Hoje Macau China / ÁsiaSichuan | Dois pandas a caminho de Washington Um casal de pandas, aguardado com expectativa em Washington, iniciou na segunda-feira uma longa viagem da China até à capital norte-americana, anunciou a organização chinesa responsável pela protecção da espécie. Partindo da província chinesa de Sichuan, o macho Bao Li e a fêmea Qing Bao, ambos com três anos, foram colocados em jaulas individuais com um grande fornecimento de bambu para a viagem, de acordo com a Associação de Conservação da Vida Selvagem da China e imagens transmitidas pela estação CNN. Estes dois mamíferos, com um forte símbolo diplomático, foram ontem recebidos pelos meios de comunicação social, em Washington, uma vez que a cidade não tinha pandas há quase um ano. Os pandas viajam num avião especial, sob o controlo veterinário constante de uma equipa de cuidadores de Washington. O anúncio da chegada de Bao Li e Qing Bao foi feito no final de Maio pela primeira-dama norte-americana, Jill Biden, e pelo Jardim Zoológico Nacional do Smithsonian. É neste jardim zoológico de Washington que o público norte-americano poderá conhecer os novos inquilinos dentro de poucas semanas, depois de passado o período de quarentena e aclimatação ao ar da capital. Três pandas anteriores alojados em Washington regressaram à China em Novembro de 2023. Uma partida, após o termo de um contrato de empréstimo, que foi amplamente percepcionada como reflectindo as tensões entre Washington e Pequim. O primeiro par de pandas foi oferecido por Pequim aos Estados Unidos em 1972, após uma visita histórica do presidente Richard Nixon à China comunista de Mao Tse-Tung.
Hoje Macau China / ÁsiaHK | Pequim oferece dois pandas A China vai presentear Hong Kong com dois pandas gigantes para assinalar o 27.º aniversário da transferência de soberania, anunciou ontem o chefe do Executivo, John Lee. A antiga colónia britânica foi devolvida à China em 1997 ao abrigo do princípio “Um país, dois sistemas”, concebido para garantir à região um elevado grau de autonomia e de liberdades estabelecidas na Lei Básica e diferentes das existentes no país. O presente é “a prova de que [a China] apoia e se preocupa com a cidade” e os pandas vão chegar dentro de alguns meses, disse Lee.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Li Qiang promete mais pandas e pede “terreno comum” à Austrália A chamada “diplomacia do panda” ganhou terreno na Austrália com a confirmação pela voz do primeiro-ministro chinês do empréstimo de um novo casal de animais à escolha das autoridades australianas A China vai emprestar à Austrália um novo casal de pandas gigantes, anunciou ontem o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que apelou ainda à “procura de um terreno comum” entre os dois países. O empréstimo dos dois pandas gigantes Wang Wang e Fu Ni ao jardim zoológico de Adelaide, no sul da Austrália, acordado em 2009, termina em breve, numa prática também conhecida como “diplomacia do panda”. “Wang Wang e Fu Ni estão longe de casa há 15 anos. Acho que eles sentiram muitas saudades de casa e por isso irão retornar à China antes do final do ano”, disse Li Qiang no zoológico, a primeira paragem da visita a Austrália. “Mas o que posso dizer é que iremos fornecer o mais rapidamente possível um novo par de pandas igualmente bonitos, encantadores e adoráveis”, assegurou o primeiro-ministro, acrescentando que Pequim apresentará uma lista de candidatos a Camberra. “É bom para a economia, para os empregos no [estado da] Austrália do Sul, para o turismo e é um símbolo de boa vontade, e agradecemos por isso”, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong. De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza, que actua na área de protecção ambiental, restam cerca de 1.860 pandas gigantes, principalmente nas florestas de bambu das regiões montanhosas da China. Graças aos programas de conservação, a União Internacional para a Conservação da Natureza retirou o panda da categoria “em perigo” no final de 2016. No entanto, permanece listado como vulnerável na lista vermelha de espécies ameaçadas. No bom caminho Após a visita ao zoológico, Li Qiang almoçou no Penfolds Magill Estate de Adelaide, um restaurante do sector vitivinícola, um dos mais afectados pelas tensões comerciais entre os dois países. Em Março, a China levantou tarifas alfandegárias impostas em 2020 ao vinho da Austrália, que afectaram muito as exportações para o país asiático, que chegaram a atingir 1,2 mil milhões australianos de dólares por ano. “No último mês, desde que a proibição do vinho foi levantada, vendemos 86 milhões de dólares australianos em vinho à China”, disse ontem o ministro do Comércio da Austrália, Don Farrell. “As relações entre a China e a Austrália voltaram ao bom caminho após um período de reviravoltas, gerando benefícios tangíveis para os povos de ambos os países”, disse Li Qiang, de acordo com um comunicado da embaixada chinesa. “A história provou que o respeito mútuo, a procura de um terreno comum, pondo de lado as diferenças, e a cooperação (…) é um passo importante para o desenvolvimento das relações entre a China e a Austrália”, acrescentou. A visita do alto funcionário chinês à Austrália é a segunda etapa de uma digressão diplomática pela Oceânia que o levou primeiro à Nova Zelândia.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | População de pandas gigantes em estado selvagem sobe 1.900 A população de ursos panda gigantes que vivem em estado selvagem na China ronda actualmente os 1.900 exemplares, um aumento “significativo” desde a década de 1980, quando eram cerca de 1.100, anunciaram ontem as autoridades do país. O aumento deve-se em grande parte aos “esforços intensivos de protecção” desta espécie no país, disse Zhang Yue, vice-director do Departamento de Conservação da Vida Selvagem da Administração Nacional das Florestas, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. Com base no novo censo, a União Internacional para a Conservação da Natureza actualizou o estatuto do panda gigante de “em perigo” para “vulnerável”. O Parque Nacional do Panda Gigante começou a funcionar em Outubro de 2021 e estende-se por quase 22.000 quilómetros quadrados, proporcionando um habitat protegido para 72 por cento dos animais de vida livre da China, disse Zhang. A reserva abrange o território das províncias de Sichuan, Shaanxi e Gansu, no centro-oeste da China. De acordo com dados da Administração das Florestas, as áreas protegidas relacionadas com os pandas gigantes aumentaram de 1,39 milhões de hectares para 2,58 milhões de hectares desde 2012, o que teve um impacto no desenvolvimento sustentável da população de pandas gigantes. Para além dos pandas em liberdade, os 728 pandas que vivem em cativeiro também aumentaram em número, tendo sido registados 46 nascimentos no ano passado. Zhang destacou ainda o aumento da “diversidade genética” dos pandas, uma espécie endémica da China, que o país considera um “tesouro nacional”.
Ana Cristina Alves Via do MeioPanda: Um importante símbolo chinês Ana Cristina Alves, Coordenadora do Serviço Educativo do CCCM O Panda (熊猫 Xiōngmáo), numa tradução literal “urso-gato”, ou Grande Panda (大熊猫Dàxiōngmáo), é um importante símbolo da China. A sabedoria proverbial diz muito sobre ele. Comece-se pelo nome que nos apresenta um urso ou de um grande urso, com o qual os chineses se identificam, não apenas do ponto de vista geográfico, já foi preservado e guardado por eles como um tesouro de valor inestimável, mas porque tem uma aparência física com a qual os descendentes do Dragão imediatamente se identificam do ponto de vista afetivo, já que é grande, fofo e redondo, recebendo por isso o epíteto de “Rolante”(滚滚 Gǔngǔn). Ele é “brincalhão e ingénuo” como indica a expressão proverbial (憨态可掬hāntài-kějū), portanto o melhor amigo que as pessoas podem ter na pândega. Além disso, a sua atitude é uma verdadeira lição de vida, já que está sempre satisfeito com o seu destino, como se lê numa outra expressão proverbial, na qual se afirma que é “tranquilo e satisfeito” (悠然自得 yōurán-zide); somam-se a estas, novas características que distinguem o seu carácter: “autocontrolado e vigilante” (泰然自若 tàirán-zìruò), não entra em pânico, permanecendo sempre alerta, o que é associado, do ponto de vista cromático, à conjugação do preto e do branco no seu pelo. Como relata Wolfram Eberhard em A Dictionary of Chinese Symbols (1986:35), nos tempos em que Mao Zedong (毛泽东) se quis dissociar da antiga União Soviética, corria na China que havia dois tipos de mascotes, o bom panda chinês e o urso mau soviético, ao ponto de terem surgido versões da história do Capuchinho Vermelho, nas quais o lobo mau era substituído por um urso pardo russo. O Panda proverbial é ainda “vagaroso e deliberado” (慢条斯理màntiáo-sīlǐ), mas essa lentidão pensada confere-lhe a postura correta na vida. O passo estugado, o querer fazer muito em pouco tempo, o estar constantemente a produzir e em crescimento, seja por que motivo for, material ao espiritual, conduz à morte prematura. A deliberação deste urso na redução da velocidade, não implica excesso de racionalidade, como se pode verificar pela atitude espontânea e humilde, transmitida no modo oscilante e despreocupado como se move, “abanando a cabeça e o rabo” (摇头摆尾yáotóu-bǎiwěi). Recebe ainda muita simpatia entre as gentes do País do Meio por ser tão “desajeitado e fofo” (笨拙可爱bènzhuō-kě’ài). Num outro dito é descrito como “inteligente e vivo” (聪明伶俐cōngmíng-línglì), vivacidade esta que deixa transparecer nos saltos, manifestando a vigorosa alegria com que atravessa a existência “aos pulos” (活蹦乱跳huóbèng-luàntiào) . Aliás, ele vive sem qualquer atenção à sua “imagem social”, “movendo-se como se não houvesse ninguém por perto (旁若无人pángruò-wúrén), numa falta de cuidado pelo retrato, que se irá encontrar em muitos chineses. Enquanto urso, o panda simboliza “a fecundidade masculina, a virilidade e a força” (Steens, 1980: 354). Acrescenta Wolfram Eberhard (1986: 34) que ao representar o homem, quando alguém sonha com ursos terá filhos do sexo masculino, encontrando-se ainda ligado a um imperador mítico chinês, o Grande Yu (大禹Dàyǔ), que era, tal como o seu pai, multifacetado: aquele que soube dominar o dilúvio na China, abriu canais e conduziu as águas dos rios até ao mar, a fim de os dragar, podia transformar-se num urso. Dayu casou com Nujiao (女娇), a quem matou de susto quando assumiu o aspeto de urso, numa das suas metamorfoses essenciais, para mais facilmente abrir um túnel na montanha Xuanyuan. Ora a mulher que lhe ia levar a comida, quando viu um enorme mamífero atrás de si com a voz do cônjuge, morreu de susto: “Nujiao ouvia a voz do marido, mas quando voltava a cabeça só via um urso em sua perseguição. Apavorada, correu até à montanha Song (Songshan 嵩山), onde caiu exausta, transformando-se numa estátua de pedra” (Wang, Alves, 2009: 86). Teve ainda a gentileza de lhe deixar o filho que transportava no ventre, a pedido dele, abrindo-se a estátua por milagre celestial. O Panda não é apenas a mascote da China, que simboliza o homem, remete ainda para importantes símbolos astrológicos, as duas Ursas, a Maior e a Menor, e dentro destas constelações de sete estrelas para cada, pode ser visualizada na Ursa Menor a Estrela Polar. O Norte, a orientação suprema, irmã da Maior, onde se firma o trono do Imperador Celestial (上帝Shàngdì). Portanto, o Panda da terra está ligado aos seus ancestrais astrológicos, as Ursas, que conferem a orientação correta a seguir nos céus, mas como firmamento e terra pertencem a um mesmo cosmos, este animal pode e dever conferir o caminho a seguir no nosso planeta, onde foi eleito modelo filosófico existencial pelos chineses, sobretudo quando os protagonistas dos nossos dias surgem um tanto desnorteados, à procura de uma guia, como é o caso da narradora de “Ursa Maior”, um conto de Macau contemporâneo na voz artística feminina de Mong Shi “O tempo em que eu via a Ursa Maior parece-me agora completamente remoto (…) Escondo-me na colina do Monte, escondo-me debaixo das árvores desta pequena cidade, com os olhos enevoados, com os olhos perdidos, oriente, ocidente, sul e norte, todas as direções em confusão; mas continuo a guardar o hábito de erguer os olhos no céu à noite à procura da Ursa Maior, a constelação que tenho no meu coração…” (Mong: 1998: 183/4). Por que razão o Panda é ainda modelo existencial na China? Antes de mais, porque nos primórdios, tal como os outros mamíferos da espécie, era carnívoro, mas progrediu em direção a uma nutrição vegetariana, alimentando-se essencialmente de bambu. Tal significa no oriente chinês um caminho de vida mais simples e despojado, revelando ainda grande tenacidade e adaptabilidade na luta pela sobrevivência. Além disso, é um importante símbolo de preservação da biodiversidade nesta nova era do socialismo ecológico chinês. Quase em vias de extinção, aquele que um dia andou por terras asiáticas e muito recentemente só podia ser encontrado na China, estava a perder-se não fosse o esforço constante da nova política verde assumido pelas autoridades políticas e científicas do país. É ainda um excelente representante zoológico da cultura chinesa pela configuração cromática. A aliança entre o preto e o branco no seu corpo transporta logo a dois dos principais símbolos da filosofia chinesa, o Yin (阴 Yīn) feminino e Yang (阳 Yáng) masculino, que vemos também representados no emblema do Taiji (太极 Tàijí ), o “Supremo último” com que o país se exporta em termos de Soft Power pelo mundo. Ora o emblema, que surgiu no âmbito da Alquimia Interior, revela a via espiritual para obtenção do autodomínio, controlo espiritual, longevidade e até imortalidade. Um dos representantes mais destacados da escola alquímica foi Chen Tuan (陈抟, c. 906-989), o autor do Taiji (Alves, 2007:81), que ao simbolizar o autodomínio, se cruza não apenas nas cores com as características atribuídas ao urso chinês. Se o panda adulto representa o homem, é natural que os chineses encontrem grandes semelhanças entre as crias de pandas e humanas, o que de facto sucede, sobretudo no que respeita a emissão de sons vocálicos. Mas podemos ir mais longe nas analogias em termos filosóficos. O modelo existencial encarnado pelo panda aproxima-o do estilo de vida proposto pelos taoistas. Ele é ingénuo, brincalhão, porém, ao mesmo tempo, alerta na sua espontaneidade. Oferece-se à existência despojado de artifícios. O seu vegetarianismo remete-nos para os três tesouros taoistas: a compaixão, a frugalidade e a simplicidade (《道德经•67》我有三宝 /持而保之/ 一曰慈/ 二曰俭/ 三曰不敢为天下先). E a maneira de estar na natureza deste mamífero recorda o modelo de recém-nascido oferecido pela experiência biográfica de Laozi (老子), inspirando assim silenciosamente os que o quiserem seguir, a partir do capítulo 20 do Clássico da Via e da Virtude (《道德经•20》), de cuja segunda parte apresento a minha tradução: 众人皆有余 Todos têm em excesso 而我独若遺 Só a mim me falta tudo 我愚人之心也哉 Sou completamente idiota! 沌沌兮 Tão obscurecido 俗人昭昭 As pessoas vêm claro 我独昏昏 Só eu sou confuso 俗人察察 Os outros são perspicazes 我独闷闷 Eu retraio-me 澹兮若海 Ondulante como o mar 恍兮若无止 Numa deriva sem fim 众人皆有以 Todos têm utilidade 而我独顽似鄙 Mas eu que estúpido e desprezível 我独异于人 Sou diferente dos outros 而贵食母 Alimento-me do seio da Mãe Tal como um panda gigante, remato, rolando e vagueando pelos bambuais, agarrado ao seio da Mãe Natureza e ao sopro vital da terra, bamboleando-se redondo e pacífico. Bibliografia Alves, Ana Cristina. 2007. A Mulher na China. Lisboa Editorial Tágide. Eberhard, Wolfram. 1986. D Dictionary of Chinese Symbols. Hidden Symbols in Chinese Life and Thought. Tradução de G. L. Campbell. Londres e Nova Iorque: Routledge. Graça de Abreu, António. 2013. (trad.) Laozi. Tao Te Ching. O Livro da Via e da Virtude. Ed. Bilingue. Lisboa: Nova Vega. Steens, Eulalie. 1980. Dictionaire de la Civilization Chinoise. Du neólitique au début de la dynastie Qing (XVIIe siècle). Prefácio de Alain Decaux. Editions du Rocher. Mong Shi. 1998. “A Ursa Maior”. Sete Estrelas. Antologia de Prosas Femininas. Trad. Maria José Trigoso. Apresentação de Tong Mui Siu. Macau: Instituto Cultural de Macau. Wang, Alves. 2009. Mitos e Lendas da Terra do Dragão. Lisboa: Caminho. Webgrafia 形容熊猫的成语有哪些 (Quais são os provérbios descritivos do panda?). Baidu. https://zhidao.baidu.com/question/1179336365885654819.html 南宫问天2019熊猫的故事 The Story of Panda Taotao IPanda- 《你不知道的大熊猫故事》大家的成就 (Sabes qual é a história do panda Chengjiu?) | CCTV纪录https://www.youtube.com/watch?v=DcEG2FxoDos
Hoje Macau China / ÁsiaRaro panda albino avistado em reserva natural na China [dropcap]U[/dropcap]m raro panda albino foi avistado em Abril numa reserva natural na província de Sichuan, no sudoeste da China, noticiou hoje a imprensa local. “A julgar pelas fotografias, é um panda albino com um ou dois anos”, disse o investigador da Universidade de Pequim Li Sheng, citado pela agência oficial de notícias Xinhua. As imagens do animal foram captadas por uma câmara infravermelha a cerca de 2.000 metros acima do nível do mar. O panda foi avistado a passear na Reserva Natural de Wolong, conhecida como a casa dos pandas gigantes, espécie ameaçada que tem sido alvo de vários programas de preservação nos últimos anos. Este panda, sem manchas no corpo e com os olhos aparentemente vermelhos, prova que “os genes do albinismo existem na população de pandas gigantes selvagens em Wolong”, indicou o especialista. “O panda parecia forte e os seus passos eram estáveis, um sinal de que a mutação genética” não impediu o seu desenvolvimento, disse Li. Os pandas gigantes selvagens vivem em zonas isoladas e montanhosas e são vistos muito poucas vezes no ‘habitat’ natural.
Hoje Macau China / ÁsiaChina anuncia parque de pandas com um quinto do tamanho de Portugal [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai ter um parque para pandas no sudoeste do país, com dois milhões de hectares (20 mil quilómetros quadrados) – quase um quinto da dimensão de Portugal continental, anunciou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros. Situado na província de Sichuan, o projecto visa impulsionar a economia local, enquanto oferece àquela espécie em extinção um território onde pode procriar e diversificar o seu banco genético. O Banco da China prometeu financiar a criação do parque, designado Giant Panda National Park (Parque Nacional do Panda Gigante), com pelo menos 10 mil milhões de yuan. Zhang Weichao, um funcionário de Sichuan envolvido no planeamento do parque, disse ao jornal oficial China Daily que o projecto irá ajudar a reduzir a pobreza entre as 170.000 pessoas que vivem dentro do território abrangido. Os planos para a criação do parque, que deve estar pronto em 2023, foram iniciados no ano passado, pelo Comité Central do Partido Comunista Chinês e o Conselho de Estado, segundo o jornal. Estima-se que haja 1864 pandas a viver no meio selvagem. Outros 300 vivem em cativeiro.
Andreia Sofia Silva Manchete ReportagemParque de Seac Pai Van | Animais em condições desiguais No parque de Seac Pai Van, em Coloane, existe o Pavilhão do Panda Gigante, onde os animais que são considerados o tesouro da China repousam com ar condicionado. Cá fora, outras espécies têm um espaço bem mais pequeno. Há associações a alertar para a desigualdade [dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]emur de cauda anelada, macaco folha de françois, macaca nemestrina. Todas estas espécies habitam há alguns anos no parque de Seac Pai Van, em Coloane, bem ao lado do pavilhão dos pandas que foram oferecidos pela China. Contudo, as condições não são as mesmas para todos os animais. Se os pandas repousam dentro do pavilhão sempre com o ar condicionado ligado, cá fora os restantes animais encontram-se dentro de um espaço limpo, mas de reduzida dimensão. Dois responsáveis de associações com quem o HM falou alertam para as desigualdades existentes. “As condições dos outros animais foram sempre fracas”, lembrou Fátima Galvão, da Associação para os Cães de Rua e Bem-Estar Animal em Macau (MASDAW). “Aquando da construção deste alojamento para os pandas, muita gente da sociedade se revoltou porque, de facto, há dois ou três animais que têm condições luxuosas e os outros continuam a ser negligenciados”, disse ainda, fazendo uma referência ao urso da Flora, que ainda não foi transferido para o parque de Seac Pai Van, como chegou a ser prometido pelo Governo. “Vivia cheio de reumatismo, todo torto, num cubículo miserável. Nunca fui ver o urso da Flora porque me faria imensa impressão”, disse Fátima Galvão. Para a responsável da MASDAW, que há muito defende a protecção dos animais, o que se passa no parque de Seac Pai Van “é uma situação lamentável”. “Mas os pandas são os pandas, foram uma oferta do Governo chinês e está tudo dito”, afirmou. FOTO: Sofia Margarida Mota Fátima Galvão não aponta, contudo, o dedo ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). “O IACM também está sujeito às directivas superiores e o que foi determinado é que os pandas têm direito a um tratamento de imperadores, e os outros animais são os outros animais. Se morrerem não fazem falta alguma”, aponta. “É lamentável que se faça uma lei supostamente para proteger os animais, mas que penaliza mais os donos do que quem comete crimes contra os animais, e depois os animais do parque de Seac Pai Van estejam nessas condições”, frisou ainda. “Espaços minúsculos” No dia em que o HM visitou as instalações dos animais no parque, estes tinham as jaulas limpas, mas era notório o pouco espaço para se movimentarem. Sara d’Abreu, residente, confessa que há muito tempo que não vai ao parque de Seac Pai Van por ter pena dos animais. “Os espaços são minúsculos, falta zonas verdes”, apontou. Sara fala do exemplo dos animais que estão numa zona interior, onde existem vedações eléctricas. “Faz-me muita confusão a zona onde estão os macacos, e os outros animais, lá dentro, estão sempre a olhar para a vedação eléctrica. Talvez a tenham posto para que não fujam dali. O espaço é horrível”, defendeu. Para Sara d’Abreu, Macau não tem sequer clima para ter estes animais ao ar livre. “Os animais nem deviam estar lá, porque Macau não tem espaço nem clima para isso.” Nem mesmo os pandas, com ar condicionado, apontou. Panda, um animal político Joe Chan é presidente da União dos Estudantes Ambientalistas de Macau (Macau Green Student Union) e assegura: “Há de facto um desigual investimento de recursos nos pandas, se olharmos para os outros animais”. Chan, ligado a questões do ambiente, defende ainda que a existência de pandas é uma questão meramente política. “Manter os pandas em Macau é um investimento elevado, uma vez que há uma grande exigência, tendo em conta o facto de serem espécies em vias de extinção. Além disso, o significado de ter pandas em Macau não é o de garantir a sua preservação como espécie. Estes tornaram-se numa espécie de símbolo político”, observou. FOTO: Sofia Margarida Mota Questionado sobre a postura que o IACM deve ter neste caso, Joe Chan diz esperar que “haja uma oportunidade para melhorar as condições gerais de habitabilidade no parque”. Para o ambientalista, não é possível transformar o parque de Seac Pai Van num verdadeiro jardim zoológico. “As pessoas em Macau respeitam o direito a todas as vidas, mas não podemos esperar que se construa um jardim zoológico no local. Apenas pedimos que aquele seja um lugar de harmonia entre os animais que lá habitam e os visitantes”, rematou. Um Fundo com milhões O Fundo dos Pandas foi criado em 2010 com o objectivo de desenvolver várias actividades relacionadas com esses animais, que passam pela área da investigação e da promoção. Em 2015, foi noticiado de que este fundo financeiro já tinha recebido mais de cinco milhões de patacas, dinheiro que provém não apenas dos donativos que recebe, como do orçamento atribuído pelo Executivo. IACM diz prestar atenção aos outros animais O parque de Seac Pai Van tem um total de 208 animais de 27 espécies diferentes, sendo a maioria espécies de aves. Em resposta ao HM, o IACM garantiu que nunca descurou o tratamento que é dado aos restantes animais. Trabalham actualmente no parque um total de 18 técnicos de tratamento e veterinários, sem esquecer sete trabalhadores auxiliares. “Para satisfazer as necessidades de tratamento dos animais, a equipa trabalha por turnos o dia inteiro e durante o período de férias, garantindo a sua higiene e fiscalização.” O IACM assegura que, desde 2010, tem havido uma melhoria do “ambiente do parque e da gestão dos animais”. “O IACM aproveita ao máximo os terrenos disponíveis para melhorar e coordenar as zonas de actividades dos animais. Além de ter em conta a situação geral do parque, [o organismo] tem também em conta as necessidades de vida dos animais”, lê-se na resposta escrita. A entidade presidida por José Tavares acrescenta que, desde a chegada dos pandas ao território, que “tem prestado atenção aos outros animais”. “Além das obras de renovação dos espaços onde estão instalados, que estão sempre em evolução, foram adicionadas outras instalações de acordo com os hábitos das diferentes espécies.” Na prática, os animais não têm um tratamento diferente, apesar da dimensão dos lugares a que chamam casa ser bem diferente. “A equipa responsável pelo tratamento dos animais é a mesma que define as refeições que eles fazem e que serviços médicos necessitam. Isso é igual também para os pandas. O IACM espera que todos os animais do parque tenham saúde, através de melhorias constantes.” Ratos, um problema comum A existência de ratos nas pequenas jaulas foi outro dos problemas relatado ao HM por alguns visitantes, mas o IACM garante que, quanto a este assunto, só pode garantir a manutenção constante. “Esse problema existe em vários jardins zoológicos. A razão para que isso aconteça prende-se com o facto de se tratar de um espaço aberto, onde a comida está exposta. Como a colocação de produtos químicos pode afectar os animais, optamos por outros meios para controlar a situação dos ratos”, explicou o IACM. Renovar constantemente os equipamentos, substituir vedações por vidro ou a instalação de uma rede de drenagens, para impedir o acesso dos ratos, são algumas das soluções encontradas. “Foram também definidas e implementadas instruções rigorosas da limpeza dos locais de alojamento”, rematou o organismo.
Hoje Macau SociedadePandas gémeos são “Jian Jian” e “Kang Kang” [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]untos significam saúde. Estão escolhidos os nomes para os pandas gémeos nascidos em Macau. O Governo elegeu “Jian Jian” e “Kang Kang” como baptismo para as crias de panda gigante, depois de uma selecção feita pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e pela Base de Pesquisa de Reprodução do Panda Gigante de Chengdu da Província de Sichuan. De um total de 1718 sugestões dadas pelos cidadãos de Macau, foram recolhidos nomes tendo com critérios de avaliação o significado, a boa pronúncia, compreensão fácil e outros nomes já atribuídos a pandas oferecidos ou cedidos pelo Governo Central. Do número total de propostas, 1117 sugeriram “Jian Jian” e “Kang Kang”. Dois dos participantes da combinação de nomes vencedora irão ganhar o grande prémio, que corresponde a cinco mil patacas em dinheiro e uma lembrança, sendo que a cerimónia de entrega de prémios terá lugar no dia 3 de Outubro, durante a actividade “Celebração dos 100 Dias das crias de panda gigante”. “Jian Jian” e “Kang Kang” estão em boas condições físicas. Com 83 dias, pesam 4.115g e 3.335g, respectivamente, e já têm o pêlo característico dos pandas gigantes.
Joana Freitas SociedadePandas | Os bebés “corruptos” da Novo Macau [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]am Tam e Wu Wu foram os nomes escolhidos por quem participou na votação alternativa da Associação Novo Macau para baptizar os novos inquilinos do Parque de Seac Pai Van. O grupo decidiu levar a cabo uma consulta pública alternativa para dar nome aos pandas bebés por considerar que o processo do Governo para o mesmo fim não é claro: a população só pode votar em alguns dos nomes oferecidos, mas cabe ao Chefe do Executivo o baptismo final. Uma nota de imprensa da Novo Macau – que insta as pessoas a utilizar estes nomes em vez dos oficiais – indica que, entre as 1024 pessoas que participaram na votação, 561 escolheram Tam Tam e Wu Wu, entre os 216 nomes a concurso. Acontece que o caracter de cada um dos nomes – que forma a palavra Tam Wu, em Chinês – significa “corrupção”, como a Associação faz questão de sublinhar. A Novo Macau reitera em comunicado o “desapontamento” que sentiu ao perceber que a decisão final dos nomes cabe ao Chefe do Executivo, em vez de ser como no caso de Hoi Hoi e Sam Sam, onde foi feita uma consulta pública. Consulta essa que, na altura – ainda Florinda Chan estava no cargo de Secretária para a Administração e Justiça – foi também criticada pela mesma Associação. O grupo, liderado por Scott Chiang e Jason Chao, indicou ontem ter sido alvo de um “ataque cibernético” no site que levava a cabo a votação dos nomes alternativos dos pandas, de 5 a 7 de Setembro. Ataque que, contudo, “não afectou” a página.
Hoje Macau SociedadePandas gémeos nascem pela primeira vez na RAEM [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]Dois pandas gigantes gémeos nasceram pela primeira vez em Macau, no domingo, filhos do casal de pandas Sam Sam e Hoi Hoi, oferecidos pela China. As crias nasceram durante a tarde de domingo, uma com 135 gramas, em boas condições de saúde, e a outra com apenas 53,8 gramas, pelo que teve de ser colocada numa incubadora, em cuidados intensivos, segundo informações avançadas pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Na sexta-feira, o IACM revelou a suspeita de que Sam Sam, de oito anos, estivesse grávida, já que apresentava sintomas comuns de gestação, como menos apetite, menos actividade e alterações fisiológicas. “Estes sintomas são fortemente favoráveis a uma gravidez de um panda gigante fêmea”, disse Leong Kun Fong, membro do conselho de administração do IACM, alertando, entanto, que é “muito comum que os pandas exibam sinais e sintomas de gravidez”. As crias viriam a nascer dois dias depois de os primeiros sinais de gravidez serem relatados. Plano eficaz O Pavilhão do Panda Gigante foi encerrado no passado dia 14 “com vista a desenvolver o plano de reprodução” do casal. Segundo o IACM, Sam Sam foi também sujeita a inseminação artificial. Na sexta-feira, as autoridades indicaram esperar saber se a gravidez era real no espaço de duas semanas. Os pandas gigantes passam por um período de gestação entre 83 e 180 dias, mas os primeiros sintomas podem surgir apenas ao fim de 100 dias. As pseudo-gravidezes são comuns, verificando-se não só alterações no comportamento como hormonais, o que pode tornar os testes inconclusivos. As ecografias também podem ser difíceis de efectuar devido ao tamanho extremamente reduzido do feto. A China ofereceu, em 2009, um casal de pandas a Macau, por altura do 10.º aniversário da transferência de poderes do território de Portugal para a China. No entanto, em 2014, a fêmea, Sam Sam, morreu de problemas renais, que foram agravados por ter entrado no período de reprodução, precisaram os técnicos do IACM na altura. Em Abril do ano passado, chegou a Macau um novo casal de pandas, com o mesmo nome, Sam Sam e Hoi Hoi, que em cantonês significa “alegria” e “felicidade”.