Rapariga com tatuagem de Pégaso

[dropcap]E[/dropcap]ra sexta-feira. Ela tinha o rosto coberto e, depois de o destapar e lhe dar um beijo, voltou a cobri-lo. As tias e outras pessoas formaram um círculo e, de mãos dadas, começaram a cantar. Eu não percebia bem o que elas diziam, porém a música era tão bela e triste, o ar tão pesado que, minutos depois, me fez romper num pranto desesperado. Não era a única.

Quando quis despedir-me, aproximei-me do caixão e destapei-lhe o rosto. Parecia uma versão um pouco acinzentada de si mesma. A maquilhagem utilizada para disfarçar as marcas da violência que sofrera não era suficiente. O piercing no nariz ainda lá estava e o pescoço coberto, mas eu só soube a razão um mês depois. Pedi-lhe desculpa por tudo aquilo mas também pela pena que involuntariamente sentia de mim mesma agora, uma semana antes do meu aniversário, aquele que eu nunca esqueceria. Disse-lhe adeus, baixinho, e encostei os lábios à testa dela para dar um beijo à rapariga com a tatuagem de Pégaso. Fui invadida pelo gelo que é já não termos o coração a bater. Ela estava da temperatura mais baixa que eu alguma vez tinha sentido. E foi como se me abandonasse o espírito, e repente pensei que ia desmaiar, tal era a forma desvairada (tão diferente da minha voz de sempre) como eu gritava, chorava e dizia o quão fria ela estava. Como se mais ninguém soubesse. Eu nunca tinha tocado numa pessoa que não estivesse viva. Nos filmes e na televisão nunca vemos alguém estranhar essa temperatura oposta à nossa. Era a segunda pessoa morta que eu via, mas a primeira em quem eu tinha tocado. Já não sei quem me segurou; estava histérica e não percebia como é que a rapariga de antes fora capaz de fazê-lo com tanta serenidade. Consegui controlar-me algum tempo depois, apenas o suficiente para voltar para junto dela e dar-lhe o beijo de despedida que interrompera.

Sábado. Mais um funeral em dia solarengo e quente. Comecei a achar que fazia sempre sol nos funerais, mas claro que isso não fazia sentido. Nem parecia que estávamos em Outubro. Foi tudo muito difícil, desde o percurso da igreja para o cemitério ao baixar do caixão e atirar dos primeiros bocados de terra (ouviram-se choros e lamentos reforçados, nesse momento), até ao olhar em volta, para aquela massa enorme de gente, e pensar “Será que ele está aqui?” Ele, o autor de tudo aquilo, sobre quem cedo pensei que precisaria de perdão.

No dia seguinte, domingo, como habitualmente passei as duas últimas horas de trabalho sozinha e, entre a falta de chamadas e a visão da sua cadeira vazia, tão perto da minha e mais vazia do que as outras, dei por mim a vaguear pela sala, até encontrar um saco cinzento, dos que usávamos para guardar os headsets e, dentro dele, entre várias outras coisas, o seu caderno actual. Foi uma descoberta assombrosa. Um caderno A5, azul, pautado, com argolas brancas, perfeitamente comum, que eu guardaria durante muitos anos, como se pudesse trazê-la de volta.

Todos os tínhamos; eram uma das nossas ferramentas de trabalho mais importantes, onde registávamos o nome da pessoa com quem estávamos a falar, fosse cliente, colega de loja ou motorista, o número da loja e o número do processo em questão, um procedimento que parece obsoleto, volvidos doze anos. O caderno começava a nove de Setembro e terminava a vinte e três de Outubro de dois mil e sete. Começava com uma Fátima e acabava com uma Ana. E entre uma e outra houvera Rosas, Danielas, Verónicas, Josés, Mafaldas, Paulas, Carlos, Pedros, Sandras, Cristinas, Jorges, Tiagos, Margaridas, Salomés, Brigites, Marcos, Ruis, Olgas, Cátias, Ricardos, Elsas, Joanas, Adílias, Martas, Dulces e tantos outros nomes, de inúmeros sítios do país. Havia um post-it amarelo com o nome e o número de telemóvel do nosso chefe. As datas apareciam a vermelho e marcador amarelo fluorescente. Tudo o resto fora escrito a azul e, antes de cada nome, alternadamente, um traço ou uma bolinha, a vermelho. Metade do caderno estava preenchida, a outra metade em branco. Alguns rabiscos, uma ou duas notas não relacionadas com o trabalho, o seu nome e alcunha escritos em vários sítios, com uma daquelas canetas de bico fino, verde escuro. Um bloco de apenas três post-its, com o rebordo pintado a verde, na folha do dia 23 de Outubro – sem nada escrito. Nada mais seria escrito.

Eis o caderno da Vânia, que sabia dançar, que fumava, que devorava Pringles e adorava Skittles embora afirmasse, com toda a certeza, que os de Inglaterra sabiam muito, muito melhor. Compreendo. Afinal, a vida também sabia melhor quando ela estava por perto. A filha herdou dela a beleza e, com um pouco de sorte, a todos nós terá calhado alguma da sua força.

Ouço “Visions” de Stevie Wonder repetidas vezes. Olho as fotos cúmplices que já conheço de cor. De algum modo, sinto que são as mais belas. Passou metade da pena de prisão. Passou muita coisa, excepto a memória de alguém que conheci apenas durante meio ano. Bolas, que belo meio ano.

5 Nov 2019

Site disponibiliza informações de locais “amigos das tatuagens”

[dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]m novo site japonês disponibiliza informações sobre banhos termais e praias que permitem a entrada de pessoas com tatuagens no corpo, algo raro num país onde as tatuagens ainda são, muitas vezes, associadas à máfia. A página “Tattoo Friendly” pretende ser uma referência para turistas estrangeiros tatuados que querem ir a hotéis, spas, ou piscinas no Japão, entre outros locais públicos, onde normalmente há restrições de entrada às pessoas com tatuagens.

A ideia surgiu porque “a comunicação é difícil devido à língua” e desta forma os turistas podem “aceder a novos conteúdos”, afirmou o criador do site, Miho Kawasaki. O responsável da “Tattoo Friendly” disse ainda não fazer sentido continuar a aplicar medidas “rígidas e restritivas” contra as tatuagens por causa da associação das tatuagens a grupos criminosos, como a ‘yakuza’ (máfia japonesa).

O site, lançado em inglês a 28 de Maio, já registou mais de 10.000 visualizações e permite aos utilizadores verem o mapa do arquipélago japonês e verificar as regras de acesso relacionadas com a permissão de tatuagens em vários tipos de estabelecimentos.

Kawasaki quer combater os preconceitos e, desta forma, evitar situações difíceis para os turistas, quando confrontados com a proibição de entrada nos locais.

Mais de metade dos estabelecimentos termais e banhos públicos no Japão não permitem tatuagens, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Governo nipónico em 2015.

7 Jun 2018

Sarah Henna Macau | Traços de felicidade

Sarah Leong despertou para as tatuagens feitas com henna há cerca de cinco anos e, desde então, é esta actividade que ocupa os seus dias. Faz tatuagens a pedido para vários eventos e clientes, e também organiza workshops. Para Sarah, desenhar com henna representa mais do que uma simples expressão cultural

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s tatuagens feitas com henna já se popularizaram um pouco por todo o mundo, sendo um dos símbolos que mais facilmente é reconhecido como fazendo parte da cultura indiana. Henna é um pó que vem das cascas de árvores e que serve não apenas para fazer tatuagens indolores, podendo ser utilizado em produtos de beleza e roupas.

Sarah Leong apaixonou-se quase de imediato por este produto, tendo desenvolvido as suas técnicas de forma espontânea. Hoje gere a actividade através da sua página de Facebook, intitulada “Sarah’s Henna Macau”, aceita os mais diversos pedidos dos clientes e também é mentora de workshops que ensinam outras pessoas a desenhar com henna, seja no corpo ou em objectos.

Ainda assim, Sarah diz que aquilo que faz não é um negócio. “Quando comecei só queria partilhar o meu trabalho através do Facebook, e nada mais, por forma a mostrar a cultura de henna às pessoas de Macau. Isto porque o mais importante do trabalho com henna é fazer com que mais pessoas conheçam este tipo de arte. Macau é o local ideal para que existam diversas culturas”, explicou ao HM.

A primeira vez que Sarah tentou fazer um desenho deste tipo recorreu a um eyeliner, utilizado para realizar a maquilhagem comum. Mas depressa começou a experimentar os instrumentos tradicionais.

“Comecei a desenhar com henna em 2012 mas, nessa altura, desenhava com uma caneta de eyeliner e ajudava a fazer maquilhagens para dançarinos. Eu própria sou dançarina de Bollywood e sempre tive um interesse pelos elementos da cultura indiana.”

Nessa altura, fazer desenhos com henna era apenas um divertimento. Até que, um ano depois, tudo mudou. “Em 2013, tive a oportunidade de fazer um curso de henna em Macau e foi a primeira vez que fiz trabalhos com um cone [um dos materiais utilizados para fazer as pinturas]. Ainda me lembro de como estava entusiasmada com isso e, depois de três horas de aula, comecei a praticar sozinha”, recordou.

“Foi bom ter conseguido um logótipo, então criei a minha página, mas apenas por divertimento. Mas depois os meus amigos incentivaram-me a desenvolver mais os trabalhos de henna e a começar, de facto, um negócio. As pessoas começaram a descobrir que desenhava com henna e aí comecei a criar produtos diferentes com padrões”, apontou.

Uma forma de meditação

Sarah é provavelmente uma das poucas pessoas em Macau que faz este tipo de trabalho. A ideia é sempre alargar horizontes e conhecimentos nesta área. “Tento conhecer diferentes artistas que trabalham com henna em Taiwan ou em Hong Kong. Através da henna posso também conhecer várias pessoas e ouvir as suas histórias. Todas essas coisas fizeram-me começar a trabalhar com henna”, contou.

Para a artista, este não é um simples trabalho artístico, mas sim algo que mexe com a mente. “A henna não tem apenas a ver com cultura e arte. Quando seguro um cone é, para mim, uma altura em que me sinto relaxada, então considero a henna como a minha forma de meditação. É por isso que eu gosto tanto de henna, e sinto que desenhar faz parte do meu corpo e da minha vida.”

O grande conceito por detrás de uma tatuagem feita com henna é a busca da felicidade. Sarah faz todo o tipo de padrões, consoante aquilo que o cliente procura.

“Cada vez que falo com um cliente discutimos no sentido de encontrar o melhor padrão. Claro que também aceito algumas ideias prévias e muitas vezes crio um padrão só para essa pessoa. Digo sempre que, se as pessoas acreditam no meu trabalho, então vêm ter comigo. Mas, com base na cultura indiana, desenho na maioria flores, folhas… Tem tudo que ver com a natureza e sempre com uma ligação ao estilo indiano”, explicou a artista.

Tratando-se de um tipo de tatuagem que não causa dor, ao contrário das tatuagens normais, Sarah garante que “as pessoas podem escolher padrões diferentes e ter sensações diferentes”.

“A henna não é apenas para os casamentos e coisas mais tradicionais, mas também pode ser utilizada em moda e por pessoas que gostam de tatuagens de forma temporária”, disse a artista.

“Há pessoas que gostam de ter uma tatuagem antes de irem de férias e essa tatuagem pode fazer das suas férias algo diferente. Nesse período de tempo, sentem como se tivessem uma tatuagem verdadeira”, concluiu.

26 Abr 2017

Saúde | Tatuadores operam sem fiscalização e licenças especiais

Em Macau, as lojas de tatuagens abrem portas sem uma licença específica, enquanto nas redes sociais proliferam páginas de tatuadores que se oferecem para fazer o trabalho em casa, sem qualquer fiscalização. Tatuados e tatuadores pedem legislação que garanta a higiene e o controlo de doenças

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]iago ostenta num dos braços uma tatuagem feita em Macau há alguns anos, numa loja que, no fim de contas, não era bem uma loja. Tiago nem sequer sabe se essa loja, localizada no rés-do-chão de um prédio, tinha licença para ter as portas abertas.

“É uma habitação que foi alterada para ser uma loja de tatuagens, mas não sei se tem autorização ou não. Não sei se tem licença, é uma espécie de apartamento T2 localizado no rés-do-chão, sem qualquer publicidade ou visibilidade cá para fora. Só quem sabe é que lá vai.”

A experiência vivida por Tiago, fotógrafo e designer, radicado no território há alguns anos, é comum para quem decide fazer uma tatuagem em Macau. Se é verdade que, nos últimos dois anos, houve vários espaços a abrir portas, com alguma qualidade, a verdade é que continua a não existir legislação específica para esses serviços. Não existem, assim, quaisquer regras quanto à legalização do espaço, a utilização de materiais e equipamentos ou até quanto à idade mínima para fazer uma tatuagem. É comum vários tatuadores – chineses, portugueses ou filipinos – promoverem o seu trabalho nas redes sociais e realizarem tatuagens em casa do cliente, sem que haja qualquer fiscalização.

Tiago teve um pequeno azar, que poderia ter sido grande: após ter feito a tatuagem, teve uma pequena infecção, que tratou em casa. “A minha tatuagem tem vindo a perder a cor e quando fiz os retoques finais infectou um pouco em algumas partes. Não fui ao hospital, desinfectei em casa com água e um creme. Se fosse mais grave, talvez tivesse de ir ao hospital.”

É por isso que defende que deveria haver uma legislação específica para um sector que está a crescer e que vive no vazio em termos legais. “Penso que as coisas deviam ser abertas e legalmente mais fáceis, também não sei se é fácil ter licença para isso. Devia haver uma maior fiscalização e alguma licença especial, porque é um trabalho quase cirúrgico, são usadas agulhas. Se a tatuagem não for bem feita é uma maneira de transmitir doenças, até mortais. Como é óbvio, o Governo devia fiscalizar e andar mais em cima disso. Da parte das pessoas que fazem tatuagens, deviam investir mais em material de topo, investir na qualidade, para que os trabalhos sejam melhores”, sustenta o fotógrafo e designer.

Uma espécie de cosmética

A falta de legalização dos tatuadores e das lojas não é um problema exclusivo em Macau. Em Hong Kong, o panorama é semelhante e é bastante fácil encomendar um trabalho deste género através das redes sociais. Em Portugal chegou a existir um projecto de lei na Assembleia da República, que não avançou. Um estudo de 2016, elaborado pela Comissão Europeia, mostra que é escassa a legislação sobre tatuagens e a formação de quem as faz. Há 60 milhões de europeus com tatuagens no corpo, mas ficou provado que 60 por cento dos pigmentos usados em tintas são “azo” pigmentos, ou seja, com o passar do tempo poderão originar problemas cancerígenos. Muitas das tintas não são, sequer, fabricadas apenas para a realização de tatuagens.

Mandarim Wong, que há dois anos abriu a ZZ Tattoo, aprendeu a tatuar com um amigo. Por norma recebe um cliente a cada dois dias, tendo falado de um mercado que, apesar de recente, já está saturado.

“Há muitos artistas que prestam serviços na casa dos clientes e levam o seu próprio equipamento. Não têm lojas e não é difícil encontrar este tipo de tatuadores. Existem muitos. Em Macau não é preciso licença para ser artista de tatuagens. O Governo também não exige licença. Sou uma tatuadora e não tenho qualquer licença, porque é difícil ter uma licença própria para este sector”, contou ao HM.

“Em Hong Kong, na China e em Macau as lojas de tatuagem não precisam de uma licença específica, e muitas têm licenças como se fossem lojas de cosmética”, referiu Mandarim Wong, que defende, contudo, ser necessária alguma regulamentação.

“Concordo que é preciso alguma legislação para regular o sector das tatuagens porque, para fazer uma tatuagem, é necessária uma anestesia, e esse é um tipo de medicamento. Sei que houve clientes que sofreram algumas alergias cutâneas depois de fazer tatuagens.”

Grace Punx, da Muse Tattoo, também defende novas medidas. “Pensamos que o Governo poderia providenciar algum tipo de licença como uma opção para as lojas de tatuagens, por forma a mostrar aos clientes que seguimos padrões profissionais em termos de segurança e higiene.”

Nesta loja, em operação desde 2014, “todos os tatuadores são profissionais treinados que seguem padrões de higiene semelhantes aos das lojas do Reino Unido ou dos Estados Unidos”. Quanto ao equipamento, “é esterilizado antes e depois da sua utilização”, confirmou Grace Punx.

Rui Furtado, médico cirurgião e ex-presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa, também defende a implementação de regras. “Penso que deveria haver uma supervisão para esse tipo de actividade. Agora, como poderá ser feita não faço ideia, uma vez que eles não são médicos, enfermeiros ou pessoal de saúde. Pelo menos deveria ser feita uma supervisão aos locais onde se fazem as tatuagens, pelos Serviços de Saúde. Julgo que é difícil controlar isso.”

O HM inquiriu os Serviços de Saúde e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) quanto à atribuição das licenças. Apenas o IACM confirmou que não atribui licenciamento a este tipo de lojas. Até ao fecho desta edição não foi possível obter uma resposta por parte da direcção de serviços liderada por Lei Chin Ion.


“A qualidade não é nada de especial”

Apesar de estarmos perante um mercado em crescimento, a verdade é que a qualidade das tatuagens continua a não ser a desejada por muitos dos aficionados. Susana Torres, designer, é peremptória: “Em Macau fiz uma tatuagem há 15 anos e fiquei tão mal servida que nunca mais tive coragem de repetir. A maioria que fiz foi em Hong Kong.”

“Em Hong Kong a oferta é imensa, os artistas são vários e de muito talento. O meu tatuador, por exemplo, é da África do Sul. Existem lojas de tatuagens em Hong Kong em que a lista de espera é de quase um ano para certos artistas. Em Macau há casas de tatuagens há muitos anos, mas são muito fracas”, acrescentou a designer.

Susana Torres põe completamente de parte a possibilidade de atravessar as Portas do Cerco para fazer este tipo de trabalhos, mas garante que há muitas pessoas a procurarem Zhuhai para fazerem algo mais ligado à cosmética, como sobrancelhas permanentes.

“Antes de fazer uma tatuagem, e se estou num sítio que não me é familiar, tento ver primeiro o traço do artista. Aqui em Macau, até há pouco tempo, não havia nenhuma loja em que eu confiasse o meu corpo, pois os traços que apresentavam eram realmente muito fracos. Os tatuadores safam-se em termos básicos e pouco mais.”

Apesar de referir algumas lojas recentes com um nível mais superior, Tiago defende que “a qualidade não é péssima, mas não é nada de especial, se compararmos com Hong Kong e com o que estamos habituados a ver na Europa ou até em Taiwan, na Tailândia. Esses trabalhos não se comparam nada com o que é feito aqui. Muitas vezes não se investe no material, nas tintas.”

Jorge Tavares, jogador de futebol, tem tatuagens em várias partes do corpo, muitas delas feitas em Portugal. Nunca fez uma tatuagem em Macau, nem pensa fazer.

“Conheço pouco a situação em Macau. Colegas meus e pessoas conhecidas optam por ir fazer tatuagens em Hong Kong, os valores são mais elevados mas vale a pena pela qualidade do trabalho. Ainda há o receio de tatuar em Macau. Ainda há muita coisa para explorar. Dificilmente farei uma tatuagem aqui, é uma área que não é muito explorada. Não há o passa-palavra em termos de qualidade e higiene. Aqui temos pessoas com tatuagens e sem grande conhecimento da matéria”, disse ao HM.

Susana Torres acredita que, em termos de fiscalização de qualidade e até de higiene, cada pessoa deve escolher bem o seu tatuador. “Há imenso pessoal que publicita o trabalho no Facebook e que faz tatuagens em casa. O fazer uma tatuagem em casa não torna o trabalho mais perigoso. Tenho tatuagens feitas em minha casa que seguiram todos os códigos de higiene. Isso passa um pouco pela experiência de quem vai ser tatuado e saber o que se deve ou não fazer.”

4 Jan 2017