Taça GT Macau | Fuoco vinga desastre de 2024 e vence sem espinhas

O piloto italiano conseguiu finalmente levar o Ferrari ao lugar mais alto do pódio, e superou Raffaele Marciello, piloto com quem colidiu no ano passado na Curva do Lisboa, quando liderava, e que lhe valeu a desistência

Antonio Fuoco (Ferrari 296 GT3) foi o vencedor da Taça GT Macau, uma prova que dominou desde o início até ao final. O italiano vingou assim a desistência do ano passado, depois de ter sido obrigado a abandonar, quando liderava, após um toque com Raffaele Marciello (BMW M4 GT3), na Curva do Lisboa.

“Acho que é muito especial ganhar em Macau, principalmente depois do que aconteceu no ano passado. Mas isto faz parte das corridas, e o principal foi voltar neste ano, e conseguir fazer tudo bem”, afirmou Fuoco. “A equipa fez tudo para voltarmos e ganharmos (…) tentei fazer um arranque forte, e forçar muito na última curva para abrir uma vantagem para os restantes. Puxei muito e a certa altura ia perdendo o controlo do carro na Curva do Mandarim, mas correu tudo bem”, contou.

Fuoco elogiou ainda o novo formato da qualificação, com uma segunda sessão apenas para os melhores qualificados: “foi muito divertido, acho que foi uma boa mudança”, considerou.

Em segundo lugar, terminou Raffaele Marciello, que tinha vencido no ano passado, mas que nesta edição nunca mostrou andamento para ameaçar o domínio da Ferrari. No entanto, o suíço voltou a estar envolvido em toques, desta feita com Alessio Picariello (Porsche 911 GT3 R), que acabou nas barreiras.

“Tentei recuperar no início e quase que consegui (…) mas os Ferraris tiveram um bom começo e foi uma corrida difícil”, disse o piloto. “O carro estava muito complicado de conduzir, por isso a certa altura tive de mentalizar-me que o importante era chegar ao fim”, acrescentou.

Porsche com sortes distintas

A Porsche também assegurou uma presença no pódio, através do alemão Laurin Heinrich (Porsche 911 GT3 R). “Sabia que ao arrancar do oitavo lugar da grelha ia ser muito difícil recuperar, mas acho que fui beneficiado quando perdi uma posição na corrida de qualificação, porque assim fiquei no lado mais favorável na grelha de partida”, relatou.

Heinrich reconheceu também não ter andamento para conseguir mais do que o lugar mais baixo do pódio. “Eu tentei pressionar o Raffaele Marciello, mas senti que não tinha andamento para ele, por isso, sabia que só poderia fazer melhor se ele cometesse um grande erro, o que não aconteceu. A corrida passou assim também por garantir que não era pressionar atrás”, apontou.

Heinrich lamentou também o toque no colega de equipa Ayhancan Guven, que fez com que o turco ficasse fora de prova: “Por um lado estou contente com o pódio, mas também triste com o que aconteceu. Acho que o meu colega tinha um bom ritmo e merecia mais”, lamentou.

Alto e Baixo

Alto

Numa pista em que nem sempre é fácil fazer voltas lançadas, o novo modelo de qualificação traz mais emoção à prova

Baixo

Edoardo Mortara conhece o circuito da Guia como poucos, no entanto, a prova do italiano ficou marcada pela falta de ritmo do Lamborghini, erros do piloto e azares

Classificação

1.º Antonio Fuoco  Ferrari 296 GT3 27m29s598

2.º Raffaele Marciello BMW M4 GT3 a 3.960

3.º Laurin Heinrich  Porsche 911 GT3 R a 4.609

Ye Yifei fenómeno de popularidade

Ye Yifei (Ferrari 296 GT3) regressou a Macau, no ano em que se tornou o primeiro piloto chinês a vencer as 24 horas de Le Mans, o maior feito até agora do automobilismo do Império do Meio. Apesar de correr em Macau com licença italiana, o chinês foi recebido como herói nacional e foi um dos pilotos mais requisitados do paddock para tirar fotografias e dar autógrafos. O piloto ainda chegou a sonhar com a vitória, depois de arrancar do segundo lugar da grelha de partida, mas um arranque menos conseguido fez com que não fosse além do quinto lugar final. Nada que afectasse a sua popularidade, dado que após a corrida continuou a ser o mais requisitado entre os fãs.

17 Nov 2025

Futuro da Taça GT Macau não está em risco

[dropcap]Q[/dropcap]uinze inscritos na edição de 2018 da Taça do Mundo FIA de GT foi um choque tanto para os aficcionados, como para as várias partes envolvidas na organização da prova que fez parte da 65ª edição do Grande Prémio de Macau e que foi ganha contundentemente pelo brasileiro Augusto Farfus Jr.

Mas ao contrário do que poderia ser de esperar, os construtores envolvidos não desanimaram com o desapontante número de concorrentes e prometem voltar no próximo ano, mesmo que para isso a regra introduzida pela FIA em 2017, que impede a participação de pilotos bronze e prata, rotulados como “pilotos privados”, seja abolida.

Em conversa com os jornalistas após a corrida, Chris Reinke, o director desportivo da Audi, disse que “para o futuro, esta corrida precisa de ter uma grelha de partida com 20 carros, ainda melhor se forem 25. Do meu ponto de vista, a primeira prioridade deve ser preservar o conceito existente e conquistar mais construtores.”
Caso este objectivo não seja concretizado, Reinke é a favor da “possibilidade de abrir a grelha de partida novamente a pilotos prata ou bronze para que se atinja o volume necessário de concorrentes”.

Stefan Wendl, o responsável máximo da competição-cliente da Mercedes-AMG, também é a favor que a corrida siga essa via, pois os “pilotos privados endinheirados podem até acabar por ajudar a financiar a participação das equipas de fábrica.”

Stéphane Ratel, cuja a sua empresa SRO Motorsport Group coordena esta corrida em parceria com a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), acredita que qualquer novo construtor precisa de acreditar que tem hipóteses contra aqueles que têm coleccionado informação da pista nos últimos e hoje são praticamente invencíveis.

Da dúzia de construtores que pode participar nesta prova, apenas a Ferrari, por não ter equipa de fábrica na categoria GT3, e a Bentley, por discordar da localização da prova, não tem qualquer interesse nestancorrida. Todavia, apenas cinco participaram oficialmente na edição de 2018: Audi, BMW, Nissan, Mercedes-AMG e Porsche. Se a Honda teve uma experiência traumatizante em 2017, a Lamborghini não compareceu porque a sua equipa oficial no continente asiático está de mala feitas para a Europa. Igualmente ausentes, a Aston Martin e a McLaren vão disponibilizar novos modelos para o mercado apenas em 2019.

O Conselho Mundial da FIA reúne-se a 5 de Dezembro em São Petersburgo, na Rússia, e não há certezas que saia já uma resolução do que fazer com a prova da RAEM. Apenas se sabe que a FIA cedeu à pressão dos construtores e mudou a data da prova de Xangai do Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC) que teimosamente coincidia com o Grande Prémio de Macau, o que era do desagrado de algumas marcas, como a Porsche ou a BMW.

Regresso às origens

Caso o voto da FIA seja na direcção de deslocalizar a Taça do Mundo de GT para outras paragens ou até mesmo colocar um ponto final à iniciativa, a presença dos carros de GT no Circuito da Guia não está condenada.

Vários ex-pilotos da Taça GT Macau estiveram presentes como espectadores no evento que marcou o mês de Novembro na RAEM e não escondem a vontade de regressar como faziam num passado recente. Por outro lado, haverá vontade dos organizadores do Campeonato da China de GT em ocupar, em certa medida, o espaço que ficará em aberto caso a Taça GT Macau perca o estatuto de Taça do Mundo FIA.

Apesar da importância do título que atribui a federação internacional, as próprias marcas não descartam regressar ao Circuito da Guia caso a corrida volte aos moldes anteriores, sem um ceptro mundial para outorgar.

“Nesse cenário, iremos avaliar a nossa participação, mas para nós, Audi Sport customer racing, provavelmente fará sentido (voltar), pois temos muitos clientes na Ásia”, afirma Reinke.

Já Frank-Steffen Walliser, o responsável máximo da Porsche Motorsport, que este ano também não deixou de marcar presença entre nós, deixa claro que a marca de Weissach voltará de qualquer maneira, até porque “haverá sempre a corrida de GT em Macau, isso é garantido, mas em que condições, logo veremos…”

30 Nov 2018

Taça GT Macau – SJM | Um plantel de luxo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 10ª edição da Taça GT Macau será celebrada este ano com a continuidade, pelo terceiro consecutivo, da Taça do Mundo de GT da FIA. Depois do fiasco do ano passado, em que o vencedor terminou com as quatro rodas apontadas para o ar, todos os intervenientes esperam um desfecho diferente, em que o espectáculo esteja a altura da imponência destes carros e do potencial dos pilotos intervenientes.

Para este ano a FIA decidiu contra a participação de pilotos amadores e conseguiu persuadir os grandes construtores a regressarem. Assim, serão apenas vinte os pilotos presentes, representando alguns dos mais prestigiados construtores automóveis mundiais: Audi, BMW, Ferrari, Honda, Lamborghini, Mercedes-Benz e Porsche.

A grelha de partida está recheada de nomes bem conhecidos de Macau. Laurens Vanthoor retorna à Guia para defender o título, mas desta vez ao volante de um Porsche. A marca alemã contará ainda com um segundo carro para Darryl O’Young, o piloto de Hong Kong que venceu a primeira edição desta corrida em 2008.

Maro Engel, que venceu esta corrida por duas ocasiões, em 2014 e 2015 (a primeira da Taça do Mundo em Macau), volta a ser um dos ponta-de-lança da Mercedes-Benz. A casa de Estugarda conta com outro nome conhecido nas suas fileiras este ano. O “Sr. Macau”, Edoardo Mortara, o piloto com mais triunfos nesta corrida, então pela Audi, vai tentar vencer esta corrida pela quarta vez.

Os nomes sonantes não se ficam por aqui. A Mercedes-Benz, que traz quatro carros de fábrica, ainda contará com o espanhol Daniel Juncadella que venceu o Grande Prémio de Macau de F3. Outro ex-vencedor de F3 que está de regresso à RAEM é Lucas Di Grassi. O brasileiro campeão da Fórmula E, para carros eléctricos, tripulará um Audi e tentará emular o sucesso conseguido em 2005 nos monolugares. Por fim, Felix Rosenqvist, o sueco que venceu a corrida de F3 por duas ocasiões, estreia-se na corrida dos “supercarros” com um Ferrari 488 GT3 de uma equipa norte-americana.

A BMW abdicou de António Félix da Costa, para tristeza dos adeptos portugueses, mas convocou Augusto Farfus que também por cá já venceu, nos tempos em que a marca da Baviera corria no WTCC, com a particularidade do brasileiro ir conduzir o 18º “BMW Art Car” desenhado pela artista chinesa Cao Fei.

Quem segue de perto as corridas de GT sabe que a lista de favoritos não se fica por aqui, pois há um ex-vencedor das 24 Horas de Le Mans, Romain Dumas, o campeão da Blancpain GT Sprint Cup, Mirko Bortolotti, um ex-campeão do DTM, Marco Wittman, ou o vencedor da Bathurst 1000, Chaz Mostert.

Depois da Corrida de Qualificação no sábado, onde ninguém quererá cometer exageros, que no “nosso” circuito se pagam caro, espera-se uma super corrida de 18 voltas no domingo à hora de almoço. A não perder…

Reputação intacta

A corrida do ano passado, que teve apenas duas voltas competitivas, irritou as marcas e mereceu, com justiça, apupos por parte do público. Afinal de contas, a corrida acabou prematuramente e os espectadores pagaram por um espectáculo que não assistiram. Contudo, apesar do sururu causado, a reputação da corrida não saiu beliscada.

“Macau é Macau e alguma controvérsia faz parte do espectáculo”, explicou ao HM Benjamin Franassovici, o responsável para esta prova da reputada empresa francesa SRO Organization, que entre outros campeonatos, organiza as Blancpain GT Series na Europa e Ásia, e que, pelo terceiro ano consecutivo, está a colaborar com a FIA e a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) em Macau.

“O que aconteceu o ano passado foi algo único, penso que não veremos algo igual outra vez, mas foi também um acontecimento que gerou um vasto interesse num mundo mais amplo graças às redes sociais”, explica o responsável, que acrescenta: “Não penso que tenha sido má publicidade, e até pode ser considerado o contrário. Mas não acredito que um episódio assim irá acontecer de novo.”

Este ano, das setes marcas que aceitaram o desafio da federação internacional, seis estão representadas a nível oficial (ndr: apenas a Ferrari não é oficial), o que é um recorde para a prova. Por outro lado, a Honda escolheu esta prova estrear pela primeira vez no continente asiático o novo NSX GT3.

Pilotos de Fábrica

Audi

Lucas Di Grassi

Nico Muller

Robin Frijns

BMW

Augusto Farfus

Marco Wittman

Tom Blomqvist

Ferrari

Felix Rosenqvist

Honda

Renger Van der Zande

Lamborghini

Mirko Bortolotti

Mercedes-Benz

Maro Engel

Edoardo Mortara

Raffaele Marciello

Dani Juncadella

Porsche

Laurens Vanthoor

Romain Dumas

Darryl O’Young

16 Nov 2017