Tânia dos Santos Sexanálise VozesDia de Não-Namorados O Dia dos Namorados pode ser um dia difícil. Seria bom se fosse opcional, mas desde cedo, como na escola primária, vemos uma tentativa de institucionalizá-lo. Quando estava na 2.ª classe, a professora criou uma caixa de correio para celebrar o Dia dos Namorados, onde se podiam deixar cartas anónimas para as paixões secretas. Crianças de 7 anos têm uma compreensão muito madura do amor romântico, certo? No âmago do meu ser, eu sabia que não ia receber uma carta. E assim foi, era a mal-amada, e todos na turma deram conta disso. Se o Dia dos Namorados é difícil, é porque o tornaram assim. Tornou-se o triunfo da existência de um parceiro romântico, ou a desilusão da sua ausência. Entretanto, tomei conhecimento de um conjunto de estratégias e actividades para tornar o Dia dos Namorados mais alternativo. Aqui, explanarei algumas opções que encontrei. Vou excluir desde já o mais óbvio: tempo para cuidar de si próprio. No Dia dos Namorados, parece-me a estratégia mais eficaz para não mergulhar no frenesim. De repente, somos invadidos por menus de jantar para namorados, promoções, vendas temáticas e, claro, redes sociais empenhadas em tornar o dia miserável. Evitar. Para quem não quer ser lembrado de que o dia existe, pode ser possível bloquear notificações relacionadas com o dia. Este ano, uma empresa de comércio questionou-me se gostaria de ser contactada sobre o tema. Uma interpelação simpática, senti que era uma tentativa de dar controlo ao consumidor sobre a avalanche de conteúdos amorosos. Com um pouco mais de pesquisa, percebi que existem outras formas mais sofisticadas de bloquear conteúdos nas redes sociais. É só perguntar ao motor de busca favorito, descarregar as aplicações recomendadas e aplicar filtros para não receber informação sobre “namorados”, “amor” ou “São Valentim”. Contrariar. Na tentativa de dar espaço aos que não se revêem no dia, há quem celebre a antítese do Dia de São Valentim, que já tem rituais e imagética associada. Falo-vos de festas temáticas com roupa e até comida decorada com o tema do amor não correspondido. São os corações partidos a jorrar sangue, uma paleta de cores mais sombrias, em vez do habitual vermelho e cor-de-rosa. Acusações de que o cupido é estúpido ou que o amor não existe. Chutam uma piñata em forma de coração até a estilhaçarem toda. Os mais sérios vão optar por tornar o dia uma consciencialização para os solteiros e espalhar outro tipo de amor para quem precisa. Enraivecer. Não há nada como apaziguar um coração partido com acções de puro desdém. Um abrigo animal em Ohio, nos EUA, em troca de um donativo, oferece a possibilidade de escrever o nome do ex-namorado ou ex-namorada numa caixa de areia onde os gatos para adopção irão urinar e defecar à vontade. O abrigo prometeu fazer um vídeo público de todas as contribuições e dos momentos de alívio dos animais, e irá publicá-lo no Dia dos Namorados. O zoológico de San Antonio, no Texas, também preparou uma actividade de angariação de fundos ainda mais, digamos, assertiva desta raiva. Dependendo da quantia, o zoológico pode dar o nome do/a ex- a uma barata ou a um rato, que será devidamente consumido por um dos residentes do zoológico. Por 150 dólares, eles filmam a presa a ser devorada e depois enviam a filmagem ao ex- a quem a acção é dedicada. Alegadamente, todos os donativos servirão para ajudar os espaços a continuar o seu trabalho na protecção da biodiversidade e bem-estar animal. Estas acções tentam oferecer novas formas de dar significado ao dia, mas não deixam de perpetuar a capitalização do amor romântico (ou a sua zanga com ele). Não quero desvalorizar o simbolismo do dia nem o desconforto que ele gera. Talvez me caiba sugerir uma reflexão sobre como estão associadas a ele memórias e emoções que materializam um ponto muito sensível da existência humana: a prova de que somos aceites ou rejeitados. E essa dicotomia precisa de ser desconstruída com muito carinho. A celebração do amor é sempre bem-vinda, mas talvez seja necessário expandi-la para o amor que nutrem por vocês próprios, pela família, amigos, amantes, amigos coloridos e até aqueles que ficaram para trás. Talvez perceber que a presença de um parceiro romântico na vida não é sinal de triunfo, nem a sua ausência um sinal de falhanço. O amor que traz uma carta no Dia dos Namorados não é o indicador de sucesso nem a condição prévia para a aceitação pessoal.
Pedro Arede EventosOrquestra de Macau | Centro Cultural acolhe Concerto do Dia dos Namorados A pensar no amor e na brisa primaveril, a Orquestra de Macau apresenta a 26 de Fevereiro o “Concerto do Dia dos Namorados” no Grande Auditório do Centro Cultural, que inclui interpretações de bandas sonoras de clássicos de Hollywood. Ao longo de Fevereiro serão ainda realizados quatro concertos gratuitos de música clássica um pouco por toda a cidade Apesar de todos os constrangimentos o espectáculo vai continuar, sobretudo quando o tema principal é o amor. No próximo dia 26 de Fevereiro, a Orquestra de Macau vai apresentar o “Concerto do Dia dos Namorados – Amor na Primavera”. O espectáculo, que será dirigido pela Maestrina Principal da Orquestra Sinfónica de Guangzhou, Jing Huan, e o jovem violinista Mengla Huang, irá decorrer no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau pelas 20 horas. Recorde-se que, de acordo com um comunicado do Instituto Cultural (IC), o concerto contava inicialmente com a participação do maestro Christoph Poppen e a violinista Mayumi Kanagawa. Contudo, os dois artistas não podem deslocar-se a Macau devido às restrições impostas pela pandemia. Um dos destaques da programa do “Concerto do Dia dos Namorados” vai para a apresentação da obra de Korngold, compositor austríaco naturalizado americano, que ficou conhecido por ter dado vida à banda sonora de inúmeros clássicos de Hollywood. O “Concerto para Violino em Ré Maior, Op. 35. Korngold“ é a obra-prima do compositor que poderá ser apreciada no Centro Cultural de Macau, sendo composta por três andamentos, cada um dedicado à banda sonora de um filme. “Another Dawn”, “Anthony Adverse” e “The Prince and the Pauper” são os filme incluídos na mostra. Além de música para cinema, o programa do concerto inclui a Sinfonia N.º 1 em Si bemol Maior, op. 38 de Schumann, a primeira escrita pelo compositor romântico após casar com a sua esposa, Clara. Segundo o IC, a obra é vista como “uma reflexão da ‘Primavera da vida de Schumann’, evidenciando a pureza e a felicidade de um relacionamento romântico”. Os bilhetes para o “Concerto do Dia dos Namorados – Amor na Primavera” já se encontram à venda. Quem estiver interessado por recorrer à Bilheteira Online de Macau e aos balcões respectivos. Os preços variam entre 150 e 250 patacas. Para os meus ouvidos Além do concerto dedicado aos namorados, ao longo de Fevereiro, a Orquestra de Macau vai promover três concertos dedicados à música clássica, todos gratuitos. O primeiro, intitulado “Expresso Clássico”, terá lugar no dia 6 de Fevereiro no Pequeno Auditório do Centro Cultural e ficará a cargo do Maestro Assistente da Orquestra de Macau, Francis Kan, que irá “guiar o público ao longo de uma viagem pelo mundo da música clássica, através de interacções animadas e intrigantes”. Para requisitar os bilhetes gratuitos é necessária uma inscrição, que pode ser feita no website da Orquestra de Macau. No dia 20 de Fevereiro, segue-se o concerto “Música no Museu de Arte”, integrado na exposição “Renascer à Brisa da Primavera: Exposição de Arte de He Duoling”, mostra que pode ser vista no mesmo espaço. Durante a actuação, a Orquestra de Macau irá apresentar obras de Shostakovich, o compositor preferido de He Duoling. No mesmo dia, a Biblioteca da Taipa irá acolher pelas 17h30 o concerto “Música na Biblioteca”, onde serão apresentadas obras ligeiras de Mozart e Boccherini e ainda jogos interactivos, com o objectivo de cativar os mais novos. A entrada para ambos os concertos é livre, não sendo necessária reserva. Nota ainda para o cancelamento do concerto “Flauta Melodiosa – Tributo a Mozart”, programado originalmente no dia 5 de Fevereiro. Segundo o IC, o cancelamento está também relacionado com a “impossibilidade de os artistas estrangeiros se deslocarem a Macau”, devido à pandemia.
Hoje Macau China / ÁsiaCasais homossexuais processam Governo do Japão no Dia dos Namorados [dropcap]T[/dropcap]reze casais homossexuais recorreram hoje aos tribunais japoneses, no Dia dos Namorados, para processarem judicialmente o Governo do Japão, contestando a constitucionalidade da rejeição no país do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Seis casais, segurando cartazes nos quais se podia ler “Casamento para todo o Japão”, entraram num tribunal de Tóquio para processar o Governo japonês, uma iniciativa que também se verificou nas cidades de Osaka, Nagoya e Sapporo. Um dos queixosos, Kenji Aiba, ao lado do parceiro, Ken Kozumi, disse aos jornalistas que “lutaria esta guerra em conjunto com as minorias sexuais em todo o Japão”. No processo, argumenta-se que a lei viola o direito constitucional à igualdade, num país em que se observa uma crescente aceitação pública da diversidade sexual e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os casais afirmaram querer que o Governo siga o exemplo de muitas outras nações de forma a garantir a liberdade conjugal. Dez municípios japoneses chegaram a promulgar ‘decretos de parceria’ para casais do mesmo sexo para facilitar, por exemplo, o arrendamento conjunto de apartamentos, mas estes não são juridicamente vinculativos. Os advogados dos queixosos adiantaram que os casos podem levar até cinco anos, ou mais, para serem decididos.