Barbatana de tubarão | Importação caiu 44,29% nos primeiros meses do ano

É comum encontrar-se barbatana de tubarão em restaurantes locais, mas nos primeiros cinco meses deste ano chegaram ao território menos 14 toneladas deste produto. Ainda assim, a sua importação representou mais de seis milhões de patacas

 

[dropcap]E[/dropcap]ntre Janeiro e Maio de 2020, Macau importou 11,4 toneladas de barbatana de tubarão (secas, defumadas, salgadas ou em salmoura), equivalentes a mais de seis milhões de patacas e re-exportou mais de uma tonelada, num total de 835.453 patacas. De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a maioria deste produto veio da China Continental.

Estes números representam uma diminuição de 44,29 por cento, em comparação aos primeiros cinco meses do ano passado, quando se importaram 25,7 toneladas de barbatana de tubarão, no valor de quase 17 milhões de patacas.

No geral de 2019, Macau importou cerca de 80 toneladas de barbatana de tubarão, que representaram cerca de 54,2 milhões de patacas. O equivalente a 8,2 por cento desta quantidade foi re-exportada para Hong Kong. A lista de origem das barbatas de tubarão tinha a Austrália no topo, mas alargava-se a países como a China Continental, Espanha, Brasil e Indonésia. Os dados sobre a importação do produto congelado não estão disponíveis por motivos de confidencialidade.

Um relatório da TRAFFIC divulgado no ano passado revelou que a importação média anual de 100 toneladas de barbatana de tubarão entre 2012 e 2017, a valer seis milhões de dólares americanos por ano, tornava Macau no terceiro maior importador em termos de valor económico. Na altura apontava-se que cerca de 40 por cento dos hotéis e 32 por cento dos restaurantes chineses questionados se tinham barbatana de tubarão no menu responderam afirmativamente.

No ano passado, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) indicou estar a acompanhar o conteúdo do relatório. Questionada se fizeram mudanças desde então, a DSE respondeu que continua a promover as leis da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção. Referiu ainda ao HM que trabalha com o Instituto para os Assuntos Municipais e a Alfândega para supervisionar a situação, “combater o comércio ilegal” e “proteger espécies selvagens da ameaça de extinção”.

O organismo descreve que monitoriza o comércio de acordo com a “Lei de execução da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção”, nomeadamente ao proibir a importação e exportação de marfim por motivos comerciais. E ressalvou que a comercialização de tubarão e barbatana de tubarão é regulada por uma licença.

Ameaças paralelas

Um guia da WWF sobre espécies marinhas ameaçadas, lançado no ano passado, explica que quase 40 espécies de tubarão estão em risco de extinção. Descreve que espécies como os tubarões baleia, brancos e martelo, estão sujeitos a restrições comerciais no âmbito da CITES, e que vários países já proibiram a posse ou venda das suas barbatanas.

No entanto, vale a pena notar que os tubarões também são postos em perigo com a pesca excessiva de outras espécies. “Considera-se que a pesca para consumo humano tem o maior impacto sobre a biodiversidade oceânica, fazendo com que um em cada três estoques de peixe seja considerado pesca excessiva e levando à captura acidental de espécies como tubarões, aves marinhas e tartarugas”, diz o “Living Planet Report” da WWF, publicado este mês. O relatório mostra a diminuição de 68 por cento de mamíferos, pássaros, anfíbios, répteis e peixe entre 1970 e 2016.

21 Set 2020

Apreensão recorde de 26 toneladas de barbatanas de tubarão em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Hong Kong apreenderam um carregamento recorde de 26 toneladas de barbatanas de tubarão, proveniente do Equador e avaliado em 8,6 milhões de dólares de Hong Kong, noticiou o jornal South China Morning Post.

Embora as imagens de raios-X não mostrassem mercadorias suspeitas, os agentes da alfândega desconfiaram de documentos e rotulagens em espanhol, o que levou à abertura das embalagens, que supostamente continham peixe seco.

“Não é comum que mercadorias de importação sejam descritas em outro idioma que não o inglês”, disse na quarta-feira um dos responsáveis da alfândega, Danny Cheung, que falou sobre a remessa, avaliada em 8,6 milhões de dólares de Hong Kong.

As barbatanas, segundo os especialistas de Hong Kong citados pelo jornal, provêm de 38.500 tubarões de duas espécies diferentes ameaçadas e encheram dois contentores de 13 toneladas cada.

Os contentores chegaram ao porto de Hong Kong em janeiro, vindos do Equador, com dez dias de intervalo, mas as autoridades aduaneiras só os abriram em 28 de abril. A tarefa de inspeção durou até 04 de maio. As duas remessas tinham o mesmo remetente e destinatário.

Até ao momento, apenas foi detido um homem de 57 anos, proprietário da empresa de logística, embora tenha sido libertado sob fiança enquanto a investigação continua.

Segundo Cheung, parte do ‘stock’ iria para lojas e restaurantes de Hong Kong, enquanto outra parte seria destinada aos mercados do Sudeste Asiático, onde se atribui propriedades afrodisíacas e medicinais à barbatana de tubarão.

Ao longo de 2019, 12 toneladas de barbatana de tubarão apreendidas em Hong Kong resultaram em 13 detenções. Um ano antes, a mesma alfândega apreendeu 641 quilos dessa mercadoria e deteve cinco pessoas.

A Lei de Proteção de Espécies Ameaçadas de Animais e Plantas de Hong Kong prevê que a importação, exportação ou repressão de espécies ameaçadas sem licença pode resultar numa pena máxima de dez anos de prisão e numa multa até dez milhões de dólares de Hong Kong.

7 Mai 2020