MAM | “Alegoria dos Sonhos”, do colectivo YiiMa, chega a Macau

Depois do périplo feito pela Europa, nomeadamente em Lisboa e na Bienal de Arte de Veneza, a exposição dos artistas Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que integram o colectivo “YiiMa”, chega a Macau pela primeira vez, sendo inaugurada esta sexta-feira. Ung Vai Meng diz-se feliz pelo facto de as obras de “Alegoria dos Sonhos”, com curadoria de João Miguel Barros, serem expostas no território que lhes deu vida

 

A mostra “Alegoria dos Sonhos”, do colectivo “YiiMa”, composto pelos artistas Guilherme Ung Vai Meng, antigo presidente do Instituto Cultural (IC), e Chan Hin Io, chega esta sexta-feira à sua terra de origem, depois de ter sido exibida no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, com o nome “(Des) Construção”, e de ter representado Macau na 59.ª Bienal de Arte de Veneza, já com o nome de “Alegoria dos Sonhos”.

A exposição de fotografia, escultura, instalação e até arte performativa, estará patente na Galeria do Tap Seac até ao dia 21 de Maio, proporcionando ao público local a oportunidade de ver, pela primeira vez, uma mostra reconhecida internacionalmente.

Ao HM, Ung Vai Meng falou da “felicidade” sentida pelo colectivo “pela devolução das obras à nossa cidade natal, para as podermos exibir aos cidadãos e amigos locais”. Afinal de contas, “essas obras foram todas criadas neste pequeno território”, adiantou.

Fazendo o balanço das duas exposições, Ung Vai Meng frisou que “o público respondeu muito bem, tendo estado particularmente interessado nas cenas da vida em Macau, já que as obras mostram as culturas chinesa e ocidental”.

Além disso, o antigo dirigente cultural, que actualmente se dedica à arte a tempo inteiro, referiu uma análise feita por uma crítica norte-americana, que se referiu a “A Alegoria dos Sonhos” como “uma das dez obras que valia a pena ver na Bienal de Veneza”.

Parque a caminho

Convidado a comentar as políticas culturais após o regresso à normalidade, no contexto da pandemia, Ung Vai Meng diz acreditar que “o Governo poderá pensar em novas estratégias do ponto de vista cultural, exigindo às concessionárias de jogo que seja dado um maior apoio e feito um maior investimento em empreendimentos culturais.”

Ung Vai Meng acredita também que será possível uma maior cooperação com artistas e entidades culturais estrangeiras para que Macau venha a acolher mais eventos de cariz internacional.

Quanto ao colectivo YiiMa, poderão surgir novos projectos. “A fim de aumentar o interesse dos residentes de Macau pela arte pública, o nosso colectivo está a estudar a viabilidade do projecto ‘Parque Temporário de Esculturas de Macau’, mas estamos ainda na fase de concepção.”

Palavra de curador

Ao HM, João Miguel Barros, curador, recorda um processo de adaptação entre a mostra de Lisboa e aquela que foi exibida em Veneza. “Quando discuti com os artistas a nossa candidatura à Bienal de Veneza, havia uma ideia estruturada para a ‘Alegoria dos Sonhos’ e que incluía várias componentes, desde a fotografia, a instalação e a vídeo arte. Mas sabíamos que se ganhássemos a representação de Macau teríamos de ajustar muito essa ideia devido às limitações do espaço disponível em Veneza. A mostra da galeria do Tap Seac acaba por ser a que permite uma aproximação mais fiel à ideia original.”

O curador acrescenta que, graças à “generosidade dos meios que o IC colocou à disposição dos artistas”, foi permitido “delimitar os espaços dos diversos ‘sonhos’ dando a conhecer o conteúdo que o YiiMa produziu para ser mostrado em Veneza, com o sucesso que lhe foi reconhecido. Nessa perspectiva os visitantes de Macau são uns privilegiados ao visitarem esta exposição do YiiMa”, rematou.

Na mostra patente em Lisboa, no então Museu Colecção Berardo, já encerrado, mostraram-se imagens com os próprios artistas transformados em anjos e a representação de lugares icónicos de Macau que foram mudando ao longo do tempo, como casas de matriz chinesa, estruturas de bambu, templos budistas no meio da cidade. Em todas as obras se faz um exercício de reflexão sobre a Macau do passado e do presente e as constantes mudanças urbanísticas que têm ocorrido ao longo do tempo.

15 Mar 2023