Hong Kong | Eurodeputada Isabel Santos quer visitar Tsz Lun Kok

A eurodeputada, ligada ao Partido Socialista, enviou um pedido às autoridades da China para visitar o jovem com nacionalidade portuguesa e chinesa detido em Shenzhen desde 23 de Agosto, sem oportunidade de contactar a família ou o advogado. Isabel Santos defende o total esclarecimento da situação e a libertação de Tsz Lun Kok

 

[dropcap]A[/dropcap] eurodeputada Isabel Santos enviou um pedido às autoridades da República Popular da China para visitar Tsz Lun Kok, o estudante de nacionalidade chinesa e passaporte português que se encontra detido em Shenzhen desde Agosto e que continua incontactável deste então.

Segundo avançou a TDM – Canal Macau, a eurodeputada comunicou a intenção de se encontrar com o jovem de 18 anos, através de uma publicação na rede social Facebook, onde informa ter enviado cartas aos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Justiça da China.

Recorde-se que Tsz Lun Kok enfrenta acusações relacionadas com os protestos pró-democracia em Hong Kong no ano passado, após ter sido detido pela guarda costeira chinesa a 23 de Agosto, juntamente com mais 11 activistas, quando tentavam chegar por mar a Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo.

Sobre aquilo que considera ser a “nova e sinistra Lei de Segurança Nacional imposta em Hong Kong”, Isabel Santos lembra que o estudante é acusado de participar em motins, sendo essa “uma acusação cada vez mais utilizada pelas autoridades para conter a revolta popular e o combate pela Democracia nas ruas de Hong Kong”.

A eurodeputada revela ainda que, além das autoridades da China, comunicou o envio do pedido ao embaixador da China em Lisboa, ao chefe de missão da China junto da União Europeia e ainda a Josep Borrel, Alto Representante e vice-presidente da Comissão Europeia, a quem pediu “intervenção na defesa dos direitos deste cidadão português”.

“A todos manifestei a minha profunda preocupação com as condições de detenção deste estudante, que possui nacionalidade portuguesa, e de todos os seus colegas detidos nas mesmas condições”, pode ler-se na publicação.

Até ao fim

Afirmando que irá continuar a acompanhar a situação “sem descanso” e no exercício das suas funções como eurodeputada, Isabel Santos compromete-se a tomar “as iniciativas que entender necessárias” na defesa “dos Direitos Humanos e dos valores da Democracia e Liberdade”. Quanto a Tsz Lun Kok, a eurodeputada defende a sua libertação e mais esclarecimentos.

“Esta é uma causa que merece uma grande mobilização de todos na defesa destes valores, batendo-nos pelo total esclarecimento desta situação e pela libertação de Tsz Lun Kok. E peço que se juntem a mim neste combate”, apontou.

Recorde-se que, sobre o caso, o embaixador de Portugal na China, José Augusto Duarte, considerou, durante a sua passagem por Macau no mês passado, que uma abordagem discreta é preferencial e que tem visto “elementos alentadores” num “jogo diplomático que é delicado e que exige muita paciência e determinação”.

Em Setembro, tanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) como o Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong afirmaram que estão a acompanhar o caso, apontando, no entanto, que “a China não reconhece a dupla nacionalidade a cidadãos chineses”, o que limitaria a intervenção das autoridades portuguesas “ao domínio humanitário, procurando assegurar que o detido se encontra bem, que lhe seja dispensado um tratamento digno e que possa ser defendido por um advogado”.

23 Nov 2020

EFACEC | CESL-Ásia recebeu convite do Governo português para investir

A CESL-Ásia vai associar-se à Alpac Capital através de um consórcio para a compra da portuguesa EFACEC, nacionalizada após o arresto da participação da angolana Isabel dos Santos. Ao HM, António Trindade confessa ter recebido uma proposta de investimento por parte do Governo português e que já estava nos planos da CESL-Ásia apostar na empresa

 

[dropcap]A[/dropcap] EFACEC, empresa portuguesa ligada à tecnologia que foi nacionalizada após o arresto da participação da empresária angola Isabel dos Santos, pode vir a ser adquirida pelo consórcio CESL-Ásia – Alpac Capital. A notícia é avançada pelo semanário português Expresso.

Ao HM, António Trindade, CEO da CESL-Ásia, confessou que a empresa de Macau recebeu um convite por parte do Governo português no âmbito do processo de nacionalização. “Fomos convidados pelos representantes do Governo para apresentar uma proposta para a aquisição da EFACEC. A Alpac também foi convidada e achámos que seria uma boa ideia juntarmo-nos para preparar uma proposta. Informámos o Governo na sexta-feira de que estávamos interessados e ficamos à espera do desenrolar do processo.”

A proposta do Executivo português acabou por cair bem nos planos da CESL-ÁSIA. “Tivemos relações com a EFACEC e estávamos inclusivamente a estudar uma parceria com a empresa no último ano. [Este investimento] faz todo o sentido para nós e também para Macau.”

António Trindade adiantou que a parceria com a Alpac assenta numa base de complementaridade. “A Alpac é uma entidade com base financeira e nós somos uma empresa de know-how e de serviços. Temos a experiência de trabalhar em mercados ocidentais e também em mercados de serviços de valor acrescentado e de energia.”

Ao Expresso, o director-geral da Alpac, Luís Santos, explicou que a CESL-Ásia entra no consórcio através da empresa portuguesa Focus Platform Group. O consórcio será também composto por outros empresários portugueses que terão participações minoritárias.

Caberá ao banco de investimento Haitong a condução do processo de venda da EFACEC. Na sexta-feira a Alpac Capital entregou junto do banco a carta de intenção para a privatização da empresa.

Mais serviços

O CEO da CESL-Ásia reforça a ideia de que esta parceria “faz todo o sentido” e que tem como objectivo aproveitar o papel de Macau como plataforma económica. “A Ásia é o mercado de maior desenvolvimento nas próximas décadas e penso que a EFACEC vai beneficiar bastante [disso]. Uma das grandes perspectivas que temos é a presença da empresa no mercado global, uma vez que tem uma presença pouco significativa na Ásia, tem maior representação em Portugal e América do Norte. Somos uma empresa de serviços e é uma área que a EFACEC pode desenvolver mais.”

Questionado sobre os investimentos que a CESL-Ásia está a fazer na área da agricultura em Portugal, António Trindade revelou algumas novidades. “Estamos a desenvolver no Monte do Pasto uma linha de carne sustentável. Nos próximos dois meses vamos começar a introduzir no mercado essa linha de produtos e vamos começar, precisamente, por Macau.”

A CESL-Ásia promete ter ainda, este ano, um novo investimento na área agrícola “com parceiros internacionais, para que haja mais investimento estrangeiro para Portugal”, rematou António Trindade.

14 Set 2020

Os surpreendidos do costume

[dropcap]N[/dropcap]ão consigo nem de longe antever qual será o desfecho dos “Luanda Papers” e que consequências terá para a principal visada na investigação, a Isabel dos Santos. Assim à primeira, qualquer megainvestigação cujo título termine em “papers” parece-me destinada a cumprir muito poucas das expectativas que gera inicialmente. O que é duplamente frustrante, pois quando finalmente parece que uma tonelada de karma vai desabar sobre aquela malta que dos bastidores costuma rir da vida aqui rente ao chão, afinal não acontece nada ou quase nada. Business as usual, como dizem os americanos.

Também não entendo muito bem as implicações da investigação, i.e., o que está em causa, os possíveis crimes cometidos e as penas que daí podem resultar. Para ter uma visão panóptica do assunto, um cidadão não especializado tem provavelmente que meter baixa e passar uma semana a ler tudo quanto se escreveu sobre o assunto. São milhares de documentos e dezenas de órgãos de comunicação envolvidos. Além do tempo requerido para estudar o processo, é ainda necessária uma panóplia de competências dificilmente disponível – pelo menos em simultâneo – num sujeito.

Pelo que vou lendo, como toda a gente, suponho, os diversos artigos que sintetizam – de forma mais ou menos conseguida – a informação disponível e nos dão conta do andamento do processo. E, ao que parece, a coisa é grave e envolve muita gente do lado de lá e de cá, para além dos inevitáveis bancos e das inevitáveis consultoras e dos omnipresentes offshores, sem os quais, aparentemente, a trafulhice à escala planetária seria muito mais difícil de levar a cabo com sucesso.

Também não sei da bondade do processo, ou seja, porque é que ele aparece agora e não há cinco ou dez anos. Suponho que o facto de o papá da visada já não mandar no país como o fez durante trinta e oito longuíssimos anos deve ter alguma coisa a ver com o assunto. Suponho que quem está agora no poder esteja a fazer as mudanças necessárias para pôr a casa a seu jeito, e que isso implique necessariamente retirar poder e influência a quem o detinha anteriormente. Na verdade, não me interessa muito o porquê. Na verdade, a única coisa que me interessa desta embrulhada é poder assistir ao vivo e a cores a mais uma demonstração grandiosa da aparentemente infinita cara de pau dos sujeitos envolvidos nisto.

Porque era óbvio que há cinco ou dez anos a Isabel dos Santos era uma criatura impoluta, que o dinheiro dela era tão limpinho como uma cama de lavado e que ninguém ficava a cheirar a petróleo angolano quando lhe apertava a mão. Era óbvio que a Isabel dos Santos era um produto da meritocracia angolana, que tinha disposto das mesmas oportunidades que os seus compatriotas e que o facto de ser filha de um dirigente que fez de Angola a sua coutada em nada a tinha privilegiado relativamente a quem eventualmente pudesse concorrer com ela.

Tudo isto foi uma grande surpresa para o Eurobic, para o Marcelo, para o Costa, para a PWC – coitados, como poderiam imaginar semelhante coisa tendo apenas acesso a grande parte da informação financeira dela –, para a generalidade dos políticos, que durante anos se acotovelaram em redor dela a ver se caía uma migalhinha da mesa dos adultos, para as empresas portuguesas onde Isabel dos Santos detém participações, para os fundos de investimento nos quais Isabel dos Santos meteu graveto, para todas as pessoas que queriam trabalhar para ela ou que trabalhavam com ela e para as pessoas que de algum modo poderiam tirar partido dela. Para meia dúzia de jornalistas, para a Ana Gomes e para todos os restantes, a surpresa foi só o quando.

24 Jan 2020

Luanda Leaks | Sucursal do Millennium BCP recebeu crédito da Amorim Energia

A RAEM surge na investigação a Isabel dos Santos devido a uma transferência de um crédito de 200 milhões de euros entre as sucursais do Millennium na Madeira e em Macau. O crédito foi cedido à empresa Amorim Energia, onde Isabel dos Santos teria “grande influência” através do marido

[dropcap]M[/dropcap]acau surge nos Luanda Leaks devido a um crédito de 200 milhões de euros cedido pelo banco Millennium BCP à Amorim Energia BV, que em 2011 foi transferido da sucursal da Madeira para a de Macau. Esta é a única vez que o território surge nos documentos revelados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, no âmbito da investigação à empresária Isabel dos Santos.

Segundo a investigação, Sindika Dokolo, marido da empresária, é um dos accionistas da Amorim Energia BV de duas formas: a título individual e através da participação na empresa Exem Holdings. Um relatório que consta igualmente nos Luanda Leaks afirma que esta estrutura dava a Isabel dos Santos “uma grande influência” na Amorim Energia, principal accionista da Galp Energia. O negócio que permitiu a entrada da “rede” da filha do antigo Presidente angolano na parceria da Sonangol com o empresário português é mesmo um dos negócios mais polémicos da investigação.

A Amorim Energia BV foi criada em 2005 pelo empresário Américo Amorim e a empresa estatal angolana Sonangol, que se concretizou com a compra de um terço da Galp Energia. No entanto, no ano seguinte, a Sonangol vende 40 por cento das acções na Amorim Energia à Exem Holdings, controlada pelo marido de Isabel dos Santos.

O preço da venda foi de 99 milhões de dólares americanos, mas a Sonangol financiou o negócio, o que fez com que apenas tivesse recebido 15 milhões de dólares no momento da venda. À BBC, Isabel dos Santos, que na altura controlava a Sonangol, afirmou que o negócio beneficiou todas as partes. Também o marido defendeu, em 2017, que o empréstimo tinha sido totalmente liquidado.

Mas esta é uma versão contrariada pela Sonangol, que terá recusado o pagamento uma vez que foi feito em kwanzas, quando o acordo é que seria devolvido em dólares. A participação que Sindika Dokolo vale agora 800 milhões de dólares, quando apenas se sabe que 15 milhões foram pagos.

Financiamento em Macau

A menção ao território no âmbito da Amorim Energia BV limita-se a um crédito cedido pela sucursal da Madeira do Millennium-BCP, em 2006, que em 2011 foi transferido para a sucursal de Macau. O contrato do financiamento foi novamente alterado em 2014. É este último aditamento que consta nos documentos do Luanda Leaks.

Segundo as alterações de 2014, com o contrato de financiamento a Amorim Energia recebeu 200 milhões de euros do banco, mas em troca penhorou acções no valor de 292,8 milhões de euros, que seriam utilizadas no caso de incumprimento das responsabilidades.

Em 2014, as taxas dos juros até 2019, altura em vencia o empréstimo, foram alteradas, tal como as comissões a serem pagas ao banco. É este o conteúdo do documento em causa, de 1 de Agosto de 2014, e que está assinado pelos directores-gerais adjuntos da sucursal do Millennium BCP de Macau António Lam e António Modesto.

O HM contactou a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) sobre a possibilidade de parte dos juros ter sido paga com montante que se suspeita ter sido desviado do Estado Angolano ou sobre a possibilidade de ter havido outras infracções. Na resposta, a AMCM afirmou que “como autoridade de supervisão” não está “em posição de fazer qualquer comentário sobre casos específicos”.

Por sua vez, o Millennium BCP garantiu que todas as obrigações legais, tanto em Portugal como na RAEM, foram respeitadas: “O Millennium BCP não comenta eventuais situações que envolvem clientes, nem a sua relação com as entidades reguladoras”, foi respondido. “O Banco cumpre escrupulosamente com a legislação de prevenção de branqueamento de capitais em todas as jurisdições onde está presente, e colabora activamente com as autoridades competentes sempre que tal se revela necessário”, foi acrescentado.

24 Jan 2020

Luanda Leaks | Sucursal do Millennium BCP recebeu crédito da Amorim Energia

A RAEM surge na investigação a Isabel dos Santos devido a uma transferência de um crédito de 200 milhões de euros entre as sucursais do Millennium na Madeira e em Macau. O crédito foi cedido à empresa Amorim Energia, onde Isabel dos Santos teria “grande influência” através do marido

[dropcap]M[/dropcap]acau surge nos Luanda Leaks devido a um crédito de 200 milhões de euros cedido pelo banco Millennium BCP à Amorim Energia BV, que em 2011 foi transferido da sucursal da Madeira para a de Macau. Esta é a única vez que o território surge nos documentos revelados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, no âmbito da investigação à empresária Isabel dos Santos.
Segundo a investigação, Sindika Dokolo, marido da empresária, é um dos accionistas da Amorim Energia BV de duas formas: a título individual e através da participação na empresa Exem Holdings. Um relatório que consta igualmente nos Luanda Leaks afirma que esta estrutura dava a Isabel dos Santos “uma grande influência” na Amorim Energia, principal accionista da Galp Energia. O negócio que permitiu a entrada da “rede” da filha do antigo Presidente angolano na parceria da Sonangol com o empresário português é mesmo um dos negócios mais polémicos da investigação.
A Amorim Energia BV foi criada em 2005 pelo empresário Américo Amorim e a empresa estatal angolana Sonangol, que se concretizou com a compra de um terço da Galp Energia. No entanto, no ano seguinte, a Sonangol vende 40 por cento das acções na Amorim Energia à Exem Holdings, controlada pelo marido de Isabel dos Santos.
O preço da venda foi de 99 milhões de dólares americanos, mas a Sonangol financiou o negócio, o que fez com que apenas tivesse recebido 15 milhões de dólares no momento da venda. À BBC, Isabel dos Santos, que na altura controlava a Sonangol, afirmou que o negócio beneficiou todas as partes. Também o marido defendeu, em 2017, que o empréstimo tinha sido totalmente liquidado.
Mas esta é uma versão contrariada pela Sonangol, que terá recusado o pagamento uma vez que foi feito em kwanzas, quando o acordo é que seria devolvido em dólares. A participação que Sindika Dokolo vale agora 800 milhões de dólares, quando apenas se sabe que 15 milhões foram pagos.

Financiamento em Macau

A menção ao território no âmbito da Amorim Energia BV limita-se a um crédito cedido pela sucursal da Madeira do Millennium-BCP, em 2006, que em 2011 foi transferido para a sucursal de Macau. O contrato do financiamento foi novamente alterado em 2014. É este último aditamento que consta nos documentos do Luanda Leaks.
Segundo as alterações de 2014, com o contrato de financiamento a Amorim Energia recebeu 200 milhões de euros do banco, mas em troca penhorou acções no valor de 292,8 milhões de euros, que seriam utilizadas no caso de incumprimento das responsabilidades.
Em 2014, as taxas dos juros até 2019, altura em vencia o empréstimo, foram alteradas, tal como as comissões a serem pagas ao banco. É este o conteúdo do documento em causa, de 1 de Agosto de 2014, e que está assinado pelos directores-gerais adjuntos da sucursal do Millennium BCP de Macau António Lam e António Modesto.
O HM contactou a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) sobre a possibilidade de parte dos juros ter sido paga com montante que se suspeita ter sido desviado do Estado Angolano ou sobre a possibilidade de ter havido outras infracções. Na resposta, a AMCM afirmou que “como autoridade de supervisão” não está “em posição de fazer qualquer comentário sobre casos específicos”.
Por sua vez, o Millennium BCP garantiu que todas as obrigações legais, tanto em Portugal como na RAEM, foram respeitadas: “O Millennium BCP não comenta eventuais situações que envolvem clientes, nem a sua relação com as entidades reguladoras”, foi respondido. “O Banco cumpre escrupulosamente com a legislação de prevenção de branqueamento de capitais em todas as jurisdições onde está presente, e colabora activamente com as autoridades competentes sempre que tal se revela necessário”, foi acrescentado.

24 Jan 2020

Isabel dos Santos diz que Governo chinês deve fomentar visibilidade dos produtos africanos

[dropcap]A[/dropcap] empresária angolana Isabel dos Santos defendeu esta quarta-feira que as autoridades chinesas devem convencer as grandes plataformas de comércio online a dar mais visibilidade aos produtos africanos e exigiu um tratamento justo para os produtos deste continente.

“Precisamos do apoio das autoridades chinesas para convencer as grandes plataformas de comércio online da China, como Alibaba, Jindong e Tabao, a dar maior visibilidade aos produtos africanos”, disse Isabel dos Santos.

A empresária falava numa intervenção na Feira Internacional de Importação da China 2019 (China International Import Expo), que foi inaugurada pelo Presidente chinês.

De acordo com um comunicado distribuído pela assessoria da empresária, Isabel dos Santos vincou que “é necessário que os produtos africanos sejam tratados de forma justa e equitativa, como qualquer produto do mundo, e que tenham acesso a mercados globais”.

“As empresas africanas não têm os mesmos recursos financeiros que as multinacionais e não têm como pagar publicidade e patrocínios para obter a mesma visibilidade das grandes marcas internacionais”, acrescentou.

Por isso, segundo defendeu, “se os negócios africanos conseguirem vender os seus produtos na China e no mundo, haverá mais oportunidades e criação de emprego para os jovens em África – esta é, aliás, uma das formas de alcançar um dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Trabalho Digno e Crescimento Económico”.

A intervenção foi também dirigida aos governos africanos, salientando que é preciso melhorar o “desempenho e eficácia como plataforma de exportação para a China”. “Para isso precisamos de melhorar a proximidade e a qualidade do diálogo entre as empresas do sector privado e as autoridades governamentais locais, sendo imperativo reduzir burocracias longas e atrasos nos processos de exportação nos portos de partida”, frisou.

A Feira Internacional de Importação da China 2019 (China International Import Expo), que decorre até domingo, foi aberta pelo Presidente chinês, tendo como convidados o homólogo francês, Emmanuel Macron, e os líderes dos governos da Grécia, Sérvia e Jamaica.

7 Nov 2019