João Luz PessoasSandra Ng, relações públicas na Universidade de São José [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Delta do Rio das Pérolas separa as duas regiões administrativas especiais e as duas casas de Sandra Ng. Depois de casarem, os pais da jovem de 24 anos mudaram-se de Macau para Hong Kong para construir família e um lar. Passado algum tempo nascia Sandra Ng, que sempre esteve entre uma cidade e a outra, entre visitas a Macau para ver a família. Com muitas travessias no ferry pelo meio, a jovem acabou por se fixar em Macau há uma década para estudar e preparar-se para entrar na ensino superior. Antes de vir morar para a cidade da deusa A-Má, Sandra Ng tenha uma visão difusa da cidade. “Não tinha uma memória muito clara de Macau, tinha apenas a ideia de que era uma cidade radiante, quente e com luz amarela a banhar as ruas, algo que provocava um efeito em mim”, conta. A jovem encontrou deste lado do Rio das Pérolas um brilho diferente, que contrastava com as cores luminosas de Hong Kong. Durante a adolescência, a futura profissional de relações públicas era, ironicamente, uma jovem algo fechada, sem muito tempo para se dedicar aos amigos uma vez que os estudos lhe tomavam grande parte do dia. Depois de estudar ciências no ensino secundário, Sandra Ng enveredou pela carreira universitária da comunicação e media na Universidade de São José. Nunca chegou a fazer jornalismo por achar que a sua escrita não era boa o suficiente. A vida académica foi recheada de bons momentos, amizade e, obviamente, muito estudo. “Foi bastante interessante, tinha muitos colegas internacionais e a vida era muito divertida, com muitas festas”, conta. Volta ao lago Com uma intensa vida profissional que não lhe deixa muito tempo livre, Sandra Ng gosta de andar a pé para se afastar um pouco do rebuliço do trabalho. Um dos seus sítios de eleição fica “algures entre o Lago Sai Van e o Templo de A-Má”, uma zona que a acalma e que lhe permite relaxar longe do stress do quotidiano. “Tenho uma vida muito ocupada e ao andar a pé não preciso de pensar muito e faço algum exercício, além disso é um sítio muito bonito onde só vemos pessoas a descansar, a fazer exercício e a namorar”, comenta. Hoje em dia, passou da sala de aula para trabalhar no departamento de relações públicas da Universidade de São José. Um emprego que lhe dá realização profissional. “Nos próximos 10 anos não me vejo a mudar de emprego, porque acho que caminho em que estou é bastante apropriado para mim”, conta. A profissão permitiu-lhe ainda crescer como pessoa. “Quando era mais nova não tinha muito à vontade para falar com pessoas e este trabalho deu-me a oportunidade para evoluir”, explica. Em relação à sua antiga cidade, Sandra Ng diz não ter saudades de Hong Kong. “Sinto-me stressada quando lá vou, em Macau consigo relaxar um pouco mais, é uma cidade muito mais tranquila, excepto durante as épocas festivas quando a zona centro da cidade fica cheia de turistas”, completa a relações públicas. Durante os poucos tempos livres que tem, Sandra Ng gosta de se aventurar na área do design gráfico e numa arte de pintura corporal indiana chamada Mehndi. A jovem gosta de usar as mãos dos amigos como tela, usando para pintar uma pasta feita a partir do pó feito de folhas secas da henna. Esta arte de origem ancestral ainda é bastante popular entre as mulheres da Índia, África, Médio Oriente e entre o círculo de amigas de Sandra Ng. O mundo longe do Delta do Rio das Pérolas exerce um grande fascínio sobre a jovem, que visitou há pouco tempo Portugal. Na sua lista de viagens a realizar num futuro próximo estão destinos como a Finlândia e a Alemanha. Entretanto, por cá, Sandra Ng continua a encontrar paz e realização.
João Luz Manchete SociedadeIPM suspende licenciatura em Relações Públicas O HM recebeu uma carta que dava conta da impossibilidade de inscrição no curso de Relações Públicas. O IPM confirmou que suspendeu as matrículas para o próximo ano, mas que o curso não será cancelado, prosseguindo as aulas sem problemas [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma carta anónima chegou às redacções dos jornais dando conta da preocupação dos pais de estudantes que frequentam o curso em Relações Públicas da Escola Superior de Artes. Em causa estava a impossibilidade de novas matrículas no próximo ano lectivo, algo que terá amedrontado alguns alunos. Em resposta à referida missiva, o Instituto Politécnico de Macau (IPM) fez um comunicado a alertar que “não é verdade que haja intenção de encerrar o curso; é, apenas, uma suspensão, por ser esta a melhor forma de aumentar o número de estudantes”. A carta anónima também adiantava que chegaram aos ouvidos dos actuais estudantes que algumas disciplinas poderiam não voltar a ser leccionadas não só no próximo semestre, como nos anos vindouros. Fonte do IPM comentou ao HM que esta parte da carta está completamente errada. “A única coisa que é verdade é que em 2017/2018 não há candidaturas”, explicando ainda que “o IPM garante a todos os actuais estudantes a continuação dos cursos, assim como épocas de avaliação suplementares”. Também em comunicado, a instituição de ensino garante a possibilidade de retoma do curso quando este recomeçar a qualquer aluno que tenha ficado para trás, ou com cadeiras em atraso do primeiro ano. No entanto, entre alguns alunos as preocupações são muitas. “Estou muito nervosa com o futuro da minha carreira, porque se o curso for cancelado não sei se será levado a sério no mercado de trabalho. Conheço mais pessoas que também estão preocupadas, algumas que até já completaram o curso”, revela uma estudante que falou com o HM, mas que preferiu não ser identificada. Uma preocupação semelhante vem patente na carta anónima, onde se diz que “as incertezas quando à segurança da continuidade do curso trazem inseguranças nas futuras carreiras dos estudantes”. Professores para manter Outra das reclamações elencadas na carta anónima, que diz representar os pais dos alunos do curso, prende-se com a suposta falta de transparência da administração do estabelecimento de ensino a lidar com esta matéria. O IPM responde declarando que falta de transparência “seria abrir inscrições para 2017/2018, sabendo-se que o curso não iria abrir”. Por parte da estudante que ouvimos, a aluna afirma que não foram contactados, que ninguém os informou pessoalmente. A mesma estudante adiantou ainda que não tentou falar com a administração por achar que “a decisão estava tomada e que não podiam fazer nada”. No entanto, o instituto garante que o curso não sofrerá perturbações. “Todos os recursos humanos que existem neste momento continuam a ser utilizados”, garante ao HM fonte da escola. No esclarecimento formal do IMP lê-se que o estabelecimento “possui recursos qualificados, humanos e materiais, para prosseguir a formação dos actuais estudantes, com a qualidade que é sua característica”. Para a instituição de ensino, o que está em causa é uma descida substancial do número de estudantes inscritos no curso em questão. A procura da licenciatura diminuiu 64 por cento em relação aos últimos três anos, enquanto as matrículas caíram para metade. Acrescente-se ainda que “o sucesso nos exames de admissão foi muito baixo no último ano”, de acordo com o comunicado do IPM. A fonte do instituto ouvida pelo HM comentou ainda que “quando isto acontece num curso temos de parar para pensar, faz uma restruturação e continuar, procurando tornar o curso mais apetecível, de forma a servir melhor a população”.