Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaInvestigação | Anunciada criação de dois fundos Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, anunciou ontem a criação de dois novos fundos financeiros para alavancar as áreas da investigação científica e do empreendedorismo. “O Governo da RAEM está a preparar a criação de um fundo governamental para as indústrias e um fundo de orientação para a transformação dos resultados científicos e tecnológicos para apoiar o desenvolvimento de indústrias emergentes, como a tecnologia de ponta”, declarou na cerimónia de inauguração dos novos Laboratórios de Referência do Estado em Macau. Estes dois fundos visam “ajudar Macau a impulsionar o desenvolvimento da diversificação adequada da sua economia e aprofundar a complementaridade entre Macau e o Interior da China para o desenvolvimento comum nas áreas como a inovação científica e tecnológica”, disse ainda o governante. Os quatro laboratórios inaugurados foram alvo de uma reestruturação, tendo sido aprovados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia da China entre 2010 e 2018. Sam Hou Fau declarou que estes novos laboratórios serão uma “força central do sistema local de inovação científica e tecnológica”, devendo ser “pioneiros e empreendedores, assumir responsabilidades de forma proactiva e identificar, gerir e procurar mudanças”. Nesta fase, e a par da diversificação económica, Sam Hou Fai diz estar focado na realização de “quatro grandes projectos”, como a construção da Cidade (Universitária) de Educação Internacional de Macau e Hengqin, o Bairro Internacional Turístico e Cultural Integrado de Macau, o “Hub” (Porto) de Transporte Aéreo Internacional de Macau na Margem Oeste do Rio das Pérolas e ainda o Parque Industrial de Investigação e Desenvolvimento das Ciências e Tecnologias. Laboratórios | Ministro chinês fala em alinhamento estratégico Yin Hejun, ministro da Ciência e Tecnologia da China, defendeu ontem que os quatro Laboratórios de Referência do Estado inaugurados em Macau passam a ser “uma componente importante da estratégia científica e tecnologia do país”, tendo expressado algumas “expectativas” sobre aqueles espaços. Segundo um comunicado oficial, estas passam pela capacidade que a comunidade científica e respectivos investigadores destes laboratórios terão de “aproveitar as oportunidades do momento e fortalecer o sentido de missão”, apostando-se na criação de “campeões únicos” em matéria de investigação e “estudantes especializados” em áreas consideradas chave. O ministro espera ainda a criação de “um ambiente favorável para atrair e reunir talentos”. Aprovados por Pequim entre 2010 e 2018, estes laboratórios passaram este ano a Laboratórios Nacionais Principais, operando em áreas como a medicina tradicional chinesa, engenharia (Laboratório Nacional Principal de Circuitos Integrados Analógicos e de Sinais Mistos), sistemas digitais (Laboratório Nacional Principal de Internet das Coisas para Cidades Inteligentes) e ainda o Laboratório Nacional Principal de Ciências Lunares e Planetárias.
Pedro Arede PolíticaCiência | Governo chinês acha que laboratório de referência toma rumo confuso Após avaliação de dois dias, o Ministério da Ciência e Tecnologia da China considera que o Laboratório de Referência dedicado à cidade inteligente obteve “resultados notáveis”, embora considere o rumo de desenvolvimento “um pouco confuso”. Sobre o Laboratório de Ciências Lunares e Planetárias, o único do género em toda a China, o desafio é a internacionalização Juntamente com o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), os representantes do Departamento de Investigação Básica do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, vieram a Macau avaliar o trabalho dos laboratórios de referência estatal dedicados à internet das coisas da cidade inteligente (UM) e às ciências lunares e planetárias (MUST). Ontem, durante a apresentação dos relatórios de avaliação, Guan Xiaohong, chefe do grupo de especialistas responsável pela avaliação do Laboratório de Referência do Estado da Internet das Coisas da Cidade Inteligente, apontou que o organismo “obteve resultados notáveis” na resolução dos “problemas” gerados pelo desenvolvimento de Macau, nomeadamente ao nível da implementação de “novas tecnologias” de rede electrónica e padrões de transporte. No entanto, ficaram também algumas críticas e sugestões. “Consideramos que o laboratório tem um posicionamento muito claro, mas que as direcções de desenvolvimento são um pouco confusas. O laboratório já obteve algum sucesso e vai avançar para a industrialização, mas, neste momento, ainda não sabe de que forma será integrada. A escala do laboratório não é suficiente e precisa de se expandir”, transmitiu o responsável, acrescentado ainda que deve procurar capitalizar com vantagens oferecidas pela Grande Baía, a internacionalização de Macau e o princípio “Um País, Dois Sistemas”. Segundo Guan Xiaohong o azimute passa por concretizar a investigação desenvolvida e reforçar a formação de profissionais especializados. Em resposta, Song Yonghua, chefe do Laboratório de Referência assumiu que será feito “um melhor trabalho de ligação interdisciplinar nas áreas de pesquisa científica”, reafirmando que a cidade inteligente faz parte, não só da estratégia nacional, mas também do desenvolvimento de Macau. Foi ainda referido que o laboratório contribuiu para a elaboração do Plano Director e que no futuro, será feita uma maior aposta ao nível do fornecimento de “energia limpa”, sobretudo na eólica. De Macau para o Universo Acerca do Laboratório de Referência de Estado para a Ciência Lunar e Planetária, Hong Xiaoyu, Chefe do grupo de especialistas responsável pela avaliação frisou a importância do laboratório localizado na MUST para o projecto de exploração espacial da China, enaltecendo as suas características “únicas” a nível nacional, o trabalho de desenvolvido e ainda as vantagens que Macau oferece para “abrir janelas” a nível internacional. Como principais metas, o relatório aponta a “necessidade de formar quadros qualificados e atrair talentos”, o apetrechamento de equipamento de ponta e a criação de planos a médio e longo prazo para que as investigações tenham um maior alcance. À margem do evento, o Chefe do Laboratório de Referência de Estado para a Ciência Lunar e Planetária, Zhang Keke, mostrou-se satisfeito com os resultados da avaliação, embora considere que atrair talentos de topo ou produzi-los localmente “não é fácil”. “Se queremos ter um centro de pesquisa de topo a nível internacional precisamos de cientistas de topo mundial. Para atrair estes cientistas é preciso dar os incentivos necessários, mesmo a nível financeiro”, referiu. Por seu turno, o investigador português que lidera a equipa de astrobiologia do laboratório, André Antunes, sublinhou que “é muito importante ter superado a prova da avaliação”, que foi “muito positiva”. Sobre o artigo destacado em 2020 pela revista Nature do qual é co-autor, e que vem referido no relatório, o investigador considerou que é “muito importante para colocar Macau como ponto focal das actividades da astrobiologia para toda a China e como referência a nível global”. Acerca da contratação de quadros altamente qualificados, André Antunes lamentou a burocracia processual que não facilita a entrada mais célere de talentos em Macau.