Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePortuguês | UC, IPM e Cantão começam Mestrado em Setembro na China É já em Setembro deste ano que a Universidade de Coimbra põe em marcha um novo curso de Mestrado em Português como língua estrangeira, em parceria com a Universidade de Línguas Estrangeiras de Guangdong. O IPM dá uma ajuda no corpo docente [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Universidade de Coimbra (UC) e a Universidade de Línguas Estrangeiras de Guangdong, em Cantão, vão arrancar já no ano lectivo de 2016/2017 com um curso de Mestrado em Português como língua estrangeira, que dará resposta aos muitos licenciados e docentes que procuram uma maior formação na língua de Camões. Esta é a primeira vez que se cria um Mestrado desta natureza com a participação de Portugal, China e Macau. O curso é da UC, que vai enviar quatro docentes para Cantão, sendo também a universidade responsável pela atribuição dos diplomas aos alunos. O Mestrado será avaliado pela Agência Portuguesa de Avaliação e Acreditação. O Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa, do Instituto Politécnico de Macau (IPM), vai enviar mais dois docentes, conforme explicou ao HM Carlos André, coordenador do Centro. “Para chegar aqui começámos a trabalhar quando cheguei, há três anos. É um grande passo no sentido da cooperação, ainda que a agência seja uma autoridade independente do Governo. Mas esta agência irá à universidade em Cantão avaliar o curso. O primeiro ano será feito em Cantão e o segundo, que é a preparação da tese, já tem uma parte substancial que decorre em Coimbra, com os orientadores. A defesa da tese será em Coimbra”, referiu Carlos André. Para já estima-se que o Mestrado possa acolher 20 alunos. “A universidade em Cantão fez um estudo de mercado, não se partiu para isto do nada, e eles avaliaram a possibilidade do número poder chegar a 20. Foi fundamental saber isso porque entendemos que o curso deve avançar se houver o mínimo de dez alunos”, garantiu ainda o director do Centro Pedagógico e Científico do IPM. Acima das expectativas Carlos André, que durante três anos tem realizado visitas a todas as universidades da China que ensinam o Português, já tem os dados finais do levantamento que fez sobre as necessidades existentes. “Não é fácil ter os dados sequer e só nas universidades os números surpreendem. Sem falar de Macau, eu apontava para a existência de 1700 estudantes, mas ultrapassam os 2500. Em Macau existem 1300 estudantes de Português nas universidades, entre cursos [da língua] ou disciplinas opcionais.” O novo Mestrado “não responde às necessidades do sistema”, garantiu Carlos André. “Nada do que qualquer um de nós está a fazer responde às necessidades do sistema, porque a China é muito grande”, rematou.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasElliot pretende residir em Cantão A 8 de Abril de 1837, segundo o sinólogo macaense Luís Gonzaga Gomes, “O capitão Elliot, plenipotenciário da Inglaterra na China, que residia em Macau por não lhe ser permitida a sua estadia em território chinês, escreveu ao Governador de Cantão, informando-o de que um navio inglês salvara dezassete náufragos chineses e fazendo votos pela continuação da boa amizade entre as duas nações.” É sobre o desenvolvimento cronológico dessa pequena história, onde os ingleses pretendem ganhar a confiança dos chineses e irá terminar na I Guerra do Ópio, assim como o papel nela desempenhado pelo Capitão Elliot, que aqui iremos tratar. Mas antes disso, faremos referência à data de 8 de Abril de 1973 para invocar a morte em Mougins, França, de Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno Maria de los Remédios Cipriano de la Santíssima Trinidad Ruiz y Picasso, artista espanhol nascido em Málaga a 25 de Outubro de 1881, que se dedicou à pintura e escultura e com Georges Braque foi o fundador do Cubismo. De salientar ter o desenho de Pablo Picasso a leitura do Espaço, versus a da forma que representa, pois é o ver pelo interior. Também neste dia, mas a 2013 morreu Margaret Thatcher, a “dama de ferro”. 8 de Abril é o Dia Mundial da Astronomia, excelente para dar atenção ao Céu da humanidade, cuja consciência foge do animal e apenas em laboratório teorizado entra pelas leis científicas da máquina. Sendo ela o protótipo do Ser Humano, que a todo o custo os engenheiros tentam aperfeiçoar, é-nos a máquina agora servida como imagem modelo, e assim por elas normalizados. Observando-nos fora do todo, sem intuição alguma do ânimo, é nesse individual que colectivamente somos legislados. E dizem que andamos em Luta contra o Cancro, que hoje se celebra com um dia mundial e assim, complementamos os dias do calendário anual. Ingleses na China A história seguinte foi compilada pelas Efemérides de António Feliciano Marques Pereira e na Cronologia de Luís Gonzaga Gomes e o que delas citamos não leva aspas para não complicar a leitura, pois são muito frequentes neste texto e trazem muitas vezes as mesmas palavras. Muita água se tinha passado desde que em 1793, o rei britânico Jorge III tentou estabelecer relações comerciais com a China e para isso enviou uma embaixada de setecentas pessoas com inúmeros presentes entre os quais telescópios, cronómetros planetário e modelos de navios de guerra. Mas só dois anos depois da chegada a Beijing, foi concedida ao emissário Lorde Macartney uma audiência com o Imperador Qianlong, já que este não se entendia quanto ao ritual de submissão do ajoelhar e bater com a testa no chão nove vezes antes de falar com o imperador. Ajoelhando-se apenas sobre um joelho pediu que fosse dada permissão para representantes comerciais residirem na China. Num édito chinês foi-lhes recusada residência e a Grã-Bretanha, um potentado mercantil e em vias de industrialização, tendo a Armada mais poderosa do mundo, bombardeou Nanjing. Os manchus entram em decadência em 1796, quando na China foi pela primeira vez proibida a importação de ópio, o único produto que os britânicos desde 1781 traziam para comerciar nos portos chineses, substituindo-o à prata como pagamento do chá, seda, laca e porcelana. Então a Companhia Inglesa das Índias Orientais decide fazer de Macau o centro para o comércio desta droga. Local para o qual o seu pessoal tinha em 1772 recebido licença do Vice-Rei da Índia para residir, mas apenas no período de intervalo entre as feiras de Cantão. “Já desde o início da década de 1780 que os ingleses mostravam um evidente descontentamento com a submissão à jurisdição chinesa em Cantão, por um lado, e à jurisdição portuguesa mista em Macau, pelo outro. Daí que não tivessem levado muito tempo a empreender o projecto de conseguir um acordo entre Calcutá e Goa, de forma a tornear o problema e passarem a gozar do mesmo estatuto privilegiado de que já gozavam em Portugal”, como refere Jorge de Abreu Arrimar. E com ele continuando, “Fechada a China aos seus planos, os ingleses passaram então a exercer pressão sobre Lisboa e Goa, de forma a poderem vir a estabelecer-se em Macau.” Ainda numa nota citando Ângela Guimarães: “O período das duas primeiras décadas de Oitocentos é para Macau de permanente e intensa resistência ao avanço do expansionismo britânico na região, o qual se processa no contexto mais alargado da rivalidade imperialista franco-britânica.” A sorte de Macau Por três vezes a Inglaterra tentou tomar Macau, com o pretexto de vir ajudar os portugueses a se defenderem dos franceses mas, tal como os portugueses não viam com bons olhos esse auxílio, também os chineses se opunham. A primeira tentativa ocorreu em 1802, a segunda em 1807, tendo a 9 de Julho o Governador de Xiangshan enviado uma chapa ao Senado de Macau questionando a razão de aí haverem chegado tantos barcos de guerra ingleses. Por fim, no ano de 1808 vem a ocupação de Macau pelos Ingleses durante três meses. Aí desembarcaram a 21 de Setembro de 1808, com o intento de se apoderarem da cidade e estabelecerem uma grande feitoria da Companhia; e, tomando ao depois o porto de Vampú (Huangpo) para lugar de repouso e passagem, querem fazer subsequentemente outra feitoria da mesma Companhia na metrópole de Cantão, para tomarem a si todas as fazendas dos outros reinos e ficarem cobrando deles os direitos da alfândega. Pela chapa de 12 de Outubro de 1808 dirigida da Casa Branca ao Vice-Rei de Cantão, ao tempo em que o almirante Drury ocupara com tropas inglesas a cidade de Macau, fica-se a saber o que os chineses pensavam sobre o carácter dos ingleses e a diferenciação que faziam do dos portugueses. Texto publicado no ‘hojemacau’ em 4 de Dezembro de 2015. Ao fim de um mês de ocupação de Macau pelas forças inglesas, principiaram os distúrbios entre os chineses e os soldados da força inglesa. A 18 de Dezembro de 1808 o mandarim de Heangshan informou o procurador de que se à meia-noite ainda lá estivessem as tropas inglesas, o exército chinês entraria em Macau, em conformidade com o decreto imperial. No dia seguinte, para alívio e alegria da cidade partiu o esquadrão. Mas os barcos da Companhia Inglesa das Índias Orientais continuavam a fazer comércio em Macau, até que, devido à tarifa imposta aos estrangeiros por Arriaga, os importadores ingleses passam a ancorar os seus barcos com ópio na ilha de Lintin. Arriaga negoceia o tráfico português com os mandarins, mas sem grandes resultados e em 1823 foi tentado levantar as restrições sobre o ópio estrangeiro em Macau. Já os ingleses estavam consolidados em Lintin e por tal não se interessaram com a nova proposta de Arriaga. Tal foi a sorte de Macau, senão “a crise que levou à Guerra do Ópio teria acabado fatalmente com a histórica colónia como possessão portuguesa.” Montalto de Jesus Ir viver em Cantão É aqui que entra o Capitão Elliot, nomeado a 7 de Junho de 1836 pelo governo inglês para superintendente do comércio britânico na China, em substituição de Sir G. B. Robinson. De salientar que a 22 de Abril de 1834, os privilégios da Companhia Inglesa das Índias Orientais na China foram extintos e suspensa a sua sucursal chinesa “devido ao progresso do contrabando privado de ópio”, Jacques Gernet. No entanto, só em 14 de Dezembro é que tal nomeação chegou a Macau. Segundo Marques Pereira diz, “O capitão Elliot, nomeado pelo seu governo presidente da comissão de superintendência do comércio inglês na China, dirige de Macau ao governador da cidade de Cantão, um ofício, pedindo que se lhe permita mudar para aí a sua residência”. E com ele continuando, a 22 de Dezembro ainda desse ano, sem responder à carta que Elliot lhe dirigira, “o governador da cidade de Cantão envia a Macau dois delegados seus, com ordem de inquirirem tudo o que houvesse de verdade acerca da nomeação que Elliot dizia ter recebido do seu governo. Nas instruções dadas aos mesmos mandarins se ordenava também que Elliot fosse constantemente vigiado e que se lhe não permitisse sair de Macau.” O governador de Cantão só a 18 de Março de 1837 deferiu o pedido para Elliot residir naquela cidade. No fim desse mês, num ofício ao governo inglês, Elliot queixava-se da humilhação que sofre no modo de corresponder-se com as autoridades chinesas. – “Dirigem as suas respostas, – diz ele, – aos negociantes chinas, de sorte que falam de mim às vezes, mas nunca me falam a mim”. Uma semana depois, com votos pela continuação da boa amizade entre as duas nações, o capitão Elliot escreve uma carta ao governador de Cantão, informando-o de que um navio inglês salvara dezassete náufragos chineses. A 11 de Abril seguiu finalmente de Macau o capitão Elliot, Ministro da Inglaterra em Cantão para essa cidade. A 19 de Abril de 1837, “o governador da cidade de Cantão, mandou um edital aos negociantes chinas, denominados annistas, que instruíssem o enviado inglês Elliot sobre os termos de respeito que deveria empregar nas petições que houvesse de dirigir a ele governador, – convindo principalmente que nunca o mesmo Elliot se esquecesse de designar a China com as palavras Celeste Império, e bem assim que jamais se enfunasse, como tinha por costume, com a louca suposição de vínculos de paz e amizade entre o Grande Imperador e a pequena Inglaterra. Para evitar de futuro semelhantes ofensas da mais rudimentar cortesia, dispôs também este edital que as petições fossem previamente submetidas ao exame dos annistas, a quem pertenceria verificar se eram formuladas em termos devidos, rejeitando-as quando o não fossem”. Marques Pereira retirou estas informações do Chronology of affairs in China e adita: “Três dias depois Elliot enviou uma carta ao governador de Cantão, expondo a impossibilidade de sujeitar os seus escritos ao exame dos negociantes chinas”. Conseguirá em 25 de Abril, quando “o Governador de Cantão, depois de longas recusas, consente em receber ofícios do enviado Elliot, superintendente do comércio inglês na China, declarando porém que lhe não responderá directamente. Elliot concorda”. Mas seis meses depois, as autoridades de Cantão, isto é, do perfeito da cidade e do militar mais graduado do distrito, enviavam-lhe directamente uma primeira comunicação a 29 de Setembro de 1837. Já anteriormente, a 1 de Junho, tinha também obtido dos mandarins “licença para entrar e sair do porto de Cantão, numa embarcação própria, todas as vezes que assim lhe convenha, não podendo contudo fazê-lo sem lhes participar com antecedência os dias da sua partida e chegada provável”. O conteúdo da comunicação de 29 de Setembro intimava o enviado Elliot ao dever de expulsar desde logo todos os negociantes e navios ingleses que traficavam em ópio. Ordem que só passado um ano deu aos seus concidadãos pois, por intervenção secreta, o chefe superintendente do comércio britânico na China aconselhava os mercadores a não levarem a sério tal proibição e assim o comércio continuou a fazer-se. A 12 de Julho de 1838, chegou a Macau, num navio de guerra, o almirante Maitland, com instruções para proteger o comércio inglês. Encontrava-se já a Rainha Vitória no trono do Reino Unido. Os governantes Qing, apercebendo-se do perigo que corriam com os ingleses, nomearam Lin Zexu em Dezembro de 1838 para acabar com tal comércio, maioritariamente feito pelo porto de Guangzhou. Só a 18 de Dezembro de 1838 “o plenipotenciário Elliot faz uma intimação aos navios ingleses, empregados em comércio de ópio, para saírem do rio de Cantão no prazo de três dias”. A 31 de Dezembro de 1838, “vencido pela impossibilidade de, por outra forma, se dirigir por escrito às autoridades chinesas, Elliot sujeita-se a dar às suas representações a designação do caractere pân (requerimento) e a redacção que em tais documentos se emprega. (China, por Montgomery Martin, vol. II)”, como refere Marques Pereira. Já segundo Alfredo Gomes Dias, “O ano de 1839 iniciou-se com a nomeação, em 3 de Janeiro, do célebre comissário Lin Zexu para delegado imperial em Cantão, tendo por tarefa prioritária terminar de uma vez por todas com o tráfico do ópio. Sem perder tempo, logo no dia 10, as autoridades imperiais de Cantão publicaram uma nota onde proíbem o tráfico do ópio naquela vasta região triangular Cantão, Macau e Hong-Kong, cujo centro era a ilha de Linding (Lintin), base de toda a distribuição da droga naquela vasta região da China.” O confronto que se seguirá, conhecido pela I Guerra do Ópio, tem no início o comando de Lin Zexu, pela parte chinesa e da inglesa, o Capitão Elliot.
Tomás Chio SociedadeTráfego | Governo quer enviar carros abandonados para Cantão [dropcap style=’circle]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) está a estudar a possibilidade de transferir os carros abandonados para Cantão. Já os membros do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários das Ilhas defendem que os donos dos veículos fora de circulação devem pagar mais pela manutenção da sucata e o reboque dos carros, apontando que os veículos velhos podem causar um problema de saúde pública. Segundo o jornal Ou Mun, Kou Kun Pang, membro do Conselho, explicou que a DSAT “vai estudar o planeamento da transferência dos carros abandonados da zona das ilhas para Cantão, sendo que neste momento o planeamento não passa de uma ideia preliminar, não existindo um calendário”. O Conselho espera poder avançar mais detalhes ainda este ano. Lo Wa Kit e Leong Meng Ian, também membros do grupo, consideram que a situação dos veículos abandonados é muito grave nas ilhas, especialmente na zona ao lado da escola de condução, em Coloane. Os responsáveis alertam para o facto destes carros estarem naquele espaço há mais de cinco anos, o que trouxe mais mosquitos e insectos para a área, esperando que o Governo tenha mais preocupação em relação a este assunto. O Conselho referiu ainda que a DSAT já tratou de mais de cinco mil veículos abandonados nos últimos anos, mas devido ao facto do período de inspecção dos veículos ter sido cortado, o número de carros abandonados vai continuar a ser grave, com tendência a aumentar.