João Luz EventosThe Pains of Being Pure at Heart e Ride ao vivo em Hong Kong [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s fãs de rock shoegaze que vivem em Macau e Hong Kong têm razões para estarem felizes com os concertos agendados para os próximos tempos. No dia 24 de Janeiro, os The Pains of Being Pure at Heart actuam na Music Zone KITEC, estando a primeira parte a cargo dos NYPD. Os bilhetes encontram-se à venda e custam 490 HKD. No dia 26 de Fevereiro é a vez dos clássicos Ride actuarem no Macpherson Stadium, em Mong Kok. A banda de culto britânica teve no seu primeiro registo, “Nowhere”, um dos discos mais importantes da cena shoegaze, de onde se retiram hinos intemporais como “Dreams Burn Down”, “Paralysed”, “Kaleidoscope” e “Decay”. A música dos Ride é fortemente marcada por atmosferas de pop rock etéreo, pelas vocalizações suaves e pelos pedais de distorção das guitarras que, do nada, incendiam uma música que poderia revestir roupagens comerciais. Ainda bem que assim é. Depois de sucessivos divórcios e reunificações, os Ride gravaram um disco de estúdio no ano passado intitulado “Weather Diaries”. O álbum é o quinto da carreira da banda e marca o regresso dos britânicos ao estúdio após um hiato de 21 anos. Os Ride, nascidos em Oxford, despontaram para os grandes palcos depois de Jim Reid, dos The Jesus and Mary Chain, os ter visto ao vivo. Em 1990 lançaram o primeiro disco, o acima mencionado “Nowhere”, que viria a lançar a década que se avizinhava. Andy Bell, um dos vocalistas e guitarristas da banda de Oxford chegou a integrar os Oasis durante um dos hiatos dos Ride. As dores Mas antes dos históricos de Oxford desafinem as suas guitarras, Hong Kong recebe uma banda que lhes foi beber bastante em termos de influência: Os The Pains of Being Pure at Heart. Com uma carreira que já ultrapassou uma década, a banda de Nova Iorque tem uma discografia com quatro registos de originais, sendo que em Setembro último lançaram “The Echo of Pleasure”, que deve marcar a actuação dos norte-americanos na Music Zone KITEC. O primeiro registo dos nova-iorquinos, um disco homónimo, valeu a aclamação crítica e alguma popularidade que motivou uma tour mundial, um sonho tornado realidade para uma banda recente. A sonoridades dos The Pains of Being Pure at Heart é frequentemente comparada a My Bloody Valentine The Field Mice, The Jesus and Mary Chain e, lá está, aos Ride. A banda faz parte de uma onda de grupos que foram repescar as sonoridades dos finais dos anos 80 e inícios de 90, onde o pop rock melodioso se aliava ao rasgar de guitarras carregadas de feedback, para gáudio de quem gosta destas sonoridades e estava farto de uma década de música electrónica. O panorama dos concertos no território vizinho arranca este ano com muitos motivos para sorrisos entre quem gosta de rock alternativo. https://www.youtube.com/watch?v=paQRaeIP35I
João Luz EventosConcerto | Diiv ao vivo em Hong Kong daqui a um mês [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om dois discos aclamados pela crítica na bagagem aclamados, os norte-americanos Diiv tocam na região vizinha no dia 14 de Setembro. O concerto, que terá na primeira parte a banda local Phoon, realiza-se em Kowloon na sala Kitec Os Diiv foram apelidados como a grande esperança do rock sujo que tem as suas raízes entre bandas históricas como os Nirvana ou os Sonic Youth. Mas o conjunto de Brooklyn vai mais além do que as suas visíveis influências, que não se esgotam nestas duas bandas, tendo conseguido demarcar a sua sonoridade e marca identitária. A banda é liderada, e confunde-se com o seu guitarrista/vocalista, Zachary Cole Smith, o principal compositor e mentor do grupo. No ano passado editaram o segundo e muito aguardado disco, “Is the Is Are”, depois de um hiato de quatro anos após o lançamento do registo de estreia “Oshin”. Ambos os álbuns mereceram aplausos da crítica, que quase em uníssono pegaram não só na música da banda, mas também na imagem do seu vocalista. Cole Smith é considerado por uma parte da crítica que gosta de estabelecer paralelismos como o sucessor natural de Kurt Cobain. As comparações agravaram-se depois do músico ter sido apanhado pela polícia na posse de uma quantidade considerável de heroína. Cole Smith estava acompanhado pela namorada, a modelo/actriz/cantora Sky Ferreira, levando a óbvias equiparações com trágicos casais do rock como Kurt Cobain e Courtney Love, ou Sid Vicious e Nancy Spungen. Pareciam destinados a seguir a rota decadente dos seus predecessores. Além disso, o caso trouxe ainda sérias dúvidas se o novo disco iria mesmo sair. Vento a abrir Assim que chegaram aos escaparates com três singles publicados online, “Sometime”, “Human” e “Geist”, mereceram a atenção das melhores publicações dedicadas à música alternativa, como a Pitchfork ou a Stereogum. Aí deu-se um contratempo identitário com a banda de Zachary Cole Smith que ainda teve de mudar de nome, uma vez que Dive já estava tomado. Assim nasciam os Diiv, que começaram a agarrar algum público com o lançamento do single “Doused”, popularizado em Portugal por musicar uma campanha publicitária de uma conhecida empresa de telecomunicações. “Doused” é uma música que espelha bem a sonoridade da banda norte-americana, com um baixo pulsante, muito ritmado e guitarras carregadas de delay sempre prestes a irromper em solos. Os Diiv são difíceis de catalogar, com diversas influentes dentro do espectro do rock alternativo, vão buscar inspiração ao psicadelismo e outras às paisagens sonoras mais típicas do shoegaze. O seu mais recente disco mostra alguma maturidade, remetendo o ouvinte para um imersão completa num somatório que traz o melhor das últimas quatro décadas de música movida a guitarras. Foi assim que chegamos a “Is the Is Are”, que mal saiu mereceu um lugar de destaque entre os melhores discos do ano passado. Desde então, a banda tem andado em tour a promover o seu segundo registo, até que chega ao território vizinho no dia 14 de Setembro para um concerto na Music Zone @ E-Max do centro Kitec, que abre as portas ao público a partir das 20h. A primeira parte estará a cargo da banda local Phoon. Com assumida inspiração indie rock, o grupo de Hong Kong inspirou-se nos ventos que assolam a região e partiu da tradução inglesa da palavra “tufão”. Este concerto serve bem de aperitivo para o festival Clockenflap, para o qual os espectadores ainda terão de esperar até Novembro.
Hoje Macau EventosSónar | Hong Kong em contagem decrescente para DJ Shadow Quase a celebrar 20 anos de carreira, DJ Shadow estreia-se em Hong Kong no próximo dia 1 de Abril. A antecipar o espectáculo com elevada componente visual que estreia no Sónar, deu uma entrevista à organização do festival onde revelou detalhes da sua infância e o que o inspira [dropcap]O[/dropcap] que está a fazer hoje, além de dar entrevistas? Estou na minha casa, perto de São Francisco. Hoje acordei e ouvi alguns discos, depois respondi a emails, recebi chamadas e filmei uma entrevista para um documentário sobre caixas de ritmo. Depois almocei com a minha mulher, fui às compras e trabalhei na preparação de concertos e música. Depois de quatro discos e uma carreira de duas décadas, acha que o seu processo criativo mudou com os anos? A muitos níveis mantenho uma consistência no minha criação, especialmente naquilo que procuro alcançar na música e na ética de trabalho. Respeito produtores que são meticulosos na sua abordagem, aqueles que mergulham na música e revolucionam a ideia que as pessoas tinham de um estilo de som ou de instrumento. São esses que me inspiram. Claro que a tecnologia mudou ao longo dos anos, isso alimenta e guia a forma como penso na música e como posso manipular o som. Acho que é importante mergulhar na novidade, aprender um novo instrumento, ouvir música nova e desafiar as ideias que temos. Descobrir a linhagem musical e encontrar uma forma de unir os pontos. É importante manter a mente aberta. Tive a sorte de crescer em simultâneo com o hip hop e assistir a algo que, ao início, era ignorado e que depois disparou para o mainstream. Há que manter a humildade e os ouvidos abertos. É dos DJs mais influentes da actualidade. Como consegue manter os pés no chão? É fácil, na realidade, é a música que me mantém. Cresci numa casa da classe trabalhadora, não havia ninguém na minha família no mundo do espectáculo. Foi um bom ambiente que me mostrou que, para termos aquilo que queremos, é necessário trabalho duro. Tenho preocupações, como qualquer pessoa. Preocupações com dinheiro, a segurança da minha família, o que se passa no mundo da política. Sou, definitivamente, uma pessoa preocupada. A música é um mecanismo que me ajuda a resolver os problemas que vivo no dia-a-dia, o stress, ou mesmo situações emocionais. Que música nova tem ouvido ultimamente? Todas as semanas gosto de me aventurar num disco novo. Acabei de arranjar o mais recente do Stormzy. O último disco que ouvi foi de Thundercat, que gosto bastante. Estou envolvido numa editora chamada Liquid Amber e recebemos muitas maquetes, há sempre algo novo para descobrir. Estamos a preparar, neste momento, o lançamento do novo disco de Noer The Boy. Uma geração de fãs de Hong Kong chegou até ao seu som através da colaboração que teve com Wong Kar Wai no vídeo “Six Days”. Como foi trabalhar com o cineasta? Foi uma experiência espectacular, quando penso nisso ainda acho surreal. Desde que saí, pela primeira vez, dos Estados Unidos para ir em tournée, passei a considerar-me um cidadão do mundo. Tenho tido a sorte de viajar pelo mundo fora e de trabalhar com artistas talentosos um pouco por toda a parte. Em 2002, eu e o meu agente começámos a pensar em pessoas com quem poderia colaborar. Disse-lhe que estava farto de velhos nomes e que queria fazer algo diferente, como trabalhar com um realizador de cinema, e o nome dele veio à baila. Nunca pensei que fosse realmente acontecer, mas apostámos forte. Recordo-me de ele ser bastante humilde nas mensagens que trocámos. O projecto era algo tão diferente do que estávamos, ambos, a fazer na altura. Sinceramente, não me parece que um realizador ocidental reagisse da forma como Wong Kar Wai reagiu e aceitasse colaborar comigo naqueles termos. Já esteve em Hong Kong. Qual é a impressão que tem da cidade? Estive em Hong Kong pela primeira vez em 1996. Recordo-me que é uma cidade muito cosmopolita e densa. Lembro-me vividamente dos andaimes de bambu em prédios altíssimos. Adoro cidades que tenham confluências culturais que se misturam. O que estou a achar excitante em relação a esta viagem é que terei tempo para explorar a cidade. O que é que os espectadores do Sónar podem esperar deste espectáculo? O conceito visual é algo muito importante àquilo a que chamo “espectáculo”. Quero criar efeitos visuais que sejam conducentes com a música e que ajudem as pessoas a mergulhar no som. É uma experiência diferente do simples djing, a minha abordagem é tentar montar um espectáculo, uma performance. Neste momento estou a fazer festivais e percebi que não sou o tipo de DJ que anda aos saltos, fuma cigarros e atira-se para a plateia. Não quero ser cool. Estou mais interessado em apresentar um espectáculo que enfeitice o público. Vamos apresentar um novo show em Hong Kong, temos estado a trabalho nele há mais de um ano. Estou confortável para dizer que é um grande espectáculo. Acho que vai resultar, espero que o público goste.