MIFF| Marco Mueller alega divergência de opiniões para a saída  

Não quer, para já, explicar em detalhe o que aconteceu para, em contagem decrescente para o Festival Internacional de Cinema de Macau, ter batido com a porta. Marco Müller mostra-se, no entanto, surpreendido com a possibilidade de ter de responder em tribunal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] italiano Marco Müller confirmou que se demitiu do cargo de director do primeiro Festival Internacional de Cinema de Macau por causa de “divergência de opiniões”, mostrando-se, contudo, surpreendido com a ameaça de um processo judicial.

“O que aconteceu foi o que foi confirmado por todas as fontes oficiais: foram meses e meses de divergência de opiniões sobre não só como um festival deve ser feito, mas como um festival inaugural deve ser feito”, afirmou em entrevista à revista Macau Closer, um dia depois de anunciada a sua demissão do cargo de director e a menos de um mês da realização do evento.

Müller, que dirigiu festivais de cinema como o de Veneza, Roma ou Locarno, sem querer aprofundar as “diferenças” em causa, lamentou, porém, a ameaça de um processo judicial. “Acho bastante chocante que, durante uma conferência de imprensa, responsáveis, que inicialmente me chamaram de amigo, digam – sem enviar uma carta – que estão a considerar uma acção judicial contra mim. Isso é completamente surpreendente”, apontou.

A Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau (MFTPA), que co-organiza o festival, declarou na passada segunda-feira, em comunicado, que Marco Müller “faltou ao compromisso assinado” como director do festival conforme acordo com a MFTPA, pelo que irá exigir “todas as responsabilidades decorrentes do incumprimento por todos os meios ao seu alcance, incluindo a via judicial”.

Também no início desta semana, na conferência de imprensa de apresentação do programa do festival – que decorre entre 8 e 13 de Dezembro –, a directora dos Serviços de Turismo e presidente da comissão organizadora do festival, Maria Helena de Senna Fernandes, recusou comentar o diferendo, precisamente com o argumento de que o caso pode chegar aos tribunais e porque a relação contratual é entre a MFTPA e Marco Müller.

Está tudo no cartaz

À revista Macau Closer, Müller diz ainda que “seria divertido ver como vão provar” o incumprimento da sua parte. “Trabalhámos como loucos para o sucesso do festival, trabalhámos com paixão pelo programa que é, de facto, muito forte. Seria interessante ver como poderão acusar-me de violar o contrato”.

O italiano afirma que o cartaz do festival demonstra o nível de “paixão” e “dedicação”. “Temos sete estreias mundiais, e tirando outros eventos paralelos, tudo é estreia mundial, internacional ou asiática. Não estou a tentar ser presunçoso, mas não há muitos festivais que têm na sua primeira edição tantas premières mundiais e internacionais”, aponta.

O Festival Internacional de Cinema de Macau foi anunciado em Fevereiro, na mesma altura em que Müller foi indicado como director. Em Maio, Müller apresentou detalhes da primeira edição do evento, afirmando querer mostrar filmes “‘mainstream’ mas com uma diferença” e tornar Macau num ‘hub’ cinematográfico.

O cartaz do Festival Internacional de Cinema de Macau conta com 50 filmes de mais de 20 países e regiões. O filme português “São Jorge”, do realizador Marco Martins, que valeu a Nuno Lopes o Prémio Especial de Melhor Actor atribuído pelo júri da secção “Orizzonti” do Festival Internacional de Cinema de Veneza, em Setembro, é um dos 11 da categoria de competição do evento. Na mesma secção figura “Elon não acredita na morte”, do brasileiro Ricardo Alves Jr., que surge em estreia internacional. “Polina”, filme francês realizado por Valérie Müller e Angelin Preljocaj, marca a abertura do evento.

O Festival Internacional de Cinema de Macau tem um orçamento de 55 milhões de patacas, dos quais 20 milhões são assegurados pelos Serviços de Turismo.

16 Nov 2016

Helena de Senna Fernandes: “A minha responsabilidade é dar continuidade aos trabalhos”

Helena de Senna Fernandes assumiu a representação da primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. Uma posição repentina que vem na sequência da demissão de Marco Mueller da direcção do evento. A também directora dos Serviços de Turismo fala da sua “inesperada” função e do acontecimento pelo qual dá a cara

[dropcap]H[/dropcap]erdou a representação repentina da primeira edição do Festival de Cinema Internacional de Macau. Como é estar neste papel?
É verdade. Foi uma situação inesperada mas, depois de termos recebido a notícia da demissão de Marco Mueller na noite de sexta-feira, impunha-se a manutenção da estabilidade da organização. A demissão do director não é positiva, nesta altura do campeonato, sobretudo numa altura em que estamos na fase final de preparação do evento. Depois de falarmos com os consultores internacionais do festival, era necessário transmitir confiança aos nossos parceiros e ao nosso público. Era necessário alguém que substituísse Mueller na direcção e não seria justo convidar outro director para continuar o trabalho que outra pessoa já tinha feito. Não seria agora que iríamos mudar alguns dos conceitos que foram deixadas por Marco Mueller. Neste sentido, a melhor solução foi a presidência da comissão organizadora assumir a representação do evento. Não tenho experiência na área do cinema, mas considero que a minha responsabilidade é dar estabilidade e continuidade aos trabalhos que ainda têm de ser realizados de modo a garantir o sucesso do projecto.

Quais são, agora enquanto representante, as expectativas para o MIFF?
Para já, o mais importante é dar continuidade ao evento, principalmente no que respeita à promoção dos jovens de Macau que têm o sonho de fazer os seus próprios filmes. A intenção é avançar com a ideia de tornar a iniciativa numa plataforma em que os cineastas locais consigam ter uma oportunidade para darem a conhecer ao exterior os seus trabalhos. Penso que esta é uma forma privilegiada de dar a conhecer as indústrias criativas de Macau. Também tencionamos, através do festival, dar uma oportunidade para que seja criado um público local, ou seja, para que os residentes possam ter acesso a mais géneros de cinema. A ideia é que o público conheça, não só o cinema comercial, mas que também tenha acesso e comece a apreciar filmes mais artísticos. Esta é uma altura em que as pessoas de Macau podem abrir mais os olhos para que, eventualmente, esteja aberta a possibilidade de criar uma indústria nesta área. Queremos também criar os consumidores destes produtos que são os filmes. Tem de existir gente que assista e compre, nós temos de criar esta componente referente às audiências de Macau.

Falou de indústria do cinema mas Macau não tem essa dinâmica. Em que é que o MIFF vai ajudar, concretamente?
Acho que essa ajuda não se vai verificar já. Esta é a primeira edição e não se pode esperar esse tipo de retorno imediatamente. Quando olhamos para este festival, temos de estar conscientes de que não estamos só a projectar filmes ou a dar prémios. Estamos também a criar espaço para que a indústria internacional venha a Macau e possa conhecer o território. Existe também uma componente formativa e que é concretizada pela realização, por exemplo, de masterclasses. Para que haja uma indústria a funcionar tem de existir conhecimento e faz parte do evento promover isso também. Os jovens locais não devem ter apenas o sonho em ser realizadores, têm de ter conhecimento. Por outro lado, esta é uma indústria que deve desenvolvida passo a passo e não de um dia para o outro. Como estamos a iniciar este caminho, temos ainda de ter em conta que é importante trabalharmos muito com a China e mesmo com Hong Kong. A China, por exemplo, representa uma grande parcela de público de cinema e como tal, ao pensar na criação da indústria em Macau, temos de ter em atenção as perspectivas de entrada no mercado chinês e as colaborações que possamos vir a ter com cineastas da China Continental. É lá que está o grande público que irá consumir os produtos do cinema de Macau.

É a directora do Turismo de Macau. Qual é o impacto do MIFF no sector?
Claro que é importante utilizar este evento enquanto plataforma para promover Macau. Uma das questões é a promoção do território internacionalmente de modo a que seja mais conhecido e que mais pessoas queiram vir de visita. Por outro lado, e de muita importância, é a promoção da terra enquanto espaço de produção de cinema, ou seja, que Macau se torne capaz de chamar os cineastas internacionais para que cá venham fazer, por exemplo, a rodagem das películas. É fundamental esta aposta no sentido de que realizadores internacionais escolham a região para os seus cenários e, desta forma, projectar Macau para audiências internacionais.

O embaixador do MIFF é Jang Keun Suk, um actor coreano essencialmente conhecido pelo seu trabalho em novelas. Qual foi o critério para esta escolha?
Também estamos a falar de turismo e, desse ponto de vista, a Coreia é o nosso mercado mais importante.

É uma estratégia de marketing turística?
Sim. É uma estratégia para atrair os olhos dos coreanos para Macau. Na óptica do turismo, e agora falo enquanto directora do organismo, é importante ter um forte representante coreano porque é que aí que está o nosso grande alvo internacional. Neste momento, é um mercado que está a crescer na ordem dos dez por cento e, como tal, não foi ao acaso que escolhemos Jang Keun Suk como embaixador.

Cannes ou Locarno são conhecidas precisamente devido aos festivais de cinema que acolhem. Poderiam ser desconhecidos, mas estão nas bocas do mundo e são destinos por muito apetecidos por serem uma referência da sétima arte. Acha que Macau pode vir a fazer parte dos destinos culturais associados ao cinema e com o contributo do MIFF?
Locarno, Cannes e mesmo Hong Kong já são festivais com uma forte afirmação no mercado e já existem há muitos anos. Sim, acho que podemos pensar nisso como um objectivo a atingir no futuro. Não vamos pensar nisso como um objectivo que se atinge dentro de pouco tempo, mas podemos começar agora a criar um nicho próprio. Espero que com o tempo e com a continuação do trabalho possamos conseguir um lugar de relevo.

Disse na conferência de imprensa de apresentação que o MIFF ainda iria ter algumas surpresas…
Não posso ainda dizer quais serão porque a comissão ainda está em fase de contactos e negociações. Mas estamos a falar de convidados especiais que, esperamos, vão fazer do festival um evento mais completo.

Gosta de cinema?
Infelizmente não tenho possibilidade nem tempo para ir ao cinema. Vejo essencialmente através da internet, mas a altura em que dedico mais tempo a ver filmes é, realmente, dentro dos aviões. E sim, gosto de filmes e de diferentes géneros de cinema.

Quais são os filmes da sua vida?
O primeiro filme que me lembro de ver é o “Música no Coração” e este é realmente um filme de que gosto. É um filme que tenho sempre presente.

Como é que vê este festival no futuro?
Penso que vai ser estabelecido como um dos festivais de referência a nível mundial. Espero que seja, num primeiro passo, um festival obrigatório, primeiro dentro da Ásia, e com o tempo vá ganhando terreno ao nível internacional.

16 Nov 2016

MIFF | Evento sem Marco Mueller avança com transtornos, mas confiante

 

 

A primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau é marcada pela saída repentina de Marco Mueller da direcção. Mais do que para a apresentação do cartaz, a conferência de imprensa realizada ontem foi marcada pela ausência do italiano de renome que prometia levar o território ao mundo

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] conferência de imprensa destinada à apresentação do programa da primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau (MIFF, na sigla inglesa) ficou essencialmente marcada pela ausência de Marco Mueller. O italiano que, até ao passado domingo, era o director do evento e que apresentou demissão é agora substituído pela directora dos Serviços do Turismo e representante da Comissão Organizadora, Maria Helena de Senna Fernandes.

A iniciativa, que vai ter lugar entre os dias 8 e 13 de Dezembro, irá, à partida, decorrer sem grandes alterações, afirma Senna Fernandes, não deixando de sublinhar que o MIFF vai sofrer contratempos. “Não posso dizer que não há transtornos com a saída de Marco Mueller, mas estamos confiantes, porque um festival não é feito por uma só pessoa mas da junção do trabalho de várias partes.”

Tudo na mesma

Até ontem, o programa previsto para a primeira edição do MIFF não tinha sofrido qualquer alteração apesar da saída do director. “A maioria dos filmes foi escolhida por Marco Mueller, mas também há convidados especiais que a Comissão Organizadora contactou por achar que podiam ter um ângulo diferente, de modo a construir um programa mais completo”, explica Senna Fernandes.

A actual responsável pelo evento justifica que, das reuniões a que assistiu em que pudessem ter existido divergências quanto à inclusão de obras, nunca os diferendos deixaram de ser resolvidos, sendo que, na sua perspectiva, não foi por discordâncias de programação que Marco Mueller terá pedido a demissão.

Encontrar um substituto para o demissionário director está, nesta altura, fora de questão. Para Helena de Senna Fernandes, “não seria justo colocar outra pessoa para de repente assumir esta tarefa, sem mais nem menos, e que já tem a assinatura de outra pessoa”. No entanto, e tendo em conta edições futuras, a Comissão Organizadora admite que já está à procura de quem assuma o cargo – ainda assim, é uma tarefa que, de momento, exige calma. “Há pessoas em todo o mundo que têm este tipo de experiência e há pessoas qualificadas para assumir este tipo de tarefas. Não é altura para precipitar a situação, mas sim para acalmar os ânimos”, diz Helena de Senna Fernandes.

Tudo indica que a programação prevista para a primeira edição do MIFF não vai sofrer alterações e, até ontem, nenhum dos convidados declinou os convites. “Quando publicámos a notícia da demissão de Marco Muller, fizemos saber a informação a todos os contactos associados ao festival, e até à data, ainda não recebemos nenhuma recusa por parte dos nomes até agora confirmados”, explica a directora dos Serviços de Turismo. “Os filmes que estão divulgados também já assinaram acordo com evento pelo que, caso não queiram prosseguir com a sua participação, terão as consequências previstas”.

 

 

 

Estreias mundiais e asiáticas em destaque

O cartaz da primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Macau é composto por 49 filmes. A informação foi adiantada ontem na conferência de imprensa promovida pela comissão organizadora do evento.

Do programa relativo à competição internacional, a mais prestigiada do evento, constam 11 películas, todos eles estreias, mundiais ou asiáticas. As origens são diversas e os filmes vêm de França, Inglaterra, Índia ou Japão.

Ainda em competição oficial está a estreia no grande ecrã de “Sisterhood”, da realizadora local Tracy Choi, ou “São Jorge”, do português Marco Martins, metragem que valeu a Nuno Lopes o prémio de melhor actor da secção “Horizontes” do Festival de Veneza. Os 11 filmes em competição concorrem a nove prémios dos quais se destacam os de melhor filme, melhor realizador ou melhores actores de ambos os géneros.

Do júri fazem parte cinco elementos presididos pelo produtor e realizador indiano Skekhar Kapur, que já viu as suas obras nomeadas para os Óscares e Baftas.

O festival inclui ainda várias rubricas e em competição há uma secção especialmente dedicada à Ásia, a “Hidden Dragons”.

A comissão organizadora sublinhou a importância das “masterclasses” – duas – que vão ser levadas a cabo por Gianni Ninnari, Tom McCarthy e Bobby Cannavale.

Do programa consta ainda uma secção de competição de curtas-metragens de modo a incentivar a produção e divulgação local. As inscrições abriram ontem e fecham a 30 de Novembro.

O MIFF abre o ecrã com “Polina”, a 8 de Dezembro, uma produção francesa que conta a história que junta a sétima arte e a dança contemporânea na personagem que dá nome à película. A realização está a cabo de Angelin Preljocaj e Valérie Muller, e o elenco conta com Anastasia Shevtsova e Juliette Binoche.

Os bilhetes estão à venda a partir da próxima segunda-feira e os preços são de 50 patacas para as sessões normais e de 80 para as sessões em 3D.

Mueller em tribunal?

A Associação de Cultura e Produção de Filmes e Televisão de Macau, co-organizadora do MIFF, fez saber ontem, em nota de imprensa, que “irá exigir a Marco Mueller todas as responsabilidades decorrentes do incumprimento contratual, por todos os meios ao seu alcance, incluindo a via judicial”. Helena de Senna Fernandes admite a possibilidade de abertura de um processo contra o director demissionário, dadas as circunstâncias da sua saída. Para a associação, o que está em causa é o incumprimento do compromisso assinado pelo director italiano. “Marco Mueller faltou ao compromisso assinado como director do Festival conforme acordo assinado com a Associação de Cultura e Produção de Filmes e Televisão de Macau [sic]”, lê-se na mesma nota.

É a segunda vez que se anuncia uma primeira edição de um festival internacional de cinema de Macau organizado por esta associação. No ano passado, o evento também terá estado para acontecer, sem ter sido realizado. Helena de Senna Fernandes, confrontada com a situação, não adiantou as razões que levaram a iniciativa a ficar pelo caminho e os representantes da associação não se pronunciaram em conferência de imprensa, nem avançaram com mais informações acerca de um eventual processo contra Marco Mueller.

 

15 Nov 2016

Cinema | Macau recebe Festival Internacional com Marco Mueller e Elvis Mitchell

Pode custar cerca de 80 milhões de patacas e pretende levar Macau para o grupo dos grandes festivais de cinema. Deverá acontecer em Dezembro deste ano entre o Centro de Ciência e o Galaxy. À frente, dois nomes de peso – Marco Mueller e Elvis Mitchell – e um programa que prevê 45 filmes, galas, prémios e muitas estrelas internacionais

[dropcap]M[/dropcap]acau vai albergar de 8 a 14 de Dezembro o seu “primeiro” Festival Internacional de Cinema, já baptizado como International Film Festival Macao (IFFM). A notícia é avançada por vários meios internacionais especializados e foi confirmada ao HM pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), ainda que não tenha havido qualquer anúncio oficial.

Com um orçamento estimado em cerca de 80 milhões de patacas, valor considerado suficiente para que a organização possa transportar e albergar as delegações dos filmes e os principais média da Ásia, a maior parte da factura vai ser paga pelo Governo de Macau e o remanescente suportado por patrocinadores.

Nesta edição inaugural do IFFM, o foco vai ser para o cinema comercial com diversos géneros em presença. Está também prevista competição, galas e uma mostra temática. O Centro de Ciência de Macau constituirá o centro nervoso do evento, que se alargará para o Galaxy, onde as exibições para o mercado serão efectuadas.

A data escolhida (8-14 Dezembro) surge como aposta numa transição lógica a partir da Convenção CineAsia, que acontece na semana anterior – de 6 a 8 – em Hong Kong,

À frente do certame estará Marco Mueller, que já dirigiu festivais como os de Veneza, Locarno e Roma, e foi consultor artístico do Festival de Cinema de Pequim e do Festival Silk Road. Mueller terá o apoio de Elvis Mitchell, apresentador do programa de rádio “The Treatment”, leitor visitante de Harvard e crítico de cinema que ficará responsável pela selecção de títulos no mercado norte-americano.

A chegada de Mueller a Macau acontece depois deste ter trabalhado com os festivais de Pequim e Silk Road, e terá a ver com as restrições governamentais implementadas na China aos eventos competitivos, o que não acontece em Macau.

Os últimos a saber

A notícia chegou claramente mais depressa aos meios internacionais do que mesmo a Macau, já que os departamentos do Governo contactados pelo HM ou não sabiam do evento, ou sabem mas não estão prontos a anunciar. Todavia, as nossas fontes garantem que o evento cairá sob a alçada da Direcção dos Serviços de Turismo. Contactados estes serviços, foi-nos apenas autorizado a dizer que “os Serviços de Turismo estão a preparar a organização”, não confirmando em que papel, nem o orçamento, e prometendo uma divulgação com maior detalhe durante o próximo mês de Março.

Contactado o Instituto Cultural, cuja assessoria de imprensa não tinha conhecimento de qualquer envolvimento do organismo no festival, quisemos apurar a hipotética constituição de uma Comissão de Cinema ou de um Sistema de Incentivos Financeiros – algo também anunciado pela imprensa internacional (ver caixa). Contudo, até ao fecho desta edição, não nos foi possível qualquer tipo de comentário.

No fecho da edição, a Macau Films & Television Production and Culture Association enviou um comunicado, onde confirma o convite a Marco Mueller, as datas do Festival e uma conferência de imprensa para meados de Março.

Comissão de Cinema e apoio financeiro em estudo?

Segundo a revista Variety é ainda divulgado, sem referir fontes, que este evento enquadra-se na política do Governo de Macau de desenvolvimento da indústria do cinema, estando ainda previstas a constituição de um comissão de Cinema e da criação de um Sistema de Incentivos Financeiros para a indústria. Recorde-se que há uns anos surgiu em Macau um festival intitulado “Macau Internacional Film Festival (MIFF)”, numa organização que suscitou muita celeuma por entre a comunidade local do sector e muitas as interrogações sobre a apropriação da designação para um festival que segundo os seus críticos não tinha estatuto para isso, sendo que foi ainda questionado o apoio do Governo à iniciativa.

17 Fev 2016