uma vez que as startups de Macau fazem-se representar, pela primeira vez, num espaço próprio. A Direcção dos Serviços de Economia (DSE), em parceria com a Fábrica de Startups, em Portugal, levou um total de 11 projectos ao Centro de Incubadoras de Macau presente no Parque das Nações, onde decorre o evento. Edgar Cheong, responsável pelo Centro, disse ao HM que a ideia é expandir cada vez mais a presença das empresas de Macau no evento de tecnologia que reúne as startups mais inovadoras do momento. “Queremos, em primeiro lugar, que os membros do nosso Centro mostrem os seus projectos na WebSummit e também dizer às pessoas que Macau funciona como uma plataforma”, adiantou. A lista de interessados para participar na WebSummit era grande, frisou Edgar Cheong. “Por limitações de espaço trouxemos apenas 11 projectos”, mas há a possibilidade de cada vez mais startups de Macau poderem viajar para Lisboa nos próximos anos. “Este é um passo muito importante e penso que no próximo ano será diferente”, acrescentou. Estreias e não só Marco Rizzolio, fundador da startup Follow Me Macau, é um dos rostos que este ano integra o Centro de Incubadoras de Macau. Há dois anos fundou a empresa que mostra tudo o que se pode fazer no território fora dos casinos, e, desde a sua fundação, já foram vendidas 2300 experiências. A Follow Me Macau trabalha sobretudo com empresas do ramo de exposições e convenções que, aquando da sua passagem pelo território, procuram proporcionar aos seus funcionários um dia de entretenimento, organizado pela startup. O responsável adiantou ao HM que esta presença na WebSummit é muito importante para Macau e para o seu sector empresarial. “Está a ser dado um passo firme. Este Centro de Incubadoras foi lançado há dois anos e o Governo tem esta área como uma das prioridades. Não é de um ano para o outro mas acredito que esta (presença de Macau) se vai intensificar ao longo dos anos.” Para Jonathan Lok, fundador da DianDian Macau, a presença na WebSummit é uma estreia. “Está a ser uma experiência muito interessante e espero que possamos ligar-nos a outras pessoas e empresas para vivenciar mais este ecossistema de negócios e levar estas experiências para Macau. Também queremos ver se temos oportunidades em Portugal como porta de entrada para a Europa”, adiantou. A DianDian Macau dedica-se à criação de um software ligado ao sistema de gestão de clientes para Pequenas e Médias Empresas, para que, através da aplicação, tudo seja feito de forma digital, com menor recurso ao papel.
Andreia Sofia Silva SociedadeStartups | Macau com representação inédita na WebSummit A Direcção dos Serviços de Economia de Macau levou à WebSummit um total de 11 projectos desenvolvidos por startups locais, duas associações e quatro professores universitários. É a primeira vez que a RAEM tem um lugar próprio na maior cimeira de tecnologia do mundo [dropcap]C[/dropcap]hega hoje ao fim mais uma edição da WebSummit, que decorre em Lisboa, mas este ano a maior cimeira de tecnologia do mundo conta com uma novidade, uma vez que as startups de Macau fazem-se representar, pela primeira vez, num espaço próprio. A Direcção dos Serviços de Economia (DSE), em parceria com a Fábrica de Startups, em Portugal, levou um total de 11 projectos ao Centro de Incubadoras de Macau presente no Parque das Nações, onde decorre o evento. Edgar Cheong, responsável pelo Centro, disse ao HM que a ideia é expandir cada vez mais a presença das empresas de Macau no evento de tecnologia que reúne as startups mais inovadoras do momento. “Queremos, em primeiro lugar, que os membros do nosso Centro mostrem os seus projectos na WebSummit e também dizer às pessoas que Macau funciona como uma plataforma”, adiantou. A lista de interessados para participar na WebSummit era grande, frisou Edgar Cheong. “Por limitações de espaço trouxemos apenas 11 projectos”, mas há a possibilidade de cada vez mais startups de Macau poderem viajar para Lisboa nos próximos anos. “Este é um passo muito importante e penso que no próximo ano será diferente”, acrescentou. Estreias e não só Marco Rizzolio, fundador da startup Follow Me Macau, é um dos rostos que este ano integra o Centro de Incubadoras de Macau. Há dois anos fundou a empresa que mostra tudo o que se pode fazer no território fora dos casinos, e, desde a sua fundação, já foram vendidas 2300 experiências. A Follow Me Macau trabalha sobretudo com empresas do ramo de exposições e convenções que, aquando da sua passagem pelo território, procuram proporcionar aos seus funcionários um dia de entretenimento, organizado pela startup. O responsável adiantou ao HM que esta presença na WebSummit é muito importante para Macau e para o seu sector empresarial. “Está a ser dado um passo firme. Este Centro de Incubadoras foi lançado há dois anos e o Governo tem esta área como uma das prioridades. Não é de um ano para o outro mas acredito que esta (presença de Macau) se vai intensificar ao longo dos anos.” Para Jonathan Lok, fundador da DianDian Macau, a presença na WebSummit é uma estreia. “Está a ser uma experiência muito interessante e espero que possamos ligar-nos a outras pessoas e empresas para vivenciar mais este ecossistema de negócios e levar estas experiências para Macau. Também queremos ver se temos oportunidades em Portugal como porta de entrada para a Europa”, adiantou. A DianDian Macau dedica-se à criação de um software ligado ao sistema de gestão de clientes para Pequenas e Médias Empresas, para que, através da aplicação, tudo seja feito de forma digital, com menor recurso ao papel.
Hoje Macau EventosCriador da ‘web’ defende contrato para tornar internet “num sítio melhor” [dropcap]O[/dropcap] criador da internet, Tim Berners-Lee, defendeu em Lisboa, na Websummit, a criação de “um contrato” entre utilizadores, empresas e governos de todo o mundo para “tornar a ‘web’ num sítio melhor”, reduzindo desigualdades e melhorando questões como a privacidade. “Temos de criar um contrato para a ‘web’. […] E esse deve ser um contrato com vários princípios para as pessoas se juntarem. Por isso, estou a pedir a vossa ajuda, seja através da vossa empresa ou por vocês próprios”, disse o responsável. Falando na cimeira de tecnologia Web Summit que decorre até quinta-feira no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, Tim Berners-Lee vincou: “Somos todos responsáveis por tornar a web num sítio melhor”. “Proponho-vos que façam parte disto. Nós conseguimo-lo fazer juntos”, acrescentou, alargando o pedido ainda a “governos de todo o mundo”, que devem ser “sensibilizados”. Tim Berners-Lee assinalou que, em 1989, quando criou a ‘web’ queria que esta fosse uma rede de livre acesso e que servisse a humanidade. “E quando ninguém esperava, a ‘web’ criou coisas incríveis”, observou. Porém, a seu ver, “sugiram algumas preocupações”, nomeadamente em questões como a privacidade e a segurança ‘online’, o que assinalou mostrando imagens referentes a perfis falsos em redes sociais e a manipulação na internet. “Devemos proteger-nos”, notou Tim Berners-Lee. Outro desafio é como possibilitar o acesso à internet a todas as pessoas, já que, de momento, apenas “uma metade” do mundo consegue ter. É nesse contexto que o criador defende este “contrato”, que tem como mote “Pela Web” (ou como ‘hashtag’ #fortheweb), visando criar valores de equidade e de segurança para todos os utilizadores da internet. “Precisamos ter a certeza de que as pessoas que estão ligadas à ‘web’ podem criar o mundo que desejam e usá-lo para corrigir os problemas que existem”, adiantou, defendendo que a internet seja “mais pacífica e mais construtiva”. Para esta edição, a terceira em Lisboa, a organização já prometeu “a maior e a melhor” de sempre, com novidades no programa e o alargamento do espaço, sendo esperados mais de 70 mil participantes de 170 países. A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Portugal e desde essa altura terá gerado um impacto económico de mais de 500 milhões euros. Inicialmente, estava previsto que a cimeira ficasse por apenas três anos, mas em outubro deste ano foi anunciado que o evento continuará a ser realizado em Lisboa por mais 10 anos, ou seja, até 2028, mediante contrapartidas anuais de 11 milhões de euros e a expansão da FIL. No ano passado, o evento reuniu na capital portuguesa cerca de 60 mil pessoas de 170 países, das quais 1.200 oradores, duas mil ‘startups’, 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.
Hoje Macau VozesMacau na WebSummit Marco Rizzolio [dropcap]A[/dropcap] WebSummit é “a conferência” anual sobre empreendedorismo: uma das mais importantes do mundo, focada na Internet e em Tecnologia. Trata-se do maior e mais importante marketplace de tecnologia da Europa. Os empreendedores ligados à tecnologia estão constantemente a procurar melhorias, e ali é onde encontram ferramentas para que isso aconteça. Hoje em dia, a maioria das inovações é impulsionada pela “Internet das Coisas”. Quando falamos de siglas como VR (Realidade Virtual), AR (Realidade Aumentada), AI (Inteligência Artificial) ou Crypto (BlockChain), muitas destas inovações têm um impacto disruptivo na sociedade, transformando a nossa maneira de viver. Estamos a falar de novos produtos ou de serviços que criaram novos mercados mudando os hábitos das pessoas, como a Netflix, AirBnB, Uber, Drones … Mas todos nós temos que concordar que a transformação da nossa sociedade pela tecnologia deve ser sustentável e tem que criar um impacto positivo na sociedade. Os empreendedores que usam a tecnologia são sempre curiosos e querem manter-se atualizados sobre as novas tendências que ocorrem nos seus segmentos de negócios. Este ano, a WebSummit terá nove áreas, onde diretores de inovação e pesquisa, CEOs, CTOs, CMOs de empresas como Huawei, Xiaomi, Apple, IBM, etc., irão cobrir tópicos desde Data-Science, Big-Data, e até, e mais urgente, tecnologia e inovação que visam a melhoria imediata do meio ambiente e sustentabilidade do planeta. Websummit não é apenas um encontro onde aprendemos sobre as novas inovações tecnológicas. Todo o ecossistema de startups estará presente na conferência, formada por incubadoras, aceleradoras, universidades, organizações financiadoras, investidores, assessores jurídicos, multinacionais, governos. É um melting pot de participantes, desde pequenas startups a multinacionais, que têm a oportunidade de marcar reuniões e fechar acordos durante o evento de três dias. Todos os participantes da conferência procurarão fazer network, tentando estabelecer novos acordos parcerias. O CEO da Uber afirma que o acordo de investimento mais importante da vida dele foi assinado durante a Websummit de 2011 em Dublin. Dois tipos de eventos acontecerão durante a Websummit: • Side Events: sessões com um formato de mini apresentações durante as horas fora da agenda do evento, para as pessoas socializarem. (ou seja, Sunset Summit e outros eventos privados patrocinados por grandes empresas) • Night Events: Durante a noite, os participantes são convidados a continuar o network em 3 locais diferentes para cada noite: LX Factory, Bairro Alto e Rua Cor de Rosa no Cais do Sodré. Aqui, o network será muito mais leve, mas não menos eficaz. Ecossistema de Startups na RAEM O governo de Macau está a tentar acompanhar a tendência destes ecossistemas que já existem em várias partes do mundo há mais de 20 anos e onde o empreendedorismo provou impulsionar o desenvolvimento rápido e sustentável do conceito de cidades inteligentes. Macau não quer perder o comboio com as cidades vizinhas da Grande Baía, como Hong Kong, Shenzhen, onde as primeiras incubadoras nasceram no início dos anos 2000. Lugares como Sillicon Valley, Shenzhen, Hong Kong, Lisboa, Tel-Aviv, Berlim e muitas outras cidades perceberam há anos a importância destas estruturas empresariais e o ganho económico real para a comunidade, trazendo a troca de conhecimento; conectando investidores com stakeholders e criação de talentos. A nossa cidade vizinha, Hong Kong já viu o nascimento de empresas 7 unicórnios (empresa com valorização acima de 1B $USD), entre elas a GoGoVan, Klook, Bitmex, Sensetime, Lalamove, TinkLabs e WeLab. Em Macau, as primeiras incubadoras começaram a surgir em 2014. O Macau Design Centre e o Centro de Serviços Integrados Culturais e Criativos de Macau, financiadas pelo FIC (Fundo de Indústrias Culturais de Macau), foram as primeiras incubadoras que tiveram a pretensão de incubar e acelerar as empresas instaladas na suas estruturas. Ambas aceitam principalmente empresas ligadas as indústrias criativas, como design, multimédia e artes. O Macau Envision é outro acelerador também fundado no ano passado e alberga actualmente cerca de 10 startups. Em 2017, o Departamento de Economia de Macau também lançou um espaço de trabalho partilhado sob a administração da empresa Parafuturo. O MYIEC (Centro de Jovens Empreendedores de Macau) é a primeira incubadora/aceleradora “de verdade”, que abrange sectores mais diversificados, como software, medicina, multimédia, viagens, logística e financiamento directo do governo. A Parafuturo recebeu mais de 120 pedidos e cerca de 60 projectos estão a ser incubados no MYEIC, ajudando as startups a conectarem-se com potenciais parceiros, investidores, mas também mentores. Macau está a abraçar esta nova onda de empreendedorismo e já está a construir o seu próprio ecossistema de startups. No início deste ano, a Parafuturo juntou-se a uma competição de startups “Protechting”, aberta a empresários locais, em cooperação com os grupos de investimento e tecnologia chineses Fosun e Alibaba. O Protechting é um programa de aceleração de startups lançado há três anos e desenvolvido pela Fosun e pela Fidelidade. Este ano, as startups locais de Macau vão participar na competição dedicada à Healthtech, Fintech e Insurtech, que será realizada no dia 8 de Novembro, no WebSummit Lisbon. Do desenvolvimento As Startups são fundamentais para ajudar a diversificar a economia de Macau. O desenvolvimento deste ecossistema faz parte do plano de desenvolvimento de cinco anos de Macau e também faz parte de uma das 19 acções governamentais sugeridas pela Secretaria do Fórum Económico de Macau. Apesar de Macau ser uma cidade com 650.000 habitantes e uma economia dependente do jogo, muitos empreendedores estão a gerir negócios nas mais variadas áreas, desde desportos, produtos de saúde, designers de moda, programadores, consultores, multimédia… O pequeno tamanho do mercado de Macau é uma vantagem para as startups locais, já que menos investimentos são necessários para conquistar uma participação de mercado, enquanto isso, possivelmente chamando a atenção de um possível parceiro de investimentos chinês. Há também uma mudança de mentalidade da nova geração que quer trabalhar de forma independente e construir seu próprio negócio. Macau está já a trabalhar na expansão das oportunidades de desenvolvimento local e internacional para os seus empresários da área da Grande Baía e dos países de língua oficial portuguesa. O MYEIC assinou um acordo de cooperação com a empresa portuguesa Beta-i, em Lisboa, e concordou em criar uma “Zona Interactiva Macau”, onde ambos os membros podem solicitar o uso do espaço de trabalho e desfrutar dos seus serviços de incubação. O Centro de Incubação de Jovens Empreendedores de Macau estará a trabalhar no próximo ano com a incubadora brasileira Fábrica de Startups Rio, para estender a “Macau Interactive Zone” ao Brasil e procurar oportunidades de projectos empresariais de alta qualidade para entrar em Macau e na China. Um modelo semelhante já foi criado no 760 Creative Industry Park em Zhongshan, na província de Guangdong. O MYEIC e a DSE estão a reforçar a cooperação com muitas incubadoras da grande área da baía: em Henqhin, Zhongshan, Guagdong, Shenzen e Hong Kong. Empresários locais com o ID de Macau poderão usar esta rede de centros de Incubadoras na China, que os ajudarão a facilitar a abertura de uma empresa na China, tendo escritórios, participando em programas de aperfeiçoamento e ajudando a encontrar trabalhadores qualificados e potenciais investidores chineses. Um outro acordo foi assinado no ano passado entre o Gabinete Económico de Macau e a Fábrica de Startups, permitindo que vários empresários de Macau pudessem usufruir de programas de consultoria/mentoring em Portugal, ao mesmo tempo que tinham um escritório de partilha no Second Home em Lisboa. Algumas empresas do MYEIC já têm sucesso internacional como é o caso de Aomi e Bingui. O papel de Macau no futuro do ecossistema de grandes startups da Grande Baía é conectar-se com empresas de países de língua portuguesa que querem ter acesso ao mercado chinês. Isso também funciona ao contrário com empresas da Grande Baía que queiram ter acesso ao mundo ocidental. A estratégia de longo prazo passa pelo fortalecimento das relações e parcerias entre os diversos pólos de empreendedorismo: vinculando toda a cadeia de ciclo do ecossistema: incubadoras, aceleradoras, investidores, universidades, entidades governamentais, assessores jurídicos, mentores etc. São serão sempre necessários programas permanentes de Incubação e Aceleração para empreendedores locais: mentoring avançado que abrange vários aspectos relacionados à gestão de negócios e à abertura de canais de investimento para facilitar o desenvolvimento dessas startups. A consolidação do ecossistema existente na área da Grande Baía precisa de leis que ajudem a quebrar as barreiras da cooperação. No caso dos Países de Língua Portuguesa, ainda estamos num estágio menos avançado devido à distância, mas certamente veremos os frutos das parcerias que têm sido criadas, nos próximos anos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeWebSummit | Participante queixa-se do fraco apoio do IPIM Macau esteve representada naquele que é considerado um dos maiores eventos da área tecnológica e de plataformas digitais com uma pequena comitiva. A KNJ Investment, nova accionista do grupo Global Media, é uma das empresas participantes. Katya Maia, fundadora do website Macau Lifestyle, participa a título individual e alerta para a falta de apoio do IPIM [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]obots que falam, carros voadores da Uber. Estas foram algumas das últimas novidades do mundo da tecnologia reveladas na WebSummit, a conferência mundial sobre tecnologia e plataformas digitais que decorreu até ontem em Lisboa. Macau fez-se representar com uma comitiva composta por Irene Lau e Steve Chan, responsáveis do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM), e o empresário Bernardo Alves, da A & P Holdings. Outra empresa local que também marcou presença foi a KNJ Investment, através de Philip Yip. A empresa é, no entanto, liderada por Kevin Ho, que recentemente adquiriu 30 por cento do grupo Global Media. Outra empresa de Macau que participou na WebSummit foi a Macau Lifestyle Media, liderada por Katya Maia e Sally Victoria Benson, e que detém o website “Macau Lifestyle”. Ao HM, a partir de Lisboa, Katya Maia falou da estreia neste evento mundial. “Macau é um território afastado e tudo isto parece irrelevante, mas isto já não é o futuro. É o presente e atinge toda a gente, desde Governo a empresas ou até indivíduos. Como participantes queremos aprender, conhecer pessoas e ganhar inspiração. Queremos levar para Macau aquilo que aprendemos aqui.” Katya Maia decidiu participar na WebSummit por sua livre iniciativa, sem qualquer apoio do IPIM. “Tudo partiu da nossa vontade, porque achamos importante participar devido às oportunidades de negócio.” Da frustração A empresária da área dos media não deixa de apontar o dedo ao IPIM. “Contactámos o IPIM várias vezes e não se mostraram muito cooperantes connosco. Tivemos uma reunião com eles mas não funcionou, não sei porque razões. Talvez porque tenhamos um website em inglês, uma área que não tem qualquer tipo de regulação em Macau, ao nível de media digital. Temos o registo e a licença mas não somos reconhecidos como media. Isto é muito frustrante.” Katya Maia considera “frustrante” o facto do IPIM não dar apoio a projectos como o Macau Lifestyle. “Acreditamos que o nosso projecto pode promover Macau no mundo e é frustrante que não seja reconhecido pelo IPIM ou outras entidades, quando é suposto apoiarem as Pequenas e Médias Empresas (PME).” A empresária tentou mesmo estabelecer contacto com os dois representantes do IPIM em Lisboa, mas afirmou nunca ter obtido uma resposta. Num evento que conta com a presença de várias startups e empresas do género de Hong Kong, da China e de toda a Ásia, Kátia Maia lamenta que haja uma certa “estagnação” na forma como as PME são promovidas neste tipo de eventos. E lamenta que haja pouca promoção numa altura em que as relações entre Portugal e China estão numa boa fase. “É incrível que não haja aqui mais PME de Macau da área da tecnologia. O IPIM está aqui representado mas não tem tido uma postura muito activa. Há aqui muitas empresas de Hong Kong, desde startups a investidores, por exemplo”, explicou. Katya Maia considera que a falta de uma maior comitiva em Lisboa não se prende com a ausência de startups em Macau. “Há muita publicidade para as PME, e muito apoio. Reconheço que recebemos apoios para jovens empresários, mas não cobre sequer a totalidade das despesas iniciais. Acreditamos que temos mais empresas inovadoras em Macau que optam por trabalhar exclusivamente online e que continuam a recusar aparecer numa ‘versão impressa’”, concluiu.