Exposição | Instituto Cultural quer trazer a Macau trabalhos de Siza Vieira

O Museu de Arte de Macau poderá receber a exposição “In/Disciplina”, com obras dos arquitectos Álvaro Siza Vieira e Carlos Castanheira. O Instituto Cultural contactou a Fundação de Serralves para tornar a mostra uma realidade, mas a pandemia remeteu o processo de volta à estaca zero

 

O Instituto Cultural (IC) pretende trazer para Macau a exposição “In/Disciplina”, que faz a retrospectiva das obras de arquitectura de Álvaro Siza Vieira, vencedor de um prémio Pritzker, e Carlos Castanheira. A exposição esteve patente na Fundação de Serralves, no Porto, entre 19 de Setembro de 2019 e 5 de Janeiro de 2020.

A confirmação foi dada ao HM pelo IC. “O Museu de Arte de Macau (MAM) pretende, no que se refere à exposição ‘Álvaro Siza – In/Disciplina’, exibir, de forma sistemática, as obras arquitectónicas de destaque projectadas por Álvaro Siza em todo o mundo e pretende acrescentar ainda os seus projectos de arquitectura no Interior da China, em Macau e noutras cidades asiáticas.”

Foi, neste contexto, solicitado “ao curador da exposição uma nova escolha de obras”, mas a pandemia veio adiar os planos, não existindo, para já, um calendário concreto. “Devido à situação pandémica, o conteúdo, a dimensão, a duração, e os pormenores dos preparativos da exposição, entre outros, estão sujeitos a uma nova avaliação após discussão com os co-organizadores, pelo que não há mais informações a disponibilizar de momento.”

Do lado da Fundação de Serralves, também existe vontade de colaboração. “Existe todo o interesse na realização da exposição In/Disciplina no MAM, tendo já sido tomadas as providências necessárias para que tal seja possível. A crise sanitária obrigou à reavaliação de alguns aspectos relativos à exposição, nomeadamente as datas de exibição, algo que está a ser analisado pelo IC do Governo da RAEM e por Serralves.”

Mudança de cadeiras

O projecto de expor as obras de Siza Vieira em Macau foi tornado público por Carlos Castanheira numa entrevista ao HM. Confrontado com a resposta do IC, o arquitecto, que assina há muitos anos projectos com Siza Vieira, sobretudo na Ásia, disse estar afastado deste projecto, pelo menos para já.

“Não sei que contactos Serralves tem mantido com o IC, e vice-versa. Esta situação da pandemia tem-nos limitado muito. Não tenho tido contactos com ninguém de Macau, não tem havido razão”, frisou.
Carlos Castanheira recorda que o projecto começou a ser desenvolvido quando Alexis Tam era ainda secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, não afastando a hipótese das alterações se ficarem a dever à mudança de Executivo.

“Perdeu-se muito trabalho feito, mas, pelo que sei, os serviços são os mesmos, assim como a maioria das pessoas. Só nos resta aguardar e ver se esta pandemia nos larga para que a exposição, com um ou outro formato, avance e seja uma realidade”, rematou o arquitecto.

20 Jan 2021

Segundo volume de obra escrita de Álvaro Siza é apresentado sexta-feira no Porto

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] beleza, interpretada pelo arquiteto Álvaro Siza, “é a própria razão e garantia da funcionalidade, a mais eficaz, de resto”, afirma Carlos Campos Morais, no prefácio do livro “02 Textos”, de Álvaro Siza Vieira, que é apresentado na sexta-feira, no Porto.

O livro, publicado pela Parceria A.M. Pereira, sucede a “Textos 01”, de 2009, e reúne 68 artigos selecionados pelo arquiteto, distinguido com o Prémio Pritzker, em 1992. O livro é apresentado na sexta-feira, às 18:00, na Casa da Prelada, no Porto.

Cronologicamente, os textos vão de 2001 a 2016. O mais recente é sobre o arquiteto José Carlos Nunes Oliveira, que trabalha no ateliê de Álvaro Siza, e que se destina a um outro “livro em publicação”, segundo se lê na obra.

Em “02 Textos”, que também inclui o discurso de Álvaro Siza, feito em finais de 2015, na atribuição do grau de Doutor Honoris Causa, pela Universidade de Évora, o arquiteto cita, entre outros, Alvar Aalto, Oscar Niemeyer, Aldo Rossi, Mies van der Rohe, Frank Gehry, Eduardo Souto de Moura, Nuno Portas e Le Corbusier.

O coordenador de “02 Textos”, Campos Morais, afirma que, na obra de Álvaro Siza, se a beleza “é a própria razão e garantia da funcionalidade, a mais eficaz, de resto”, “o sentido social da beleza e a própria saúde mental atestam, eloquentemente, a sua imprescindibilidade”.

Todavia, no entender de Campos Morais, é “consensual render homenagem ao papel da luz como acessório (sempre proeminente, nada acessório) na arquitetura de Álvaro Siza”, algo que o próprio arquiteto atesta, referindo “a importância que lhe concede em toda a arquitetura”. A luz é referenciada em onze dos 68 textos selecionados.

Todos os artigos de “02 Textos” estão identificados com um número de catalogação, data, local e, sempre que conhecido, onde foi publicado. Cada texto está ainda identificado com a temática que aborda, uma palavra chave, e em cada um Carlos Campos Morais realça frases, destacando-as no final, em separado, do texto em itálico ou com um sublinhado.

São 12 as temáticas nas quais os textos do arquiteto Álvaro Siza estão catalogados, de arquitetos à revolução de 25 de Abril de 1974, que se combinam com outras quatro temáticas de arrumação: Discursos ‘Honoris Causa’, “Homenagens” prestadas, “Outros”, que agrupa textos sobre pessoas ou prefácios que redigiu, “Textos livres”, que incluem reflexões, apontamentos, memórias, e “Vária”, que Campos Morais define como “arrumação fora da sistematização enunciada”.

Campos Morais atesta que, “na sua obra, Siza irradia inteireza”. “Na arquitetura, na escrita, no desenho, na escultura, noutras artes em que prolifera”.

O acervo do arquiteto, que recebeu em 2012 o Leão de Ouro de Carreira na Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, está disponível, desde fevereiro último, nas páginas da Internet das fundações de Serralves e Calouste Gulbenkian, e do Centro Canadiano de Arquitetura.

Nascido há 84 anos em Matosinhos, onde em agosto de 2009 o Governo português lhe entregou a Medalha de Mérito Cultural, Álvaro Siza Vieira estudou na Faculdade de Belas Artes do Porto, onde foi professor, e criou em Portugal obras emblemáticas como a Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, a reconstrução da zona do Chiado, em Lisboa, após o incêndio de 1988, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, ou o Pavilhão de Portugal, com a sua emblemática pala, no Parque das Nações, no âmbito da Exposição Mundial de 1998, em Lisboa.

No estrangeiro, são da sua autoria o museu para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, no Brasil, o Centro Meteorológico da Vila Olímpica, em Barcelona, e a reitoria da Universidade de Alicante, ambos em Espanha, entre outros projetos.

Doutor Honoris Causa de várias universidades, o trabalho de Álvaro Siza tem sido internacionalmente galardoado. Além do Pritzker, recebeu os prémios Mies van der Rohe, em 1988, o Wolf, em 2001, a Real Medalha de Ouro do Instituto Britânico de arquitetos, em 2009, a Medalha Alvar Aalto, do Museu de Arquitetura e da Associação Finlandesa de Arquitetos, em 1988, e a Medalha de Ouro da União Internacional dos Arquitetos, em 2011.

No passado dia 25 de abril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou-o com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, distinção que junta à de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, recebida em 1992, e à Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (1999).

Relativamente ao livro “01 Textos”, que reúne 153 artigos, abrangendo o período de 1968 a junho de 2008, afirma Campos Morais que “razões de infortúnio editorial levaram a que esse volume, embora com edição quase esgotada em 2009, tenha dado origem, quanto aos escassos exemplares restantes, a uma deplorável clandestinidade”, e anuncia que a sua reedição.

Fonte editorial adiantou à Lusa, que “deverá acontecer ainda este ano”, estando também previsto pela Parceria A.M. Pereira, a publicação de “03 Textos”, no próximo ano.

15 Mai 2018

Nuno Graça, arquitecto | Das casas ao baixo

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]em 36 anos e é natural de Vila do Conde. Nuno Graça está em Macau há quase um ano na sequência de um convite de trabalho. “Não podia recusar”, diz ao HM. A razão, apontou, foi sobretudo a dificuldade de emprego em Portugal, principalmente no ramo da construção.

A chegada a Macau foi sentida como abrupta e sem tempo para pensar muito. “Cheguei num dia à noite e, no dia seguinte pela manhã, estava a trabalhar”, explica o arquitecto.

Apesar de já ter trabalhado em vários pontos do mundo, a vinda para Macau não tinha sido equacionada.

Para o arquitecto, “Macau é muito diferente, parece um microcosmos”. É uma zona marcada pelo contraste. “Tanto há o tradicional, como o moderno. O luxo dos casinos contrapõe-se à simplicidade, principalmente das pessoas.”

Foi esta simplicidade que “mais chocou e agradou ao mesmo tempo”. Do convívio com os “novos” amigos, Nuno Graça não esquece quem o tem ajudado a passar pelos momentos menos felizes. Com uma filha de quatro anos, “a distância não está a ser fácil”. No entanto, o território continua a ser visto como um lugar com futuro e que confere ao arquitecto alguma segurança.

Por outro lado “Macau não pára”. Para Nuno Graça, o movimento trazido até pelo próprio jogo faz com que exista uma vida permanente, dia e noite. É também uma cidade segura e um dos passatempos do arquitecto é perder-se pelo território. “Apanho um autocarro e vou por aí”, diz.

Por gosto

A opção pela arquitectura aconteceu naturalmente. É arquitecto porque gosta. “Quando era miúdo toda a gente me dizia que desenhava bem e, por isso, iria ser arquitecto. Pensava que ser arquitecto era desenhar casas e fui. Apercebi-me depois que é mais do que isso: ser arquitecto é também ter consciência social”, explica.

Nuno Graça já passou por vários campos da arquitectura, mas não tem preferências de área. A carreira tem-se desenvolvido naturalmente. “Deixo as coisas andar e esta forma de estar tem acabado por me levar a sítios interessantes”, refere.

“Quando acabei o curso estive a trabalhar em Nova Iorque, por exemplo. Quando regressei fui trabalhar com o Siza Vieira. Quando saí do Siza fui para um gabinete e mais tarde, segui para Angola. Agora estou cá”, elenca Nuno Graça.

As experiências foram muitos diferentes. Nos Estado Unidos fez aeroportos, em Portugal casas. A passagem por Angola não lhe sai da memória: “Do trabalho fazia parte a visita às terras do fim do mundo, as aldeias que ficam perto da fronteira com a Namíbia e em que me vi numa realidade muito diferente”, comenta.

Já Macau é o mundo dos casinos, mas não só. “O território tem sido um centro de misturas culturais e esse aspecto reflecte-se muito no planeamento urbanístico. No entanto, penso que a zona dos casinos é a que tem a atenção desse planeamento, enquanto o resto do território parece estar esquecido”, afirma.

Mas foi a experiência com Siza Vieira que marcou um ponto de viragem, mesmo na forma de encarar a própria profissão. “Eu nem gostava muito do trabalho do Siza, era a escola do Porto, toda a gente tomava como referência e eu questionava as razões de ninguém fazer diferente”, confessa. Mas a opinião foi mudando. “Comecei a estudar mais e a trabalhar com ele e cheguei à conclusão de que, se calhar, não valia a pena fazer diferente. Comecei a achar que a caixa branca tinha muito mais conteúdo do que aquilo em que estava a pensar e que não tinha sido ainda totalmente explorada.”

Do arquitecto Siza Vieira guarda também o exemplo. “É um senhor que nasceu em 1933, continua a ser o primeiro a chegar e o último a sair do escritório, e penso que isso só mostra a dedicação que tem à própria arquitectura”, diz.

Além da profissão, Nuno Graça tem outro gosto especial: o baixo. “Toco baixo muito alto”, brinca. O gosto veio de casa, porque o pai também toca, e considera que se trata de um instrumento especial. “É, ao mesmo tempo, bateria e guitarra. É o instrumento que, no fundo, faz vibrar tudo.”

26 Mai 2017

Hotel Estoril | Siza Vieira aceita recuo do Governo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] arquitecto português Álvaro Siza Vieira diz “naturalmente” aceitar a decisão do Governo de Macau de realizar um concurso público para a reconversão do antigo Hotel Estoril, apesar de o projecto ter sido encomendado ao Prémio Pritzker.
“Tomei conhecimento da decisão em organizar um concurso para o projecto respectivo, decisão que naturalmente aceitei, comunicando-o ao excelentíssimo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura”, disse o arquitecto, em resposta escrita à Agência Lusa. Na sexta-feira, o Secretário Alexis Tam anunciou que por uma “questão política”, o projecto do hotel deixaria de ser entregue por ajuste directo a Siza Vieira, já que muitos arquitectos locais manifestaram interesse em participar, o que só seria possível com um concurso público.
Questionado, ainda na sexta-feira, sobre se já tinha informado o arquitecto português, o governante respondeu que “muito por alto, informalmente”, indicando que Siza será convidado a participar no concurso. “Vai ser convidado, em vez de ser adjudicação directa. [O ajuste directo está] de acordo com a legislação. Só que isso foi a ideia do ano passado. Hoje em dia, a situação é diferente porque muitos arquitectos querem concorrer. No fim, é uma questão política”, afirmou Alexis Tam, citado pela Rádio Macau e pelo canal em português da TDM.

8 Jun 2016

Estoril | Opiniões divididas após retirada de convite a Siza Vieira

Não era suposto, mas agora o projecto de revitalização do Estoril vai ser por concurso público. O arquitecto Carlos Marreiros considera que a decisão do Governo de abrir um concurso público para o projecto do Hotel Estoril pode constituir um “retrocesso” e levar a mais atrasos. Maria José de Freitas mostra-se satisfeita com a decisão

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]iza Vieira já não vai ter a exclusividade do projecto para o edifício do Hotel Estoril. A revitalização vai a concurso público, depois de Alexis Tam desistir da ideia, afirmando que tal é mesmo “uma decisão política”. Agora, o arquitecto português terá de concorrer ao um concurso público se pretender avançar com o projecto de revitalização, sendo que o concurso público serve para dar hipótese aos arquitectos locais.
Ao HM, o arquitecto Carlos Marreiros mostrou algumas reservas em relação à decisão tomada. “Sou sempre pelos concursos locais e sou contra a entrega gratuita de consultadorias e projectos a empresas estrangeiras que nem sempre têm provado fazer melhor que os locais. Mas no caso do Estoril ainda não tenho uma opinião formada. Não sei se será melhor o concurso público. Esta alteração é a vitória das carpideiras e dos talibãs, já se perdeu muito tempo. Agora vem um concurso público e serão mais anos que teremos de esperar”, defendeu. “Estava muito bem na praça do Tap Seac um edifício projectado por Siza Vieira. A decisão estava bem feita, agora há um retrocesso. Não sei se está bem. Infelizmente, como prova da vitória destas forças ocultas que vamos esperar mais não sei quanto tempo”, disse ainda o arquitecto macaense, membro do Conselho do Património Cultural que decidiu pela não classificação do edifício.

Não é retrocesso

Com uma posição totalmente diferente surge a arquitecta Maria José de Freitas. “Não acho que seja um passo atrás, mas sim um passo em frente”, defendeu ao HM. “É mais saudável a ideia de se realizar um concurso público, que integre os arquitectos de Macau. Não sei se vai ser apenas para os arquitectos ou mais abrangente e também teremos de saber qual é o programa do concurso, para ver até que ponto será interessante participar ou não, dependendo do caderno de encargos. Fiquei animada com esta nova proposta, mas é prudente aguardar.”
A arquitecta defende que o mais importante é “encontrar uma boa solução, que vá ao encontro daquilo que o Governo pretende, que dê uma satisfação à população e que integre uma força criativa que são os arquitectos de cá e que conhecem bem o território e têm propostas para a cidade”.
Alexis Tam defende a decisão como forma de dar oportunidades aos locais.
“Devido aos desejos expressos por parte dos designers e arquitectos locais de intervir no projecto, o Governo decidiu submeter o mesmo a concurso público”, indica o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura num comunicado. “[Siza Vieira] vai ser convidado, em vez de ser adjudicação directa. [O ajuste directo está] de acordo com a legislação, só que isso foi a ideia do ano passado. Hoje em dia, a situação é diferente porque muitos arquitectos querem concorrer. No fim, é uma questão política”, afirmou ainda Alexis Tam, citado pela Rádio Macau.
Há um ano que Tam tinha entregue o projecto de revitalização do antigo hotel– que passará a ser um Centro de Actividades Recreativas e Culturais para Jovens, que inclui o Conservatório de Música – a Siza Vieira. O profissional português defendia publicamente a demolição do edifício, sem a manutenção da fachada.
Segundo a rádio, Siza Vieira foi já informado “por alto” da mudança de planos. O HM tentou obter uma reacção do arquitecto, mas até ao fecho desta edição não foi possível.
“Alexis Tam entende que, através do concurso público, será escolhido um projecto de concepção com qualidade em termos técnicos e artísticos, tornando o local numa obra emblemática de Macau”, frisa o Gabinete do Secretário, que indica ainda que recebeu “muitos conselhos e sugestões” e chegou à conclusão de que “em Macau também há bons arquitectos”.
O HM tentou chegar à fala com mais arquitectos, mas até ao fecho da edição não foi possível obter mais reacções.

Destaque
“A decisão estava bem feita, agora há um retrocesso. Não sei se está bem. Infelizmente, como prova da vitória destas forças ocultas que vamos esperar mais não sei quanto tempo”
Carlos Marreiros, arquitecto

“Não acho que seja um passo atrás, mas sim um passo em frente”
Maria José de Freitas, arquitecta

6 Jun 2016

Hotel Estoril | Siza Vieira é o arquitecto do projecto

Alexis Tam convidou Siza Vieira para comandar o projecto do Hotel Estoril e o arquitecto aceitou. Com opinião de não manter a fachada, Siza Vieira deverá visitar Macau em Outubro. Alexis Tam garante que ainda não há decisão sobre o edifício

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]da boca do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que sai a confirmação: Álvaro Siza Vieira será o arquitecto responsável pelo projecto do Hotel Estoril. “Estive em Portugal, no Porto, visitei o arquitecto Siza Vieira e no fim trocámos impressões sobre o desenvolvimento da cidade de Macau (…). Abordei a possibilidade de o arquitecto nos ajudar a fazer o projecto de design para um novo centro de actividades criativas e artísticas para os jovens e ele aceitou o convite”, confirmou o Secretário.
Foi na visita oficial de Alexis Tam a Portugal que o encontro – e o convite – aconteceu. “[No encontro] falámos sobre o projecto do Hotel Estoril uma vez que o Executivo quer tornar aquele hotel abandonado num centro de actividades criativas e artísticas para os jovens. Perguntei a sua opinião, se vale a pena manter a fachada ou não”, relatou o Secretário.
A obra dos anos 60 muita polémica tem trazido à praça pública. O arquitecto já se mostrou a favor da demolição da fachada do hotel, opinião também partilhada pelo arquitecto Souto de Moura, como confirmou ao HM esta semana, mas muito contestada por arquitectos locais.

Em aberto

Ainda assim, Alexis Tam garante que nada está decidido. “Será uma decisão difícil”, disse aos jornalistas, reforçando que nunca nenhuma decisão irá agradar a todos. “Seja o que for, as pessoas vão criticar, isso sem dúvida, já estou preparado”, disse, salientando que a única coisa que é importante é o “interesse público”.
Só depois do arquitecto cumprir os seus compromissos agendados em Nova Iorque é que virá a Macau. Algo que, segundo Alexis Tam, deverá acontecer no início de Outubro.
O Governo diz que vai analisar os prós e contras e só depois tomar uma decisão. “A posição do Governo é aberta. Todas as associações de educação, incluindo professores e directores das escolas, não querem a manutenção da fachada. Ontem [quarta-feira], Souto de Moura também disse que não. Ainda não está tomada a decisão. Vamos ver”, reforçou.

7 Ago 2015