Hoje Macau PolíticaMayra Andrade – “Afecto” “Afecto” Não sei bem o que fazer Nem sei como te dizer Cada vez que me chegas me sinto mais longe de ti Teu pudor foi transmitido e será neutralizado Teu pudor foi transmitido Não importa o quanto faça Pouco importa a cor do ouro Na corrida ao teu afecto A medalha é sempre bronze Sou orfã da tua ternura Muito me salta à vista Quando chegas reta e firme Que pouco posso fazer para te fazer mudar Teu pudor foi transmitido e será neutralizado Teu pudor foi transmitido Se soubesses abraçar De vez em quando beijar E aos recantos imperfeitos Com menos rigor apontar Quem seria eu? Sou orfã da tua ternura Quando estamos tu e eu E ao meu lado adormeces Um oceano nos separa Mas tu não sabes de nada A canção que se repete A tristeza que me cala O Amor foi recebido Apesar do que tu calas O Amor foi recebido Apesar do que tu calas Mayra Andrade
Hoje Macau EventosMayra Andrade lança “Manga”, “uma fruta que faz bem ao coração” [dropcap]A[/dropcap] cantora Mayra Andrade vai subir ao palco do Théâtre des Bouffes du Nord, em Paris, hoje, para apresentar o novo disco, “Manga”, a ser lançado em Janeiro. O quinto álbum da artista cabo-verdiana, que trocou Paris por Lisboa há três anos, chama-se “Manga”, “uma fruta interessante que faz bem ao coração” e que deve ser consumida “sem muitos limites”, havendo um tema, em crioulo, que também adota o nome daquela que é “considerada a rainha das frutas tropicais”. “É uma fruta muito sensual, é uma fruta em que a cor evolui, o sabor evolui. Por exemplo, eu vivi no Senegal quando tinha seis anos e lembro-me de ver as pessoas a comer manga verde com malagueta e sal. Essa mesma manga, depois de madura, é degustada como um fruto muito doce. Então é uma fruta interessante que ainda por cima faz bem ao coração”, contou à Lusa. O novo álbum da intérprete de “Lua”, “Dimokránsa” e “Ténpu ki Bai” é descrito como “um disco intimista” e uma espécie de “auto-retrato”. “É um disco para o qual eu compus e escrevi mais do que nunca e, de certa forma, onde eu trato temas ou assuntos que me tocam com o objetivo de ultrapassá-los e de resolvê-los sem rancores e sem dores. É um disco interessante porque, ao mesmo tempo, é uma celebração de eu estar a viver um momento em que estou cada vez mais alinhada com o que eu sou, com a época que eu estou a viver”, disse a artista de 33 anos. Cinco anos após “Lovely Difficult”, o novo disco de Mayra Andrade tem “uma espécie de frescura”, entre afrobeat, música urbana e sons tradicionais de Cabo Verde, tendo sido gravado entre a Costa do Marfim e Paris, com a colaboração do multi-instrumentista cabo-verdiano Kim Alves, do produtor Romain Bilharz, que trabalhou com Stromae, Ayo e Feist, e dos produtores marfinense 2B e senegalês Akatché. “Há uma espécie de frescura. Talvez por não ter lançado um disco há muito tempo, eu tive tempo de encontrar o caminho que realmente se aproximava mais daquilo que eu queria. Foi um caminho longo… Lancei um disco há cinco anos, comecei a trabalhar neste disco há cerca de três. Portanto, foi um disco que foi amadurecido e que culminou num retrato muito fiel do que eu sou hoje”, afirmou, de sorriso nos lábios. As sonoridades afro-contemporâneas aliam-se às letras maioritariamente em crioulo cabo-verdiano e quatro em português porque Mayra Andrade está “num momento muito lusófono”, em Lisboa, nunca gravou “tanto em português como agora” e nem sente saudades de Paris, onde chegou com 17 anos. “Mudei-me para Lisboa há três anos. Eu sinto-me totalmente em casa em Lisboa, devo dizer. Está-me a fazer muito bem, depois de ter vivido 14 anos em Paris, de finalmente pousar-me numa cidade, onde me sinta tão acolhida e com um clima tão bom, as pessoas muito queridas e come-se tão bem. Realmente Lisboa tornou-se casa para mim”, revelou. Em “Manga”, a maior parte das letras e composições são de Mayra Andrade, mas também há músicas de Sara Tavares, Luísa Sobral e outros compositores. O primeiro ‘single’, “Afecto”, que foi lançado este mês, é assinado por Mayra Andrade e fala sobre “a ausência de demonstração dos afectos” e a corrida à conquista desses mesmos afectos. “Às vezes, achamos que demonstrar os nossos sentimentos é um sinal de fraqueza e não é. A ausência destas demonstrações, acaba por esculpir muito a nossa personalidade e a nossa forma de estar na vida. Há carências muito profundas que se criam e há sempre forma de pensar que há gente que tem problemas maiores que a ausência de afeto, mas seja como for, a demonstração do afeto é uma coisa que nós devemos perseguir sempre”, acrescentou. Hoje, em Paris, acompanhada de uma “banda totalmente nova”, Mayra Andrade vai revelar em palco o disco que chega em janeiro e cantar, ainda, outras músicas “que as pessoas já conhecem”. Mayra Andrade começou, a 13 de Outubro, a digressão europeia que a vai levar, também, a Estocolmo, Roterdão, Paris, Lisboa (3 de Novembro), Toulouse, Luxemburgo, Almada (17 de novembro), Londres, Berlim, Marselha, entre muitas outras cidades europeias.