Exposição | A arte da xilogravura no Dr. Sun Yat-sen Memorial Hall

Chama-se “Carving in Three Styles: One Woodblock, Multiple Impressions” e é a exposição de xilogravura patente até ao dia 2 de Abril na galeria do Dr. Sun Yat-sen Memorial Hall, na Taipa. O público poderá ver trabalhos de três artistas, Hsu Yi Hsuan, Lam King Ting e Mel Cheong Hoi I, que é também curadora da mostra

 

Está patente, desde o dia 12 deste mês, uma nova exposição no centro da Taipa, no terceiro andar do Dr. Sun Yat-sen Memorial Hall. Chama-se “Carving in Three Styles: One Woodblock, Multiple Impressions – Taiwan-Hong Kong-Macau Woodblock Print Exchange Exhibition” e, tal como o nome indica, revela o trabalho na área da xilogravura de três artistas, nomeadamente Hsu Yi Hsuan, Lam King Ting e a artista local Mel Cheong Hoi I, que faz também a curadoria do projecto. A mostra é organizada pela Associação de Xilogravura de Macau [Macau Woodblock Print Association].

Segundo uma nota de imprensa, podem ser vistas, até ao dia 2 de Abril, 55 trabalhos de xilogravura que revelam três técnicas diferentes, sendo que as impressões “mostram uma rica diversidade de estilos e temas para deleite do olhar do público”.

“A xilogravura constitui uma categoria especial no meio de vários materiais de impressão. [Esta exposição] revela a paixão dos três artistas pela impressão. Diferentes técnicas de escultura artesanal e ideias fazem destes trabalhos distintos nos seus temas e composição. Com antecedentes e experiências de vida distintas, os três artistas apresentam diferentes paisagens ao público”, lê-se na mesma nota.

No caso de Hsu Yi Hsuan, revelam-se as paisagens campestres de Taiwan onde animais vivem livremente numa terra de fantasia. O artista trabalhou essencialmente com óleo e técnicas de impressão ocidentais. Lam King Ting trabalhou com o relevo de madeiras de Taiwan, inspirado pela natureza. Daí que o seu trabalho tenha árvores e flores como tema principal.

Por sua vez, Mel Cheong adoptou a tradicional impressão à base de água e faz as suas obras de forma policromada com recurso ao Baren, uma ferramenta manual em formato de disco própria da xilogravura japonesa.

Algumas das ideias destes trabalhos baseiam-se numa infância vivida nas grandes cidades que faz surgir um desejo por uma maior proximidade à natureza. Assim, o trabalho de Mel Cheong apresenta “uma concepção artística rica e vibrante”, traçando um retrato da arquitectura da cidade, mas também dos animais “esquecidos nos jardins e espaços verdes esquecidos nas cidades, incluindo personagens como animais vadios ou ursos polares que se vêm forçados a migrar”. As peças de Mel Cheong mostram “os seus pensamentos sobre a Metrópolis”.

Exercício de partilha

Ao HM, Mel Cheong contou que o principal objectivo desta exposição é revelar a diversidade que a impressão no formato de xilogravura pode ter. Sobre o seu trabalho em específico, a artista disse que optou por expôr apenas 20 peças, “a maioria pertencente a uma série continuada, como é o caso da colecção ‘Macau Series’ que fiz sobre Macau como colónia. Outra é a série ‘Urso Polar'”.

Este projecto nasce de uma história. “A primeira impressão é sobre a urbanização do Pólo Norte, em que o urso polar olha para o céu, em vez de olhar para a habitual aurora, e vê as luzes do prédio. A segunda impressão fala do urso que não consegue estar mais no seu icebergue, necessitando de continuar a nadar até encontrar uma nova casa.

A terceira impressão mostra já a sua nova casa. Ele percebeu que está mobilada, porque nós, humanos, já deitámos a mobília ao mar. Uma quarta impressão fala do urso polar a procurar salmão.”

Mel Cheong adiantou que a Associação de Xilogravura de Macau visa “criar uma plataforma para que artistas que trabalham na Ásia possam partilhar as suas técnicas de impressão em gravura. Por norma não precisamos de um atelier ou estúdio, trabalhamos sozinhos em casa”.

Ao fazer esta exposição em conjunto, Mel Cheong acredita que os três artistas “podem partilhar o conhecimento que têm dos materiais e da pesquisa que fazem, bem como as ferramentas com que trabalham o artesanato, as técnicas de impressão ou as novidades das exposições”. “Por norma planeamos mostrar as nossas exposições em diferentes conferências profissionais, mas como esta é uma associação baseada em Macau, quando recolho os trabalhos dos membros prefiro mostrá-los primeiro ao público local, como se fosse uma apresentação prévia para um público VIP”, acrescentou.

A associação conta com membros de várias nacionalidades e não apenas de Macau. Exemplo disso é o caso de uma artista, oriunda da Noruega, que iniciou o projecto “Tales that Splits Apart”, com o qual juntou diferentes trabalhos dos membros da associação e os apresentou no seu país.

21 Mar 2023

Torre de Macau | Instalação de grafitti e dança a partir de sábado

O projecto “Curioser & Curioser” está de volta à Torre de Macau para apresentar uma instalação do grafitter Pat Lam e espectáculos de dança e luz coreografados por Chloe Lao, inspirados em mais um capítulo da obra de Lewis Caroll, “Alice no País das Maravilhas”. Para a curadora da iniciativa, o objectivo é que o público explore os limites da imaginação e fique com “uma sensação de vitória”

 

A partir de sábado, o átrio inferior da Torre de Macau irá acolher a iniciativa “A Curious Race with Alice”, um projecto da “Curioser & Curioser” que inclui uma instalação astística de grafitti que pode ser visitada em permanência, performances de dança e ainda espectáculos de luz.

Inspirado uma vez mais na obra literária “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Caroll, a iniciativa que estará patente até 18 de Julho, e propõe-se a explorar o terceiro capítulo da obra em que o dodo sugere fazer uma corrida para que, tanto os outros animais como Alice, se secarem da água do mar.

No entanto, conta Mel Cheong, curadora da iniciativa, o resultado final “derivou bastante da ideia da corrida”, apesar de ter ficado a preocupação de manter “a sensação final de que todos, incluindo os visitantes, venceriam no final”, através dos estímulos gerados pela instalação e pelos espectáculos de dança.

“Na história original todos ganham e eu queira que essa ideia passasse. Por isso, cheguei à conclusão que uma dança, onde cada um pode fazer a sua parte, a sua própria dança, para que todos desfrutem. Nos últimos cinco minutos da performance convidamos o público a vir ter connosco e fazer tudo aquilo que lhes apetecer, tirar fotografias, falar e, se quiserem, dançar”, explicou ao HM.

A instalação artística que dá o mote à iniciativa ficou a cargo do grafitter Pat Lam (PIBG) que, segundo a curadoria, procurou explorar o lado emocional da Alice, nomeadamente o facto de esta ter sido abandonada no final da corrida, ficando sozinha com os seus pensamentos e sonhos, apesar de estar aparentemente aborrecida. Além disso, numa alusão ao filme de animação “Toy Story”, serve também para transmitir a sensação de ser algo que “as crianças também podem fazer”.

“Após falar com o Pat, ele lembrou-se logo que depois da corrida, toda a gente se foi embora e a Alice ficou sozinha. Depois disso ele foi por aí e não quis saber propriamente da corrida, só se preocupou com as emoções da Alice. Este projecto é feito com base no desenvolvimento de várias ideias em simultâneo”, acrescentou Mel Cheong. A instalação artística de Pat Lam pode ser visitada em permanência até ao dia 18 de Julho.

Dança dos elementos

O espectáculo de dança propriamente dito está a cargo de Chloe Lao, coreógrafa e directora criativa da Associação de Dança Ieng Chi e será exibido nos dias 13, 20 e 27 de Junho e no dia 4 de Julho entre as 15h e as 16h. Segundo a artista, a iniciativa resulta de “um processo de pingue-pongue”, que a levou a explorar a ideia da solidão, da descoberta e dos limites da imaginação.

“Apesar de parecer solitária, a Alice continua a sonhar e a imaginar coisas na sua cabeça. Ela aparenta estar sonolenta e triste, mas o cérebro dela está a ir para muitos outros lugares”, começou por dizer.

“A performance tem quatro personagens que partem em busca de diferentes elementos existentes no espaço. A dançarina principal é uma rapariga muito curiosa que está sempre em busca dos seus sonhos. Mais tarde, numa alusão à terra, ao vento e à água, encontra três elementos diferentes, representados por mais três dançarinas”, apontou Chloe Lao.

A música que acompanha os espectáculos de dança foi criada de raiz pelo compositor Akitsugu Fukushima.
Os espectáculos de luz, a cargo do artista K. Tou, estão agendados para os mesmos dias das performances de dança, ou seja, para os dias 13, 20 e 27 de Junho e 4 de Julho. No entanto, acontecerão mais tarde, às 18h e as 19h.

“Sempre que tenho projectos deste género sinto que os artistas são quase como ilusionistas porque sempre que partimos numa determinada direcção, eles acabam por pensar de uma forma muito própria. É por isso que este projecto é tão interessante, pois não existem regras”, disse Mel Cheong, em jeito de remate.

9 Jun 2021