Andreia Sofia Silva SociedadePoluição | Residente embarca em expedição mundial de análise aos oceanos Eliana Sequeira, farmacêutica e residente em Macau, era até há bem pouco tempo a única portuguesa a participar na expedição mundial eXXpedition, que começou em Outubro e que faz a volta ao mundo pela via marítima. Eliana embarca num veleiro em Junho do próximo ano, e, em alto mar, vai realizar investigação sobre o lixo encontrado nos oceanos [dropcap]N[/dropcap]uma altura em que o excessivo uso de plástico e a existência de uma enorme quantidade de microplásticos nos oceanos é tema recorrente, 300 mulheres decidiram embarcar num veleiro para, durante dois anos, proceder à análise científica desse mesmo mar poluído. Eliana Sequeira, farmacêutica residente em Macau, era até há bem pouco tempo a única portuguesa a participar na eXXpedition, que começou em Outubro deste ano e termina em 2021. Além dela, apenas outra portuguesa participa no projecto. Em alto mar as participantes vão realizar investigação num laboratório, para que possam, mais tarde, apresentar resultados e soluções que visam minimizar a poluição dos oceanos. A viagem teve início no Reino Unido e é neste país que vai terminar. “A missão de investigação científica está dividida em 30 etapas e vai destacar o impacto do plástico e dos produtos tóxicos nos oceanos, nos ecossistemas e na saúde humana”, disse Eliana Sequeira ao HM. “O facto de serem só mulheres a participar nesta expedição visa celebrar as mulheres na aventura e na liderança e na investigação científica, mas também porque os microplásticos têm um impacto muito grande na mulher, sobretudo no sistema endócrino”, acrescentou. A portuguesa embarca no veleiro em Junho do próximo ano, participando numa das várias rotas agendadas. Valores elevados Eliana Sequeira está a levar a cabo uma campanha de crowdfunding (https://www.gofundme.com/f/eli-exxpedition-round-the-world-2019-2021?fbclid=IwAR1eh8LU82F2-GDWOC_q_BHb5ClE4rChhSkI6gWRBkmllLeiLjJbEueGgg4)para custear este empreendimento, além de estar em negociações com entidades locais em busca de financiamento e parcerias. O valor da viagem é de 110 mil patacas, sendo que Eliana Sequeira conseguiu apenas seis mil patacas até à data. Contudo, a portuguesa já pagou a viagem do seu bolso. Chegada à Ásia vinda de Portugal, e com uma paixão natural pela ciência, Eliana Sequeira percebeu que é difícil nadar num mar que não esteja poluído. “Já tive oportunidade de mergulhar em vários sítios e reparei que, qualquer sítio, por mais remoto que seja, não está livre de plástico. Não sou a melhor nem a que faço mais, mas podemos fazer a diferença e quero dar o meu contributo para isso. A minha motivação é também a aventura e o desafio, trocar ideias com pessoas com a mesma mentalidade que a minha”, apontou.
Andreia Sofia Silva SociedadePoluição | Residente embarca em expedição mundial de análise aos oceanos Eliana Sequeira, farmacêutica e residente em Macau, era até há bem pouco tempo a única portuguesa a participar na expedição mundial eXXpedition, que começou em Outubro e que faz a volta ao mundo pela via marítima. Eliana embarca num veleiro em Junho do próximo ano, e, em alto mar, vai realizar investigação sobre o lixo encontrado nos oceanos [dropcap]N[/dropcap]uma altura em que o excessivo uso de plástico e a existência de uma enorme quantidade de microplásticos nos oceanos é tema recorrente, 300 mulheres decidiram embarcar num veleiro para, durante dois anos, proceder à análise científica desse mesmo mar poluído. Eliana Sequeira, farmacêutica residente em Macau, era até há bem pouco tempo a única portuguesa a participar na eXXpedition, que começou em Outubro deste ano e termina em 2021. Além dela, apenas outra portuguesa participa no projecto. Em alto mar as participantes vão realizar investigação num laboratório, para que possam, mais tarde, apresentar resultados e soluções que visam minimizar a poluição dos oceanos. A viagem teve início no Reino Unido e é neste país que vai terminar. “A missão de investigação científica está dividida em 30 etapas e vai destacar o impacto do plástico e dos produtos tóxicos nos oceanos, nos ecossistemas e na saúde humana”, disse Eliana Sequeira ao HM. “O facto de serem só mulheres a participar nesta expedição visa celebrar as mulheres na aventura e na liderança e na investigação científica, mas também porque os microplásticos têm um impacto muito grande na mulher, sobretudo no sistema endócrino”, acrescentou. A portuguesa embarca no veleiro em Junho do próximo ano, participando numa das várias rotas agendadas. Valores elevados Eliana Sequeira está a levar a cabo uma campanha de crowdfunding (https://www.gofundme.com/f/eli-exxpedition-round-the-world-2019-2021?fbclid=IwAR1eh8LU82F2-GDWOC_q_BHb5ClE4rChhSkI6gWRBkmllLeiLjJbEueGgg4)para custear este empreendimento, além de estar em negociações com entidades locais em busca de financiamento e parcerias. O valor da viagem é de 110 mil patacas, sendo que Eliana Sequeira conseguiu apenas seis mil patacas até à data. Contudo, a portuguesa já pagou a viagem do seu bolso. Chegada à Ásia vinda de Portugal, e com uma paixão natural pela ciência, Eliana Sequeira percebeu que é difícil nadar num mar que não esteja poluído. “Já tive oportunidade de mergulhar em vários sítios e reparei que, qualquer sítio, por mais remoto que seja, não está livre de plástico. Não sou a melhor nem a que faço mais, mas podemos fazer a diferença e quero dar o meu contributo para isso. A minha motivação é também a aventura e o desafio, trocar ideias com pessoas com a mesma mentalidade que a minha”, apontou.
Andreia Sofia Silva PolíticaGoverno quer concluir este ano investigação sobre microplásticos Susana Wong, directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, adiantou ao deputado Lei Chan U que até Dezembro será concluída a investigação sobre a quantidade de microplásticos que existem nas águas do território. A responsável assegura que o Governo vai estar atento aos estudos internacionais [dropcap]O[/dropcap] deputado à Assembleia Legislativa (AL) Lei Chan U, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), questionou o Governo sobre a poluição das águas do território. Em resposta, a responsável pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água, Susana Wong, garantiu que até final do ano será concluída a investigação feita ao número de microplásticos que aí habitam. A ideia é analisar a situação de emissão de microplásticos nas saídas de colectores pluviais, para que os resultados possam servir de referência para estudos futuros. Susana Wong citou também informações providenciadas pela concessionária responsável pelo abastecimento de água no território, a Macau Water, que garantiu que nas instalações de abastecimento de água já é possível remover de forma efectiva microplásticos com mais de 0,9 milímetros de diâmetro, e que através de membranas de ultrafiltração é possível remover matérias maiores de 0,1 mícron de diâmetro, garantindo assim a qualidade da água potável que se consome em Macau. Faltam estudos A directora da DSAMA adiantou ainda que a própria Organização Mundial de Saúde não inclui ainda microplásticos e outras substâncias nos parâmetros relacionados com a saúde, os quais precisam ser monitorizados. Neste sentido, a responsável considera que o estudo sobre a toxicidade e o impacto dos microplásticos na água é ainda insuficiente, prometendo o Governo acompanhar o desenvolvimento de pesquisas a nível internacional. Informações fornecidas pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) à DSAMA garantem que ainda não existe uma vigilância regular quanto à possibilidade de existirem microplásticos nos alimentos consumidos em Macau, uma vez que entidades internacionais, como é o caso da Codex Alimentarius Commission, ainda não têm directrizes ou normas sobre esta matéria. Um estudo da Universidade de São José, publicado em 2018, concluiu que a zona costeira da marginal da Taipa é a mais poluída com microplásticos, ocupando 41 por cento de todas as zonas analisadas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEstudo | Zona marginal da Taipa é a mais poluída com microplásticos Uma tese de mestrado defendida na Universidade de São José revela que uma centena de cosméticos e produtos de higiene pessoal, de um total de 144, contém microplásticos que facilmente vão parar ao meio ambiente. Das seis zonas costeiras analisadas, a marginal da Taipa é a que está mais poluída, registando 41 por cento de todos os microplásticos analisados [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s cremes de rosto, as espumas de barbear e produtos de esfoliação que usamos para ter a pele mais limpa e suave estão a poluir o meio ambiente e a provocar danos na nossa saúde. Estes produtos são produzidos com vários tipos de partículas de microplásticos que acabam por ir parar a rios, oceanos e reservatórios. Uma tese de mestrado da autoria de Sam Pui Wa, defendida na Universidade de São José (USJ), revela que, do total de 144 amostras de cosméticos e outros produtos analisados, uma centena contém microplásticos. Estes produtos foram adquiridos em nove lojas de retalho do território e, de acordo com David Gonçalves, orientador da tese de mestrado e director do Instituto de Ciências e Ambiente da USJ, os resultados são alarmantes. “Ela chegou a alguns dados importantes e também preocupantes. 100 desses produtos continham nos seus ingredientes um tipo de microplástico, e achamos que essa é uma percentagem elevada”, explicou ao HM. Nas análises que foram feitas em laboratório, foi concluído que este tipo de microplástico “representa mais de 60 por cento do conteúdo líquido [dos produtos de higiene e beleza], o que significa que as pessoas, quando estão a tomar banho, fazem-no com plástico e depois essas partículas vão para as estações de tratamento de águas residuais que têm uma capacidade limitada para reter essas partículas. Muitas delas acabarão por escapar para o meio ambiente”, adiantou David Gonçalves. A tese chega ainda a conclusões sobre a presença dos microplásticos nas praias e zonas costeiras de Macau. A marginal da Taipa é a zona mais poluída, com o registo de 41 por cento deste tipo de partículas, num total de 1569. Sam Pui Wa analisou 3800 partículas retiradas de 18 amostras de areia, que revelam que, em Coloane, também há poluição, apesar de a praia de Cheoc Van conter o menor número de microplásticos na areia, um total de 5 por cento. Já a praia de Hac-Sa tem um total de 25 por cento de partículas de plástico. Limpeza de praia Sam Pui Wa acredita que poderá haver ainda mais poluição do que aquela que os dados revelam neste trabalho, que serviu de acesso ao mestrado ciências ambientais e gestão da USJ. “A recuperação dos microplásticos com base neste protocolo, adaptado das melhores práticas, não é completa e algumas partículas poderão manter-se nas amostras. Isto sugere que os resultados presentes neste estudo são, provavelmente, subvalorizados, e que os níveis de poluição por microplásticos no meio ambiente possam ser ainda maiores”, lê-se no documento. Outro factor apontado por Sam Pui Wa remete para a limpeza de praias. “As actividades de limpeza das praias podem ser um dos factores que influenciou os resultados. Ainda que as partículas de microplásticos sejam invisíveis aos nossos olhos, é fácil recolher largas quantidades de plásticos que se podem desintegrar em partículas. Cheoc Va e Hac-Sa são as praias mais populares em Macau e são limpas frequentemente. Praias onde são raras as actividades de limpeza, como a marginal da Taipa, praia Sophia [em Cheoc Va] e pequena praia de Ka-Ho revelaram uma maior mostra de microplásticos, sugerindo que a limpeza de praias é relativamente eficiente nessa redução.” Legislação necessária A aluna da USJ defende ainda no seu trabalho que o Governo deveria implementar leis que proibissem a comercialização de produtos feitos com microplásticos. “Alguns países já baniram o seu uso e aderiram a produtos alternativos sem microplásticos. Avançar com medidas legislativas modernas para banir os cosméticos com microplásticos em Macau poderia colocar o território na linha da frente contra a poluição por microplásticos na Ásia.” A tese contém ainda um inquérito que visa analisar a percepção da população em relação a esta matéria. Os resultados revelam que a noção dos perigos do consumo de produtos com microplásticos é baixa. “A concentração de microplásticos no ambiente marinho é uma questão relativamente recente e a compreensão do público relativamente a este assunto é ainda escasso”, escreve a aluna. Um total de 92 por cento das pessoas inquiridas, na sua maioria empregados e estudantes universitários, afirmaram usar produtos de higiene pessoal e beleza que contém microplásticos, mas apenas 53 por cento das mulheres conhecia os problemas de saúde associados. Um total de 87 por cento das mulheres admitiu deixar de comprar este tipo de produtos.