As cidades casino

[dropcap]H[/dropcap]á cidades que se tornaram palcos privilegiados para a vertigem do jogo, como Las Vegas e Macau, mundialmente reconhecidas. Movem-se as fichas que fazem correr a adrenalina, rolam os dados, viram-se as cartas, gira a roleta, cantam as slot-machines marcando o ritmo da excitação dos jogadores, pobres, ricos ou assim-assim, ambiciosos quase sempre e ocasionalmente imprevidentes. Ganham-se e perdem-se fortunas mas só entre quem joga – quem não aprecia particularmente a prática da modalidade está imune a estas contabilidades de ganhos e perdas, porventura inócuas, mas eventualmente dramáticas.

Nem todos os jogos das cidades contemporâneas são assim: há outros onde quem movimenta as fichas ganha ou perde mas esses movimentos não são inócuos ou neutros para o resto da população, os jogadores mais ou menos involuntários que se vêm arrastados para a arena da competição – ou empurrados para a periferia dos tabuleiros em que se tornaram as cidades contemporâneas. À falta de investimento produtivo e de inovação tecnológica relevante e sistemática, os processos de renovação e expansão das cidades atuais tornaram-se polos privilegiados para a atração de capitais internacionais num capitalismo global cada vez mais especulativo e violento na expressão das suas desigualdades sociais e espaciais.

Joga-se à grande em Lisboa nestes dias em que a cidade se fez tabuleiro para os movimentos estratégicos de especuladores milionários com as mais diversas origens geográficas. Não se compra o Rossio, ainda praça pública, nem sequer a Avenida da Liberdade, assim por atacado, para construírem casas e hotéis, como no jogo do Monopólio. Mas vão-se comprando apartamentos, restaurantes, prédios, antigas salas de teatro e cinema, quarteirões inteiros, reconvertidos para a gastronomia gourmet, para o comércio mais ou menos luxuoso, para a habitação prime, para a hotelaria convencional ou para novas formas de exploração intensiva do alojamento de curta duração: são muitas as formas especulativas para a criação de riqueza utilizando o território sem reforçar a capacidade produtiva do país, o desenvolvimento tecnológico ou a valorização dos recursos humanos.

Tal como no famoso jogo de tabuleiro, movem-se as fichas também para comprar estações de caminhos de ferro, também elas potenciais hotéis depois de transformadas em inúteis infraestruturas. A companhia da eletricidade já tinha sido comprada, com amplo benefício para quem comprou e para quem foi gerindo a operação e evidente prejuízo para uma população que recebe dos mais baixos salários da Europa e paga das mais altas contas para utilização de energia elétrica no continente. Vão restando companhias das águas, em algumas cidades, mas cada vez mais serviços públicos fazem parte das opções disponíveis nos tabuleiros da especulação global.

Haverá jogadores que ganham e outros que perdem neste casino a céu aberto em que as cidades se vão tornando na actual fase do desenvolvimento capitalista, em que as desigualdades sociais e espaciais se acentuam a olhos vistos: todos os anos se batem novos recordes na concentração de riqueza nas mãos de um escasso número de bilionários e aumenta a desproporção de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres. Também crescem os condomínios de luxo, cada vez mais privados, exclusivos e fechados, nos centros das cidades, enquanto a pobreza e a falta de infraestruturas e serviços elementares alastram miseravelmente nas periferias suburbanas. Concentram-se as fichas deste jogo nas mãos de um punhado de exímios jogadores e barra-se ao resto da população o acesso ao casino. Para jogar, entenda-se, porque sempre se vai podendo entrar para trabalhar, em regime cada vez mais precário e com salários adequadamente “low-cost”.

Acontece que estas cidades feitas casinos são os lugares onde as pessoas vivem e que essas vidas são cada mais condicionadas pela forma como os jogadores distribuem as suas fichas pelo tecido urbano. Alguns pequenos proprietários poderão eventualmente enriquecer neste alucinante processo especulativo, mas a subida sistemática dos preços da habitação beneficia sobretudo os grandes investidores especulativos e as instituições financeiras que os suportam. As cidades casino onde a habitação se transacciona segundo as leis do livre mercado são territórios hostis a quem lá vive e vai empurrado para as zonas periféricas, enquanto os centros deixam de ser históricos e passam a ser amontoados de monumentos com decoração vintage para entretenimento elitista. Não terá grande futuro, este casino.

23 Abr 2019

Camboja | Complexo habitacional icónico dá lugar a casino de luxo

O terceiro investimento do bilionário malaio Chen Lip Keong em Phnom Penh vai ocupar um espaço que era ocupado por cerca de 500 famílias. Está avaliado em cerca de quatro mil milhões de dólares

 

[dropcap]U[/dropcap]m conhecido complexo habitacional em Phnom Penh vai ser transformado num casino de luxo, à medida que o Camboja atrai cada vez mais turistas e apostadores chineses, foi ontem noticiado.

A empresa NagaCorp, controlada pelo bilionário malaio Chen Lip Keong e cotada na bolsa de Hong Kong, é a única operadora com licença exclusiva para explorar casinos até 2035 na capital cambojana, onde tem já os complexos Naga1 e Naga2.

O terceiro casino da operadora em Phnom Penh, o Naga3, avaliado em cerca de quatro mil milhões de dólares, vai ocupar o conhecido ‘White Building’, onde residiam centenas de famílias, de acordo com o jornal South China Morning Post (SCMP).

Em declarações à imprensa, na terça-feira, o vice-presidente da NagaCorp, Philip Lee, salientou que o Naga3 é, até agora, “o maior investimento do sector privado no país” e vai ocupar mais de 16 mil metros quadrados, incluindo o ‘White Building’.

“Tem aproximadamente o mesmo tamanho que o Marina Bay Sands, em Singapura, que é o complexo de entretenimento mais caro do mundo”, afirmou.

Inquilinos revoltados

Estas notícias causaram indignação em antigos residentes do ‘White Building’, aos quais tinha sido prometido, pelas autoridades, novos alojamentos no edifício depois de uma remodelação.

“[O Governo] contou-nos uma mentira tão grande. É um sítio muito central, o Governo devia renová-lo e permitir que continuássemos a viver aqui (…), mas eles só pensam em lucro”, lamentou Nhek Chantha, citada pelo diário de Hong Kong.

A cambojana, de 67 anos, e os dois filhos foram expulsos em 2017, a par das restantes 497 famílias, depois de as autoridades municipais terem começado a emitir, dois anos antes, ordens de despejo, alegando que a estrutura não era segura.

Uma empresa japonesa, a Arakawa, foi então incumbida pelo Governo de transformar o local num condomínio residencial, com pelo menos cinco andares de apartamentos sociais para antigos moradores.

Em 2016, o ministro do Ordenamento Territorial, Planeamento Urbano e Construção cambojano, Chea Sophara, pediu paciência aos cambojanos e afirmou que o novo complexo devia ficar concluído até 2020.

Esta segunda-feira, a empresa nipónica escusou-se a comentar a situação e o porta-voz daquele ministério cambojano, Seng Lot, disse não saber como ou por que razão o terreno havia sido transferido para a NagaCorp.

Construído em 1963 como parte de um complexo cultural em frente ao rio Bassac, o ‘White Building’ foi, tal como resto da cidade, ocupado pelo regime dos Khmeres Vermelhos, em 1975.

Depois da queda do regime, em 1979, uma multidão variada, incluindo artistas e músicos, mudou-se para o edifício, transformando-o numa “unida e colorida” comunidade, descreveu o SCMP.

Aos moradores foi oferecida uma compensação de 1.400 dólares por metro quadrado, com muitos a protestar que era insuficiente para encontrarem novos alojamentos na cidade.

Concorrência asiática

O Camboja é, como o Vietname, o Japão e a Coreia do Sul, uma das principais ameaças ao monopólio do jogo em Macau, considerou o analista de jogo Grant Govertsen, em entrevista à agência Lusa, em Novembro.

Uma opinião corroborada pelo fundador da Newpage Consulting, consultora especializada em regulação de jogos em Macau, em declarações à Lusa há um mês.

Para David Green, a entrada em força de outros países asiáticos no jogo, como o Camboja e o Vietname, pode levar os turistas chineses que visitam Macau para essas paragens.

Em 2018, Macau recebeu 35,8 milhões de turistas, dos quais 25 milhões são oriundos da China. No mesmo ano, o número de turistas chineses no Camboja cresceu cerca de dois terços, para mais de dois milhões.

O investimento chinês redefiniu a costa do Camboja, dando lugar a grandes projectos turísticos, campos de golfe, aeroportos e parques temáticos.

No final do ano passado, o Camboja tinha 150 casinos licenciados, vocacionados sobretudo para os apostadores chineses, uma vez que o jogo é proibido para a população local.
Com um lucro de 390 milhões de dólares em 2018, a NagaCorp pagou 8,8 milhões de dólares em impostos.

11 Abr 2019

Jogo | Macau Legend regressou aos lucros em 2018

[dropcap]O[/dropcap] grupo Macau Legend fechou 2018 com lucros líquidos de 1,96 mil milhões de dólares de Hong Kong, depois de em 2017 ter registado prejuízos de 507,3 milhões de dólares de Hong Kong.
Em comunicado, enviado na sexta-feira à Bolsa de Hong Kong, o grupo, liderado pelo empresário David Chow indica que o regresso aos lucros ficou a dever-se sobretudo à alienação dos The Landmark Macau (em Abril) e a melhorias no desempenho da componente de jogo.
As receitas alcançaram 1,86 mil milhões de patacas no ano passado, traduzindo uma subida na ordem de 2 por cento. Só as receitas de jogo da Macau Legend cresceram 12 por cento para 1,35 mil milhões de dólares de Hong Kong, a esmagadora maioria dos quais gerados em Macau, onde opera sob a bandeira da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). O segmento de jogo de massas foi o que mais cresceu – 20 por cento em termos anuais para 958 milhões de dólares de Hong Kong –, enquanto o VIP expandiu-se 3 por cento, atingindo 162 milhões. A título de exemplo, as receitas de jogo do casino Legend Palace – um dos três que a Macau Legend opera – mais do que duplicaram, alcançando 683 milhões de dólares de Hong Kong.
Já a componente extrajogo da Macau Legend diminuiu para 507 milhões de dólares de Hong Kong devido à queda das receitas na sequência da alineação do The Landmark Macau.
Além de Macau, a Macau Legend gera e opera um casino no Laos, o Savan Legend, que gerou receitas de 231 milhões de dólares de Hong Kong, segundo o mesmo comunicado. Além disso, o grupo firmou acordos para o desenvolvimento de outras instalações de turismo e entretenimento, nomeadamente em Cabo Verde, onde está a erguer um empreendimento, que inclui casino, avaliado em mais de 200 milhões de euros.

30 Mar 2019

Jogo | Analistas projectam impacto da guerra comercial em Macau

[dropcap]A[/dropcap] grande questão para a indústria dos casinos na RAEM é como se vai lidar com os efeitos das relações comerciais entre a China e os Estados Unidos. Este foi o foco da discussão tida num painel de analistas do ASEAN Gaming Summit 2019, que terminou ontem em Manila, nas Filipinas. Uma das previsões é que os junkets podem cortar nos empréstimos a jogadores VIP ligados ao sector industrial, devido a preocupações com o aumento de tarifas e a possibilidade de estas resultarem em dívidas por saldar.

O painel constituído por Vitaly Umansky, da Bernstein Global Wealth Management, Praveen Choudhary da Morgan Stanley e Anil Daswani do Citigroup teve como objectivo discutir o futuro da indústria do jogo na Ásia.

Daswani referiu que as receitas do sector são imprevisíveis, e que toda a equação económica depende da relação comercial entre Washington e Pequim e da possibilidade de reconciliação. As oscilações dos resultados podem variar entre perdas de 15 por cento e lucros de 12 por cento em 2019.

O analista da Morgan Stanley destacou a mudança estratégica das concessionárias que apostaram com mais afinco no mercado de massas. Nesse aspecto, Praveen Choudhary acredita que a abertura da Ponte HKZM veio facilitar o acesso dos jogadores do Interior da China às mesas de jogo de Macau.

Já o especialista em jogo do Citigroup prevê que a liquidez dos jogadores que escolhem Macau para apostar está longe de se esgotar e que, a dar-se a recuperação, o segundo semestre de 2019 “pode ser enorme para região”.

No que diz respeito às concessões, o grupo de analistas foi unânime na expectativa de que as actuais operadoras vão ter as suas licenças renovadas em 2022. A ideia deixada é que a renovação é uma mera formalidade transformada numa grande novela. Foi também avançada, pelos três analistas, a possibilidade de haver uma nova concessão concedida a um operador local.

22 Mar 2019

FIC | Apoios totalizaram 76 milhões no ano passado

[dropcap]O[/dropcap] Fundo das Indústrias Culturais financiou 47 projectos num total de 76 milhões de patacas no ano passado. Os números foram apresentados ontem, numa conferência de imprensa conduzida pelo presidente do Conselho de Administração do FIC, porta-voz do Conselho Executivo e ex-deputado dos Kaifong, Leong Heng Teng. Entre os 76 milhões de patacas, 33 milhões foram entregues a fundo perdido, já 43 milhões foram entregues na modalidade de empréstimos sem juros. Ontem foi igualmente apresentado o “Programa Específico de Apoio Financeira para a Promoção de Marcas – Exposições e Espectáculos Culturais, que vai apoiar até 10 projectos com 800 mil patacas. As candidaturas decorrem entre 25 de Março a 5 de Julho e o objectivo é apoiar as áreas da música, dança, teatro, magia e drama.

Jogo | Macau Legend vai concorrer a licença

A empresa Macau Legend está interessada em participar nos concursos públicos de atribuição das concessões de jogo, que vão acontecer depois das concessões actuais chegarem ao fim, o que acontece em 2022, caso não haja renovações. A situação foi traçada por Melinda Chan, mulher do proprietário da empresa David Chow, de acordo com o jornal Ou Mun. Na ocasião, Melinda não afastou o cenário da candidatura ser apresentada em parceria com outra empresa, mas sublinhou que estas situações só podem ser equacionadas quando forem conhecidas as exigências do concurso público. Sobre o novo hotel, o Legendale, Melinda Chan informou que ainda está na fase de concepção e que deverá levar entre três e cinco anos até ser construído.

Crime | Troca ilegal de dinheiro expulsa 3.050 pessoas de Macau

No ano passado foram repatriadas 3.050 pessoas relacionadas com troca ilegal de dinheiro, ou prática aproximadas, de acordo com uma resposta da secretaria para a Segurança ao deputado Lei Chan U. A maioria dos expatriados é proveniente do Interior da China, havendo também um residente de Hong Kong e outro do Vietname. A resposta foi avançada pelo canal chinês da Rádio Macau que diz que entre os repatriados havia pessoas acusadas ainda de roubos e assaltos.

21 Mar 2019

Jogo | Futuro pós 2022 determinado por concurso público internacional, confirma Lionel Leong

Os contratos da SJM e da MGM vão ser prorrogados por dois anos e três meses, alinhando-se com o termo, em Junho de 2022, dos das restantes operadoras de jogo. O secretário para a Economia e Finanças confirmou a intenção de avançar com um concurso público internacional, sem adiantar, porém, a posição do Governo relativamente à abertura do mercado a novos ‘jogadores’

[dropcap]O[/dropcap]futuro da principal indústria de Macau, após expirarem os contratos das seis operadoras, em 26 de Junho de 2022, vai ser determinado por um concurso público internacional. A garantia foi dada na sexta-feira pelo secretário para a Economia e Finanças, após o anúncio de que os contratos de concessão da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e de subconcessão da MGM Grand Paradise vão ser prolongados por dois anos e três meses, de forma a ficarem sincronizados temporalmente com as restantes quatro operadoras.

“O Governo, no futuro, com o término dos contratos, tem a intenção de realizar um concurso público internacional”, confirmou Lionel Leong, sem concretizar, no entanto, quando pretende efectivamente lançá-lo. A lei obriga a um concurso público internacional para a atribuição de novas concessões, após o termo do limite de 20 anos. Um prazo que pode, a título excepcional, ser prorrogado – uma ou mais vezes – por um máximo de cinco anos mediante despacho do Chefe do Executivo. Tal significa então que, em teoria, as actuais concessões de jogo poderiam ser estendidas até 2027.

Apesar de atestar que o lançamento de um concurso público internacional será uma realidade, dando conta, aliás, de “trabalhos preparatórios em curso”, Lionel Leong não abriu o jogo sobre a eventual abertura do mercado a novas operadoras: “Só posso dizer que isto tem muito que ver com estabilidade económica e financeira e ainda a segurança do território e do país e, por isso, todas as hipóteses poderão ser analisadas, mas a decisão final será só no futuro”. Especialistas têm defendido que, se a intenção do Governo não for abrir o mercado a mais operadoras, a lei deveria ser alterada para eliminar a obrigatoriedade de um concurso público, regressando-se à figura da prorrogação da época pré-liberalização.

Por perceber fica também o futuro modelo de exploração do jogo, em concreto, se a figura da subconcessão é para manter. “Estamos a ouvir opiniões sobre a revisão da lei”, respondeu Lionel Leong, fazendo referência ainda aos estudos em andamento com vista a “aperfeiçoar” a legislação do jogo actual, em vigor desde 2001.

O primeiro passo

O secretário para a Economia e Finanças falava durante uma conferência de imprensa, convocada após o anúncio de que o Governo autorizou os pedidos de prorrogação do prazo dos contratos da SJM e da MGM, que expiravam em 31 de Março de 2020, até 26 de Junho de 2022. Um cenário, de resto, antecipado por analistas e pelas próprias operadoras de jogo.

Na hora de decidir – justificou Lionel Leong – pesou a “auscultação contínua efectuada junto da comunidade”, bem como “o estudo e análise, feito internamente, de vários factores, incluindo “dos efeitos para o desenvolvimento global do sector e nos direitos e interesses laborais dos residentes”. “A uniformização do termo dos prazos dos contratos irá beneficiar os trabalhos preparatórios e de desenvolvimento da abertura do próximo concurso público para a atribuição de concessões para a exploração de jogos de fortuna ou azar ou outros jogos em casino”, realçou o secretário para a Economia e Finanças.

Lionel Leong defendeu ainda que tal vai contribuir também para “a estabilidade social, nomeadamente para a estabilidade do mercado de emprego”, apontando que as condições estabelecidas na prorrogação do prazo dos contratos da SJM e da MGM oferecem ainda outras “garantias”, nomeadamente ao nível da aposentação dos trabalhadores.

As contrapartidas

É que na hora de prorrogar os contratos, o Governo impôs três condições à SJM e à MGM. Além do pagamento de 200 milhões de patacas, a efectuar de uma só vez, as duas operadoras de jogo devem aderir ao Regime de Previdência Central Não Obrigatório e constituir uma garantia de créditos laborais.

O Governo falhou, porém, em explicar exactamente como calculou o montante da contrapartida, ao qual chegou após “uma análise integral”. “Podemos fazer uma comparação: Neste momento, as concessionárias pagam um prémio anual fixo de 30 milhões e, portanto, 200 milhões são já seis vezes” mais, afirmou o director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), Paulo Martins Chan, falando de um valor “razoável”.

Em face das condições acordadas, a SJM e a MGM tornar-se-ão nas primeiras operadoras de jogo a aderir ao Regime de Previdência Central Não Obrigatório, mas o secretário para a Economia e Finanças deixou claro que espera que não sejam as únicas: “Gostava muito de ver todas. Vamos incentivar a adesão das outras”. Já no tocante à garantia de créditos laborais – a constituir no prazo de três meses corresponde a um montante não inferior a 3,5 mil milhões de patacas no caso da SJM e a pelo menos 820 milhões no da MGM, detalhou o director da DICJ.

Boa notícia

Em comunicados, separados, enviados à Bolsa de Hong Kong, SJM e MGM saudaram o facto de o Governo ter aceitado os pedidos de prorrogação dos contratos. “A SJM congratula-se com esta extensão e com as condições razoáveis definidas pelo Governo”, afirmou o presidente da direcção da SJM, citado em comunicado, apontando que “sincronizar os termos dos contratos de todas as concessões e subconcessões é muito do interesse de Macau e da sua indústria do turismo”. A MGM Grand Paradise também declarou estar “satisfeita” por “poder continuar os esforços para contribuir para o futuro de Macau”. “A MGM acredita que esta notícia é extremamente encorajadora e especialmente significativa para os nossos mais de 10.800 funcionários”, referiu.

Pela extensão do contrato de subconcessão, a MGM tem ainda de pagar 20 milhões de patacas à SJM, como anunciaram ambas as empresas.

A visão dos analistas

O anúncio do Governo fez mexer os analistas que começaram a traçar eventuais cenários para o futuro após 2022. Numa nota, publicada na sexta-feira, Grant Govertsen, da Union Gaming, antecipa que vai haver um novo concurso público internacional, mas, “em algum momento, “em meados da próxima década”, o que implicaria a prorrogação dos contratos de concessão após 2022, ao contrário da aparente intenção manifestada pelo secretário para a Economia e Finanças.

Em paralelo, se, por um lado, não tem dúvidas de que todas as operadoras de jogo vão manter-se em Macau, o analista espera que uma sétima – ou até oitava – concessão se materialize, de modo a “limpar” a figura do prestador de serviços. Grant Govertsen referia-se aos chamados acordos de prestação de serviços ao abrigo dos quais outras empresas operam casinos sob a bandeira de umas das seis operadoras de jogo, como a Macau Legend, do empresário David Chow, que opera sob a bandeira da SJM.

A Sanford C. Berstein foi mais prudente na análise. “O Governo terá capacidade para prolongar os prazos das concessões por um período máximo de cinco anos [a partir de Junho de 2022] (…), mas não há qualquer indicação, neste momento, de que o vai fazer”, indicou a consultora, numa nota citada pelo portal especializado em jogo GGRAsia. “O cenário provável é que não haja mais anúncios relacionados com concessões de jogo até depois de 2020”, complementou.

Alta na bolsa

As acções da SJM e da MGM valorizaram na sexta-feira na Bolsa de Hong Kong, com a revelação de que os contratos de concessão e subconcessão para a exploração de jogo vão ser prolongados por dois anos e três meses. Depois de, na parte da manhã, as transacções terem sido suspensas, devido precisamente ao anúncio do Governo, as acções da SJM valorizaram 3,54 por cento no fecho, enquanto as da MGM China apreciaram 1,61 por cento, com as subidas a alargarem-se às acções das outras operadoras de jogo que também encerraram o dia em terreno positivo.

Jornalista impedida de entrar por trabalhar por média ‘online’

Uma jornalista do portal especializado em jogo GGRAsia foi impedida de assistir à conferência de imprensa sobre a prorrogação dos contratos da SJM e da MGM. A razão apontada foi pertencer a um média ‘online’, por a lei apenas reconhecer os chamados órgãos de comunicação social tradicionais, isto apesar de ter entrado, por outras ocasiões, em eventos oficiais. Confrontado com o caso à saída da conferência de imprensa, o director do Gabinete de Comunicação Social (GCS), Victor Chan, afirmou que, dado que a lei não reconhece os órgãos de comunicação social ‘online’, a presença dos jornalistas em conferências de imprensa oficiais é avaliada “caso a caso”. No particular, existia a informação de que estariam presentes muitos jornalistas de órgãos de comunicação social de Hong Kong, pelo que considerações ao nível do espaço levaram a que apenas os tradicionais entrassem, referiu.

“Há sempre prioridades e a prioridade vai para os ‘média’ tradicionais. Só depois de considerar os recursos disponíveis, vamos ponderar os diferentes casos, mas, ao abrigo da lei, não somos obrigados nem temos a responsabilidade de cuidar dos meios de comunicação social ‘online’”, apontou o também porta-voz do Governo.

“Tivemos um grande debate entre 2011 e 2013 [no âmbito da consulta pública sobre a eventual revisão da lei de imprensa, em vigor desde 1990] e a conclusão foi a de que se discutiria mais tarde”, realçou Victor Chan, apontando que não só os próprios ‘média’ entenderam que o momento não era o ideal, como sustentaram que retomar esse assunto posteriormente partiria da sua própria iniciativa. O director do GCS manifestou, no entanto, estar disponível para debater o reconhecimento dos órgãos de comunicação ‘online’ se a classe pretender. “Estamos abertos para uma discussão formal no futuro”, disse.

18 Mar 2019

Jogo | Richard Suen e Sands chegam a acordo

[dropcap]D[/dropcap]epois de 15 anos de batalha judicial, o caso que opunha o empresário de Hong Kong Richard Suen à Las Vegas Sands Corp termina com as partes a chegar a acordo, sem revelar o valor da compensação.

Recorde-se que o empresário pediu uma compensação à empresa de sector do jogo devido ao papel de facilitador que desempenhou na obtenção de licença obtida pela Sands para explorar casinos em Macau. Após a decisão judicial que determinou que Suen devia ser compensado, e depois desta ser confirmada pela última instância do Estado do Nevada, começou o processo para fixar o montante a pagar ao empresário, que teve um desfecho rápido.

No início da disputa, Richard Suen pedia 2,8 mil milhões de patacas, enquanto a equipa legal da Sands argumentava que o empresário de Hong Kong deveria receber até pouco mais de 30 milhões de patacas. O processo chegou ao fim na passada sexta-feira, sem que tivesse sido relevado o valor acertado devido à assinatura de um acordo confidencial. Ainda assim, e de acordo com a agência Associated Press, Richard Suen terá dito que a batalha judicial “valeu a pena” e que chega ao fim da contenda com um sentimento de justiça cumprida.

18 Mar 2019

Jogo | IAS registou 133 casos de dependência, o número mais baixo desde 2011

O Instituto de Acção Social recebeu, ao longo do ano passado, 133 pedidos de ajuda devido à dependência do jogo, o número mais baixo desde 2011. Do total, apenas uma pequena parte correspondeu a ‘croupiers’

[dropcap]H[/dropcap]omens, casados, com emprego, mas a braços com dificuldades financeiras. Eis o perfil da maioria das 133 pessoas que, ao longo do ano passado, pediram ajuda ao Instituto de Acção Social (IAS) devido à dependência do jogo.

Segundo os dados, publicados no portal do IAS, o número não só traduz uma descida anual (menos 24 casos face a 2017), como figura como o mais baixo desde 2011, ano em que foi criado o denominado sistema de registo central dos indivíduos afectados pelo distúrbio do vício do jogo (VER TABELA).

Oito em cada dez pedidos de ajuda foram feitos por homens e por portadores de Bilhete de Identidade de Residente da RAEM. A média de idades de quem recorreu ao IAS em 2018 correspondeu a 39 anos – contra 44 em 2017 –, mas o problema também atingiu menores de 18 anos (proibidos, por lei, de entrar nos casinos) e maiores de 60, com os dois pólos etários a ocuparem, cada um, um peso na ordem dos três por cento no cômputo total. Se no primeiro caso houve um aumento (não havia pedidos de ajuda de menores de 18 anos desde 2015), já no segundo verificou-se um recuo (dado que a proporção de idosos caiu mais de cinco pontos percentuais face a 2017).

No que diz respeito ao estado civil e habilitações literárias de quem solicitou apoio nos últimos anos a tendência manteve-se inalterada: mais de metade era casado e tinha completado o ensino secundário. Do total, 75,94 tinham trabalho, contra 12,78 por cento que estavam desempregados. Os remanescentes (11,28 por cento) eram estudantes, empregadas domésticas ou aposentados.

Números duvidosos

Os dados mostram ainda a proporção de pedidos de ajuda feitos por ‘croupiers’ e outros trabalhadores da indústria do jogo – as únicas profissões discriminadas na informação facultada pelo IAS. A saber: no ano passado, os ‘croupiers’ representaram 6,90 por cento das 101 pessoas empregadas, uma proporção que não só encolheu face a 2017 (quando era de 11,03 por cento) como tem vindo a diminuir de forma constante desde 2012, ano em que alcançou o ‘pico’ (VER TABELA). Já os pedidos de ajuda por parte de outros trabalhadores da indústria de jogo representaram 11,21 por cento do total de empregados, contra 6,62 por cento em 2017. Os dados lançam dúvidas sobre o discurso oficial utilizado recentemente como argumento para justificar a alteração à lei de condicionamento da entrada, do trabalho e do jogo nos casinos, aprovada em Dezembro. O regime legal em questão vai alargar as interdições aos trabalhadores da principal indústria de Macau fora do horário de trabalho. Em causa a afirmação de que os ‘croupiers’ representaram “a maioria” dos que pediram ajuda entre 2011 e 2016, bem como em 2017. Uma declaração constante, aliás, do parecer elaborado pela 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, cujo presidente admitiu aos jornalistas não ter confirmado os números apresentados pelo Governo. Dados retirados do mesmo sistema e que mostram então um número reduzido, em termos globais, dos casos respeitantes a quem dá cartas nas mesas dos casinos.

Contas feitas, em 2018, o IAS recebeu sete pedidos de ajuda de ‘croupiers’ e 13 de outros trabalhadores dos casinos. Olhando à média dos oito anos, os números também não são muito diferentes: desde 2011 o IAS recolheu um total de 1.146 pedidos de ajuda devido à dependência do jogo, dos quais 932 respeitantes a pessoas empregadas. De ‘croupiers’ foram 153 e de outros trabalhadores da indústria de jogo 109, o que dá uma média anual de 19 e de 13, respectivamente. Simplificando, foram 28 os pedidos de ajuda de pessoas ao serviço da indústria do jogo, num universo de 932 com emprego, o equivalente, portanto, a três por cento do total.

As razões por detrás

Segundo as estatísticas publicadas pelo IAS, um terço dos pedidos de ajuda diziam respeito a pessoas que trabalham por turnos. Os mesmos dados revelam que três em cada dez tinham um rendimento mensal inferior a 21 mil patacas, mas sem especificar, porém, a situação de 60 por cento dos casos remanescentes.

Mais evidente é o motivo que levou as pessoas a recorrerem ao jogo, dado que quase um quarto dos que pediram ajuda (23,82 por cento) fê-lo na expectativa de resolver dificuldades financeiras, um número ligeiramente superior a 2017 (22,49 por cento). Já mais de um terço (35,29 por cento) decidiu jogar por entretenimento e para desanuviar, desconhecendo-se as razões dos demais.

Do total, 21,80 por cento, ou seja, 29, fazem apostas há pelo menos 20 anos, de acordo com os mesmos dados. Do universo de jogos que correspondem a um maior número de casos de pedidos de apoio é o bacará que surge na liderança (48,86 por cento). Seguem-se, a larga distância, as apostas desportivas (futebol/basquetebol), as ‘slot-machines’ e o “cussec” (jogo de dados), todos com um peso inferior a 10 por cento. Um terço gastou, em média, por mês, entre 5.000 e 50.000 patacas em jogo, não havendo igualmente informações relativamente aos restantes.

Níveis de gravidade

Os dados do IAS mostram ainda melhorias relativamente ao universo de indivíduos que contraíram dívidas que, apesar de continuarem a ser a maioria (87 em 133 ou 65,41 por cento), têm vindo a encolher nos últimos três anos (72,61 por cento em 2017 e 75,18 em 2016). À luz da mesma informação publicada no portal do IAS, no ano passado, uma em cada dez pessoas tinha por liquidar quantias entre 250 mil e 500 mil patacas.

As estatísticas divulgadas pelo IAS dividem também os casos pelo nível de gravidade do distúrbio do vício do jogo, com os classificados como “graves” a ocuparem 34,65 por cento do total. Os indivíduos com um grau “moderado” continuavam a representar a maioria, apesar da forte queda comparativamente a 2017 (43,64 contra 36,63 por cento). O nível de gravidade dos remanescentes foi qualificado como “ligeiro” (18,81 por cento em 2018 contra 16,36 por cento em 2017). A avaliação consoante a gravidade feita à luz do DSM-5, o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria, cobriu 75,94 por cento do universo de casos.

Os dados figuram de um quadro abreviado do sistema de registo central dos indivíduos afectados pelo distúrbio do vício do jogo que, anualmente, serve de base a um relatório a elaborar pelo IAS que junta esta informação estatística sobre quem procura ajuda devido a problemas relacionados com o jogo, na tentativa de compreender hábitos e comportamentos.

 

Pedidos de ajuda

2011: 144

2012: 149

2013: 134

2014: 141

2015: 147

2016: 141

2017: 157

2018: 133

Total: 1.146

 

Ano | Proporção de ‘croupiers’*

2011: 9,68%

2012: 27,41%

2013:18,75%

2014: 18,05%

2015: 13,60%

2016: 13,60%

2017: 11,03%

2018: 6,90%

*entre indivíduos empregados

13 Mar 2019

Especialista de jogo pouco optimista relativamente ao desempenho dos casinos em 2019

[dropcap]D[/dropcap]avid Green, fundador da Newpage Consulting, consultora especializada em regulação de jogos, mostrou-se pouco optimista em relação aos resultados dos casinos em 2019, devido à entrada do Japão nas apostas, do crescimento do Camboja e da guerra comercial EUA/China.

Os casinos de Macau fecharam 2018 com receitas 303 mil milhões de patacas, traduzindo um aumento de 14 por cento face a 2017. Contudo, na opinião de David Green, face a vários factores externos a Macau, a tendência de crescimento que se tem verificado nos últimos anos pode ter chegado ao fim. “O Japão será uma grande distracção para os grupos interessados em ganhar uma concessão de jogo”, afirmou, em declarações à Lusa.

Cinco das seis operadoras de jogo (MGM, Sands, Wynn, Melco e Galaxy) “manifestaram publicamente interesse” em garantir uma licença no Japão, depois de o parlamento nipónico ter aprovado a abertura de três casinos a partir de meados de 2020. Na opinião do fundador da Newpage Consulting, a entrada em força de outros países asiáticos no jogo, como o Camboja e o Vietname, pode levar os turistas chineses que visitam Macau (25 milhões dos 35,8 milhões de turistas em 2018) para essas paragens. “O Camboja tem potencial para conseguir alguns dos jogos de massa e VIP de Macau, tanto em Naga, como no aglomerado de casinos em Sihanoukville”, já o “desenvolvimento de Hoi An, no Vietname” poderá “afastar os jogadores” VIP de Macau, considerou.

Guerra comercial

Já sobre a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, apesar de estimar que “será resolvida”, David Green entende que Pequim “terá de fazer concessões que preferiria não fazer (…) e vai perder a face”. “Isso poderá prejudicar os operadores norte-americanos (MGM, Sands e Wynn) que estarão mais vulneráveis a qualquer acto de retaliação”. “A retaliação provavelmente será subtil, mas significativa”, frisou.

O ‘fraco optimismo’ de David Green é também suportado pelas estimativas do Fundo Monetário Internacional que estima que a economia de Macau cresça 5,3 por cento em 2019. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,7 por cento, em termos reais, reflectindo um forte abrandamento de cinco pontos percentuais face a 2017.

11 Mar 2019

Jogo | Receitas dos casinos subiram 4,4% em Fevereiro

[dropcap]O[/dropcap]s casinos fecharam Fevereiro com receitas de 25.370 milhões de patacas, um valor que traduz uma subida de 4,4 por cento, indicam dados publicados na sexta-feira pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). No acumulado dos primeiros dois meses, os casinos encaixaram receitas de 50.560 milhões de patacas, traduzindo uma descida de 0,5 por cento face a igual período do ano passado, dado que, em Janeiro, as receitas de jogo caíram 5 por cento, naquela que foi a primeira diminuição anual homóloga em dois anos e meio.

O desempenho dos casinos em Fevereiro, mês potencialmente forte devido aos feriados do Ano Novo Chinês, foi em linha com as expectativas dos analistas, dado que a base de comparação era “difícil”. Foi o que assinalou nomeadamente a consultora Sanford C. Bernstein, numa nota citada pelo portal especializado em jogo GGRAsia, recordando que as receitas dos casinos cresceram quase 20 por cento em termos anuais homólogos nos primeiros dois meses de 2018.

Os casinos fecharam o ano passado com receitas de 302.846 milhões de patacas, reflectindo um aumento de 14 por cento. Tratou-se do segundo ano consecutivo de aumento das receitas de jogo, depois de 2017 (+19,1 por cento) ter invertido a tendência de queda registada nos três anos anteriores (-3,3 por cento, em 2016, -34,3 por cento em 2015 e -2,6 por cento em 2014).

4 Mar 2019

Saúde | Sheldon Adelson luta contra cancro

[dropcap]O[/dropcap]presidente da Sands China, Sheldon Adelson, está a lutar contra o cancro. De acordo com uma notícia da Bloomberg, o advogado do milionário norte-americano, James Jimmerson, disse a um tribunal do Nevada que o seu cliente está afastado do escritório desde Dezembro, por estar receber tratamentos devido a um cancro. Por esse motivo Adelson não testemunhou num caso contra a empresa-mãe da operadora, a Las Vegas Sands. Mais tarde, a informação foi confirmada aos órgãos de comunicação social: “O Sr. Adelson ainda está a lidar com os efeitos secundários da medicação que está a tomar como tratamento a um Linfoma não-Hodgkin”, afirmou num comunicado à imprensa. “Estes efeitos secundários não lhe permitem viajar e manter um horário normal no escritório. Mas não o impede de cumprir as suas obrigações como presidente e CEO da empresa”, acrescentou sobre Sheldon Adelson, que tem 85 anos.

O processo em causa opõe a Las Vegas Sands a Richard Suen, consultor que reclama o pagamento de um serviço por alegadamente ter sido fundamental para que a concessionária obtivesse uma licença em Macau.

 

4 Mar 2019

Economia | Lionel Leong confiante na continuidade do crescimento económico

[dropcap]O[/dropcap]secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, está confiante na continuidade do crescimento económico de Macau, ressalvando, contudo, a necessidade de tomar medidas perante “eventuais flutuações a curto prazo”. Em declarações à margem de um evento na passada sexta-feira, o secretário referiu que “em 2019, haverá factores globais que irão afectar a economia de Macau, sendo necessário tomar precauções para responder a eventuais flutuações a curto prazo”, aponta um comunicado.

Lionel Leong recordou ainda que no ano passado já se registaram algumas flutuações, sendo que o crescimento económico de Macau “manteve um número relativamente favorável”. A razão, apontou, tem que ver com “o avanço da promoção da diversificação adequada das indústrias e do desenvolvimento de elementos além do jogo”.

Tendo em conta as receitas do jogo, o secretário sublinhou que “a estrutura do mercado de massas desempenha um papel cada mais importante”, tendo sido a causa para o aumento das receitas registado em 2018 pelo sector.

Por outro lado, devido à diversidade de consumidores no mercado de massas, em comparação com o sector VIP, “torna-se maior a percentagem de entrada desse mercado e há uma maior integração no desenvolvimento económico dos bairros comunitários locais”, referiu. Este factor reforça a economia local e “aumenta a resiliência de Macau face às flutuações da economia mundial”.

Lionel Leong acrescentou que a análise das receitas do jogo em termos comparativos é mais “científica” se for calculada trimestralmente e não mensalmente. “É necessário ter em conta o antes e o depois do Ano Novo Chinês ou se é um ano bissexto, entre outros factores, pois irá reflectir-se nas receitas de Janeiro ou Fevereiro”, apontou.

 

4 Mar 2019

Jogo | Mais de 18 mil visitantes esperados na 13.ª Global Gaming Expo Asia

[dropcap]M[/dropcap]ais de 18 mil pessoas são esperadas, em Maio, na Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), uma feira internacional que junta anualmente empresas e especialistas do jogo de todo o mundo em Macau, anunciou ontem a organização.

Este ano, a 13.ª edição, de 21 a 23 de Maio, vai apostar sobretudo no conteúdo e tecnologia digital, tecnologia de resorts integrados e soluções de negócios, no desenvolvimento do jogo e lotaria, na tecnologia financeira no continente asiático e em ‘Esports’ (competição através de videojogos).

O programa de conferências da feira vai discutir temas como as perspetivas e riscos na área do jogo na Ásia.

O evento, que normalmente conta com altos quadros da indústria do jogo em Macau, no ano passado recebeu o director executivo da Melco, Lawrence Ho, filho do fundador da Sociedade de Jogos de Macau, Stanley Ho, e este ano tem previsto receber Pansy Ho, que é copresidente e accionista da MGM China, empresa que também explora o jogo em Macau, disse à Lusa fonte da organização, durante um almoço com a imprensa.

A filha mais velha de Stanley Ho e a Fundação Henry Fok anunciaram, em 24 de Janeiro, um acordo para garantir o controlo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) Holdings Ltd e da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), fundadas por Stanley Ho.

A aliança foi anunciada pela empresa de Hong Kong Shun Tak Holdings Ltd, de Pansy Ho. Com esta aliança, Pansy Ho e a Fundação Henry Fok passam a assegurar 53,012 por cento das acções da STDM, de acordo com a informação prestada pela empresa.

A exposição do G2E Asia, que decorre no hotel-casino Venetian, vai ocupar cerca de 34.000 metros quadrados, em dois andares. Esta edição conta ainda com a atribuição dos prémios G2E Asia, para “reconhecer a excelência e a inovação” na indústria do jogo. Mais de 16 mil profissionais visitaram a feira no ano passado.

 

1 Mar 2019

FMI estima que economia de Macau cresça 5,3 por cento este ano

O crescimento da economia de Macau vai desacelerar em 2019 para 5,3 por cento, estima o Fundo Monetário Internacional. A forte exposição relativamente à China, a guerra comercial entre Pequim e Washington e a crescente concorrência regional da indústria do jogo figuram entre os potenciais riscos

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa a estimativa de crescimento económico de Macau em 2018 para 5,6 por cento (contra a última projecção de 6,3 por cento de Outubro e o crescimento de 9,7 por cento em termos reais em 2017), nas vésperas de serem conhecidos os dados oficiais relativamente ao Produto Interno Bruto (PIB). Para 2019, o organismo liderado por Christine Lagarde antecipa nova desaceleração, prevendo um crescimento de 5,3 por cento.

As estimativas constam da conclusão preliminar à situação económica e financeira de Macau, levada a cabo por uma equipa técnica de especialistas do FMI após uma visita de 12 dias, que terminou na segunda-feira. O documento elenca ainda as perspectivas e os riscos para a economia de Macau, deixando uma série de recomendações.

Para o FMI, após a expansão de 5,3 por cento projectada para 2019, o crescimento da economia de Macau deve manter-se sólido a médio prazo na ordem dos 5 por cento. “Embora a perspectiva seja mais moderada do que as médias históricas, também é menos volátil”, refere a missão do FMI, apontando que “o principal impulsionador do crescimento de médio prazo é o turismo, com o jogo de massas e as actividades extrajogo a aumentarem mais, em linha com os esforços de diversificação com vista a fontes mais estáveis de crescimento”. Já o investimento deve “permanecer fraco”, embora com “melhorias a médio prazo, parcialmente devido ao expirar das licenças de jogo”, que terminam entre 2020 e 2022.

Do ponto de vista dos impostos, o FMI nota que o crescimento mais moderado da indústria do jogo irá proporcionar menos receita fiscal – o Governo cobra um imposto directo de 35 por cento sobre as receitas dos casinos. Em contrapartida, antecipa um aumento das despesas sociais ao longo do tempo devido não só ao envelhecimento populacional, mas também às “pressões” da sociedade. Não obstante, ressalva, em termos globais, Macau deve continuar a registar saldos positivos a médio prazo, embora com uma dimensão menor.

 

Factores de risco

Relativamente aos riscos, a missão do FMI sublinha que a pequena e aberta economia de Macau é “altamente vulnerável à evolução económica, financeira e política da China”. Dado que figura como o principal mercado emissor de turistas, “qualquer política que mine o seu poder de compra vai afectar negativamente o crescimento”, sucedendo o mesmo em caso de um crescimento económico abaixo do esperado na China, alerta o FMI.

Outro factor de risco – de cariz aparentemente conjuntural – tem que ver com a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. “O agravamento das tensões comerciais pode ter um impacto significativo na RAEM, nomeadamente por via da queda no fluxo de turistas da China e do investimento reduzido por parte das três operadoras de jogo norte-americanas”. Além disso, acrescenta, “os investimentos do sector bancário ligados ao comércio global, incluindo os da China, seriam afectados”.

O terceiro risco elencado pelo FMI prende-se com um eventual apertar das condições financeiras globais, em concreto, com inesperados aumentos das taxas de juro pela Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed). “Dada a indexação indirecta da pataca ao dólar norte-americano [por via do dólar de Hong Kong], a pataca irá valorizar-se relativamente ao renminbi reduzindo possivelmente a competitividade da RAEM e enfraquecendo os gastos dos visitantes nos casinos, embora as receitas de jogo tenham vindo a ser resilientes à taxa de câmbio”, diz o documento. Os especialistas do FMI advertem ainda que aumentos acentuados no custo do crédito podem traduzir-se na redução de projectos de investimento, na desaceleração dos resultados financeiros dos bancos e até arrefecer abruptamente o mercado imobiliário.

Por último, mas não menos importante, o FMI alerta para a crescente concorrência regional da indústria do jogo: “Mercados emergentes de jogo na Ásia podem começar a desviar da RAEM turistas chineses”.

A contrabalançar, o organismo dirigido por Christine Lagarde apenas elenca como projecção positiva as esperanças depositadas na diversificação da economia: “Progressos rápidos na diversificação e mais aterros podem impulsionar o crescimento sustentável ao alargar as opções de turismo extrajogo e ao ajudar no acesso à habitação”. Não obstante, o FMI constata que as elevadas reservas financeiras oferecem “fortes amortecedores contra choques” a uma economia sem dívida pública.

 

Quem te avisa

Para o FMI, as prioridades a curto prazo em termos de política orçamental passam designadamente pelo aumento da despesa social. “Por causa do rápido crescimento, o rendimento ‘per capita’ da RAEM é um dos maiores do mundo. No entanto, a desigualdade é maior do que a média da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico]. No contexto da política orçamental, é desejável que se considere impulsionar os gastos direccionados para a área social de forma a aliviar as preocupações com a distribuição [da riqueza]”, sustenta o FMI. Neste âmbito, o organismo internacional sinaliza também que “o acesso à habitação se tem deteriorado”, defendendo que o Governo deve intensificar os esforços para aumentar o acesso à habitação para as camadas sociais mais vulneráveis. Gastos na saúde e educação são “comparativamente baixos”, o que, na perspectiva do FMI, sugere haver margem para os impulsionar de maneira direccionada. No documento, o FMI diz ser bem-vinda a intenção governativa de alargar o salário mínimo a outros sectores (actualmente, existe apenas para os trabalhadores de limpeza e segurança do sector da administração predial), como forma de “fomentar a inclusão”, embora realçando que pode ser preciso prestar assistência às pequenas e médias empresas, face à possível falta de capacidade para suportar custos mais elevados.

Já a pensar mais além, o FMI argumenta a necessidade de definição de uma agenda de reformas abrangente para apoiar a elaboração prudente e eficaz de políticas orçamentais a médio/longo prazo, qualificando as decisões na matéria como “bastante discricionárias”. Neste âmbito, defende, por exemplo, que o Governo deve começar a produzir um relatório de sustentabilidade orçamental de longo prazo”, podendo usar como modelo a Austrália ou a Nova Zelândia.

Relativamente ao mercado imobiliário, os especialistas do FMI elogiam o “aparente arrefecimento”, passível de contribuir para melhorar o acesso à habitação, mas ressalva que as preocupações se mantêm. “Reformas na oferta habitacional não devem, portanto, ser adiadas”, diz o documento.

Já no plano da diversificação económica, o FMI sinaliza que houve “alguns progressos” em determinadas áreas, citando nomeadamente a diminuição da proporção do jogo VIP nas receitas dos casinos. Para o FMI, o fim dos actuais contratos de concessão e subconcessão de jogo, entre 2020 e 2022, constitui mesmo uma “oportunidade” para Macau avançar na estratégia de crescimento, aconselhando novas regulações, com “fortes incentivos” às operadoras para que expandam o turismo de massas.

A aposta no desenvolvimento do sector financeiro também é mencionada, com o FMI a destacar que o “nicho” da intermediação entre a China e os Países de Língua Portuguesa configura uma “área natural” para a diversificação, embora note que os potenciais ganhos dependem da dimensão das relações bilaterais entre a China e cada uma das nações que compõem o universo lusófono.

27 Fev 2019

Stanley Ho está internado em Hong Kong desde sexta-feira

Multimilionário de 97 anos está internado nos Cuidados Intensivos com alegadas falhas nos órgãos, segundo a imprensa de Hong Kong, mas a terceira mulher, Ina Chan, nega que o Rei do Jogo corra perigo de vida

 

[dropcap]S[/dropcap]tanley Ho, de 97 anos, encontra-se internado, desde sexta-feira à noite, na unidade hospitalar Hong Kong Sanatorium & Hospital. Quando foram conhecidas as notícias do internamento, que foi primeiro avançado pelo jornal Apple Daily, de Hong Kong, a justificação foi a falha de vários órgãos internos. Este terá sido o motivo que levou o Rei do Jogo a ser internado nos cuidados intensivos.

Após o internamento, foram vários os familiares que se deslocaram à instituição privada do território vizinho, o que fez adensar os rumores sobre o estado de Stanley Ho. Entre os familiares presentes estiveram a filha mais velha viva de Stanley, fruto do casamento com Clementina Leitão, Angela Ho, assim como a neta Faye Ho. Em relação à segunda família, a representação foi feita através de Daisy Ho. Também a terceira mulher, Ina Chan, passou pelo hospital e fez-se acompanhar da filha Laurinda e do filho Orlando. Finalmente, a quarta família esteve presente através de Angela Leong.

No entanto, os familiares negaram os rumores de que Stanley Ho esteja à beira da morte. Numa declaração aos jornalistas, Ina Chan, que esteve acompanhada pela filha, Laurinda, negou que Stanley estivesse nos cuidados intensivos e frisou que se encontrava apenas a descansar. “Ele encontra-se bem. Não percebo como surgiram esses rumores”, disse Chan, citada pelo South China Morning Post. A terceira mulher do milionário afirmou igualmente que o marido conseguia comer e que falava com os familiares. Ina sublinhou também que Stanley Ho tinha deixado como desejo de Ano Novo Chinês que todas as mulheres e todos os filhos se mantivessem obedientes.

Por sua vez, Laurinda Ho mostrou-se mais supersticiosa face à situação: “Toquem já na madeira! Há cada rumor no ano novo…” afirmou, depois da declaração da mãe.

Por outro lado, a deputada Angela Leong falou igualmente com os órgãos de comunicação social, logo no sábado, durante uma ida ao hospital. A mulher mais nova do multimilionário disse apenas que se encontrava na unidade hospitalar para distribuir os tradicionais envelopes vermelhos do ano novo lunar. Porém, mais tarde, surgiram fotografias de dentro do hospital onde estava numa das salas de espera.

Mais 23 mil por noite

No Hong Kong Sanatorium & Hospital, Stanley Ho está internado numa suite. De acordo com o preço apresentado no portal da instituição, uma noite custa 23.000 dólares de Hong Kong. Porém, se Stanley estiver efectivamente nos cuidados intensivos o preço fica mais caro e sobe para os 26.500 dólares por noite.

Além do preço de internamento, a instituição cobra individualmente por cada serviço prestado e equipamento médico utilizado.

Esta não é a primeira vez que Stanley Ho está internado. Em 2009, o multimilionário caiu em casa, em Repulse Bay, Hong Kong, e teve de ser internado. Stanley sofreu lesões graves na cabeça, o que obrigou a que tivesse de ser operado. A partir dessa altura deixou de ser visto em ocasiões públicas.

A visita de Pansy Ho

Pansy Ho, filha vista como a grande sucessora do império de Stanley Ho, visitou o pai ontem à noite. “Há um rumor de que o seu estado de saúde ficou pior. Mas são só rumores, rumores e rumores”, afirmou a milionária, de acordo com o Apple Daily, à saída do hospital. Entre as visitas de ontem, esteve também Lawrence Ho. Ambos são filhos da segunda mulher de Stanley Ho, Lucina Laam.

11 Fev 2019

Wynn está a realizar remodelação profunda no casino da Península

[dropcap]A[/dropcap]operadora Wynn está a fazer obras de remodelação profundas no casino Wynn Macau, que fica na Península, e espera lançar até ao final do ano “um novo hotel-casino”. A revelação foi feita, ontem, pelo presidente da empresa, Matt Maddox após a apresentação dos resultados para o quarto trimestre.

“O hotel-casino Wynn Macau está a ter um desempenho muito bom, mas faz uma parte desproporcional dos ganhos através de junkets de segunda categoria. Não é este o futuro em que queremos investir” começou por explicar Matt Maddox. “Por isso, começámos a redesenhar o Wynn Macau e todo o espaço do casino original e o mesmo aconteceu com aquelas que são as melhores de suites de Macau, as suites da Torre Encore. As obras já arrancaram em Julho”, acrescentou.

A data de finalização dos trabalhos é o final do ano, e nessa altura, o responsável da operadora falou mesmo do lançamento de um novo casino: “Efectivamente vamos lançar um novo hotel-casino no final do ano no Wynn Macau. É um espaço que vai focar directamente o segmento que acreditamos que tem mais futuro, ou seja o segmento do jogo de massas premium”, explicou.

Apesar de ser considerado um segmento de massas, a vertente premium deste mercado envolve apostas que podem até aos 1,5 milhões de patacas. Porém, a aposta mínima começa nas 3 mil patacas.

 

Lucros subiram 4 por cento

Em relação aos lucros da subsidiária de Macau da Wynn houve um aumento de quatro por cento, de acordo com os resultados apresentados. Assim no ano passado a concessionária gerou 186,4 milhões de dólares americanos em ganhos, quando em 2017 o valor tinha sido de 179,2 milhões de dólares americanos.

O início do ano passado ficou marcado pela demissão de Steve Wynn, que se viu envolvido em vários escândalos sexuais nos Estados Unidos. Depois de várias alterações nos corpos sociais da empresa, Matt Maddox fez questão de referir que a situação já está estabilizada. “O ano de 2018 foi um ano de transição para a nossa empresa, mas esta transição já está terminada”, apontou.

Já em relação à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, Matt Maddox considerou que Macau é um mercado que tem sempre “altos e baixos”.

1 Fev 2019

Casinos | Desmantelada rede de transferência ilícita de dinheiro

[dropcap]A[/dropcap] polícia da China desmantelou uma rede criminosa que usou os casinos de Macau para transferir ilicitamente 30 mil milhões de yuan, naquele que é um dos maiores casos de fuga de capitais da China.

Segundo o jornal South China Morning Post, que cita a agência oficial chinesa Xinhua, os suspeitos introduziram as máquinas ‘point-of-sales’ (POS) em Macau, usando-as para disfarçar a localização dos levantamentos de dinheiro, ajudando à movimentação de 30 mil milhões de yuan da China para Macau.

Segundo o jornal, foram levados a cabo raides em simultâneo em Pequim, Hebei, Hubei, Guangdong e Macau, antes de 39 suspeitos serem detidos, numa operação que remonta a 7 de Janeiro.

O grupo, liderado por um suspeito de apelido Xu, traficou terminais portáteis registados na China para Macau, colocando-os ao dispor de jogadores para poderem levantar dólares de Hong Kong ou patacas, de acordo com a Xinhua.

Mais de quatro milhões de dólares de Hong Kong em dinheiro vivo foram confiscados durante os raides, a par com quatro viaturas, 32 máquinas POS adulteradas, computadores e uma série de cartões bancários. A polícia congelou ainda 150 milhões de yuan e 24 milhões de dólares de Hong Kong de um número não especificado de contas bancárias.

As investigações que levaram aos raides conjuntos tiveram início em Novembro, quando foi montado em Zhuhai um gabinete operacional para monitorizar os movimentos na fronteira dos membros da rede. A polícia de Macau colaborou na emboscada, recolhendo provas e identificando os locais do crime, indicou a Xinhua.
As transacções permitem contornar os apertados controlos de fluxo de capitais da China.

23 Jan 2019

Deputada Wong Kit Cheng pede combate aos delitos ligados ao jogo

[dropcap]W[/dropcap]ong Kit Cheng quer mais medidas de combate aos crimes ligados ao jogo, de acordo com uma interpelação escrita assinada pela deputada. Para Wong, o crescente número de delitos associados aos casinos preocupa a sociedade, como tal são necessárias mais medidas.

A também presidente da Associação da Construção Conjunta de Um Bom Lar avança com sugestões, entre elas o aumento da comunicação entre associações e assembleias de gestão de condomínio, assim como o policiamento comunitário.

Por outro lado, “como vários dos crimes ocorridos são transfronteiriços e muitos criminosos são do exterior, as autoridades devem impedir estas pessoas de entrar no território para resolver o problema a partir da fonte”. Para este efeito, a deputada sugere que o Executivo reforce a cooperação com as autoridades do Interior da China e de Hong Kong, bem como com os serviços de migração.

Wong Kit Cheng adiantou ainda que além dos crimes ligados ao jogo, a população está preocupada com a prostituição que causa “incómodos graves aos moradores nos bairros antigos”, pelo que espera que o Governo retome acções de fiscalização para prevenir o aumento desta actividade. Nesta matéria, a deputada sugere mesmo que se proceda a revisão legislativa de modo a permitir que a prostituição seja devidamente definida e que lhe sejam aplicadas sanções.

15 Jan 2019

Jogo | Tribunal português anula despedimento colectivo decretado por empresa de Stanley Ho

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Trabalho de Barcelos, em Portugal, anulou o despedimento colectivo de 21 funcionários do Casino da Póvoa de Varzim, gerido pela Varzim-Sol SA, cujo accionista maioritário é a Sociedade Estoril-Sol SGPS, cujo presidente do conselho de administração é o empresário Stanley Ho.

A sua filha, Pansy Ho, e Ambrose So, administrador da Sociedade de Jogos de Macau, são vogais do mesmo conselho de administração. A notícia da anulação do despedimento foi anunciada ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores da Industria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte.

Segundo uma nota informativa do sindicato, o tribunal considerou “ilícito o processo de despedimento”, que aconteceu em Março de 2014, condenando a Varzim Sol, empresa que detêm a concessão de exploração do Casino da Póvoa, a “reintegrar todos os trabalhadores nos seus postos de trabalho”.

“O Tribunal considerou que não se mostraram objetivamente comprovados os motivos fundamentadores do despedimento coletivo e não haver nexo de casualidade entre o despedimento coletivo realizado e os fundamentos aduzidos para o mesmo”, pode ler-se no comunicado enviado pelo sindicato.

No mesmo texto foi explicado que com esta decisão da Justiça, a Varzim Sol terá reintegrar os trabalhados de acordo com a antiguidade e categoria que pertenciam, assim como pagar as retribuições que perderam, acrescidas dos respetivos subsídios de férias e Natal, diuturnidades e subsídio de alimentação, tudo acrescido de juros de mora”

O sindicato deu também conta de que, de acordo com a sentença, “a empresa terá de pagar os danos patrimoniais sofridos pelos trabalhadores, por se terem privado de auferir as gratificações que receberiam não fosse o despedimento, estabelecendo uma indemnização de 15 mil euros por cada um”.

Contactado pela agência Lusa, Francisco Figueiredo, responsável do Sindicato dos Trabalhadores da Industria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, explicou que a sentença ainda é passível de recurso por parte da Varzim Sol, mas deixou um desejo.

“É natural que a empresa possa recorrer, mas a questão que se coloca é se o vai fazer mantendo os trabalhadores em casa, ou se vai recorrer aceitando a integração dos trabalhadores? Esperamos que, mesmo recorrendo, reintegre os trabalhadores”, disse o sindicalista.

Francisco Figueiredo considerou, ainda assim, que esta primeira sentença “é uma vitória para os trabalhadores e para o sindicato que lutaram todos estes anos”, apontando que “nem os peritos ouvidos em tribunal encontraram motivos para este despedimento”.

8 Jan 2019

Receitas dos casinos cresceram 14% em 2018

[dropcap]O[/dropcap]s casinos fecharam 2018 com receitas de 302.846 milhões de patacas, reflectindo um aumento de 14 por cento face a 2017, indicam dados publicados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

Outubro figurou como o mês com o melhor desempenho (27.328 milhões), apesar de ter sinalizado a menor variação homóloga (+2,6%) num ano em que foram registadas crescimentos anuais de dois dígitos em oito de 12 meses. O maior aumento (+36,4%) teve lugar em Janeiro.

Só em Dezembro, o terceiro melhor mês do ano, as receitas dos casinos totalizaram 26.468 milhões de patacas, traduzindo uma subida de 16,6 por cento, segundo os dados da DICJ.

Trata-se do segundo ano consecutivo de aumento das receitas de jogo, depois de 2017 (+19,1%) ter invertido a tendência de queda registada nos três anos anteriores (-3,3%, em 2016, -34,3% em 2015 e -2,6% em 2014).

O valor encaixado entre Janeiro e Dezembro supera amplamente as previsões orçamentais para o próximo ano. Segundo o Orçamento para 2019, o Governo, que normalmente adopta uma postura conservadora, espera arrecadar 91 mil milhões de patacas em impostos directos sobre o jogo, o que significa que estima que os casinos fechem 2019 com receitas brutas na ordem dos 260.000 milhões de patacas quando em todo o ano 2018 arrecadou mais de 302.000 milhões.

3 Jan 2019

Ng Kuok Cheong quer limite de 30 por cento de trabalhadores estrangeiros

[dropcap]A[/dropcap]s operadoras de jogo não devem ter mais de 30 por cento de trabalhadores estrangeiros. A exigência é deixada pelo deputado Ng Kuok Cheong em interpelação escrita onde relembra intenção do Governo, em 2011, de não autorizar mais de 20 por cento de funcionários estrangeiros a trabalhar no sector.

No entanto, de acordo com o deputado pró-democrata, a meta dos 20 por cento de cargos destinados a estrangeiros não está a ser cumprida, estando as operadoras a empregar mais de 30 por cento de mão-de-obra vinda de fora.

Neste sentido, o deputado apela ao Governo que tome medidas de modo a manter o limite em pelo menos 30 por cento. Para o deputado trata-se de uma forma de garantir aos residentes o seu lugar na maior indústria do território.

28 Dez 2018

Sofia Pinto Ribeiro, jurista: “O mercado do jogo não é fidedigno nem objectivo”

A criação de um Observatório da Cidade é a proposta defendida pela jurista Sofia Pinto Ribeiro na sua tese de mestrado que vai ser editada online pela Fundação Rui Cunha. A ideia é simples, reverter parte das contribuições financeiras das concessionárias para a criação e uma Fundação que reuniria especialistas mundiais para pensar a cidade e sugerir acções ao Governo. Esta contribuição para a fundação seria uma contrapartida a exigir nos próximos contratos de exploração da indústria do jogo

[dropcap]C[/dropcap]omo surgiu a ideia de fazer esta tese de mestrado em que avalia o impacto do jogo na construção e dinâmica da cidade e propõe que as concessionárias participem na construção de um território sustentável?
Penso que o facto de ter vivido em Macau nos anos 80 e de ter regressado em 2012 me influenciou muito, isto porque me espantou a gigantesca transformação e o impacto extraordinário que a indústria do jogo tem na cidade. Andei muito tempo a pensar numa forma de abordar esta massiva transformação, associar as duas coisas – jogo e cidade – e procurar traçar um caminho e uma aposta para o futuro. Na tese, a par com a indústria, acabei por historiar o urbanismo de Macau desde a instalação dos portugueses no séc. XVI até agora, e fui um bocadinho mais longe porque acabei por investigar todos os organismos que podem ter algum tipo de poder a este nível. Ainda que estes organismos sejam pouco eficazes porque têm basicamente poderes consultivos, têm também imensos poderes que se sobrepõem. São várias comissões, conselhos, etc. Acho que tudo isto leva a uma certa entropia no desenvolvimento urbano. Portanto, a tese culmina com uma proposta de participação das concessionárias na construção da cidade.

Qual é essa proposta?
Proponho a criação de uma fundação. É muito curioso observar a evolução do contrato de concessão com a STDM de 1961 e que só termina em 2001. Neste contrato, e detendo a STDM o monopólio da concessão, há um conjunto muitíssimo expressivo de obrigações para a concessionária que tradicionalmente até seriam obrigações dos poderes públicos. A STDM tinha um conjunto de contrapartidas previstas nos seus contratos que não são meramente financeiras e estão muito além disso porque têm um impacto grande para a cidade. Exemplo disso é a elaboração do plano de elaboração dos novos aterros do Porto Exterior, o financiamento de metade do Centro Cultural, a sua participação em parte do aeroporto, ou seja ajuda em projectos públicos de grande impacto. Além daquelas contrapartidas típicas de manter um casino, um hotel de luxo, etc., tem outras. Outro exemplo foi o facto da STDM ter que assegurar os transportes marítimos entre Macau e Hong Kong. Gera um monopólio, é certo, mas independente desta outra consequência, estas são obrigações tradicionalmente atribuídas aos poderes públicos. Inspirada na história, e nos primeiros contratos com a STDM em que o Governo ganhava imenso com o dinheiro, a STDM ganhava com outro tipo de vantagens e a cidade em si também saía a ganhar, proponho aquilo que seria uma parceria “win-win”, com a criação de uma fundação.

E em que é que consta essa fundação?
Andei muito tempo a pensar como é que havia de casar estes dois assuntos: concessionárias e desenvolvimento urbanístico. Um dia tomei conhecimento de um projecto que funciona na London School of Architecture – LSA Cities – em que o objectivo é estudar em grandes urbes a ligação entre as pessoas e o espaço urbano que é um espaço em permanente transformação. Ora, este projecto é patrocinado pelo Deutch Bank. Um banco é talvez a organização económica mais capitalista que existe e se um banco pode fazer isto, porque não um casino fazer uma coisa inspirada nesta ideia tendo em conta o passado dos contratos com a STDM. Neste sentido, o que pensei foi que, de entre as contrapartidas que se podem exigir às concessionárias e tendo em conta que os resorts já estão feitos, não parece que faça sentido continuar a exigir, na renovação de contratos, mais resorts integrados. O que resta? Obrigações financeiras? As obrigações financeiras não têm que esgotar o pacote e acho, aliás, que dada a presença hegemónica das concessionárias na cidade, o impacto extraordinário que tiveram e a forma como conseguiram modificar a cidade, é de todo legítimo exigir que participem activamente do seu desenvolvimento. Daqui nasce a sugestão que acabei por desenvolver na tese: nos novos contratos de concessão deve constar a obrigação por parte das concessionárias de fundarem uma fundação em que todas tenham participação e em que o Governo participe através de um conselho e curadores. Isto seria uma forma de influenciar o funcionamento desta fundação. Esta fundação, a que chamei de Observatório da Cidade, teria como objectivo pensar a cidade em todas as suas dimensões e em todas as suas refracções. Para isso deveria chamar, não talentos, mas especialistas mundiais nas mais diversas áreas: arquitectura, demografia , geriatria, sociologia, trânsito, tudo o que de facto possamos imaginar que tem um impacto na urbe. A cidade está a envelhecer, não está pensada para deficientes, tem problemas de trânsito e de infra-estruturas. Seria uma espécie de “think tank” que pensaria a cidade para propor políticas públicas ao Governo. É evidente que aqui entraria depois o poder discricionário do Governo, ou seja, o de aceitar ou não aceitar estas sugestões, mas pelo menos este teria informação que lhe permitisse tomar melhores decisões.

FOTO: Sofia Margarida Mota

Como é que este observatório funcionaria, por exemplo a nível de financiamento?
A fundação seria financiada pelas concessionárias. Nem acho que tenha que haver alteração ao status quo ou seja, as concessionárias já contribuem com 1,6 por cento para a Fundação Macau e com 2,4 por cento para o desenvolvimento urbanístico. O que acho é que este dinheiro pode ser fraccionado. É evidente que isto vai causar celeumas. Mas, como também digo na tese, o poder político serve para tomar decisões. Portanto, em vez de 1,6 por cento para a Fundação Macau, passa a ir outra percentagem e divide-se o valor, de alguma forma, entre a Fundação Macau e este observatório. Mesmo assim estamos a falar de uma barbaridade de dinheiro. Por outro lado, o dinheiro que vai para o desenvolvimento urbanístico também pode ser dividido porque, de facto, esta fundação tem tudo que ver com este sector e, nessa medida, faz todo o sentido que esse dinheiro seja canalizado para o observatório. Claro que também acho que esta ideia é virtualmente geradora de uma grande reacção por parte da Fundação Macau, mas nem sequer implica, para as concessionárias, uma maior obrigação financeira do que aquela que já existe. Implica, claro, outro tipo de envolvimento mas que acho que é perfeitamente justo de se exigir.

Como é que isso se operacionaliza, por exemplo, na renovação de contratos que está prestes a acontecer?
Os primeiros contratos terminam já em 2020 – a concessão da SJM e a subconcessão do MGM. A contribuição para a nova fundação deveria ser um requisito para se avançar com os novos contratos de concessão. Por outro lado, penso que o problema das subconcessões é um problema que tem que ser resolvido, até porque ao contrário do que defendem outros juristas, para mim as subconcessões são ilegais. Agora em 2020 temos uma questão a resolver primeiro e que é como tratar o final dos contratos de concessão e de subconcessão. A lei tem uma disposição que permite que, caso os contratos não tenham todos o mesmo prazo, que o prazo seja igualado. Isso é o que acho que vai acontecer. É uma solução inteligente colocar estes contratos em paridade uns com os outros. A proposta que faço é uma proposta que terá força nos contratos de renovação, ou seja se o Governo renovar tem alguma força negocial porque naturalmente as concessionárias terão interesse na renovação o que faz com que o Governo tenha outra capacidade de fazer exigências. No entanto, esta exigência também é perfeitamente legítima, e até se calhar mais eficaz, no âmbito de novos contratos. Isto porque são contratos a ser negociados de raiz e provavelmente com prazos muito mais longos do que se houver uma renovação que não sabemos em que termos vai acontecer.

Acha que vai haver mais concessões?
Não tenho exactamente uma opinião sobre isso. O que de facto acho é que não sabemos muito bem com quantas operadoras lidamos actualmente. Oficialmente temos três concessionárias e três subconcessionárias. Depois temos parcerias entre as concessionárias e outras operadoras de jogo que não sabemos muito bem o que são. Aliás, há um especialistas americano do sector que vem algumas vezes a Macau, Nelson Rose , que chama muitas vezes a atenção para isso: não sabemos com o que estamos a lidar. O mercado do jogo não é fidedigno nem objectivo. Ao abrigo destas parcerias que são admitidas não se sabe com base em quê, desconhecemos quantos operadores de facto estão no mercado. O que acho é era precisa que pelo menos uma situação mais rigorosa.

Há uma referência na sua tese a Berlim enquanto exemplo de aproveitamento de espaço. “Ao contrário de Berlim, que soube usar a oportunidade de ocupar o espaço deixado pelo muro com a melhor arquitectura e urbanismo do mundo, Macau ainda não soube e não quis chamar os melhores a desenhar a cidade”, aponta. O que quer dizer com isto, quando se fala de Macau?
O que justifica a necessidade de especialistas é o estado a que a cidade chegou e a necessidade de ter um plano integrado. A referência a Berlim é um apontamento que encontrei numa revista portuguesa de arquitectura que foi inteiramente dedicada aos 10 anos da transferência de administração e essa passagem está aí como ilustração de uma oportunidade que se perdeu. Ou seja, enquanto Berlim, quando caiu o muro, aproveitou a oportunidade para construir ali uma zona de referência na cidade em termos arquitectónicos, Macau quando se abriu ao Jogo, deixou as operadoras fizessem o que quisessem. Acho que Macau se deixou capturar pelos interesses privados. Um exemplo, apontado por um conferencista, Charles Landry, há uns tempos aqui em Macau é o caso do Venetian. Depois de mostrar um slide de Veneza e um slide do Venetian em Las Vegas diz “este é uma cópia do outro, e em Macau o Venetian é uma copia do Venetian que é uma cópia de Veneza”. Portanto, houve uma admissibilidade ou tolerância à repetição e à cópia. Não houve preocupação com aquilo que aí ser construído e com a identidade da cidade. Neste momento temos um Cotai que não é coisa nenhuma, é uma coisa perfeitamente descaracterizada que até tem uma Strip à semelhança de Las Vegas.

Já é tarde de mais para voltar atrás?
Acho que em certa medida é tarde de mais, de facto. Mas apesar de tudo e como sou esperançada proponho precisamente esta fundação. Claro que não sou ingénua. Senti muito entusiasmo com esta ideia, e acho de facto que é exequível embora seja ambiciosa. Mas também tenho a noção que ela não vai interessar a muita gente. A ideia parte de uma esperança que é a esperança que ainda se possa fazer algo de positivo para a comunidade. Tenho esta convicção de que as pessoas perderam o direito à cidade e acho que isso não é aceitável. Não é aceitável receber milhares de turistas todos os dias e os locais não poderem circular, não é aceitável o custo de vida ter chegado aos valores que chegou. Há uma série de coisas que são reflexo desta hegemonia das concessionárias que, se não puder ser revertida, porque isso dificilmente será, tem que ser minimizada e trabalhada de modo a contemplar a cidade, a sua identidade, o seu património, a sua população com os seus idoso, as suas crianças, todas as suas camadas. A partir do momento em que exigem resorts integrados, porque é que não exigem coisas que no fundo projectem Macau a outros níveis, no mundo. Não temos que ter só uma indústria do jogo. A cidade tem que ser ambiciosa e tem que estar motivada para ser melhor. Macau tem-se degradado nas suas condições e na sua sustentabilidade. Precisamos de uma cidade vivível, transitável, equilibrada e a fundação que proponho vai no sentido de proporcionar, ou pelo menos de tornar possível a adopção de políticas públicas que favoreçam outro modelo de cidade. Acho sobretudo que temos que ser mais ambiciosos, mais capazes e mais arrojados. O poder público tem que ter essa ambição. O facto de querermos apenas ser a cidade mais rica do mundo não me parece que seja suficiente. A RAEM é muito rica mas depois está cheia de problemas que têm urgência em ser resolvidos.

21 Dez 2018

Receitas dos casinos cresceram 8,5 por cento em Novembro

[dropcap]O[/dropcap]s casinos fecharam o mês de Novembro com receitas de 24,995 milhões de patacas, mais 8,5 por cento que em igual período do ano passado, indicam dados publicados, no sábado, pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

No acumulado de Janeiro a Novembro, os casinos encaixaram receitas de 276,378 milhões de patacas, mais 13,7 por cento do que nos primeiros onze meses de 2017.

O crescimento de Novembro superou o de Outubro (2,6 por cento), mas as receitas ficaram bastante aquém daquele que foi mês que conquistou o melhor desempenho dos últimos quatro anos (27,328 milhões de patacas).

Em termos acumulados, as receitas dos primeiros 11 meses ultrapassaram o arrecadado em todo o ano passado (265,743 milhões de patacas).

O valor encaixado entre Janeiro e Novembro também supera amplamente as previsões orçamentais para o próximo ano. Segundo a proposta de lei de Orçamento para 2019, o Governo, que normalmente adopta uma postura conservadora, espera arrecadar 91 mil milhões de patacas em impostos directos sobre o jogo, o que significa que estima que os casinos fechem 2019 com receitas brutas na ordem dos 260.000 milhões de patacas.

3 Dez 2018

IAS realiza novo estudo sobre vício do jogo em 2019

[dropcap]N[/dropcap]o próximo ano o Instituto de Acção Social (IAS) vai levar a cabo uma nova investigação acerca dos problemas associados ao jogo. A ideia foi deixada ontem pela chefe da divisão de prevenção e tratamento do jogo problemático do IAS, Wu I Mui.

O objectivo é conhecer a situação actual acerca da participação dos residentes de Macau em actividades de jogo e a taxa de pessoas que apresentam comportamentos problemáticos nesta matéria para elaboração de futuras medidas de combate e de prevenção. De acordo com o Jornal do Cidadão, a responsável sublinhou que existem muitos casos de dependência de jogo “escondidos”.

Segundo as autoridades, a taxa de dependência de jogo desceu para 2,5 por cento em 2017 face aos 6 por cento em 2006. Para Wu I Mui, os números reflectem o resultado dos trabalhos de prevenção que têm sido levados a cabo pelo Governo.

27 Nov 2018