PM da Nova Zelândia convidado a visitar a China

A China convidou ontem o primeiro-ministro da Nova Zelândia, Christopher Luxon, a realizar uma visita oficial ao país, após a deslocação do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, a Wellington.

Segundo fontes oficiais neozelandesas, o Governo chinês dirigiu ainda o convite ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Winston Peters, e ao responsável pela pasta do Comércio, Todd McClay, com o objectivo de reforçar os laços bilaterais, enquanto o Governo de Wellington propôs mais visitas às autoridades chinesas.

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros reuniu-se na segunda-feira em Wellington com Peters, Luxon e McClay, para “reaproximar” os seus países após anos de afastamento e no meio da competição entre Pequim e Washington para aumentar a influência no Indo-Pacífico.

Wang e Peters discutiram na segunda-feira questões como o aumento das tensões no mar do Sul da China e no Estreito de Taiwan, o papel de Pequim nos conflitos na Ucrânia, no Médio Oriente e as tensões na península coreana, bem como a situação nas regiões chinesas de Xinjiang, Hong Kong e Tibete.

Amigos de trabalho

Durante a visita de Wang, o primeiro chefe da diplomacia da China a deslocar-se à Nova Zelândia desde 2017, o executivo de Wellington procurou também impulsionar o comércio bilateral de bens e serviços com a China, o principal parceiro comercial.

O gesto surge poucos meses depois do 10.º aniversário da assinatura do acordo de Parceria Estratégica Global Nova Zelândia – China, quando o Presidente chinês, Xi Jinping, visitou Wellington, em Novembro de 2014.

Wang, que está a realizar um périplo pela Austrália e Nova Zelândia entre os dias 17 e 21 de Março, deverá encontrar-se hoje em Camberra com a homóloga australiana, Penny Wong, para cimentar a normalização das relações bilaterais após anos de tensões, bem como com líderes empresariais da potência oceânica.

20 Mar 2024

Nova Zelândia | PM visita Pequim este mês para impulsionar comércio

O primeiro-ministro da Nova Zelândia anunciou ontem que vai liderar, no final de Junho, a deslocação de uma delegação comercial à China, principal parceiro comercial do país e cuja crescente influência no Pacífico Sul suscita preocupação em Wellington.

“A relação com a China é uma das mais significativas, extensas e complexas da Nova Zelândia”, afirmou Chris Hipkins, durante uma conferência de imprensa que serviu para anunciar a primeira viagem de um chefe de Governo da Nova Zelândia à China desde 2019.

Hipkins disse esperar que a visita aumente o comércio com a China e diversifique a cooperação para outros “sectores emergentes”, como a saúde e bem-estar ou a indústria dos cosméticos.

A Nova Zelândia exporta sobretudo laticínios e produtos à base de carne. As vendas para a China representam um quarto das exportações do país. A Nova Zelândia importa electrónicos, maquinaria, roupas e móveis do país asiático.

O anúncio surge depois de o governo da Nova Zelândia ter assinado a “Declaração Conjunta contra a Coerção Económica no Comércio”, em Paris, no fim de semana, junto com a Austrália, Canadá, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, em resposta às práticas da China.

A embaixada chinesa em Wellington publicou este fim de semana, por sua vez, um comunicado no qual afirmou que “alguns países tendem a ir longe demais ou a abusar do conceito de segurança nacional para impor políticas protecionistas sob vários pretextos, que violam descaradamente tanto as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) como os compromissos realizados em conjunto por todas as partes”, numa alusão aos Estados Unidos.

O primeiro-ministro da Nova Zelândia assegurou que o seu governo mantém “um diálogo sólido e contínuo com a China”. Ao contrário da Austrália, a Nova Zelândia não foi alvo de sanções chinesas.

A Nova Zelândia é parceira histórica dos Estados Unidos e da Austrália, integrando a aliança de inteligência Cinco Olhos, que também inclui o Canadá e o Reino Unido.

13 Jun 2023

De boas intenções a gordofobia está cheia

No corrente ano de 2021 a gordofobia ataca de novo, camuflada de boas intenções, como não podia deixar de ser.
Viremo-nos para a Nova Zelândia, dos primeiros países a oferecer produtos menstruais nas escolas, um país evoluído e cheio de boas intenções, que não tem medo de tomar medidas para erradicar a pobreza menstrual. Pena que nem sempre o ímpeto se alastre a outras áreas. A universidade de Otago na Nova Zelândia publicou um estudo que correu o mundo. Eu fui ler o comunicado oficial da universidade, para perceber o tom de celebração que se veiculava.

Atentem: os investigadores desenvolveram a primeira gerigonça do mundo para a perda de peso. Um acessório interessante, uma espécie de cadeado magnético que não deixa que a mandíbula se afaste mais do que 2 mm. A justificação desta invenção é simples: já que a obesidade é uma epidemia global, são necessárias mais e melhores técnicas para as pessoas perderem peso. A cirurgia bariátrica é um procedimento muito invasivo e caro. O cadeado é bem mais baratinho com resultados promissores, dizem eles. Os dentistas colocam-no na boca dos interessados e as pessoas ficam reduzidas ao consumo de líquidos. As pessoas perdem peso a custo de “algum desconforto” e “algum embaraço”, como a investigação mostrou.

Claro que os mais sensatos e sensíveis prontamente se referiram ao acessório como um objecto de tortura medieval. Parece uma brutalidade não poder abrir a boca à vontade ou ficar com dificuldades em falar. Fui ler a publicação científica. Os investigadores enquadraram a utilidade do “cadeado” numa narrativa que já nos cansa: a de que os obesos são uns “coitadinhos” que não têm saúde física e mental, que não têm vida social, e que, pior, em tempo de COVID-19, estão ainda mais vulnerabilizados – e precisam de um milagre. Pensei para comigo, em que raio de contexto isto foi permitido? Que comissão de ética foi favorável a um estudo que se propunha trancar a boca das pessoas?

A Nova Zelândia – o tal país que oferece produtos menstruais – usa o índice de massa corporal como um indicador de saúde na decisão de aceitar ou rejeitar imigrantes. A entrada pode-lhes não ser permitida, ou os seus pedidos de renovação podem ser rejeitados quando já lá moram. Só para clarificar: obesidade não é uma doença, apesar dos serviços de fronteiras neozelandeses assim o entenderem por vezes (ainda que rejeitar alguém doente é bastante problemático também). A metáfora da epidemia da obesidade claro que não ajuda a passar esta mensagem. O país teme que as pessoas com excesso de peso sobrecarreguem os serviços de saúde. Contudo, investigação mostra que o índice de massa corporal não é um indicador de saúde, visto que não compromete um estilo de vida activo. Nesta tentativa de se culpar a pessoa com excesso de peso pelos seus problemas também se negligenciam os factores sistémicos, sociais e culturais, que contribuem para eles. O problema não é a gordura, o problema é o estigma associado à gordura. Posto isto, a Nova Zelândia é um contexto socio-cultural bastante propício à gordofobia declarada, camuflada e pseudo-bem-intencionada. De todas as formas e feitios. Se é verdade que há pessoas que sofrem com excesso de peso, este sofrimento não existe no vácuo. As sociedades travam guerras declaradas contra a gordura. Não há mudança possível sem consciência de que o problema não são as pessoas individuais, mas o sistema que recusa o seu corpo à partida.

Há uns tempos referi que a mera menção da obesidade como epidemia faz aumentar o preconceito contra o excesso de peso. Só um exemplo, entre muitos, de como a linguagem e os discursos à volta destas coisas afectam os processos que nos tornam mais inclusivos em relação aos outros. O desafio é pudermos olhar para as medidas bem-intencionadas com olhar critico e feroz de que podem, na verdade, perpetuar aquilo que queriam mitigar desde o início.

7 Jul 2021

Primeira-ministra da Nova Zelândia fala de diferenças com a China “difíceis de reconciliar”

A primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern apelou à China para agir de uma forma consistente com as suas responsabilidades como potência em crescimento. Num discurso na Cimeira Empresarial da China em Auckland, na segunda-feira, Ardern sublinhou as tensões nas relações entre a China e a Nova Zelândia, dizendo que as diferenças entre os dois países estavam “a tornar-se mais difíceis de reconciliar” e que não havia “garantias” dentro da relação.

O discurso surge depois da a Nova Zelândia ter sofrido pressões de outros países devido à sua relutância em utilizar o grupo Five Eyes para criticar directamente a China em bloco. A China é o maior parceiro comercial da Nova Zelândia, sendo responsável por 29 por cento das exportações no ano passado.

A relação tem sido complicada por países com os quais a Nova Zelândia tende a alinhar, como a Austrália, que adoptou uma linha mais dura nas suas relações com a China. Como resultado, a China tem colocado tarifas e restrições às importações australianas de cevada, vinho, carne, algodão, madeira, carvão e lagostas, prejudicando essas indústrias.

“Não terá escapado à atenção de ninguém aqui que, à medida que o papel da China no mundo cresce e muda, as diferenças entre os nossos sistemas – e os interesses e valores que moldam esses sistemas – estão a tornar-se mais difíceis de reconciliar”, disse Arden.

“Esperamos que a China também aja no mundo de forma consistente com as suas responsabilidades como potência crescente, incluindo como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU”.
Ardern disse também que a relação da Nova Zelândia com a China continuava a ser “forte”. No entanto, “dadas as diferentes histórias, visões do mundo e sistemas políticos e jurídicos dos países, a Nova Zelândia e a China iriam assumir perspectivas diferentes sobre algumas questões importantes. A Nova Zelândia é uma democracia aberta, pluralista, com foco na transparência e no estado de direito”, afirmou.

“Há algumas coisas em que a China e a Nova Zelândia não concordam, não podem e não vão concordar”, disse. Contudo, “isto não precisa de fazer descarrilar a nossa relação, é simplesmente uma realidade”.
“Como potência importante, a forma como a China trata os seus parceiros é importante para nós”, disse Arden. “Continuaremos a promover as coisas em que acreditamos, e a apoiar o sistema baseado em regras que sustenta o nosso bem-estar colectivo”.

Embaixadora pede objectividade e justiça

Em resposta, a embaixadora chinesa Wu Xi apelou para que a Nova Zelândia mantenha uma posição “objectiva e justa” e não interfira nos assuntos internos da China. A embaixadora apelou aos princípios de igualdade, respeito mútuo, e confiança mútua nas relações entre estados. “Esperamos que o lado neozelandês possa manter uma posição objectiva e justa, respeitar o direito internacional, e não interferir nos assuntos internos da China, de modo a manter o bom desenvolvimento das nossas relações bilaterais”, afirmou.

“Tentativas de impor ideologia aos outros e envolver-se em políticas de grupo apenas envenenariam a cooperação internacional e empurrariam o mundo para a divisão ou mesmo para o confronto”, disse Wu. “Não podemos enfrentar desafios comuns num mundo dividido e o confronto não nos levará a lado nenhum”, concluiu.

“As questões relacionadas com Xinjiang e Hong Kong são assuntos internos da China, envolvendo a soberania, segurança e interesses de desenvolvimento da China”, disse a embaixadora. Para ela, alegações de trabalhos forçados ou genocídio em Xinjiang são “mentiras totais e rumores fabricados por algumas forças anti-China sem quaisquer provas”.

“Ao defendermos os princípios de respeito mútuo, igualdade e cooperação vantajosa para ambas as partes, desfrutaremos de realizações mais sustentáveis em benefício dos nossos dois povos”, disse Wu. “A China está pronta a trabalhar com a Nova Zelândia para pressionar no sentido de um maior desenvolvimento das nossas relações”.

4 Mai 2021

Nova Zelândia suspende tratado de extradição com Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] Nova Zelândia suspendeu hoje o tratado de extradição com Hong Kong devido à “profunda preocupação” sobre a nova lei de segurança que a China aplicou ao território. “A adopção pela China da nova lei de segurança nacional destruiu os princípios do Estado de Direito” e “violou os compromissos da China junto da comunidade internacional”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros neozelandês, Winston Peters.

Esta suspensão, que pode desencadear uma resposta de Pequim, o parceiro comercial mais importante de Wellington, foi justificada por “a Nova Zelândia ter deixado de confiar na independência do sistema judiciário de Hong Kong relativamente à China”, acrescentou.

Peters indicou que a Nova Zelândia ia reforçar as restrições sobre as exportações de material militar para Hong Kong e advertiu os neozelandeses em relação a viagens para a antiga colónia britânica.

Três parceiros da Nova Zelândia na aliança dos serviços de informações “Five Eyes”, o Canadá, o Reino Unido e a Austrália, também suspenderam o tratado de extradição, enquanto os Estados Unidos indicaram já que vão fazer o mesmo.

Até ao momento, Pequim não reagiu, mas a diplomacia chinesa tinha já advertido que qualquer pressão contra a China relativamente a esta lei são consideradas uma “ingerência grosseira nos assuntos internos” do país.

Para opositores e críticos, a lei de segurança é vista como uma erosão dos direitos cívicos e humanos na região administrativa especial chinesa. A lei da segurança nacional criminaliza actos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio com forças estrangeiras para intervir nos assuntos da cidade.

O documento entrou em vigor a 30 de Junho, após repetidas advertências do poder comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.

28 Jul 2020

Nova Zelândia | Pequim pede ambiente de investimento justo e transparente

A pressão do primeiro-ministro chinês sobre a sua homóloga neo-zelandesa, que se encontra de visita a Pequim, surge na sequência das restrições impostas por Wellington à utilização de equipamentos da Huawei no desenvolvimento da rede 5G no país

 

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro da China, Li Keqiang, pediu ontem à homóloga da Nova Zelândia que assegure um ambiente de investimento “justo, transparente e conveniente”, depois de Wellington ter imposto restrições à gigante chinesa das telecomunicações Huawei.

As relações bilaterais deterioraram-se nos últimos meses, depois de os serviços secretos da Nova Zelândia terem impedido a empresa nacional de telecomunicações Spark de usar equipamento da Huawei no desenvolvimento de redes de Quinta Geração (5G).

No início de um encontro com Jacinda Ardern, em Pequim, Li Keqiang não mencionou a Huawei, mas disse que a China quer melhorar as relações para servir os interesses das empresas de ambos os lados.

“A China está disposta a, com base no respeito mútuo e igualdade de tratamento, elevar a confiança política mútua com a Nova Zelândia, expandir a cooperação prática e aumentar o intercâmbio humano”, disse Li a Ardern, no Grande Palácio do Povo, após uma cerimónia formal de boas-vindas.

“Esperamos que (…) quando as empresas de cada lado investem em negócios do outro, possam desfrutar de um ambiente justo, transparente e conveniente”, disse.

Acordos assinados

Nas suas declarações públicas, Ardern não abordou questões sobre investimento, mas agradeceu a Li por expressar condolências pelo ataque que matou 50 fiéis, em duas mesquitas, na Nova Zelândia.

A primeira-ministra nova-zelandesa reunir-se ontem com o Presidente chinês, Xi Jinping, depois de a visita ter sido encurtada devido aos ataques de 15 de Março.

No entanto, Ardern disse que, apesar do momento, manteve a visita a Pequim “para sublinhar a importância” que a Nova Zelândia atribui ao relacionamento com a China.

“É uma das relações mais importantes e de maior alcance para nós, um ponto que frisei nos meus discursos públicos, no ano passado”, disse.

Após a reunião, os dois líderes assistiram à assinatura de acordos nas áreas agricultura, intercâmbio financeiro, ciência e pesquisa, e para evitar a dupla tributação.

Repúdio nacional

A decisão dos serviços de inteligência da Nova Zelândia de restringir o uso de equipamento da Huawei, por representar um “risco significativo para a segurança”, provocou indignação na China.

A imprensa estatal chinesa condenou a decisão e ameaçou com retaliação económica. A China é o maior parceiro comercial da Nova Zelândia e um importante mercado para os produtos lácteos e outros produtos agrícolas do país.

Segundo o Governo da Nova Zelândia, o comércio entre os dois países quase triplicou nos últimos dez anos, desde que um acordo de livre comércio entrou em vigor, em 2008.

No mês passado, Ardern disse que não foi ainda tomada uma decisão final sobre o uso de equipamento da Huawei na rede 5G do país.

As redes sem fio 5G destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais eléctricas, pelo que vários Governos passaram a olhar para as redes de telecomunicações como activos estratégicos para a segurança nacional.

2 Abr 2019