Academia de Ciências | Alerta para “armadilha da tecnologia intermédia”

Um relatório da Academia de Ciências da China apela à a uma maior abertura do país para conseguir captar talentos e promover a inovação industrial através da inovação científica e tecnológica

 

A principal academia de ciências da China pediu ontem a Pequim que “abra as portas” ao investimento e talentos estrangeiros para evitar que o país fique retido na “armadilha da tecnologia intermédia”, sem conseguir ascender nas cadeias de valor.

O relatório da Academia de Ciências da China surge numa altura em que os Estados Unidos, Europa ou Japão estão a intensificar os controlos de exportação de alta tecnologia para o país, dificultando o objectivo de Pequim de tornar as empresas chinesas competitivas nos sectores de alto valor agregado.

“Os países que se desenvolvem mais tarde têm geralmente dificuldades na modernização industrial e na transição para rendimentos elevados, porque não dispõem de avanços tecnológicos próprios após a importação, imitação, absorção e rastreio de tecnologia”, observou o relatório.

A “armadilha da tecnologia intermédia” descreve um cenário em que os países em desenvolvimento beneficiam das transferências industriais devido às suas vantagens de baixo custo, mas enfrentam uma estagnação económica a longo prazo, quando as vantagens competitivas diminuem e as empresas locais não conseguem recuperar o atraso tecnológico para os países desenvolvidos.

A ideia foi apresentada pela primeira vez por Zheng Yongnian, um proeminente cientista político da Universidade Chinesa de Hong Kong e tornou-se uma preocupação para Pequim.

O Governo chinês lançou em 2015 um plano, designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energias renováveis, robótica e automóveis eléctricos.

Seguiu-se então uma guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos, que bloquearam já o acesso de empresas chinesas a ‘chips’ semicondutores avançados e limitaram o investimento norte-americano no país asiático em tecnologias de ponta, como a inteligência artificial ou computação quântica.

Pede-se abertura

Numa declaração após a Conferência Central do Trabalho Económico, um encontro anual entre os líderes do país para abordar a trajectória económica, realizado na semana passada, os dirigentes chineses comprometeram-se a mobilizar vastos recursos para quebrar a estratégia do Ocidente de “contenção tecnológica”, dar prioridade à inovação para melhorar a resistência e a segurança das principais cadeias de produção e identificar futuras áreas de crescimento, incluindo voos espaciais comerciais, biotecnologia e inteligência artificial.

“É necessário promover a inovação industrial através da inovação científica e tecnológica, especialmente as tecnologias disruptivas e de ponta, para gerar novas indústrias, novos modelos e uma nova dinâmica”, lê-se no comunicado emitido pelo Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista, a cúpula do poder na China.

De acordo com o relatório da Academia Chinesa de Ciências, “a indústria transformadora da China ainda se encontra num nível baixo na cadeia de valor global e corre o risco de ser prejudicada pelos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão, nos segmentos inferior e médio”.

Para além de um aumento das despesas para resolver os pontos de estrangulamento, como os semicondutores, a segunda maior economia do mundo precisa também de adoptar uma política mais aberta e executar reformas profundas para conseguir progressos tecnológicos, destacou o documento.

Num relatório publicado em Julho, Zheng Yongnian afirmou que a China precisa de uma política de maior abertura ou mesmo de se abrir unilateralmente ao resto do mundo, apesar de o Ocidente estar a promover uma política de “redução de riscos” no comércio com o país.

“A China precisa de abrir as suas portas para atrair talentos internacionais e, se não for capaz de atrair cientistas europeus e norte-americanos, deve pelo menos tentar atrair cientistas da Rússia, Europa de Leste, Índia e outros países em desenvolvimento”, escreveu.

Zheng disse ainda que Pequim deve abrir os seus laboratórios experimentais industriais nacionais a mais empresas privadas. Por fim, acrescentou que a China deve também reformar o sistema empresarial de modo a que as empresas públicas e as grandes empresas privadas possam partilhar recursos para expandir as cadeias de abastecimento e industriais.

19 Dez 2023

PJ | Mostra-se nu na internet e acaba chantageado

Um residente com 30 anos mostrou-se nu na Internet e acabou a pagar 163 mil patacas, para evitar que as suas imagens fossem divulgadas online. De acordo com o Jornal Ou Mun, o caso, ocorrido a 31 de Agosto, foi revelado pela Polícia Judiciária. Nesse dia o homem conheceu online alguém online que se fez passar por uma mulher, e realizou um strip com a webcam.

Porém, minutos depois de ter acabado recebeu uma mensagem com dados bancários e a exigência de um pagamento de 8 mil patacas, para que as imagens não fossem divulgadas. A vítima aceitou pagar, mas do outro lado surgiu uma nova chantagem a exigir mais 155 mil patacas, que foram igualmente pagas. Mais tarde a vítima contou o sucedido a um amigo, e decidiu apresentar queixa na PJ.

11 Set 2023

Tropa do vento que passa

[dropcap]C[/dropcap]ontinuo à espera. A última mensagem que recebi foi de que não tinha conseguido apanhar o hidrofólio a jacto. E pior: que aquele era o último, porque os barcos tinham ido todos ao fundo. Não acreditei. Julguei que estava a usar linguagem literária, que “fundo” era metáfora para a situação que se tem vivido. Como beco sem saída ou a penúria de um poço. Lugar onde o retorno não é possível face ao tumulto em pleno andamento. Antes, faláramos e informou-me de que as tropas tinham entrado. Vinham carregadas de fuzis balísticos de exagerada dimensão, “só para mostrar força e poderio”, explicara. Aparelhos colossais que patenteavam suprema inovação tecnológica, até ali, inexistente em lado algum. Entraram, sem sobreaviso, como quem vem para uma parada de Domingo, aperaltados de fulgor e mudança. Assim que chegaram à Avenida, os manifestantes que até aí estavam a gritar as suas deixas de mundo ideal e pacífico, enervaram-se e quiseram enfrentá-los, pondo-se à frente dos primeiros blindados, gritando: “Saiam daqui, esta não é a vossa terra!” Umas formiguinhas com catarro, terão notificado as unidades no terreno aos seus oficiais. Aos magotes: “Isto é nosso!”

Contou-me os acontecimentos ao pormenor, mas escutava sem crer no que estava a entrar-me pelos ouvidos, ao não conseguir unir factos. “Sim, sim…”, concordava, só para manter a conversa acesa, tentando conjecturar o relato. Ainda no sofá, ligara a televisão para testemunhar as lagartas metálicas a pisar o alcatrão, imaginando outra época, que à luz daqueles novos acontecimentos tinha avançado para distância mínima. Mas não estava lá nada. O trânsito rolava incólume. Os canais continuavam com a programação corrente, nenhum rodapé a relatar o sucedido. Nem directos nas redes sociais ou comentários exasperados, não existia palavra sobre o assunto fosse em que lado fosse. Aparentemente, os negócios decorriam da forma usual. Como sempre.

Só por via das dúvidas, dirigi-me ao Terminal, onde ainda me encontro. Vi barcos atracados, mas nenhum a aproximar-se. Perguntei a razão e garantiram que por vezes acontecia. Não foi preciso apertar-lhes o pescoço. Que não tinham chegado à hora marcada, podiam ter-se atrasado, uma corrente mais forte, julgaram, mas não tentaram obter mais informações, continuaram ali de cócoras à espera que a Lua curvasse no céu. Fora isso, sentia-se a tranquilidade a desprender-se para o estado de decomposição. Ali, nada sabiam.

O burburinho electrizante das luzes sussurrava por entre a névoa do costume, que trazia a amnésia do fundo do rio apinhado de pérolas, como uma orquestra de grunhidos desafinados. Bagagens por embarcar. Os solavancos da água do mar a fazerem-se sentir em terra como se o mundo estivesse todo a abanar e em convulsão. A esfera rolante a querer fugir debaixo dos pés para outra galáxia qualquer, deixando as pessoas na mesma posição geográfica, entregues a si próprias. No imediato, sem desculpa, o planeta já não estava cá. Evaporizara-se. Deixando o vácuo e o abalo. Mais coisa, menos coisa, essa era a sensação. Mas a mordaça imperava.

Poderá acontecer algo assim, um controle total da informação que se dissipa pelo éter sem deixar rasto? Põe-se a mão e tapa-se para a posteridade a fisionomia das tropas que avançam de forma inédita pelo território contíguo, vaticinando o futuro de todos os seus habitantes, transpondo para a realidade, ao invés, anúncios de desodorizantes e paraísos turísticos. Para que o público em terminais próprios continue a regozijar-se na sua abundância paralela.

“Sim, sim…”, persistimos deste lado, incrédulos. Barcos desocupados presos às vagas dos paredões, tentando acompanhar o ritmo da superfície onde estão pousados. Marujos em terra, salpicados com a hidrosfera das suas amantes, num mundo que flui impávido. Vendedores que delongam folhetos apinhados de sonhos adulterados. A figura risível do vento que passa a transportar a imaginação das trevas da outra margem. Hinos emparelhados nas botas cardadas que se puseram a marchar, cheias de satisfação. Veia seca sem fios. A ilusão marcha. Zangões armados até à lufa a impelir a desordem. Marcham! A brisa que emudece a desgraça. Será tudo fantasia?

As comunicações interrompidas. Já não sou o único no pavimento esquivo do Terminal. Outros seguiram as suas preces crendo que os seus entes regressavam. No tempo, a saudade inebria o juízo e nem a sombra da mais ignóbil miragem os acode. Acocoramo-nos em sintonia de olhos postos nos simbióticos ecrãs que auscultamos entre os dedos. O jornalismo emudeceu. Afrontamos o baço do horizonte que não devolve reflexo. Ou ponta de eco. Os homens, onde estão os homens? O tino a esfarelar-se, a deixar-nos cegos e a respirar por máscaras.

Diz-se que entraram. “Entraram, eles entraram!”, repetem, tentando dedilhar nos aparelhos a ocorrência escondida, como se a realidade fosse uma aplicação. Não se fala em ofensiva, nem invasão. Alguns usam restabelecimento, como se o termo fosse um analgésico. Toma-se e o efeito é imediato. Também segredam – sem acreditar – que os barcos se afundaram. Que a calamidade é extrema. E que o escurecimento é integral. Mas a sonolência da informação não certifica nenhuma vírgula do discurso. O que nos chega é a normalidade clara de um mundo abaulado, na sela híbrida do telemarketing. A tecnologia celular perdeu as funções vitais e deixou de transmitir esclarecimento à geração seguinte, talvez abalroada por doença degenerativa.

Sem cenário do destino, a imaginação corre desenfreada. Confundidos entre filmes de guerra e ficção científica, protagonizados por Jeff Goldblum a fazer de Karate Kid, remexe-se a memória para a prospecção de tais actos. O visto e o previsto. Cilindros e betoneiras a remoer as estradas, levando tudo à frente, deixando o mundo fininho como um boneco animado. Filmes mudos que avançam na rotação errada numa tempestade de postais deslustrados. A cidade murada a expandir-se das suas ruínas. Mais miséria do que opulência. Como se recoloca a ordem na virtude venérea do livre arbítrio a não ser pela sua derrocada?

Mas o bolso volta a tremelicar. Acordo da alucinação e atendo. “O que aconteceu?”, grito exasperado. Alegro-me pela linha restabelecida. E não invadida ou ofensiva. Todos se levantam, apinhados no confim escorregadio do Terminal, alguns escorregam e tombam no reboliço das águas. Perscrutam. Tentam captar o sopro da certeza. Os silvos enternecem a realidade, prenunciando as luzes das embarcações que se avistam. Espantamo-nos com os relatos de desodorizantes e paraísos turísticos que descem dos auscultadores. A descrição da figura robusta que desaponta os iludidos dos naufrágios e perdições de toda a sorte. “Não entraram!”, ralham. Frustrados pelo volte de face da moeda, como se a máquina tivesse ficado com o troco. Não há como abaná-la, pensam ainda. Passado que foi o cabo das tormentas, a vida continua. De hidrofólio a jacto.


IMAGEM © Randy Lewis
10 Out 2019

China/África | Pequim suspende comentários críticos ‘online’

A caixa de comentários às notícias de que Pequim vai emprestar 60 mil milhões de dólares aos países africanos está suspensa em vários portais noticiosos chineses, após internautas terem manifestado a sua insatisfação nas redes sociais do país

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Presidente chinês, Xi Jinping, avançou esta semana com aquele valor, na abertura da terceira edição do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), que reuniu, em Pequim, dezenas de chefes de Estado e de Governo do continente africano. Bancos estatais e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos, alguns isentos de juros ou com condições preferenciais, para projectos lançados no âmbito daquela iniciativa.

Segundo constatou a agência Lusa, no portal de informação económica Caijing ou na versão ‘online’ do jornal Beijing Evening News, a tentativa de colocar uma mensagem resulta no aviso de que “estão proibidos comentários a esta notícia”. A assistência financeira da China ao exterior é frequentemente alvo de críticas no país, onde dezenas de milhões de pessoas continuam a viver abaixo do limiar da pobreza ou sem acesso ao ensino e saúde. No Weibo, o ‘Twitter chinês’, vários internautas compararam o montante prometido por Xi com os gastos domésticos em educação ou no apoio às populações mais pobres.

“Devias primeiro criar as tuas próprias crianças”, escreve um internauta. “Há tantas vítimas na China em desastres naturais ou provocados pelo homem, poderias olhar pelos mais pobres aqui por favor?”.

Um ‘meme’ difundido na Internet chinesa mostra o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, a prometer que a China não vacilará nos seus compromissos económicos com África, ao lado dos comentário do ministro da Educação, Chen Baosheng, que afirma que o país tem escassez de fundos e “não pode exceder o seu estágio de desenvolvimento”.

A imprensa estatal, entretanto, tem realçado os benefícios mútuos da cooperação com África, apontando o grande potencial de consumo e abundantes recursos naturais do continente. “China e África são altamente complementares e o potencial de desenvolvimento de África irá criar um grande mercado”, lê-se num comentário no Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, no qual se acrescenta que a China importa do continente mais algodão e cobre do que produz internamente e que a exploração de campos petrolíferos africanos, por empresas chinesas, “ajudou muito” o país asiático a garantir a sua segurança energética.

Dinheiro entre irmãos

Um outro artigo no Diário do Povo lembra que, apesar de a assistência financeira de Pequim a África “não implicar condições políticas”, o continente tem expressado apoio às reclamações territoriais de Pequim no Mar do Sul da China. “Esta fraternidade não tem preço”, nota.

No FOCAC, Xi Jinping prometeu ainda um perdão das dívidas que venceriam no final deste ano para os países mais pobres do continente africano e 50 mil bolsas de estudos destinadas aos jovens.

Os empréstimos chineses inserem-se no projecto internacional de infra-estruturas lançado pela China, a Nova Rota da Seda, que inclui uma malha ferroviária intercontinental, novos portos, aeroportos ou centrais eléctricas, visando conectar Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático.

Segunda maior economia mundial, a China continua a ter quase 50 milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza, estabelecido pelo Governo chinês em 2.300 yuan anuais (290 euros). Em Pequim ou Xangai, as cidades mais prósperas do país, o rendimento ‘per capita’ é dez vezes superior ao das áreas rurais, onde quase metade dos cerca de 1.400 milhões de chineses continua a viver.

6 Set 2018

China | Aldeias e cidades rendem-se às vantagens do comércio electrónico 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chinesa Yao Yao há muito que deixou de fazer a lista de compras, carregar sacos do supermercado ou ter dinheiro na carteira, beneficiando da difusão ímpar do comércio electrónico e carteiras digitais na China. “Quando saio de casa, nem levo carteira. Basta-me o telemóvel”, conta a chinesa natural de Pequim, que diz fazer “entre 70 a 80%” das suas compras na rede.

Não é um caso único: cada vez mais chineses recorrem unicamente às ferramentas digitais para chamar um táxi, pagar a conta no restaurante ou até as despesas na farmácia. No ano passado, o comércio ‘online’ na China cresceu 26,2%, em termos homólogos, para 752 mil milhões de dólares – um valor equivalente a quase quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) português. O país asiático é responsável por cerca de metade do conjunto mundial de vendas pela Internet.

Nas ruas de Pequim ou Xangai, o frenesim das motorizadas que fazem entregas rápidas ao domicílio é constante e, ao longo do dia, as encomendas amontoam-se à entrada dos bairros. O fenómeno alastrou-se já às aldeias do país, onde vivem quase metade dos 1.375 milhões de chineses, através de estações abertas pelo grupo Alibaba, que controla 90% do comércio electrónico na China.

Retalho a vê-los passar

Wang Huan’e dirige uma estação aberta pela plataforma Taobao na aldeia de Huangwan, a cerca de três horas de carro de Pequim, onde recebe as encomendas feitas pelos locais e ajuda os mais idosos a fazerem compras ‘online’.

“Antes desta estação abrir, os habitantes da aldeia tinham de se deslocar à cidade mais próxima para fazer compras”, recorda à Lusa. “Agora não, basta pegarem no telemóvel e podem comprar o que quiserem, seja de manhã, ao acordarem, ou de noite, antes de irem dormir”.

A proliferação do comércio electrónico beneficia também os empresários, que conseguem colocar os seus produtos em qualquer ponto da China, sem depender de retalhistas. “É um espaço e mercado totalmente livre”, explica à agência Lusa Li Guocun, cofundador de uma fábrica de produtos para crianças, cujas vendas são feitas exclusivamente através do Taobao.

A firma emprega vinte operários numa aldeia da província de Hebei e seis funcionários num escritório no norte de Pequim, onde é feita a gestão da loja ‘online’ e o apoio ao cliente. Li trata do design dos produtos e das fotos para o catálogo. A extensa rede logística da China encarrega-se do resto.

Consumidor perfilado

Para o empresário, a outra vantagem do comércio ‘online’ reside no ‘Big Data’, a análise dos dados dos consumidores, que permite moldar o produto à procura do mercado.

Através dos dados coletados pelo Taobao, “conseguimos ver o perfil do consumidor, a que segmento ele pertence, os seus gostos, hábitos de consumo ou área de residência”, afirma. “Temos uma visão transparente do mercado”.

Numa altura em que Pequim anuncia a extinção de quase dois milhões de posto de trabalho na indústria secundária, visando combater o excesso de capacidade de produção, o negócio da Internet pode gerar novas oportunidades.

“Toda a gente pode ter uma loja ‘online’, basta ter acesso à rede”, defende Li. “O investimento necessário é baixo, só é preciso ter vontade”.

Portugal está atento ao fenómeno.

Portugal na rede chinesa

Procurando pelo termo ‘Putaoya’ (Portugal, em chinês) no Taobao.com, os resultados mostram utensílios de cozinha, mobília, produtos de cortiça, vinho ou azeite português.

No mês passado, o secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, anunciou um acordo para a abertura de uma loja ‘online’ só para produtos portugueses.

“Há cinco ou dez anos era impensável para uma pequena ou média empresa de Portugal tentar abrir uma loja ou uma rede de lojas [na China], porque os custos fixos eram enormes e era uma aposta de enormíssimo risco”, afirmou.

Hoje, “com a possibilidade de utilizar as plataformas online, a existência de centros de distribuição e logística físicos em partes da China é, obviamente, um complemento extraordinariamente importante”, disse.

João Pimenta, Agência Lusa

26 Jun 2017