Ministro britânico lança dúvidas sobre versão russa do atentado

O ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, lançou ontem dúvidas sobre a versão de Vladimir Putin após o ataque a uma sala de espectáculos nos arredores de Moscovo, afirmando ter “muito pouca confiança” no que diz o governo russo.

Num discurso televisivo, no sábado, Vladimir Putin prometeu “punir” os responsáveis pelo ataque na sexta-feira à noite, que resultou na morte de pelo menos 133 pessoas, referindo que os responsáveis tinham sido detidos a caminho da Ucrânia, não fazendo referência à revindicação do ataque pelo Estado Islâmico (EI).

“Qualquer perda de vidas civis é completamente horrível, mesmo que aconteça em países cuja governação desaprovamos fortemente, e só podemos esperar que os actores sejam apanhados”, disse Jeremy Hunt na Sky News. Mas questionado sobre as explicações avançadas por Moscovo, o ministro britânico disse ter “muito pouca confiança no que diz o governo russo”.

“Sabemos que está a criar uma cortina de fumo de propaganda para defender uma invasão totalmente diabólica da Ucrânia”, acrescentou, citado pela AFP. “Tomo o que o governo diz com muita precaução […] depois do que vimos da parte deles nestes últimos anos”, disse ainda o ministro britânico.

Luto nacional

A Rússia cumpriu ontem um dia de luto nacional na sequência do ataque ocorrido na sexta-feira à noite e que é já o mais mortífero em solo europeu reivindicado pelo EI.

De acordo com os investigadores, os atacantes entraram de rompante na sala de espectáculos Crocus City Hall antes de abrirem fogo, com armas automáticas, sobre a multidão e atearem um incêndio.

Líderes mundiais, entre os quais, Xi Jinping, enviaram mensagens de condolências a Vladimir Putin. De acordo com a imprensa chinesa, na carta, Xi disse estar “chocado” com o ocorrido e expressou as suas “profundas condolências” às vítimas e suas famílias, bem como a sua “sincera solidariedade” com os feridos. O líder chinês sublinhou que o seu país se opõe a qualquer forma de terrorismo, condena firmemente os ataques terroristas e apoia os esforços do Governo russo para manter a segurança e a estabilidade nacionais. O ataque em Moscovo, reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico, tornou-se um dos cinco temas mais comentados da rede social Weibo.

25 Mar 2024

Ucrânia| China e Rússia têm posturas globais opostas – analistas

A aproximação à Rússia é estrategicamente “benéfica” para a China, face à crescente volatilidade nas zonas costeiras do país asiático, segundo analistas chineses, que excluem uma aliança formal, face a visões “divergentes” do mundo.
A China recusou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e criticou a imposição de sanções contra Moscovo. O país asiático tem prestado importante apoio político, diplomático e económico à Rússia. O comércio bilateral registou, em 2023, um crescimento homólogo de 26,3 por cento, para 240 mil milhões de dólares.
Em Dezembro passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, voltou a frisar que manter relações robustas com a Rússia é uma “escolha estratégica” da China, durante uma reunião com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishoustin, em Pequim.
Zhao Huasheng, professor do Centro de Estudos Russos e da Ásia Central da Universidade de Fudan, em Xangai, justificou a opção política com a “crescente pressão estratégica” que a China está a sentir no Estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China.
“Boas relações sino-russas podem garantir que a China tem uma retaguarda estratégica relativamente estável”, escreveu Zhao, num ensaio, notando que os “enormes benefícios” da relação parecem ser irrelevantes em tempos de paz, mas que seriam “muito importantes” no caso de conflito com o exterior.
As reivindicações territoriais sobre Taiwan e o Mar do Sul da China suscitaram tensões entre Pequim e quase todos os países vizinhos, desde o Japão às Filipinas. A crescente assertividade da China no Indo-Pacífico levou já à formação de parcerias regionais lideradas pelos Estados Unidos, incluindo o grupo Quad ou o pacto de segurança AUKUS.
Manter boas relações com Moscovo é assim vista pelos especialistas em política externa da China como forma de assegurar estabilidade na fronteira terrestre com a Rússia, que tem mais de 4.300 quilómetros de extensão, e fornecimento estável de energia.
Isto permite a Pequim concentrar recursos nas áreas costeiras e mares circundantes, onde os Estados Unidos mantêm várias bases militares em países aliados, concordaram analistas.
A China quer afirmar-se como a principal potência no leste da Ásia e diluir o domínio geoestratégico norte-americano na região. A reunificação de Taiwan, localizado entre o mar do Sul da China e o mar do Leste da China, no centro da chamada “primeira cadeia de ilhas”, é um objectivo primordial no projecto chinês.
“Se o continente for um dia obrigado a reunificar [Taiwan] por meios militares, a China encontraria então um ambiente internacional extremamente difícil e complexo”, escreveu Zhao.

Ponto de ordem
Pequim considera também a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos.
Os analistas chineses destacaram o papel da Rússia na internacionalização da moeda chinesa, o yuan, e na procura por uma alternativa credível aos sistemas de pagamentos transfronteiriços ocidentais.
“China e Rússia são ‘metade do céu’ para a segurança e o desenvolvimento uma da outra”, descreveu Wang Xiaoquan, especialista da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Os analistas consideraram, porém, que o conflito na Ucrânia é negativo para Pequim.
O economista Xu Mingqi observou, num artigo, que a guerra “dificultou a recuperação [pós-pandemia] da economia mundial; alimentou a tendência ideológica para a desglobalização e colocou em risco a governação económica global”.
A estabilidade global continua a ser “fundamental” para sustentar o desenvolvimento económico da China, realçou.
Os analistas reconhecem que a recusa de Pequim em distanciar-se do agressor é também prejudicial.
Yan Xuetong, um dos maiores especialistas em relações internacionais do país, reconheceu que a “recusa em condenar a Rússia prejudicou as relações da China com alguns dos seus vizinhos e distanciou Pequim de muitas nações em desenvolvimento”.
Zhou Bo, um conhecido antigo coronel do Exército chinês, lamentou o impacto que a guerra teve nas relações da China com a Europa.
Nos ensaios e discursos dos académicos chineses constam também críticas à Rússia pelas suas alegadas “tendências imperialistas” e “imprudência”.
Feng Yujun, director do Centro de Estudos Russos e da Ásia Central da Universidade de Fudan, sublinhou que “a lógica imperial subjacente tanto à rejeição da Ucrânia como entidade nacional como à pretensão manifesta de restaurar os territórios tradicionais [da Rússia] é alarmante”.
Esta postura reflecte ressentimentos históricos face ao passado expansionista da Rússia no nordeste asiático. Em particular, a cedência da cidade de Vladivostoque à Rússia czarista, como parte dos “Tratados Desiguais”, que a China foi obrigada a assinar com as potências europeias no século XIX, é frequentemente lembrada com revolta no país asiático.
No pico da Guerra Fria, o rompimento sino-soviético e disputas fronteiriças estiveram também perto de resultar numa guerra entre as duas potências.
Apesar de os dois países se oporem à “hegemonia” norte-americana nas relações internacionais, os académicos chineses salientaram que a visão russa para uma nova ordem mundial difere muito da de Pequim.

Posturas distintas
Zhao Long, investigador no Instituto de Xangai para Estudos Internacionais, observou que “enquanto a China enfatiza a reforma cuidadosa e a melhoria da ordem mundial [actual], a Rússia almeja a sua completa desintegração”.
Huang Jing, outro académico, acrescentou que o desejo de Moscovo de confrontar e enfraquecer o Ocidente não está de acordo com os interesses de desenvolvimento da China.
Os analistas acreditam assim que uma aliança formal criaria riscos desnecessários para a relação, que continua a ser inerentemente frágil, e poderia exacerbar a bipolarização da política mundial, arrastando Pequim para conflitos que não são seus.
A China está melhor com um quadro de cooperação mais vago e mais maleável, concordaram.

25 Fev 2024

Rússia | PM Mikhail Mishustin em Pequim esta semana

O Governo chinês anunciou ontem que o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, vai visitar a China, entre os dias 19 e 20 de Dezembro. Mishustin vai deslocar-se ao país a convite do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, para participar na 28.ª reunião regular entre os chefes de governo dos dois países, informou uma porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O primeiro-ministro russo deslocou-se a Pequim em Maio passado, onde foi recebido pelo Presidente chinês, Xi Jinping, que garantiu que a China está disposta a “continuar a oferecer um forte apoio mútuo à Rússia” em questões relacionadas com os respetivos “interesses fundamentais”.

Xi apelou a um “maior enriquecimento da parceria estratégica entre os dois países” e à “elevação da cooperação a novos patamares em vários domínios”. Mishustin disse que a Rússia quer trabalhar com a China para “implementar os importantes consensos alcançados pelos chefes de Estado dos dois países” e “realizar reuniões mais regulares para fazer avançar a cooperação a um nível prático”.

19 Dez 2023

China-Rússia | Partidos no poder afinam relações e estratégias

Xi Jinping e Vladimir Putin enviaram na segunda-feira cartas de felicitações à 10.ª reunião do mecanismo de diálogo entre os partidos no poder da China e da Rússia. Na sua carta de felicitações, Xi felicitou calorosamente a convocação da reunião. O presidente chinês afirmou que, “actualmente, estão a ocorrer a um ritmo cada vez mais rápido mudanças nunca vistas num século e que o mundo entrou num novo período de desordem e transformação”.

Segundo Xi, “as relações entre a China e a Rússia resistiram ao duro teste das mudanças no panorama internacional, mantiveram um elevado nível de desenvolvimento, deram o exemplo de um novo modelo de relações entre os principais países e desempenharam um papel estratégico mais proeminente na consecução da estabilidade e do desenvolvimento globais”.

Xi e a energia positiva

No ano que vem, quando se comemora o 75º aniversário do estabelecimento dos laços diplomáticos entre a China e a Rússia, Xi disse que “a China está disposta a trabalhar com a Rússia para compreender a tendência geral da história, desenvolver firmemente relações de amizade permanente de boa vizinhança, coordenação estratégica abrangente e cooperação mutuamente benéfica, e promover vigorosamente o desenvolvimento e a revitalização de ambos os países para injectar mais estabilidade e energia positiva no mundo”.

Xi salientou ainda que os intercâmbios e a cooperação entre o PCC e o partido Rússia Unida constituem uma parte importante das relações China-Rússia na nova era, e que o mecanismo de diálogo entre os partidos no poder da China e da Rússia se transformou num canal e numa plataforma únicos para os dois países consolidarem a confiança política mútua, reforçarem a coordenação estratégica e promoverem uma cooperação mutuamente benéfica.

“Espera-se que as duas partes aproveitem a 10ª reunião do mecanismo de diálogo como uma oportunidade para o desenvolvimento das relações China-Rússia na nova era, salvaguardando a equidade e a justiça internacionais e promovendo a construção de uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade, disse Xi.

Putin e os projectos

Por seu lado, Putin afirmou na sua carta que a parceria estratégica abrangente de coordenação Rússia-China se encontra “ao mais alto nível da história” e que “os dois países estão a trabalhar em conjunto para fazer avançar uma série de projectos de cooperação em grande escala nos domínios da economia, transportes, energia e cultura, entre outros”.

Segundo o presidente russo, os dois países estão a coordenar posições através de canais bilaterais e de mecanismos multilaterais, como a Organização de Cooperação de Xangai e o BRICS, para “resolver questões internacionais importantes e promover a construção de uma ordem internacional mais justa e democrática”.

“Enquanto partidos no poder da Rússia e da China, o partido Rússia Unida e o PCC realizaram interacções de alto nível e construtivas e promoveram o rápido desenvolvimento da cooperação bilateral em vários domínios”, afirmou Putin. “Os órgãos do comité central e as instituições locais dos dois partidos mantiveram interacções institucionalizadas, trocaram experiências úteis sobre a construção do partido, a legislação e o trabalho social, e realizaram debates aprofundados sobre uma série de questões práticas das agendas bilateral e internacional”, acrescentou.

Também na segunda-feira, a agência Xinhua informou que Vyacheslav Volodin, presidente da Duma russa, deverá visitar a China de terça a quinta-feira, a convite do legislador chinês Zhao Leji.

Das palavras aos actos

Entretanto, em Pequim, o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, e o seu homólogo russo, Andrei Belousov, acordaram aumentar a cooperação em matéria de investimento entre os dois países e “reforçar a coordenação e elaborar planos a longo prazo”.

Segundo a agência Xinhua, Ding, que recebeu Belousov na segunda-feira, propôs o “aprofundamento da cooperação em matéria de investimento” entre os dois países, para “implementar o consenso alcançado pelos dois chefes de Estado” nas suas recentes reuniões.

As propostas de Ding incluem “aumentar o planeamento e a direção da cooperação bilateral em matéria de investimento”, “reforçar o apoio e a orientação para as empresas dos dois países” e “promover a complementaridade regional, coordenar melhor o comércio, investimento, canais e construção de plataformas”. “Trata-se igualmente de aprofundar a cooperação prática nos domínios da agricultura e das infraestruturas de transportes”, frisou o vice-primeiro-ministro chinês.

“Precisamos de oferecer em conjunto uma nova visão para a cooperação a longo prazo, reforçando as sinergias, de modo a criar um ambiente de investimento bilateral saudável”, disse Ding, citado pela Xinhua.

22 Nov 2023

Rússia | Putin e Kim Jong-un vão debater “questões sensíveis”

O Presidente da Rússia e o líder da Coreia do Norte vão debater “questões sensíveis” que não serão divulgadas, importantes para “os interesses” dos dois países, informou ontem o Kremlin.

“Como é óbvio, sendo vizinhos, os nossos países também cooperam em áreas sensíveis, que não devem ser objecto de qualquer divulgação ou anúncio público. Mas isto é bastante natural para Estados vizinhos”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos meios de comunicação social locais a partir de Vladivostok, no extremo oriente russo.

Peskov indicou que as conversações entre Vladimir Putin e Kim Jong-un vão incluir questões relacionadas com as relações bilaterais e a cooperação, os laços comerciais e económicos e os intercâmbios culturais, bem como os assuntos internacionais e regionais, mas também as “questões sensíveis”.

“Para nós, o importante são os interesses dos nossos dois países e não os avisos de Washington”, afirmou, num comentário aos avisos dos EUA sobre a cooperação técnico-militar entre os dois países, de acordo com a agência de notícias russa Interfax.

Na semana passada, o diário norte-americano The New York Times noticiou que Putin estaria interessado em comprar artilharia e mísseis antitanques norte-coreanos, possivelmente para Moscovo usar na Ucrânia. Em troca, Pyongyang gostaria de receber tecnologia de satélites ou submarinos nucleares, e ajuda alimentar.

Já em Vladivostok, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russos, Andrei Rudenko, afirmou que a questão do fornecimento de ajuda humanitária à Coreia do Norte poderá ser um dos temas a abordar entre Putin e Kim.

Peskov acrescentou que a Rússia também está disposta a prosseguir as conversações sobre as sanções ocidentais a Pyongyang, se “os camaradas” norte-coreanos quiserem abordar esta questão.

Cara a cara

Sem avançar o dia e o local onde decorrerá o encontro, o segundo desde Abril de 2019, o porta-voz do Kremlin acrescentou que haverá negociações entre as duas delegações que acompanham os dois líderes, “uma comunicação” entre Putin e Kim e um jantar oficial em honra do líder norte-coreano. “Não estão previstas conferências de imprensa”, disse.

O comboio de Kim atravessou a fronteira com a Rússia na manhã de terça-feira, de acordo com o Ministério da Defesa Nacional sul-coreano e a televisão estatal russa.

De acordo com fotografias publicadas pelos meios de comunicação norte-coreanos, Kim está acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Choe Son-hui, e da Defesa, Kang Sun-nam, e por representantes militares, incluindo o director do Departamento de Munições Industriais, Jo Chun-ryong, e Pak Thae-song, secretário para a Ciência e a Educação do Comité Central do Partido dos Trabalhadores, ligado ao programa espacial norte-coreano.

13 Set 2023

Rússia | Indústria do sexo vira-se para a Ásia

O regresso do principal evento da indústria do sexo na Ásia, que arrancou ontem, após um interregno de dois anos devido à pandemia, atraiu empresários russos a Hong Kong, à margem das sanções ocidentais.

Olga, uma consultora que vive há uma década na região chinesa, disse à Lusa que foi à Asia Adult Expo (AAE) para servir como tradutora para um empresário russo interessado em comprar novos produtos fabricados na China continental.

“O mercado russo é bastante grande e isto [a indústria do sexo] é muito importante na Rússia, mais do que em outros países”, disse Olga, que descreve os russos como mais desinibidos no que toca à sexualidade.

A China é há muito um importante fornecedor de brinquedos sexuais para a Rússia, mas a consultora admitiu que as sanções ocidentais devido à invasão da Ucrânia fizeram os empresários russos virarem-se ainda mais para a Ásia.

Anna, uma empresária russa, confirmou também à Lusa o impacto das sanções, após assistir a uma palestra, no programa da AAE, onde uma convidada sublinhava o potencial do mercado do sexo na Rússia.

“As sanções fizeram com que até voar para países ocidentais seja difícil”, lamentou Anna, recordando que a União Europeia fechou o espaço aéreo europeu a aviões russos logo após o início da invasão da Ucrânia.

“Esta é praticamente a primeira oportunidade que temos de falar pessoalmente com os fabricantes e de ver os novos produtos desde o início da pandemia” de covid-19, sublinhou a empresária.

“Ao longo dos últimos três anos, houve muitas empresas que surgiram, mas durante este período não houve esta plataforma de comércio cara-a-cara”, lamentou Kenny Lo, diretor da Brilliant Vertical Exhibition, empresa que organiza a AAE.

Lo disse à Lusa que o evento conta com cerca de 250 expositores, um número que “mais que duplicou” em comparação com a última edição, realizada em 2019, antes do início da pandemia.

O organizador confirmou que a maioria dos expositores vem da China continental e que mais de metade são empresas novas, que participam pela primeira vez na AAE.

30 Ago 2023

Rússia | Sonda Luna-25 despenha-se na Lua

A sonda espacial russa Luna-25 despenhou-se na Lua após a interrupção das comunicações com o engenho no sábado, anunciou ontem a agência espacial russa (Roscosmos).

A sonda, a primeira a ser lançada pela Rússia para a Lua desde 1976, era para alunar na segunda-feira no polo sul, onde haverá grandes quantidades de água gelada, mas não conseguiu entrar na órbita necessária para pousar na zona pretendida.

No sábado, as comunicações foram interrompidas e o aparelho “deixou de existir após uma colisão com a superfície lunar”, indicou ontem a Roscosmos em comunicado, citando dados preliminares de um inquérito ao incidente.

Caso a missão russa tivesse sido bem-sucedida, a sonda Luna-25, lançada a 11 de Agosto, seria o primeiro engenho espacial a alunar no polo sul, região onde os Estados Unidos querem colocar em Dezembro de 2025 a primeira astronauta mulher e o primeiro astronauta negro, ao abrigo do novo programa lunar Artemis.

Apenas os Estados Unidos tiveram astronautas na superfície da Lua, entre 1969 e 1972, todos os homens, no âmbito do programa Apollo.

Para Novembro do próximo ano está previsto o envio para a órbita da Lua de quatro astronautas – três norte-americanos, incluindo uma mulher e um negro, e pela primeira vez um canadiano.

20 Ago 2023

Rússia | Retiradas acusações contra grupo Wagner

As autoridades russas anunciaram ontem a retirada das acusações contra o grupo de combatentes a soldo da empresa Wagner, liderado por Yevgeny Prigozhin, cuja rebelião se prolongou durante 24 horas no passado fim de semana.
“Ficou estabelecido” que os participantes no motim “puseram termo às acções que visavam directamente a prática de um crime”, afirmaram ontem os serviços de segurança russos (FSB), citados pelas agências noticiosas de Moscovo.
Nestas circunstâncias, “a decisão de retirar as acusações foi tomada a 27 de Junho [ontem]”, acrescentou o FSB.
No fim de semana, Yevgeny Prigozhin, que lidera o grupo Wagner, conduziu uma rebelião armada de 24 horas, com os mercenários a tomarem a cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, e a avançar até 200 quilómetros de Moscovo.
A rebelião terminou com um acordo mediado pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que, segundo o Kremlin, estabelece que Prigozhin fique exilado na Bielorrússia, em troca de imunidade para si e para os seus mercenários.
Yevgeny Prigozhin justificou na segunda-feira a “rebelião” do grupo com a necessidade de “salvar” a organização, rejeitando ter tentando um golpe de Estado e adiantando que 30 dos seus mercenários morreram em confrontos com militares russos.
Por seu lado, o Presidente russo, Vladimir Putin, num discurso transmitido na segunda-feira pela televisão russa, acusou os responsáveis pela rebelião de serem traidores e disse que as suas acções só beneficiaram a Ucrânia e os seus aliados.

28 Jun 2023

Alemanha |Suspeitas de envenenamento de russos no exílio

A polícia alemã informou ontem que abriu uma investigação por suspeitas de envenenamento após problemas de saúde mencionados por um jornalista e activista russo no exílio.
“Foi aberta uma investigação. O caso está em andamento”, disse um porta-voz da polícia de Berlim à agência de notícias AFP, confirmando informações do diário Die Welt publicadas na noite de sábado.
O responsável não deu mais pormenores sobre a investigação em curso.
A publicação russa Agentstvo publicou esta semana uma reportagem na qual relata os problemas de saúde reportados por dois participantes numa reunião de dissidentes russos, nos dias 29 e 30 de Abril.
Um participante, que é descrito como um jornalista que tinha deixado a Rússia recentemente, apresentou sintomas não especificados durante o evento e disse que pode ter começado antes.
Segundo a Agentstvo, o jornalista terá ido ao hospital Berlin Charité, onde havia sido tratado o russo Alexei Navalny, vítima de envenenamento em Agosto de 2020.
A segunda participante é Natalia Arno, directora da Organização Não-Governamental Free Russia Foundation, nos Estados Unidos, onde vive há 10 anos depois de ter deixado a Rússia.
Ainda de acordo com a reportagem, Arno esteve em Berlim no final de Abril, de onde viajou para Praga.
Foi lá, relata a Agentstvo, que apresentou sintomas e também descobriu que o seu quarto de hotel tinha sido aberto.
Arno publicou uma mensagem na rede social Facebook esta semana, onde mencionou os problemas que sentia, nomeadamente “dor aguda” e “dormência”, dizendo que os primeiros “sintomas estranhos” apareceram antes de chegar a Praga.
Nos últimos anos, vários ataques com veneno foram realizados no exterior e na Rússia contra opositores russos.
Moscovo nega qualquer responsabilidade dos seus serviços secretos.

22 Mai 2023

Turquia | Governo afasta-se de sanções à Rússia

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, descartou ontem a possibilidade de Ancara vir a unir-se ao programa de sanções dos Estados Unidos e da União Europeia contra a Rússia por causa da invasão da Ucrânia.

Cavusoglu disse que o Governo de Ancara não vai juntar-se às sanções “unilaterais” contra Moscovo, tentando manter a postura de neutralidade em relação ao assunto, disse o chefe da diplomacia turca à estação de televisão Lider Haber.

Neste sentido, o ministro sublinhou que a Turquia vai continuar a “levar em consideração” os interesses do próprio país, valorizando a prosperidade da Turquia, que este mês vai a eleições.

“Estamos a garantir o respeito pela Convenção de Montreux”, disse Cavusoglu, referindo-se ao acordo internacional sobre o movimento marítimo nos Estreitos do Bósforo e Dardanelos, que regula a navegação de navios de guerra estrangeiros.

O chefe da diplomacia de Ancara criticou directamente os comentários do principal opositor turco, Kemal Kiliçdaroglu, que admitiu recentemente dar “prioridade às relações com o Ocidente e não com o Kremlin” em caso de vitória nas eleições do próximo dia 14 de Maio.

Para Cavusoglu, trata-se de uma afirmação incoerente porque, Kemal Kiliçdaroglu, acusou o ministro, disse no passado “que nada iria fazer para ameaçar as relações entre a Turquia e a Rússia”. No dia 14 de Maio realizam-se eleições gerais e presidenciais na Turquia.

9 Mai 2023

A qualidade dos nossos dias

Influenciado por factores externos e internos, o mundo muda de dia para dia. A qualidade dos nossos dias depende das escolhas daqueles que tomam decisões e, muitas vezes, aquilo que nos parece ser a melhor das alturas acaba por ser a pior. A frase de Charles Dickens, “Era o melhor dos tempos, era o pior dos tempos”, ainda hoje é actual.

Wang Guoen, um académico da China continental, publicou um artigo sobre os sete maiores problemas que afectaram a economia chinesa em 2022. Os problemas identificados são os seguintes: a pandemia de Covid-19, as relações sino-americanas, a crise energética decorrente da tentativa de atingir níveis zero de carbono, desequilíbrios entre a oferta e a procura e a inflação, a bolha do imobiliário (bolha das propriedades), falta de mão de obra e escassez de chips semi-condutores (este problema afectou 169 indústrias).

Actualmente, a maior parte dos problemas supra-citados continua a existir. Duma certa maneira, a pandemia chegou ao fim, mas vai levar algum tempo para que a economia fortemente afectada pela Covid-19 consiga recuperar completamente. Acredita-se que a actual tensão entre a China e os Estados Unidos não abrandará antes das eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos.

Se o conflito entre a Rússia e a Ucrânia piorar, a China enfrentará o maior teste diplomático de sempre. Quanto à actual economia interna da China, qualquer pessoa que preste atenção perceberá que existem tantos desafios quanto oportunidades. Na primeira conferência de imprensa realizada após a sua eleição como primeiro-ministro da China, Li Qiang afirmou que atingir um crescimento de 5 por cento do PIB, num período de abrandamento económico, não será uma tarefa fácil e exige esforços redobrados.

Na verdade, não podemos ignorar o impacto da pandemia de Covid-19 na economia nos últimos três anos. Se visitarmos certas zonas de Macau e virmos a sua actual situação económica, não nos deixaremos enganar pelos discursos de prosperidade. Por exemplo, ainda existem lojas fechadas perto das Ruínas de São Paulo e na Rua de S. Domingos, lojas que costumavam estar cheias de clientes, e a frequência diária dos ferries entre Hong Kong e Macau ainda não atingiu 50 por cento do fluxo habitual antes da pandemia.

Estes altos e baixos da economia assemelham-se à recuperação de um doente após uma enfermidade grave. Levará muito tempo até à plena recuperação económica. A prova do que foi dito é a receita do jogo correspondente aos dois primeiros meses deste ano ter sido de pouco superior a 10 mil milhões de patacas.

A conclusão do 14.º Congresso Nacional do Povo marca o início de uma nova fase. No discurso proferido na primeira sessão do Congresso, o Presidente Xi Jinping disse: “A confiança do povo tem sido para mim a maior fonte de energia para seguir em frente e também a maior responsabilidade que pesa sobre os meus ombros.” e sublinhou que “a prosperidade e estabilidade a longo prazo das Regiões Administrativas Especiais de Hong Kong e Macau é indispensável para a construção da grande China”.

O caminho para o rejuvenescimento da nação chinesa nunca foi tranquilo, especialmente no ambiente actual, onde grandes países se envolveram em jogos de poder. Tomar boas decisões trará dias risonhos, mas um passo em falso pode trazer dias sombrios.

A operação militar especial da Rússia contra a Ucrânia mostra que o uso da força não pode resolver todos os problemas. Se Hong Kong e Macau desempenharem exemplarmente o seu papel no quadro da política “um país, dois sistemas”, ajudarão naturalmente o relacionamento entre a China e Taiwan. O ano de 2023 está cheio de incertezas.

O Governo da RAEM tem, antes de mais, de ter um bom desempenho, e também transformar Macau no Centro Mundial de Turismo e Lazer, e não permitir a realização de projectos caríssimos e de muito pouca utilidade como o Novo Estabelecimento Prisional em Coloane. Desde que o Governo da RAEM faça as escolhas correctas, Macau terá, naturalmente, dias risonhos pela frente.

16 Mar 2023

Futebol | Rússia vai participar no campeonato da Ásia Central

A Rússia vai participar no campeonato inaugural da Associação de Futebol da Ásia Central em Junho, juntamente com outras sete selecções nacionais masculinas, anunciou na segunda-feira a Associação de Futebol do Tajiquistão.

As equipas russas têm sido impedidas de participar em competições europeias e da FIFA desde a invasão da Ucrânia, em Fevereiro do ano passado.

A selecção russa vai participar no novo torneio regional juntamente com as antigas repúblicas soviéticas Tajiquistão, Uzbequistão, Turquemenistão e Quirguistão. Afeganistão, Irão e outro país, ainda por confirmar, completam o alinhamento para os jogos agendados para Bishkek, Quirguistão, e Tashkent, Uzbequistão.

A Associação de Futebol da Ásia Central foi formada em 2014 como uma das cinco regiões da confederação de futebol asiática e tem a sede no Tajiquistão. De acordo com a Associação de Futebol do Tajiquistão, a Rússia já aceitou o convite para o evento em Junho.

A iniciativa pode reacender o debate sobre uma possível entrada russa na Confederação Asiática de Futebol (CAF, na sigla em inglês), com o país a procurar regressar às competições internacionais de futebol.

A selecção nacional masculina da Rússia jogou apenas três amigáveis internacionais em 2022, contra o Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão. A selecção tem jogos agendados com Irão e Iraque no final do mês.

15 Mar 2023

Ucrânia | Apesar do plano de paz chinês, o Kremlin não vê fim da guerra por agora

Moscovo diz que não é momento para parar com o conflito e o Ocidente insiste na sua posição belicista, rumo a uma “vitória final” pela força das armas. Na qual poucos acreditam. A mortandade e a destruição são para continuar. O enriquecimento de alguns também

 

O Kremlin afirmou ontem que ainda não existem as condições necessárias para uma solução pacífica, referindo-se ao plano proposto na semana passada pela China para resolver o conflito na Ucrânia. “Qualquer esforço que ajude a trazer este conflito para um caminho pacífico merece atenção. Nós consideramos o plano dos nossos amigos chineses com muita atenção (…). É um longo processo. No momento, não vemos as premissas para que esta questão possa tomar um caminho pacífico”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em declarações à imprensa. “A operação militar especial (na Ucrânia) vai continuar”, acrescentou Peskov.

Moscovo e Kiev não demonstraram ainda uma vontade forte de iniciar negociações de paz nesta fase, reagindo com cautela à proposta da China. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou necessário trabalhar com Pequim para alcançar a resolução do conflito. Zelensky também disse que planeia se encontrar em breve com o seu homólogo chinês, Xi Jinping.

A diplomacia russa declarou também que apreciava os esforços chineses, ao mesmo tempo que insistiu na necessidade do reconhecimento da anexação de quatro regiões ucranianas pela Rússia.

Irão apoia pax sínica

Entretanto, o Irão declarou no domingo à noite que apoia a proposta de paz da China para a Ucrânia, que aponta como prioridades o “diálogo e as negociações” e que foi recebida com cepticismo pelo Ocidente. “O Irão considera que os elementos reflectidos neste documento são suficientes para iniciar negociações com vista a encontrar um quadro operacional para o fim das actividades militares na Ucrânia”, indicou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.

O departamento da diplomacia de Teerão destacou a necessidade de pôr fim às “medidas unilaterais”, em referência às sanções aplicadas pela comunidade internacional a Moscovo, na sequência da invasão na Ucrânia, e a Teerão, pela entrega de drones à Rússia para uso no conflito. O Irão também mostrou vontade de “contribuir para uma resolução pacífica da crise”, lê-se na nota que faz referência à Rússia apenas uma vez.

Visitas de líderes

Mais líderes europeus estão a planear visitar a China na próxima semana ou meses, concentrando-se em retomar as conversações e procurando cooperação prática no meio da recuperação pós-pandémica do país, e mais importante ainda, na crise da Ucrânia. Embora a China e os países europeus não partilhem a mesma posição sobre a questão, funcionários e peritos chineses acreditam que as duas partes podem encontrar um terreno comum para melhorar a comunicação e a coordenação com o objectivo de fazer avançar as conversações de paz.

A convite do presidente chinês Xi Jinping, o presidente da Bielorrússia Alexander Lukashenko fará uma visita de Estado à China de 28 de Fevereiro a 2 de Março. Entretanto, o Presidente francês Emmanuel Macron disse que visitaria a China no início de Abril e apelou a Pequim para “nos ajudar a pressionar a Rússia” a acabar com a guerra na Ucrânia, disse a AFP. Embora a natureza das duas visitas não seja a mesma, o conflito Rússia-Ucrânia será um dos principais focos.

“A Bielorrússia é um aliado da Rússia e poderá aumentar o seu envolvimento no conflito. Dado o seu estatuto geopolítico e localização, a China pode apreender o papel que a Bielorrússia pode desempenhar no avanço das conversações de paz”, disse Cui Hongjian, director do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China.

Um dia antes do anúncio da visita de Lukashenko, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Qin Gang falou ao telefone com o Ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso Sergei Aleinik, afirmando que a China está disposta a implementar o importante consenso alcançado pelos dois chefes de Estado e a aprofundar a confiança mútua política.

Sobre a crise da Ucrânia, Qin apresentou o documento de posição da China com 12 pontos, a Posição da China sobre a Resolução Política da Crise da Ucrânia, que enfatiza que a China está sempre do lado da paz e insta ao reatamento das negociações o mais rapidamente possível, evitando ao mesmo tempo uma nova escalada. Aleinik disse que a Bielorrússia concorda completamente e apoia o documento de posição da China, observando que as propostas relevantes da China têm grande significado para a resolução da crise.

“Para resolver a crise da Ucrânia, não podemos simplesmente exercer pressão sobre a Rússia ou Putin como o Ocidente quer. Precisamos de descobrir se a China e a Bielorrússia podem encontrar algum terreno comum e desempenhar em conjunto um certo papel, que será um dos principais focos desta visita”, disse Cui.

Ursula antes, Michel depois

Também a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o Presidente do Conselho Europeu Charles Michel poderão visitar a China na primeira metade de 2023 com os preparativos já em curso, disse o Embaixador chinês no Fu Cong da UE. “Espera-se que a China e a UE iniciem em breve frequentes visitas mútuas de alto nível”, disse afirmou.

“Esta tendência positiva de crescentes intercâmbios de alto nível entre a China e a Europa mostra que a Europa não quer ver um prolongado conflito Rússia-Ucrânia, uma vez que a economia e a competitividade do bloco foram enfraquecidas pelo mesmo”, disse Wang Yiwei, director do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade de Renmin da China. “A Europa está gradualmente a sair de algum sentimento irracional em relação à China, uma vez que eles lentamente compreendem a posição da China e levantam mais suspeitas em relação aos EUA, especialmente após a sabotagem do Nord Stream”, disse Wang.

Macron, questionado sobre se vai pedir a Pequim que ajude a pressionar a Rússia, foi citado como tendo afirmado em reportagens dos meios de comunicação social que a medida visa assegurar que o Kremlin nunca utilize armas químicas ou nucleares – os principais pontos mencionados no documento de posição da China – e “parar esta agressão antes das negociações”. “Há certamente grandes diferenças nas posições da China e da Europa sobre a crise da Ucrânia, principalmente devido a uma compreensão diferente da natureza do conflito. Como muitos países europeus são também membros da OTAN, não aceitam que o conflito se deve à expansão da OTAN para leste”, disse o perito.

No entanto, peritos chineses acreditam que as divergências existentes não devem impedir a China e a Europa de trabalharem em conjunto e encontrarem uma solução prática. “A China valoriza a defesa da França para que a Europa seja estrategicamente independente, e a França tem uma tradição relativamente independente em matéria de política externa. Para evitar um confronto em bloco, é importante avançar com o desenvolvimento multipolar”, disse Cui.

Um ano depois, já se sabe que as sanções não produzem na Rússia o efeito desejado

Observadores chineses consideram que a última ronda de sanções contra a Rússia por parte dos países ocidentais “reduz ainda mais a perspectiva de conversações de paz, e apenas levará a mais derramamento de sangue, mais sacrifícios durante o conflito Rússia-Ucrânia, e mais perdas de propriedade em todo o mundo”.

Para proporcionar uma solução para o actual impasse, a China revelou na sexta-feira um plano de paz para resolver a crise. Mas o plano foi classificado pelos EUA como “não racional”, o que levou comentadores chineses a concluir que “estas acusações infundadas expuseram o desejo egoísta dos EUA de não quererem que o conflito termine, e a sua tentativa de diminuir a influência da China na negociação de assuntos globais”.

Entretanto, a União Europeia e alguns países ocidentais, incluindo os EUA e o Reino Unido, decidiram-se por uma nova ronda de sanções contra a Rússia, incluindo novas proibições de exportação no valor de mais de 11,6 mil milhões de dólares, sanções a cerca de 120 indivíduos e entidades russas e uma nova obrigação de informação sobre os activos do Banco Central russo, de acordo com um documento publicado pela UE.

Efeito limitado

Os media chineses, contudo, prevêem que a quantidade de sanções tenha um impacto muito limitado na Rússia. “São apenas gestos diplomáticos e simbólicos dos países ocidentais para desabafar as suas frustrações”, disse Li Ziguo, um investigador sénior do Instituto de Estudos Internacionais da China, ao Global Times, na medida em que “as nações ocidentais já esgotaram o seu repertório de sanções contra a Rússia, incluindo sanções sobre o petróleo e o gás natural da Rússia”.

“A dissociação da energia e do comércio entre a Rússia e a Europa e os EUA foi formada há muito tempo após as primeiras rondas de sanções”, observou Li Ziguo. A Rússia, por outro lado, está também a trabalhar em formas de compensar o impacto das sanções do Ocidente, disse Li. A economia da Rússia contraiu-se em 2,1% em 2022, disse o serviço federal de estatísticas em 20 de Fevereiro, diminuindo menos do que o previsto apesar das sanções.

“Isolar ainda mais a Rússia na cena internacional e aplicar sanções só tornaram mais difíceis as perspectivas de conversações de paz ou utilizar meios políticos para resolver o conflito”, disse Zhang Hong, um investigador associado do Instituto de Estudos Russos da Academia Chinesa de Ciências Sociais. “Tais acções impulsivas podem ajudar os países ocidentais a desabafar a sua frustração e a sentir-se melhor por um minuto, mas causarão mais derramamento de sangue, mais sacrifício e maior perda de propriedade à medida que alimentam ainda mais o conflito”, disse Zhang.

Paz não satisfaz

Entretanto, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy disse estar aberto a considerar alguns aspectos do plano de paz chinês e o presidente francês Emmanuel Macron também aplaudiu o plano no sábado. Foi citado pela AFP como tendo dito que “o facto de a China estar empenhada em esforços de paz é uma coisa boa”.

O Presidente dos EUA Joe Biden parecia ser um dos raros sabotadores do plano de paz da China. Numa entrevista à ABC na sexta-feira, o presidente dos EUA disse que “a ideia de que a China vai negociar o resultado de uma guerra que é uma guerra totalmente injusta para a Ucrânia não é racional”.

“O plano chinês defende a paz, enquanto que o que os EUA pretendem é que o conflito seja arrastado, uma vez que se enquadra no interesse de Washington, pelo que, naturalmente, Biden atira lama ao plano chinês”, disse Zhang. Outra razão, de acordo com Zhang, é que “os EUA querem diminuir a influência da China na negociação de assuntos internacionais importantes”.

O Pentágono anunciou na sexta-feira um novo pacote de assistência de segurança a longo prazo para a Ucrânia, marcando o primeiro aniversário do conflito com um compromisso de 2 mil milhões de dólares para enviar mais munições e uma variedade de pequenos drones de alta tecnologia para a luta, informou a Associated Press.

De acordo com um relatório publicado pela CNN em Janeiro de 2023, os EUA e os seus aliados já enviaram quase 50 mil milhões de dólares em ajuda e equipamento para as forças armadas da Ucrânia durante o ano passado, e que a Ucrânia está a queimar através de munições mais rapidamente do que os EUA e a OTAN a podem produzir.

“A ajuda de armamento do Ocidente provou ser inútil para alterar o status quo do conflito durante o ano passado e, pelo contrário, apenas alimentou a crise”, disse Li Haidong, professor no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Negócios Estrangeiros da China. “O actual impasse provou que o plano da China de reunir as partes relevantes para conversações de paz é uma forma mais viável de sair do atoleiro”, disse.

28 Fev 2023

Comércio | Receitas entre Rússia e China no sector energético crescem 64%

As receitas do comércio entre Rússia e China no sector energético aumentaram este ano 64 por cento, disse na sexta-feira o vice-primeiro-ministro russo Alexandr Novak, afirmando que um acordo intergovernamental para fornecimento de gás à China vai ser assinado em breve.

“O nosso volume de negócios no sector da energia aumentou significativamente: cresceu cerca de 64 por cento, em termos monetários. Se falarmos em termos físicos, trata-se então de um aumento de cerca de 10 por cento, tanto no abastecimento de petróleo e gás como no carvão e electricidade”, disse Novak, após uma reunião entre a comissão intergovernamental Rússia–China.

A Rússia exportou 42,6 por cento menos gás, entre Janeiro e Outubro, em relação ao mesmo período de 2021, para países que não pertencem à Comunidade dos Estados Independentes (CEI), uma organização formada por antigas repúblicas da União Soviética. Este número reflecte sobretudo a queda das vendas para a Europa.

O vice-primeiro-ministro russo enfatizou que, apesar dos desafios actuais, a cooperação Moscovo-Pequim “avança em todas as direcções” e não é afectada pelas mudanças no mercado externo e no sector energético.

Novak anunciou que, em breve, vai ser assinado um acordo intergovernamental entre a Rússia e a China sobre o fornecimento de gás russo ao país asiático, através da rota do Extremo Oriente.

Pequim está a intensificar as compras, para aproveitar os descontos russos. Esta postura das autoridades chinesas tem causado fricções com Washington e países aliados, uma vez que permite aumentar o fluxo de receitas de Moscovo e limitar o impacto das sanções internacionais.

21 Nov 2022

Rússia inicia exercícios militares com aliados, incluindo China e Bielorrússia

A Rússia iniciou ontem exercícios militares conjuntos em larga escala com a China, Índia, Bielorrússia e outros países asiáticos com o objetivo de “garantir a segurança militar” na região e “fortalecer” a relação com os seus aliados.

As manobras, designadas como ‘Vostok 2022’, decorrerão até 07 de setembro com mais de 50.000 soldados, mais de 5.000 armas e outros equipamentos militares, bem como 140 aviões e 60 navios de guerra, botes e embarcações.

Durante estes exercícios, as tropas vão realizar tarefas conjuntas para o “desenvolvimento prático de ações defensivas e ofensivas”, simulando ações “de manutenção de paz” e de proteção de “interesses comuns”, segundo referiu um comunicado do Ministério da Defesa russo.

Garantir a “segurança” na região oriental será outra vertente das ações desenvolvidas no decorrer dos exercícios, de acordo com a mesma fonte.

A par das Forças Armadas da Rússia, China, Índia e Bielorrússia, estes exercícios militares estão a envolver operacionais militares do Azerbaijão, Argélia, Arménia, Quirguistão, Mongólia e Tajiquistão. A Nicarágua, a Síria, o Cazaquistão e o Laos também participam.

O vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, disse, na segunda-feira, que estes exercícios militares conjuntos têm uma “natureza puramente defensiva” e não são dirigidos contra uma aliança militar ou qualquer outro país em particular, de acordo com a agência de notícias Interfax.

2 Set 2022

Morreu Mikhail Gorbachev, ex-líder da União Soviética, aos 91 anos

Mikhail Gorbachev, ex-líder da União Soviética, morreu ontem aos 91 anos. A informação foi difundida pelas agências de notícias russas Tass, RIA Novosti e Interfax. Como último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev travou uma batalha perdida para salvar um império fragilizado, mas produziu reformas extraordinárias que levaram ao fim da Guerra Fria.

O antigo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), entre 1985 e 1991, desencadeou uma série de mudança que resultaram no colapso do Estado soviético autoritário, na libertação das nações do Leste Europeu do domínio russo e no fim de décadas de confronto nuclear Leste-Oeste.

Gorbachev ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1990 pelo seu papel no fim da Guerra Fria e passou os seus últimos anos a coleccionar elogios e honras em todo o mundo, contrariando a visão da Rússia, onde era – e é – desprezado.

Os russos culparam-no pela desintegração da União Soviética em 1991 – uma superpotência que se dividiu em 15 nações. Os seus antigos aliados abandonaram-no e fizeram-no dele um bode expiatório para os problemas do país.

A Tass informou que o ex-chefe de Estado vai ser enterrado no cemitério Novodevichy, em Moscovo, ao lado da sua mulher.

Pêsames chineses

A China transmitiu ontem as suas condolências à família do ex-Presidente da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) Mikhail Gorbachev, lembrando o seu contributo para a “normalização” das relações entre os dois países.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, lembrou a “contribuição positiva” feita por Gorbachev para repor a normalidade nas relações entre a China e a então URSS.

Diferentes órgãos de comunicação chineses citaram excertos das memórias de Gorbachev, nos quais o antigo líder soviético explicou como, numa reunião com o ex-líder chinês Deng Xiaoping, em 1989, ambos decidiram olhar para o futuro das relações sino-soviéticas e esquecer o passado, após décadas de tensão entre as duas potências.

A notícia sobre a morte do último Presidente da União Soviética também foi hoje uma das mais vistas na rede social Weibo, com quase 750 milhões de visualizações.

As reacções na plataforma vão desde o envio de condolências até às críticas pelo seu papel na História. “Morreu o traidor mais famoso da História da humanidade e um membro leal das sociedades secretas de forças estrangeiras”, opinou um internauta, num dos comentários mais visualizados na rede social chinesa.
Mikhail Gorbachev, apelidado por muitos como o arquitecto da “Perestroika” (reestruturação), morreu na terça-feira, aos 91 anos, no Hospital Clínico Central de Moscovo.

1 Set 2022

Ucrânia | Banco dos BRICS suspende transações financeiras na Rússia

O Banco do Novo Desenvolvimento, mais conhecido como o banco dos BRICS, anunciou a suspensão das operações na Rússia, um dos países que, juntamente com o Brasil, Índia, África do Sul e China, compõem os chamados BRICS.

“O banco do Novo Desenvolvimento [New Development Bank – NDB] aplica princípios sãos em todas as suas operações, conforme exposto nos Artigos de Princípio”, lê-se numa declaração de três linhas colocada no ‘site’ do banco. “À luz das incertezas e restrições em curso, o NDB suspendeu as novas transações na Rússia”, refere a mesma nota.

A declaração, consultada hoje pela Lusa e com data de quinta-feira, 3 de março, acrescenta ainda que “o NDB vai continuar a operar os seus negócios em conformidade total com os mais altos padrões de ‘compliance’ [cumprimentos dos regulamentos e boas práticas] enquanto instituição internacional”.

A sigla BRIC foi apresentada pela primeira vez por Jim O’Neil, no estudo de 2001 ‘Building Better Global Economic BRIC’, sendo acrescentada a África do Sul em 2010, mudando a sigla para BRICS.

Este grupo de cinco países representa cerca de 25% da riqueza mundial e entre 2003 e 2007 foi responsável por 65% do crescimento mundial, embora as trajetórias de crescimento muito diferentes desde então tenham levado a agência de notação financeira Standard & Poor’s, em 2019, a dizer que o acrónimo já não faz sentido.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.

Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

9 Mar 2022

Ucrânia | China apela ao diálogo e critica Estados Unidos por agravarem a situação

A China voltou hoje a apelar ao diálogo para resolver a crise na Ucrânia, mas recusou criticar o ataque da Rússia, acusando os Estados Unidos e os seus aliados de agravarem a situação.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Hua Chunying disse, em conferência de imprensa, que a “questão da Ucrânia é complexa, no seu contexto histórico (…) e que o que se está a ver hoje deve-se à interação de fatores complexos”.

“A China está a acompanhar de perto os últimos desenvolvimentos”, disse Hua Chunying. “Ainda esperamos que as partes envolvidas não fechem a porta para a paz e se envolvam no diálogo e consulta, e impeçam que a situação se agrave ainda mais”, afirmou.

Embora a China não tenha apoiado o reconhecimento de Vladimir Putin da independência das áreas separatistas do leste da Ucrânia ou a decisão do presidente russo de enviar forças militares para o país, Hua Chunying disse que a China “pediu às partes envolvidas que respeitem as preocupações legítimas de segurança dos outros”.

“Todas as partes devem trabalhar pela paz em vez de aumentarem a tensão ou exaltarem a possibilidade de guerra”, apontou. A China e a Rússia alinharam amplamente as suas políticas externas em oposição aos EUA e aliados. O porta-voz não descreveu as ações da Rússia como uma invasão, nem se referiu diretamente às movimentações das forças russas na Ucrânia.

A Embaixada da China em Kiev emitiu um aviso aos seus cidadãos para ficarem em casa e colocarem uma bandeira chinesa dentro do seu veículo se precisarem de viajar longas distâncias.

Na quarta-feira, Hua Chunying acusou o Ocidente de criar “medo e pânico” com a crise e disse que os EUA estão a alimentar as tensões ao fornecer armas a Kiev. Também referiu que a China se opõe a novas sanções contra a Rússia.

Os laços China – Rússia foram reforçados, sob o comando do líder chinês, Xi Jinping, que recebeu Putin, em Pequim, no início deste mês.

Pequim afirmou por várias vezes compreender as preocupações russas com a segurança. Xi e Putin emitiram uma declaração conjunta contra o alargamento da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Europa de leste.

Li Xin, diretor do Instituto de Estudos Europeus e Asiáticos da Universidade de Ciência Política e Direito de Xangai, disse que o Ocidente forçou a Rússia a agir, citando a expansão da NATO para o leste e a implantação do sistema de defesa anti-mísseis.

“Por um lado, respeitamos a integridade do território e a soberania da Ucrânia, mas, por outro lado, devemos considerar o processo histórico da situação, em que a Rússia foi encurralada e forçada a contra-atacar”, disse Li.

24 Fev 2022

Ucrânia | China desmente notícia de que o conflito estaria a afastar Moscovo e Pequim

Com os EUA e o Reino Unido a ordenar às famílias dos funcionários da embaixada em Kiev que partam da Ucrânia e a autorizar o pessoal a partir no domingo, os receios de guerra aumentam devido à alegada “invasão iminente” da Ucrânia por parte da Rússia.

A crise na Ucrânia tem causado o aparecimento de algumas notícias, nomeadamente entre alguns meios de comunicação social ocidentais, incluindo a Bloomberg, segundo as quais o conflito pode afectar a confiança mútua China-Rússia. Para os chineses, isto reflecte a “má intenção” das forças ocidentais que tentam instigar divergências entre Pequim e Moscovo, disseram analistas.

Na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês refutou um relatório da Bloomberg que afirmava que o líder chinês tinha alegadamente “pedido ao Presidente russo Vladimir Putin que não invadisse a Ucrânia durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022”. “O relatório foi puramente feito do nada. Procura não só difamar e perturbar as relações China-Rússia, mas também perturbar e minar deliberadamente os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. Um truque tão desprezível não pode enganar a comunidade internacional”, disse Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, numa conferência de imprensa.

A Embaixada chinesa na Rússia também refutou o relatório, afirmando numa declaração enviada à agência noticiosa russa TASS no sábado que a notícia “é um embuste e uma provocação”. A embaixada observou que a posição da China sobre a questão ucraniana é consistente e clara.

No domingo o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo rejeitou igualmente o que descreveu como “desinformação” da Grã-Bretanha, como informou a AFP, depois de Londres ter acusado Moscovo de trabalhar para instalar um líder pró-russo na Ucrânia à medida que as tensões aumentavam.

“A desinformação circulada pelo governo britânico é mais uma indicação de que são os membros da OTAN liderados pelas nações anglo-saxónicas que estão a aumentar as tensões em torno da Ucrânia”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num tweet.

“Forçado a reagir”

“O impasse militar na fronteira ucraniana atingiu um ponto muito perigoso”, disse Yang Jin, um investigador associado do Instituto de Estudos Russos, da Europa Oriental e da Ásia Central da Academia Chinesa de Ciências Sociais. “Ninguém quer escalar a crise para uma guerra, mas os conflitos podem ser facilmente desencadeados por acidentes, e é difícil prevenir totalmente os acidentes no impasse intenso”, observou Yang. “A China sempre esperou que a Rússia e os EUA pudessem resolver o problema sobre a Ucrânia através do diálogo, e esta posição não irá mudar”, disse Yang.

Mesmo que ocorram alguns conflitos nos próximos dias, é pouco provável que seja a Rússia a iniciar provocações, uma vez que Moscovo apoiou anteriormente a Trégua Olímpica aprovada pela ONU durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022, enquanto alguns países como os EUA, o Reino Unido e a Austrália se recusaram a assiná-la.

Entretanto, as relações entre os EUA e os membros da UE divergem. Os peritos disseram que as divisões profundas dentro da Europa estão a tornar difícil para a UE agir como mediador das actuais tensões.

Os ministros dos negócios estrangeiros da UE reuniram-se em Bruxelas na segunda-feira apelando a uma “desescalada” da situação em torno da Ucrânia. O chefe da política externa da UE, Josep Borrell, disse que a UE não seguirá a iniciativa dos EUA de retirar pessoal e famílias da embaixada na Ucrânia, mas “todos os membros da UE estão unidos”, e estão a mostrar uma unidade sem precedentes sobre a situação na Ucrânia, informou a AP.

No meio de tensões crescentes, o Ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, disse que o seu país tinha recebido uma segunda remessa de armas dos EUA como parte da ajuda à defesa no total de 200 milhões de dólares, informou a Reuters no domingo.

A Europa “não é uma placa de ferro”

A falta de unidade no seio da UE é também evidente na crise da Ucrânia, e a recente demissão do chefe da marinha alemã Kay-Achim Schonbach pelos seus comentários “pró-Rússia” expôs as profundas divergências no seio do Ocidente sobre questões de segurança regional, observaram os analistas chineses.

Schonbach demitiu-se após ter dito a um grupo de reflexão durante a sua visita à Índia na sexta-feira que Putin “provavelmente” merecia respeito, e que a Crimeia “desapareceu” e “nunca mais voltaria” à Ucrânia, argumentando a favor da cooperação com a Rússia para conter a ascensão da China. Algumas reportagens dos media descreveram os comentários como um incidente diplomático sem precedentes, e o governo alemão distanciou-se dos comentários de Schonbach, segundo o Deutsche Welle. “Muitos dos países europeus querem a paz com a Rússia, ao contrário dos EUA”, disse Yang. “Só os EUA querem o caos”.

26 Jan 2022

Medina, o russo

Já imaginaram vocês organizarem uma manifestação contra o ditador Putin e por lei terem de entregar os vossos dados na Câmara Municipal de Lisboa? O que acho um exagero. Agora, a edilidade pegar nos vossos dados, que incluem o nome completo, idade, morada, número de telefone, email e se forem estudantes, o nome da faculdade, e enviar esses dados não para a Polícia de Segurança Pública, como a lei obriga, mas os vossos dados irem parar à embaixada da Rússia e a Moscovo ao Ministério dos Negócios Estrangeiros? Eu penso que nem no Estado Novo isto acontecia. Só para a Rússia foram enviadas 27 vezes os dados dos promotores das manifestações anti-Putin. Os organizadores de manifestações correm risco de vida porque uma auditoria à Câmara Municipal de Lisboa já detectou que em 58 manifestações que se realizaram junto de embaixadas, a Câmara de Lisboa enviou 52 dados pessoais de organizadores para as embaixadas visadas. Isto é um crime contra os direitos humanos e contra a liberdade dos cidadãos. Como se pode dizer que Portugal vive numa democracia se as nossas autoridades, incrivelmente camarárias dão-se à facilidade de colocarem em risco a vida de cidadãos residentes em Portugal? De há nove anos para cá já foram enviadas informações confidenciais para além da Rússia, para o Irão, Arábia Saudita, Israel, China, Venezuela, Turquia e EUA.

A Câmara, presidida por Fernando Medina, disse através de um comunicado que “tem cumprido da forma homogénea a Lei portuguesa, aplicando os mesmos procedimentos a todo o tipo de manifestações, independentemente do promotor e do destinatário da mesma”. No entanto, a oposição pela voz do candidato à presidência da Câmara pelo PSD, Carlos Moedas, exige a demissão de Fernando Medina, salientando que o facto é gravíssimo e é um atentado contra a liberdade dos cidadãos. Moedas poderá ter razão se atendermos que Fernando Medina tinha conhecimento desde 2018 que os dados das pessoas eram enviados para diferentes embaixadas.

No entanto, soubemos que António Costa quando exercia o cargo de presidente da Câmara de Lisboa tentou três vezes que estes trâmites acabassem de uma vez por todas. Sendo público que a análise feita pelos serviços internos do município lisboeta versou sobre todos os processos levados a cabo desde 2012 até à actualidade, fica agora patente que António Costa tentou travar a divulgação de dados a embaixadas, mas não teve sucesso. Além disso, muito mais tarde, no protocolo elaborado pela autarquia ficava também patente que o Governo, recebia, ao mais alto nível, as comunicações sobre as manifestações. Não só o Ministério da Administração Interna (MAI), mas também o gabinete do ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, como também o gabinete do primeiro-ministro. À época Pedro Passos Coelho. Tal procedimento deveria ter acontecido em 2013 quando foram feitos alguns ajustamentos ao procedimento que havia sido estabelecido em 2012, dando origem a novas minutas de articulação com os promotores e com as entidades externas. A partir de então, os dados deveriam ser enviados apenas mara o MAI e para a PSP. Um despacho de António Costa deu origem a uma reformulação dos protestos de procedimento nos quais está implícita a supressão de envio de um conjunto de informações e comunicações, mormente embaixadas. No entanto, tal não aconteceu e não se sabe porquê.

É muito grave não se saber por que razão o despacho de António Costa não foi cumprido e em 2021 o país fica atónito com uma Câmara Municipal que quebra todas as regras da confidencialidade e da liberdade de informação.
Fernando Medina foi ouvido na Assembleia da República e admitiu ter induzido os portugueses em erro quando afirmou que “apenas” as embaixadas que recebiam manifestações à sua porta eram notificadas com dados pessoais.

A audição ficou marcada por contestação sólida e unânime ao sucedido, excepto o deputado do PS, José Magalhães, que devia ter vergonha da sua posição. Telmo Correia, do CDS, afirmou que Fernando Medina procurou de todas as formas esquivar-se à responsabilidade deitando culpas para os outros. Carlos Peixoto, do PSD, disse a propósito do que a Câmara fez que só faltou ter enviado uma cópia do cartão de cidadão dos manifestantes. Medina respondeu aos deputados que admitia que o assunto era “grave” pois mexia com o direito dos lisboetas se poderem manifestar em liberdade. Acrescentou que, assim que teve conhecimento de tal procedimento que solicitou uma auditoria interna urgente. Todavia, os deputados do CDS e do PSD atacaram novamente Medina e afirmaram que se este caso tivesse acontecido na Alemanha que Medina nunca mais voltaria a ser edil. Se Medina começou a audiência calmo e sereno, não foi assim que terminou. Muito vermelho, apontou o dedo a quem o acusara, pronunciando que os acusadores apenas estavam a montar uma cabala com vista à sua demissão. “O que aqui está, confundido com uma preocupação legítima, é o oportunismo político: não é preciso fazer um boneco para ilustrar o que eu disse”, concluiu Fernando Medina que nunca conseguiu explicar como era possível passar informações confidenciais para as embaixadas.

*Texto escrito com a antiga grafia

29 Jun 2021

Diplomacia | Serguei Lavrov visita Pequim em tempo de crise entre Rússia e EUA

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, visitará a China na próxima semana, informou ontem a diplomacia chinesa.

No momento em que a Rússia e os Estados Unidos atravessam uma grave crise diplomática – depois de os serviços de informações norte-americanos terem acusado o Presidente russo, Vladimir Putin, de ter dado instruções para acções de interferência nas eleições presidenciais nos Estados Unidos – Lavrov desloca-se a Pequim, na próxima segunda e terça-feira, para uma visita oficial.

Durante uma conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, falou ainda sobre o encontro do chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, e do responsável pelas relações externas do Partido Comunista Chinês, Yang Jiechi, com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e com o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jaque Sullivan, que decorre desde ontem (ver Grande Plano).

Zhao Lijian disse que a reunião servirá para discutir assuntos de interesse comum no Alasca, admitindo que outros encontros bilaterais ao mais alto nível entre a China e os EUA possam acontecer em breve.

19 Mar 2021

Navalny | Analistas dizem que russos perderam o medo de Vladimir Putin

A população russa está a perder o medo de Vladimir Putin, mas o Presidente russo dificilmente negociará com os opositores ao regime, para não mostrar sinais de fraqueza, dizem analistas consultados pela Lusa. Este fim de semana, a polícia russa deteve mais de 4.700 pessoas e bloqueou os centros de várias cidades, incluindo a capital, durante novas manifestações no país pela libertação do opositor Alexei Navalny.

Os apoiantes de Navalny apelam à realização de novos protestos em Moscovo, na terça-feira, quando este for presente a tribunal numa audição que poderá levá-lo à prisão por vários anos, prometendo a continuação das manifestações que têm realizado em várias cidades russas.

“Os manifestantes que pedem a libertação de Navalny não são necessariamente apoiantes seus. São, sobretudo, pessoas que admiram a coragem que ele tem demonstrado ao enfrentar o Presidente Putin”, explicou Judy Dempsey, analista da organização Carnegie Europe e diretora executiva da revista Strategic Europe, em declarações à Lusa.

Pavel Slunkin, especialista em política russa do Conselho Europeu para Relações Internacionais, acrescentou que Putin dificilmente aceitará negociar com os manifestantes, com receio de passar uma imagem de fraqueza.

“Para os regimes autoritários, o diálogo com a sociedade e com os opositores políticos é visto como uma manifestação de fraqueza inaceitável. Logo, o Governo russo quer demonstrar a sua força e a sua vontade de ser muito duro”, disse Slunkin, em declarações à Lusa. Slunkin recordou que um documentário recentemente divulgado na Rússia por Alexei Navalny foi visto por mais de 100 milhões de pessoas.

O vídeo revela uma ligação direta entre Putin e os seus colaboradores e negócios corruptos, com evidentes danos para o prestígio do regime. Contudo, Judy Dempsey acredita que não será esse dano reputacional que fará Putin mudar de rumo, embora o Presidente se encontre perante um dilema sem solução.

“Se ele libertar Navalny vai mostrar fraqueza e perder popularidade; mas, se não libertar Navalny, vai ter de usar de muita violência, e vai perder popularidade”, disse Dempsey, admitindo que não sabe que atitude tomará o Presidente russo.

“Os russos estão fartos de corrupção. E querem tornar isso muito visível. Mas não subestimemos o poder da violência policial das forças de segurança russas”, acrescentou Judy Dempsey, para realçar a determinação do regime em continuar a conter os movimentos oposicionistas.

Pavel Slunkin chamou a atenção, contudo, para o impacto que esta repressão pode ter no prestígio, interno e externo, de Putin, em particular junto daqueles que olhavam para ele como um líder honesto e equilibrado.

Os protestos podem provocar a atitude do Governo, na véspera das eleições gerais para o Parlamento russo, da Duma, em setembro próximo, que, na perspetiva de Slunkin, podem ser “um teste para a autoridade do regime” de Putin.

“Eu espero uma reação previsível das autoridades autoritárias russas: mais repressão ativa sobre os dissidentes e mais esquemas para controlo da campanha eleitoral”, concluiu Slunkin, acrescentando que considera improvável que os resultados eleitorais tragam grandes surpresas, numa Duma onde o partido que apoia Putin tem 75% dos lugares.

Também Judy Dempsey considera que as eleições para o Parlamento estão muito longe e que Putin está, porventura, mais preocupado com as eleições presidenciais, que apenas acontecerão em 2024.

Por outro lado, Putin não parece preocupado com a eventualidade de sanções internacionais motivadas pelo agravamento da repressão policial, não sendo de esperar um aumento de ameaças por parte da União Europeia, explicou Dempsey. “A União Europeia não tem vontade de colocar mais sanções. E não tem sequer uma estratégia para enfrentar a Rússia”, disse Judy Dempsey.

“Com os Estados Unidos, a situação pode ser diferente. Há uma nova atmosfera em Washington, que parece querer experimentar uma dualidade nas relações com Moscovo”, acrescentou a especialista em política russa, referindo-se à forma como a Casa Branca está a negociar acordos de armas nucleares com o Kremlin, ao mesmo tempo que procura mostrar mais dureza na reação às ameaças russas.

Pavel Slunkin recorda que as sanções não têm tido grande efeito sobre a Rússia, referindo-se ao impacto das medidas tomadas pela comunidade internacional sobre os eventos da Crimeia, pelo que suspeita que novas ações retaliatórias seriam infrutíferas. “O que não quer dizer que não tenham significado. Apenas não devemos colocar grande esperança nas sanções”, disse Slunkin.

“Mas os protestos estão em todo o lado, na Rússia. E devem subir de tom, apesar da repressão. E internacionalmente vai também aumentar a vigilância às atitudes do Kremlin. E tudo isso representa, para já, uma enorme incógnita sobre o futuro político da Rússia”, concluiu Judy Dempsey.

2 Fev 2021

Rússia | Putin sublinha interesses geopolíticos “coincidentes” com a China

As duas nações revelam um total alinhamento em matérias de ordem militar, económica e de política internacional. Vladimir Putin reuniu-se com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua em Vladivostoque, à margem do Fórum Económico Oriental

 

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou ontem que Moscovo e Pequim têm interesses geopolíticos “coincidentes”, sublinhando a importância da cooperação entre os dois Estados para o reforço da segurança internacional.

“Não falamos apenas sobre a coincidência dos nossos interesses geopolíticos, que são importantes, mas realizamos também trabalho concreto, obtivemos bons resultados e avançamos”, disse Putin, após uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua.

A reunião do chefe de Estado russo com o alto quadro do regime chinês ocorreu às margens do Fórum Económico Oriental, que se realiza na cidade portuária de Vladivostoque, no extremo leste da Rússia.

“Estamos a trabalhar activamente para fortalecer as instituições internacionais e sistemas de segurança. Colaboramos no campo militar e concordamos activamente nas nossas posições na arena internacional”, acrescentou.

Putin expressou ainda satisfação por os parceiros chineses serem os principais investidores nas regiões do Extremo Oriente da Rússia.

Hu enfatizou que os dois países atribuem grande importância ao fornecimento de produtos agrícolas russos à China, uma colaboração que descreveu como “muito promissora”.

Um acordo entre os dois Estados prevê o aumento do cultivo de soja na Rússia, para fornecer o mercado chinês, à medida que Pequim suspende a compra de produtos agrícolas aos Estados Unidos, face à guerra comercial que trava com Washington.

Em 2018, a China importou mais de 800.000 toneladas de soja da Rússia, um acréscimo de 64,7 por cento, em relação ao ano anterior.

No mesmo tom

O vice-primeiro-ministro chinês acrescentou que existem outras áreas de cooperação económica com potencial de crescimento, como o comércio electrónico transnacional.

“Sabemos que isto exige uma simplificação adicional dos procedimentos aduaneiros. Estamos convencidos de que alcançaremos esse objectivo”, acordado entre Putin e o Presidente chinês, Xi Jinping, disse.

A Rússia e a China alinharam já posições nas Nações Unidas, ao oporem-se a uma intervenção na Síria e anularem tentativas de criticar as violações dos direitos humanos pelos dois países.

Moscovo apoia a oposição de Pequim à navegação da marinha norte-americana no Mar do Sul da China.

Ambos os países realizaram já exercícios militares conjuntos, incluindo no Báltico. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada. A nível económico, no entanto, a cooperação segue aquém da cooperação política e no âmbito da segurança.

A China é o principal parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia surge em décimo lugar entre os parceiros de Pequim.

6 Set 2019

Rússia | Putin sublinha interesses geopolíticos “coincidentes” com a China

As duas nações revelam um total alinhamento em matérias de ordem militar, económica e de política internacional. Vladimir Putin reuniu-se com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua em Vladivostoque, à margem do Fórum Económico Oriental

 
[dropcap]O[/dropcap] Presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou ontem que Moscovo e Pequim têm interesses geopolíticos “coincidentes”, sublinhando a importância da cooperação entre os dois Estados para o reforço da segurança internacional.
“Não falamos apenas sobre a coincidência dos nossos interesses geopolíticos, que são importantes, mas realizamos também trabalho concreto, obtivemos bons resultados e avançamos”, disse Putin, após uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua.
A reunião do chefe de Estado russo com o alto quadro do regime chinês ocorreu às margens do Fórum Económico Oriental, que se realiza na cidade portuária de Vladivostoque, no extremo leste da Rússia.
“Estamos a trabalhar activamente para fortalecer as instituições internacionais e sistemas de segurança. Colaboramos no campo militar e concordamos activamente nas nossas posições na arena internacional”, acrescentou.
Putin expressou ainda satisfação por os parceiros chineses serem os principais investidores nas regiões do Extremo Oriente da Rússia.
Hu enfatizou que os dois países atribuem grande importância ao fornecimento de produtos agrícolas russos à China, uma colaboração que descreveu como “muito promissora”.
Um acordo entre os dois Estados prevê o aumento do cultivo de soja na Rússia, para fornecer o mercado chinês, à medida que Pequim suspende a compra de produtos agrícolas aos Estados Unidos, face à guerra comercial que trava com Washington.
Em 2018, a China importou mais de 800.000 toneladas de soja da Rússia, um acréscimo de 64,7 por cento, em relação ao ano anterior.

No mesmo tom

O vice-primeiro-ministro chinês acrescentou que existem outras áreas de cooperação económica com potencial de crescimento, como o comércio electrónico transnacional.
“Sabemos que isto exige uma simplificação adicional dos procedimentos aduaneiros. Estamos convencidos de que alcançaremos esse objectivo”, acordado entre Putin e o Presidente chinês, Xi Jinping, disse.
A Rússia e a China alinharam já posições nas Nações Unidas, ao oporem-se a uma intervenção na Síria e anularem tentativas de criticar as violações dos direitos humanos pelos dois países.
Moscovo apoia a oposição de Pequim à navegação da marinha norte-americana no Mar do Sul da China.
Ambos os países realizaram já exercícios militares conjuntos, incluindo no Báltico. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada. A nível económico, no entanto, a cooperação segue aquém da cooperação política e no âmbito da segurança.
A China é o principal parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia surge em décimo lugar entre os parceiros de Pequim.

6 Set 2019