Paul Chan Wai Chi Um Grito no Deserto VozesPara onde vais Macau? O Governo da RAE de Macau iniciou a Consulta pública sobre o “Segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento Socioeconómico da Região Administrativa Especial de Macau (2021-2025)” em meados de Setembro e irá encerrá-la a 13 de Novembro. Quem teve oportunidade de ler o documento de consulta, poderá ter dificuldades em comentar os conteúdos porque as propostas incluídas no Segundo Plano são muito banais, e já tinham sido mencionadas anteriormente pelo Executivo. Mas, acima de tudo, o problema é que não são apontadas soluções para os problemas existentes. O documento de consulta assemelha-se a uma publicação política editada de cinco em cinco anos. A consulta pública do Segundo Plano Quinquenal é uma mera formalidade que não merece discussão. Mas, infelizmente, Macau vai usá-la como guia para o desenvolvimento sócio-económico dos próximos cinco anos. Enquanto cidadão de Macau, vou manter-me em silêncio em relação ao Segundo Plano Quinquenal, sobretudo depois de ter assistido à unanimidade na selecção dos membros das diferentes comissões na Assembleia Legislativa, que teve lugar no passado dia 26 de Outubro. Este episódio fez-me mais do que nunca ter vontade de honrar as minhas responsabilidades cívicas, expressando os meus pontos de vista. Mas a decisão final sobre o rumo de Macau está nas mãos dos cidadãos. No documento de consulta, existem apenas quatro linhas para descrever a implementação do Primeiro Plano Quinquenal, sem que sejam especificados os pontos que foram cumpridos, talvez porque não seja possível especificar nada em concreto. No que diz respeito ao aceleramento do processo de diversificação adequada da economia, a estratégia assemelha-se à do “Projecto Geral de Construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”. Com as actuais capacidades e pontos fortes de Macau, temo que venham a ser necessários mais alguns Planos Quinquenais para atingir este objectivo, no qual as pequenas e médias empresas (PMEs) têm um papel muito importante a desempenhar. Mas no cenário de pandemia, o Governo da RAEM não deu às PMEs apoio à medida das suas necessidades. Os negócios pioram de dia para dia, devido à falta de trabalhadores e de recursos materiais. Para as PMEs, a Ilha de Hengqin é apenas uma utopia, não passa de uma palavra vã. A “Lei da Habitação Económica” foi promulgada, depois de a habitação económica ter perdido a sua função equilibradora dos preços do imobiliário. O problema de habitação que os residentes enfrentam é causado pelas políticas do Governo da RAEM, favoráveis aos empresários do sector da construção civil. Um número considerável de terrenos não aproveitados não foi utilizado de forma correcta e existe pouca oferta de habitação pública, fazendo com que os candidatos tenham de esperar indefinidamente. Resulta que muitas pessoas não podem comprar casa por causa do preço, e várias casas ficam desocupadas porque não há quem as compre. Macau não tem falta de terrenos nem de recursos, tem falta de desenvolvimento e de empenhamento. Desde o regresso à soberania chinesa, as condições de vida das pessoas desfavorecidas que habitam o Bairro do Iao Hon, o Edifício San Mei On e o Bairro das Missões de Coloane permanecem na mesma. O objectivo de transformar Macau numa cidade com condições ideais de habitabilidade estabelecido no primeiro e segundo Planos Quinquenais não se cumpriu de todo. Os últimos 18 meses de pandemia revelaram aquilo de que o Governo da RAEM é capaz. Embora ainda não tenham sido revelados os últimos resultados da sondagem à opinião pública, tudo leva a crer que a insatisfação da população está a aumentar. Se o desempenho administrativo e legislativo do Governo não satisfizer os pré-requisitos que permitirão tornar Macau numa “uma sociedade de serviços”, a estabilidade social pode ser abalada por eventuais erros cometidos pelo Governo na alteração ao “Regime Jurídico da Exploração de Jogos de Fortuna ou Azar em Casino”. O Governo da RAE não tem falta de pessoas talentosas, mas após o estabelecimento do princípio “Macau governado por patriotas”, a equipa governante só pode ser constituída por pessoas que exibam o rótulo de “patriotas”. Na ausência de competição, Macau não caminhará no sentido do progresso. Assim sendo, para onde ruma Macau no futuro próximo? Acredito que esse futuro será determinado pela mudança e pelo desenvolvimento. Antes de mais nada, quem governa tem de abrir mão do anacronismo e do nepotismo, precisa de revitalizar a equipa executiva, abrir as diferentes áreas de trabalho à participação do público e concentrar esforços no Planeamento de Novos Aterros Urbanos. Depois destes problemas terem sido abordados, haverá condições para aspirar à Ilha de Hengqin. Numa cidade em que o Metro Ligeiro teve de estar parado durante seis meses para obras, que condições existem que possam justificar a integração de Macau num projecto de partilha de recursos?
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePlano quinquenal | Especialistas destacam política sobre veículos eléctricos O ambientalista Joe Chan e o académico Thomas Lei congratulam o Governo pela medida que obriga serviços públicos a escolherem veículos eléctricos, quando for necessário adquirir viaturas novas. Porém, Joe Chan critica a postura conservadora face às metas ambientais para os próximos anos A partir do próximo ano, o Executivo vai obrigar todos os serviços públicos a comprar veículos eléctricos quando for necessário adquirir ou substituir viaturas da frota automóvel. A medida prevista no segundo Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM (2020-2025) é para o académico Thomas Lei, da Universidade de São José (USJ), um passo importante. “É um grande passo em frente o Governo exigir aos departamentos públicos que apenas tenham veículos eléctricos em substituição dos antigos, assim como a construção de estações de carregamento para veículos eléctricos”, disse ao HM. Para o especialista, “como os veículos eléctricos têm zero emissões e não emitem partículas PM 2.5 e NOx [óxido de nitrogénio] para a atmosfera, podem ser uma solução para reduzir as emissões dos veículos nas estradas de Macau”. Na óptica do ambientalista Joe Chan este é o único ponto positivo das políticas ambientais contidas no novo Plano Quinquenal. “Vemos que o Governo está a esforçar-se para que os veículos eléctricos sejam mais populares, com mais parques de estacionamento e estações de carregamento, além de que o Governo vai adquirir carros eléctricos. Nos próximos cinco anos, sem dúvida que veremos mais viaturas deste tipo nas estradas.” Níveis podem melhorar Outra das propostas do Executivo é manter, até 2025, a emissão de partículas PM 2.5 abaixo das 25 microgramas por metro cúbico. Thomas Lei destaca “o compromisso” de reduzir emissões de dióxido de carbono para a atmosfera nos próximos cinco anos, propondo passar de 53 para 45 por cento. O académico considera, no entanto, que o nível da emissão das partículas PM 2.5 ainda pode melhorar para atingir os níveis sugeridos pelo Guia da Qualidade do Ar da Organização Mundial de Saúde. Além disso, “o ideal é que haja uma elevada percentagem de dias com ar limpo para actividades ao ar livre”. Para Joe Chan a redução das emissões de dióxido de carbono “é o único objectivo do Plano no qual vale a pena focarmo-nos”. O ambientalista aponta que “não podemos esperar uma grande melhoria da qualidade do ar nos próximos cinco anos porque continua a ser usado o mesmo objectivo constante no índice de poluição do ar”. Assim sendo, o ambientalista considera que os objectivos públicos para as zonas verdes são “desapontantes”. Está prevista a plantação de cinco mil árvores e o aperfeiçoamento de 20 mil metros quadrados de zonas verdes. “O Governo apenas diz que vai melhorar a área destinada a zonas verdes em vez de aumentar, o que é verdade, pois no passado a definição de zona verde era ridícula, incluindo espaços abertos dos casinos e cemitérios. Provavelmente, o Governo quer usar os próximos cinco anos para melhorar essas áreas.” Relativamente a Coloane, Joe Chan entende que “a construção deveria ser restringida nas zonas húmidas e montanhosas” e aproveitados os terrenos ocupados ilegalmente para novos espaços verdes.
Andreia Sofia Silva PolíticaSegundo Plano de Desenvolvimento Quinquenal está a ser elaborado Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, garantiu, em resposta a interpelações, que o Governo está a elaborar o segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM, pensado para o período de 2021 a 2025. Recorde-se que o plano foi lançado por Chui Sai On, anterior Chefe do Executivo, em 2016. “O Governo da RAEM está a elaborar o ‘2º Plano Quinquenal (2021-2025) do Desenvolvimento Económico e Social da RAEM’, em articulação com o 14º Plano Quinquenal do país”, disse Ho Iat Seng em resposta ao deputado Joey Lao. O projecto para cinco anos deverá garantir uma participação de Macau, “de forma pró-activa” na “construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e na promoção da construção da zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”. Face à estratégia em construção, o Governo diz-se “empenhado no desenvolvimento de diversas indústrias”, tais como “a saúde vocacionada para a investigação, desenvolvimento e produção de medicamentos tradicionais chineses, da indústria financeira moderna e tecnologia de ponta, bem como indústrias de convenções, exposições e comercial”. Toca a aprender Em resposta a interpelação escrita da deputada Chan Hong, o governante máximo da RAEM frisou também que o segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM “irá garantir maior estabilidade dos recursos de educação pública, visando apoiar as condições do funcionamento escolar”. Ho Iat Seng adiantou que existem 11 escolas localizadas em pódios de edifícios habitacionais cujos processos de transferência de instalações “estão a ser objecto de tratamento”. “Em um deles estão a ser realizadas obras de ampliação, cuja conclusão está prevista para o final de 2021. Num terreno concedido a uma escola está a ser construído um novo edifício escolar”, respondeu Ho Iat Seng. Ho Iat Seng não esteve presente na sessão plenária da Assembleia Legislativa, no passado dia 10, para responder presencialmente às interpelações dos deputados. As respostas escritas foram posteriormente divulgadas.