Comunidades macaenses | Encontro é o maior de sempre e olha para a Grande Baía 

A celebração dos 20 anos do estabelecimento da RAEM pode ter feito da edição deste ano do Encontro das Comunidades Macaenses o maior de sempre, uma vez que são esperadas cerca de mil pessoas oriundas de Macau e da diáspora macaense. A agenda inclui conversas sobre cultura e gastronomia, sem esquecer a reunião do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses. A ideia é ir além do saudosismo e olhar para o futuro, que passa pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau

 

[dropcap]A[/dropcap] cada três anos o mês de Novembro transforma-se no mais importante para a comunidade macaense a viver dentro e fora de Macau. Este sábado arranca mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, organizado pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM).

Esperam-se cerca de mil pessoas distribuídas pela diáspora macaense, pelas várias casas de Macau, e também aqueles que residem em Macau. O cartaz é composto por eventos de ordem cultural, incluindo a apresentação de estudos e debates em torno da gastronomia macaense. Está também prevista uma viagem a Foshan, na China, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.

“Temos uma sessão cultural no Centro de Ciência de Macau, em que a parte da manhã é da responsabilidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) e a parte da tarde é da nossa responsabilidade, do CCM. Essa parte é dedicada à gastronomia macaense, pelo valor intrínseco que tem, com características muito especiais, e que é reconhecido em Macau como património imaterial, mas também outros aspectos ligados ao substracto cultural da gastronomia macaense, as influências que teve ou deixou de ter”, contou José Sales Marques, presidente da Comissão Organizadora, ao HM.

Nesse debate haverá três intervenções. Uma delas de Anabela Jackson, jornalista e investigadora, que apresenta um projecto financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) que se traduz num livro onde são abordadas “as mais profundas das influências culturais da gastronomia macaense”.

Rodrigues Simões irá apresentar “uma visão muito interessante da história da gastronomia macaense, e que vai trazer ao debate uma visão muito própria da origem do minchi”. Maria João Ferreira, doutorada em Turismo, irá apresentar o seu livro “Turismo Cultural e Gastronomia Macaense”. A autora vai também falar sobre as origens do peixe salgado. “Trata-se de uma questão interessante e que está ligada às suas investigações”, acrescentou Sales Marques.

Nos dias 27 e 28 acontece uma visita a Foshan, uma espécie de “visita de estudo sobre a área da Grande Baía”.

Foshan é, de acordo com Sales Marques, “considerada quase como um pólo da cultura desta área, com uma grande influência sobre aquela parte cultural de origem cantonense que todo o macaense tem”. “Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade constitui um eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía”, acrescentou.

A edição deste ano custa entre cinco a seis milhões de patacas, dinheiro obtido graças a apoios públicos e privados, da parte da Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau ou do próprio Banco Nacional Ultramarino.

Sales Marques assegura que a verdadeira importância destes encontros é a parte efectiva com uma terra de muitos e “a oportunidade que se cria de juntar em Macau pessoas de várias gerações”.

Olhar os jovens

O Encontro das Comunidades Macaenses fica também marcado pela realização da reunião do Conselho-geral do CCM, que acontece a cada três anos. Fátima dos Santos Ferreira é vice-presidente e diz esperar que se olhe cada vez mais para os jovens.

“Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.”

Sobre o Encontro, Fátima dos Santos Ferreira assume que tem “a maior participação de sempre”. “As expectativas são sempre grandes, porque há mais pessoas a participar. Este ano registou-se o maior número de inscrições. Não sei se é por causa dos 20 anos de transferência de soberania, pode haver pessoas que há muito tempo não vêm a Macau. Mas não tenho dados”, frisou.

Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), assegura que “as expectativas são sempre boas”. “Estamos em plena RAEM, que faz 20 anos, e a RAEM continua a apoiar este Encontro, que é muito importante para a afirmação da comunidade local e da diáspora.

Julgo que o Encontro deste ano tem muito significado, pois é importante que os macaenses que estão na diáspora saibam que em Macau a comunidade continua viva e a ser uma referência”.

Problemas do costume

Sobre a reunião do Conselho-geral do CCM, Miguel de Senna Fernandes falou das necessidades das casas de Macau receberem mais apoios da RAEM. “Sabemos das limitações existentes, e é importante reconhecê-las, mas há uma vontade de que as coisas funcionem. As casas de Macau têm perfeita noção das dificuldades existentes.”

“Em Macau as associações de matriz portuguesa têm acesso a um ou outro subsídio, mas noutras casas as condições são completamente diferentes. Há boa vontade, mas falta a parte financeira e isso dificulta muito a realização dos seus fins. Nem todas as casas de Macau têm a mesma flexibilidade”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes.

A título de exemplo, o advogado destaca o Clube Lusitano da Califórnia como um dos mais activos. “Era bom que a RAEM pudesse dar uma mão para que estas casas pudessem no mínimo ter acesso a algum apoio financeiro para a realização dos seus fins. Compreendo as suas dificuldades.”

O responsável pede também uma flexibilização dos estatutos do CCM. “Devemos flexibilizar a maneira como vamos reunir, ainda mais por causa do número de participantes. Talvez isto pudesse ser discutido. Devemos tornar as reuniões o mais flexíveis possível no aspecto decisório, que é fundamental. Precisamos reunir o consenso de todos, se não fosse por causa do encontro, alguma questão que se coloque antes ou depois do encontro, como vai ser? Como se processa a deliberação?”, questionou Miguel de Senna Fernandes.

Contra o saudosismo

Muitos participam em todos os Encontros das Comunidades Macaenses com uma perspectiva saudosista, em busca de conhecer melhor a terra dos seus pais ou dos seus avós, ou para recordar tempos que não voltam. Mas Miguel de Senna Fernandes pede que se olhe para o futuro.

“Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau. Muitos têm saudades de uma Macau que infelizmente já não existe. As novas gerações que não têm nada a ver com a Macau do passado podem ver as oportunidades que esta nova Macau pode trazer.”

A visita a Foshan é, na visão do presidente da APIM, um exemplo disso. “As autoridades chinesas sabem da existência do Encontro e dão-lhe importância. O Encontro é uma oportunidade para mostrar as grandes potencialidades que a China pode oferecer”, concluiu.

Programa provisório 

23/11/2019 (Sábado) 

Boas Vindas aos participantes no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes     

10h00  –  Secção  Cultural  promovida  pelo  Instituto  Internacional  de  Macau  (IIM),  no  Centro  de  Ciência de Macau    

14h30  –  Conferência sobre gastronomia no Centro de Ciência de Macau      

16h00 – Lançamento do Livro “Macau: Cultural Tourism and Macanese Gastronomy” de Maria João  Salvador dos Santos Ferreira no Centro de Ciência de Macau      

19h00  –  Sessão  Solene  de  Abertura  no    Kashgar  Ballroom,  Hotel  Sheraton  Grand  Macao  ‐Cotai  Central      

25/11/2019 (2ª Feira) 

09h00  –  Concurso de Cozinha Macaense no Centro de Actividades Educativas da Taipa sita na Rua  de Bragança, Nova Taipa Garden, Lotes 24‐26, Taipa      

09h30  –  Reunião do Conselho Geral na sede do CCM      

18h00  –  Recepção na residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas  de Macau e da Comissão Organizadora      

26/11/2019 (3ª Feira) 

10h00  –  Cerimónia  junto  ao  Monumento  de  Homenagem  à  Diáspora  Macaense:  (Apenas  para  dirigentes das Casas. Para  os  restantes  participantes:  Visita  guiada  por  especialistas  do  Instituto  Cultural  de  Macau a locais de interesse histórico) 

11h30  –  Visita  ao  Gabinete  de  Ligação  do  Governo  Central  da  China  em  Macau:  (Somente  para  dirigentes das Casas) (a confirmar)      

15h00  –  Secção fotográfica junto às Ruinas de São Paulo      

18h00  –  Missa e Te‐Deum na Sé Catedral      

27 e 28/ 11 (Quarta e Quinta-feira)

08h00  –  

Passeio Turística à Grande Baía (Fat San) com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo  Central da China em Macau      

29/11/2019 (6ª Feira) 

19h30  –  Festa  de  encerramento  no  Grand  Hall,  4º.  Andar  da  Torre  de  Macau,  em  moldes  que  permitam o convívio dos participantes ao Encontro com familiares e amigos

22 Nov 2019

Comunidades macaenses | Encontro é o maior de sempre e olha para a Grande Baía 

A celebração dos 20 anos do estabelecimento da RAEM pode ter feito da edição deste ano do Encontro das Comunidades Macaenses o maior de sempre, uma vez que são esperadas cerca de mil pessoas oriundas de Macau e da diáspora macaense. A agenda inclui conversas sobre cultura e gastronomia, sem esquecer a reunião do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses. A ideia é ir além do saudosismo e olhar para o futuro, que passa pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau

 
[dropcap]A[/dropcap] cada três anos o mês de Novembro transforma-se no mais importante para a comunidade macaense a viver dentro e fora de Macau. Este sábado arranca mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, organizado pelo Conselho das Comunidades Macaenses (CCM).
Esperam-se cerca de mil pessoas distribuídas pela diáspora macaense, pelas várias casas de Macau, e também aqueles que residem em Macau. O cartaz é composto por eventos de ordem cultural, incluindo a apresentação de estudos e debates em torno da gastronomia macaense. Está também prevista uma viagem a Foshan, na China, no âmbito do projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau.
“Temos uma sessão cultural no Centro de Ciência de Macau, em que a parte da manhã é da responsabilidade do Instituto Internacional de Macau (IIM) e a parte da tarde é da nossa responsabilidade, do CCM. Essa parte é dedicada à gastronomia macaense, pelo valor intrínseco que tem, com características muito especiais, e que é reconhecido em Macau como património imaterial, mas também outros aspectos ligados ao substracto cultural da gastronomia macaense, as influências que teve ou deixou de ter”, contou José Sales Marques, presidente da Comissão Organizadora, ao HM.
Nesse debate haverá três intervenções. Uma delas de Anabela Jackson, jornalista e investigadora, que apresenta um projecto financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) que se traduz num livro onde são abordadas “as mais profundas das influências culturais da gastronomia macaense”.
Rodrigues Simões irá apresentar “uma visão muito interessante da história da gastronomia macaense, e que vai trazer ao debate uma visão muito própria da origem do minchi”. Maria João Ferreira, doutorada em Turismo, irá apresentar o seu livro “Turismo Cultural e Gastronomia Macaense”. A autora vai também falar sobre as origens do peixe salgado. “Trata-se de uma questão interessante e que está ligada às suas investigações”, acrescentou Sales Marques.
Nos dias 27 e 28 acontece uma visita a Foshan, uma espécie de “visita de estudo sobre a área da Grande Baía”.
Foshan é, de acordo com Sales Marques, “considerada quase como um pólo da cultura desta área, com uma grande influência sobre aquela parte cultural de origem cantonense que todo o macaense tem”. “Vai ser uma descoberta importante do ponto de vista cultural e também do ponto de vista de que essa cidade constitui um eixo de grande relevância com a cidade de Cantão. É um dos pólos importantes da Grande Baía”, acrescentou.
A edição deste ano custa entre cinco a seis milhões de patacas, dinheiro obtido graças a apoios públicos e privados, da parte da Fundação Macau, Sociedade de Jogos de Macau ou do próprio Banco Nacional Ultramarino.
Sales Marques assegura que a verdadeira importância destes encontros é a parte efectiva com uma terra de muitos e “a oportunidade que se cria de juntar em Macau pessoas de várias gerações”.

Olhar os jovens

O Encontro das Comunidades Macaenses fica também marcado pela realização da reunião do Conselho-geral do CCM, que acontece a cada três anos. Fátima dos Santos Ferreira é vice-presidente e diz esperar que se olhe cada vez mais para os jovens.
“Deve haver mais hipóteses para os jovens participarem porque temos de começar a preparar os jovens para passar o testemunho. Acho que é importante haver jovens intervenientes neste processo senão a comunidade desaparece.”
Sobre o Encontro, Fátima dos Santos Ferreira assume que tem “a maior participação de sempre”. “As expectativas são sempre grandes, porque há mais pessoas a participar. Este ano registou-se o maior número de inscrições. Não sei se é por causa dos 20 anos de transferência de soberania, pode haver pessoas que há muito tempo não vêm a Macau. Mas não tenho dados”, frisou.
Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), assegura que “as expectativas são sempre boas”. “Estamos em plena RAEM, que faz 20 anos, e a RAEM continua a apoiar este Encontro, que é muito importante para a afirmação da comunidade local e da diáspora.

Julgo que o Encontro deste ano tem muito significado, pois é importante que os macaenses que estão na diáspora saibam que em Macau a comunidade continua viva e a ser uma referência”.

Problemas do costume

Sobre a reunião do Conselho-geral do CCM, Miguel de Senna Fernandes falou das necessidades das casas de Macau receberem mais apoios da RAEM. “Sabemos das limitações existentes, e é importante reconhecê-las, mas há uma vontade de que as coisas funcionem. As casas de Macau têm perfeita noção das dificuldades existentes.”
“Em Macau as associações de matriz portuguesa têm acesso a um ou outro subsídio, mas noutras casas as condições são completamente diferentes. Há boa vontade, mas falta a parte financeira e isso dificulta muito a realização dos seus fins. Nem todas as casas de Macau têm a mesma flexibilidade”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes.
A título de exemplo, o advogado destaca o Clube Lusitano da Califórnia como um dos mais activos. “Era bom que a RAEM pudesse dar uma mão para que estas casas pudessem no mínimo ter acesso a algum apoio financeiro para a realização dos seus fins. Compreendo as suas dificuldades.”
O responsável pede também uma flexibilização dos estatutos do CCM. “Devemos flexibilizar a maneira como vamos reunir, ainda mais por causa do número de participantes. Talvez isto pudesse ser discutido. Devemos tornar as reuniões o mais flexíveis possível no aspecto decisório, que é fundamental. Precisamos reunir o consenso de todos, se não fosse por causa do encontro, alguma questão que se coloque antes ou depois do encontro, como vai ser? Como se processa a deliberação?”, questionou Miguel de Senna Fernandes.

Contra o saudosismo

Muitos participam em todos os Encontros das Comunidades Macaenses com uma perspectiva saudosista, em busca de conhecer melhor a terra dos seus pais ou dos seus avós, ou para recordar tempos que não voltam. Mas Miguel de Senna Fernandes pede que se olhe para o futuro.
“Devemos aproveitar esta ocasião para apresentar Macau numa perspectiva mais global, para que os encontros deixem de ser meramente saudosistas. Há outras coisas que têm de ser abordadas, a nova Macau. Muitos têm saudades de uma Macau que infelizmente já não existe. As novas gerações que não têm nada a ver com a Macau do passado podem ver as oportunidades que esta nova Macau pode trazer.”
A visita a Foshan é, na visão do presidente da APIM, um exemplo disso. “As autoridades chinesas sabem da existência do Encontro e dão-lhe importância. O Encontro é uma oportunidade para mostrar as grandes potencialidades que a China pode oferecer”, concluiu.

Programa provisório 

23/11/2019 (Sábado) 

Boas Vindas aos participantes no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes     

10h00  –  Secção  Cultural  promovida  pelo  Instituto  Internacional  de  Macau  (IIM),  no  Centro  de  Ciência de Macau    

14h30  –  Conferência sobre gastronomia no Centro de Ciência de Macau      

16h00 – Lançamento do Livro “Macau: Cultural Tourism and Macanese Gastronomy” de Maria João  Salvador dos Santos Ferreira no Centro de Ciência de Macau      

19h00  –  Sessão  Solene  de  Abertura  no    Kashgar  Ballroom,  Hotel  Sheraton  Grand  Macao  ‐Cotai  Central      

25/11/2019 (2ª Feira) 

09h00  –  Concurso de Cozinha Macaense no Centro de Actividades Educativas da Taipa sita na Rua  de Bragança, Nova Taipa Garden, Lotes 24‐26, Taipa      

09h30  –  Reunião do Conselho Geral na sede do CCM      

18h00  –  Recepção na residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas  de Macau e da Comissão Organizadora      

26/11/2019 (3ª Feira) 

10h00  –  Cerimónia  junto  ao  Monumento  de  Homenagem  à  Diáspora  Macaense:  (Apenas  para  dirigentes das Casas. Para  os  restantes  participantes:  Visita  guiada  por  especialistas  do  Instituto  Cultural  de  Macau a locais de interesse histórico) 

11h30  –  Visita  ao  Gabinete  de  Ligação  do  Governo  Central  da  China  em  Macau:  (Somente  para  dirigentes das Casas) (a confirmar)      

15h00  –  Secção fotográfica junto às Ruinas de São Paulo      

18h00  –  Missa e Te‐Deum na Sé Catedral      

27 e 28/ 11 (Quarta e Quinta-feira)

08h00  –  

Passeio Turística à Grande Baía (Fat San) com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo  Central da China em Macau      

29/11/2019 (6ª Feira) 

19h30  –  Festa  de  encerramento  no  Grand  Hall,  4º.  Andar  da  Torre  de  Macau,  em  moldes  que  permitam o convívio dos participantes ao Encontro com familiares e amigos

22 Nov 2019

Fundação Casa de Macau | Dirigente deseja juntar instituições ligadas à cultura macaense 

A Fundação Casa de Macau celebra 23 anos de existência, quase tantos como a RAEM. Mário Matos dos Santos, director-geral, fala dos novos projectos, da presença nas redes sociais e da vontade de unir as entidades que, por todo o mundo, lutam para preservar a identidade macaense. “Esse é um sonho que sempre tive, porque amanhã não estamos cá”, aponta

 

[dropcap]M[/dropcap]ário Matos dos Santos, director-geral da Fundação Casa de Macau (FCM), tem vindo a ceder às tentações do mercado imobiliário em Portugal. A entidade, que tem sede num andar na zona do Príncipe Real, em Lisboa, valeria milhares de euros caso fosse vendida. Mas as emoções geradas pela história do espaço falam mais alto. Noutra zona de Lisboa funciona a Casa de Macau em Lisboa, com mais anos de existência, cujo edifício é propriedade da fundação.

“Aquele edifício é nosso, isto aqui é nosso, é a nossa alma mater”, contou ao HM Mário Matos dos Santos. “Foi aqui que isto começou, e tirar daqui a fundação seria aliciante, nem imagina. Porque isto teve um valor de aquisição, e se lhe disser o valor de venda, nem vale a pena falar. Aqui as coisas valem 11 mil euros por metro quadrado. Por uma questão afectiva (não quero vender).”

Fundada há 23 anos, em Julho de 1996, para assegurar a continuidade da Casa de Macau em Portugal, a FCM existe hoje como um centro cultural que promove a apresentação de livros e conferências e tem disponível ao público uma biblioteca com cerca de sete mil livros, consultados, na sua maioria, por alunos de mestrado. Muitas das obras vieram de Macau, à boleia da transferência de soberania, e outras foram sendo doadas por macaenses.

A FCM e a Casa de Macau de Portugal são, portanto, irmãs. A primeira quer ser um polo cultural, a segunda um polo de convívio, onde ainda hoje se realiza o tradicional chá gordo.

“Gostaria muito que percebessem que a fundação trabalha para Macau. Nós temos esse empenho que é garantir que a Casa de Macau não passe dificuldades muito grandes. Custa-nos manter porque vivemos de aplicações financeiras e hoje em dia é muito difícil sobreviver, porque o universo da banca alterou-se na Europa. Temos de ir à procura de outras coisas.”

A FCM assume trabalhar em rede, com entidades como o Turismo de Macau ou a Fundação Oriente. Dela fazem parte figuras históricas de Macau como os antigos governadores Vasco Rocha Vieira e o General Garcia Leandro, este último também presidente da Fundação Jorge Álvares. Apesar dos objectivos comuns, o director-geral da FCM assegura: “não recebemos um euro da Jorge Álvares”. É aqui que Mário Matos dos Santos assume um sonho antigo: fazer uma espécie de frente unida com todas as entidades que defendem e preservem a identidade macaense.

“Esse é um sonho que sempre tive, porque amanhã não estamos cá.” Na agenda está planeado, para Dezembro, um congresso com as Casas de Macau de todo o mundo, que teve até agora apenas uma edição. “Este congresso iria tentar juntar todas as instituições que lutam por Macau, poderíamos fazer uma frente comum e integrarmo-nos. Há uma propensão para que, no futuro, estas instituições se unam todas, e para isso queremos fazer um congresso para defender Macau.”

Os chineses e o Encontro

Da história da Casa de Macau em Portugal faz parte o célebre episódio em que alunos de Macau se barricaram nas suas instalações, no pós 25 de Abril. “Tivemos aí problemas, alguns desses alunos têm hoje posições importantes, mas é a vida. O que sucedeu aqui foi aquilo que sucedeu em Portugal na altura, foi (feito por) gente que estava ou se sentia deprimida, embora a Casa de Macau fosse financiada pelo Governo, mas sucedeu este incidente”, recordou.

Dos anos de existência, o director-geral da FCM recorda uma enorme liberdade para criar coisas e um grande esforço. “Temos um autêntico museu aqui, porque temos de ter muita dignidade naquilo que mostramos. Achamos que a filosofia macaense deve ser continuada, as pessoas ainda não perceberam que estamos ali há séculos. É importante promover a ideia de que Macau é dinâmica, que está a mexer-se. A nossa presença tem de ser mantida, continuada e preservada.”

Para o futuro, Mário Matos dos Santos deseja “alargar o espólio da Casa de Macau à sociedade civil portuguesa, ao meio universitário e apoiar ,mais iniciativas.”

Além dos habituais eventos, a FCM lançou, há um ano, a revista “A Cabaia”, em formato digital, apostando nas redes sociais onde é visitada por inúmeros jovens descendentes de macaenses.

Nas suas instalações funciona actualmente a Associação Novos Amigos da Rota da Seda (ANRS), presidida pela economista Maria Fernanda Ilhéu. Quando questionado se gostaria de receber mais apoio do Governo de Macau, Mário Matos dos Santos assegura: “gostaria muito que fosse assim”. “É por isso que estamos ligados à ANRS, que está ligada à Embaixada da China. Procuramos ter tentáculos em todo o lado, no bom sentido”, acrescentou.

Sobre a nova edição do Encontro das Comunidades Macaenses, que acontece já em Outubro, o director-geral da FCM volta a desejar uma maior união das entidades ligadas à cultura macaense.

“A comunidade deveria discutir o futuro e encontrar caminhos para que a diáspora prevaleça. As casas de Macau em todo o mundo, sobretudo nos EUA e Canadá, são absorvidas. Além da gastronomia, que é importante, e da afectividade, aquela gente vai perdendo (a identidade macaense). As pessoas estão preocupadas em manter a identidade, mas vão-se integrando cada vez mais. Era preciso entrar neste campo”, remata.

Neste ponto, Mário Matos dos Santos considera que o Encontro se realiza porque as autoridades chinesas assim o proporcionam. “Se não fosse os chineses não havia Encontro das Comunidades. É esse contrapeso que existe lá e que os chineses querem cultivar porque têm interesse. Veja-se o que se passa em Hong Kong, e em Macau não houve nada pelos motivos que sabemos. Macau é um contraponto para a China e isso justifica o grande investimento chinês que existe em Portugal, selectivo, mas que é grande”, conclui.

27 Set 2019

Fundação Casa de Macau | Dirigente deseja juntar instituições ligadas à cultura macaense 

A Fundação Casa de Macau celebra 23 anos de existência, quase tantos como a RAEM. Mário Matos dos Santos, director-geral, fala dos novos projectos, da presença nas redes sociais e da vontade de unir as entidades que, por todo o mundo, lutam para preservar a identidade macaense. “Esse é um sonho que sempre tive, porque amanhã não estamos cá”, aponta

 
[dropcap]M[/dropcap]ário Matos dos Santos, director-geral da Fundação Casa de Macau (FCM), tem vindo a ceder às tentações do mercado imobiliário em Portugal. A entidade, que tem sede num andar na zona do Príncipe Real, em Lisboa, valeria milhares de euros caso fosse vendida. Mas as emoções geradas pela história do espaço falam mais alto. Noutra zona de Lisboa funciona a Casa de Macau em Lisboa, com mais anos de existência, cujo edifício é propriedade da fundação.
“Aquele edifício é nosso, isto aqui é nosso, é a nossa alma mater”, contou ao HM Mário Matos dos Santos. “Foi aqui que isto começou, e tirar daqui a fundação seria aliciante, nem imagina. Porque isto teve um valor de aquisição, e se lhe disser o valor de venda, nem vale a pena falar. Aqui as coisas valem 11 mil euros por metro quadrado. Por uma questão afectiva (não quero vender).”
Fundada há 23 anos, em Julho de 1996, para assegurar a continuidade da Casa de Macau em Portugal, a FCM existe hoje como um centro cultural que promove a apresentação de livros e conferências e tem disponível ao público uma biblioteca com cerca de sete mil livros, consultados, na sua maioria, por alunos de mestrado. Muitas das obras vieram de Macau, à boleia da transferência de soberania, e outras foram sendo doadas por macaenses.
A FCM e a Casa de Macau de Portugal são, portanto, irmãs. A primeira quer ser um polo cultural, a segunda um polo de convívio, onde ainda hoje se realiza o tradicional chá gordo.
“Gostaria muito que percebessem que a fundação trabalha para Macau. Nós temos esse empenho que é garantir que a Casa de Macau não passe dificuldades muito grandes. Custa-nos manter porque vivemos de aplicações financeiras e hoje em dia é muito difícil sobreviver, porque o universo da banca alterou-se na Europa. Temos de ir à procura de outras coisas.”
A FCM assume trabalhar em rede, com entidades como o Turismo de Macau ou a Fundação Oriente. Dela fazem parte figuras históricas de Macau como os antigos governadores Vasco Rocha Vieira e o General Garcia Leandro, este último também presidente da Fundação Jorge Álvares. Apesar dos objectivos comuns, o director-geral da FCM assegura: “não recebemos um euro da Jorge Álvares”. É aqui que Mário Matos dos Santos assume um sonho antigo: fazer uma espécie de frente unida com todas as entidades que defendem e preservem a identidade macaense.
“Esse é um sonho que sempre tive, porque amanhã não estamos cá.” Na agenda está planeado, para Dezembro, um congresso com as Casas de Macau de todo o mundo, que teve até agora apenas uma edição. “Este congresso iria tentar juntar todas as instituições que lutam por Macau, poderíamos fazer uma frente comum e integrarmo-nos. Há uma propensão para que, no futuro, estas instituições se unam todas, e para isso queremos fazer um congresso para defender Macau.”

Os chineses e o Encontro

Da história da Casa de Macau em Portugal faz parte o célebre episódio em que alunos de Macau se barricaram nas suas instalações, no pós 25 de Abril. “Tivemos aí problemas, alguns desses alunos têm hoje posições importantes, mas é a vida. O que sucedeu aqui foi aquilo que sucedeu em Portugal na altura, foi (feito por) gente que estava ou se sentia deprimida, embora a Casa de Macau fosse financiada pelo Governo, mas sucedeu este incidente”, recordou.
Dos anos de existência, o director-geral da FCM recorda uma enorme liberdade para criar coisas e um grande esforço. “Temos um autêntico museu aqui, porque temos de ter muita dignidade naquilo que mostramos. Achamos que a filosofia macaense deve ser continuada, as pessoas ainda não perceberam que estamos ali há séculos. É importante promover a ideia de que Macau é dinâmica, que está a mexer-se. A nossa presença tem de ser mantida, continuada e preservada.”
Para o futuro, Mário Matos dos Santos deseja “alargar o espólio da Casa de Macau à sociedade civil portuguesa, ao meio universitário e apoiar ,mais iniciativas.”
Além dos habituais eventos, a FCM lançou, há um ano, a revista “A Cabaia”, em formato digital, apostando nas redes sociais onde é visitada por inúmeros jovens descendentes de macaenses.
Nas suas instalações funciona actualmente a Associação Novos Amigos da Rota da Seda (ANRS), presidida pela economista Maria Fernanda Ilhéu. Quando questionado se gostaria de receber mais apoio do Governo de Macau, Mário Matos dos Santos assegura: “gostaria muito que fosse assim”. “É por isso que estamos ligados à ANRS, que está ligada à Embaixada da China. Procuramos ter tentáculos em todo o lado, no bom sentido”, acrescentou.
Sobre a nova edição do Encontro das Comunidades Macaenses, que acontece já em Outubro, o director-geral da FCM volta a desejar uma maior união das entidades ligadas à cultura macaense.
“A comunidade deveria discutir o futuro e encontrar caminhos para que a diáspora prevaleça. As casas de Macau em todo o mundo, sobretudo nos EUA e Canadá, são absorvidas. Além da gastronomia, que é importante, e da afectividade, aquela gente vai perdendo (a identidade macaense). As pessoas estão preocupadas em manter a identidade, mas vão-se integrando cada vez mais. Era preciso entrar neste campo”, remata.
Neste ponto, Mário Matos dos Santos considera que o Encontro se realiza porque as autoridades chinesas assim o proporcionam. “Se não fosse os chineses não havia Encontro das Comunidades. É esse contrapeso que existe lá e que os chineses querem cultivar porque têm interesse. Veja-se o que se passa em Hong Kong, e em Macau não houve nada pelos motivos que sabemos. Macau é um contraponto para a China e isso justifica o grande investimento chinês que existe em Portugal, selectivo, mas que é grande”, conclui.

27 Set 2019

Macaenses | Encontro da Comunidade Juvenil começa no próximo dia 23

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] IV Encontro da Comunidade Juvenil Macaense vai decorrer entre os dias 23 e 28 deste mês. Aproximadamente 50 representantes das 13 Casas de Macau espalhadas pelo mundo estarão na RAEM para participar da iniciativa, organizada pela Associação dos Jovens Macaenses e pelo Conselho das Comunidades Macaenses.

Ao longo de uma semana, os jovens da diáspora vão participar numa série de actividades, como no Fórum de Economia de Turismo Global, estando também previstas visitas, nomeadamente ao Gabinete de Ligação.

Estão também agendados seminários e outras iniciativas culturais, segundo o programa provisório enviado pela Associação dos Jovens Macaenses às redacções.

11 Out 2018

Encontro das Comunidades Macaenses arranca este sábado

Já é conhecido o programa oficial de mais uma edição do Encontro das Comunidades Macaenses, que arranca este sábado e termina no próximo dia 2. O evento vai servir para a apresentação de alguns estudos académicos, incluindo a segunda edição da obra “Famílias Macaenses”, de Jorge Forjaz

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hegou aquela altura do ano em que os macaenses espalhados pelo mundo regressam à terra onde tudo começou. A edição de 2016 do Encontro das Comunidades Macaenses começa este sábado e já é conhecido o programa oficial da iniciativa, que será marcada não só pelo encontro do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM), como da apresentação de vários trabalhos sobre a comunidade.

A próxima terça-feira, dia 29, será o dia destinado à apresentação da segunda edição da obra “Famílias Macaenses”, de Jorge Forjaz, que terá lugar no auditório da Universidade de Macau (UM). A primeira edição de uma obra que decifra a origem das principais famílias macaenses data de 1996. Em 2011, o arquitecto Carlos Marreiros desafiou o historiador a falar da sua obra no Albergue da Santa Casa da Misericórdia e a rever essa primeira edição. A segunda versão da obra, editada pelo Albergue SCM e patrocinada pela Fundação Macau, conta com 80 novos capítulos e mais de três mil fotografias.

No mesmo dia é ainda apresentada, também na UM, a investigação intitulada “Fading legacy of the Macanese”, da autoria da académica Susana Barreto, sem esquecer a apresentação e oferta do Livro de Jack Braga, editado pela Fundação Rui Cunha.

Também na próxima terça-feira haverá espaço para uma apresentação levada a cabo pelo arquitecto Luís Manuel Madeira de Carvalho, do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), sobre “projectos ou obras desenvolvidas para a RAEM”.

Tem patuá

O encontro, que começa oficialmente com a realização do tradicional chá gordo, vai contar, no domingo, com a apresentação da peça “Unga Chá di Sonho”, do grupo de teatro em patuá Dóci Papiaçám di Macau. Na segunda-feira, e após a reunião do CCM, terá lugar no Consulado-geral de Portugal em Macau uma recepção oficial dos membros da entidade.

A cultura ganha destaque pela segunda vez na quarta-feira, dia 30, com um encontro promovido pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) no Centro de Ciência, sendo que está ainda agendado um encontro da Associação dos Jovens Macaenses no Auditório Stanley Ho, do Consulado-geral de Portugal.

Antes de tudo terminar a comitiva irá dar um passeio a Cantão, na China, com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo Central da China em Macau.

24 Nov 2016

Chui Sai On convidado para Comissão de Honra do Encontro dos Macaenses

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve ontem reunido com Leonel Alves e José Luís Sales Marques, na qualidade de representantes do Conselho das Comunidades Macaenses (CCM). O encontro serviu para convidar o Chefe do Executivo para integrar a Comissão de Honra do Encontro das Comunidades Macaenses, o qual irá realizar-se em Novembro.
Ao HM, José Luís Sales Marques, da comissão organizadora, referiu apenas que o apoio institucional dado ao evento “tem sido muito forte”. “Informámos o Chefe do Executivo do andamento dos trabalhos e agradecemos o apoio que tem sido dado pelo Governo”, acrescentou.
Leonel Alves, presidente do CCM, referiu, segundo um comunicado, que “os trabalhos (de organização) decorrem a bom ritmo”, sendo que o programa deste ano inclui uma visita a Cantão, a qual irá servir “para os participantes ficarem a conhecer o desenvolvimento actual no Delta do Rio das Pérolas”. Sales Marques disse que, até ao momento, está confirmada a participação de 800 pessoas, sendo que esse número deverá aumentar.

De braços abertos

Chui Sai On terá destacado a importância do evento, referindo que Macau “é a casa de todos os macaenses” e que o Governo “dá as boas-vindas e recebe-os de braços abertos neste regresso a casa” e que desta forma estes “filhos da terra podem constatar o desenvolvimento e as mudanças do território”. O Chefe do Executivo terá ainda mostrado interesse na “organização do evento, nomeadamente, quanto ao número de participantes e, entre outros aspectos, os custos”.
O Chefe do Executivo referiu ainda que “a harmonia entre as comunidades é uma tradição na sociedade”, tendo dito que “a comunidade macaense é parte integrante e importante da sociedade local”. “No processo de desenvolvimento a diáspora macaense mantém ligações constantes a Macau através de diferentes áreas e contributos”, frisou ainda.

12 Jul 2016