Andreia Sofia Silva EventosExposição | Dez artistas de Macau vão a Amesterdão mostrar as suas ilustrações A quarta edição da exposição “Art of Illustration” acontece este ano em Amesterdão, capital da Holanda, e tal como já vem sendo hábito junta dez artistas locais e dez de Macau, numa partilha de experiências e visões artísticas. Christine Barbosa, responsável pela associação cultural YunYi, explica o que o público poderá esperar [dropcap style≠‘circle’]U[/dropcap]ma dezena de artistas de Macau vão ter a oportunidade de expor os seus trabalhos, da área da ilustração, num dos grandes e históricos centros artísticos, sob o tema “Futuro”. O resultado será apurado da fusão entre oriente e ocidente que, no final, se transforma numa exposição conjunta em dois países diferentes. É assim a quarta edição da exposição “Amesterdam and Macau – Art of Illustration”, uma iniciativa da associação Yunyi Arts & Cultural Communications e que decorre no espaço Nieuw Dakota / Translocal Art Space, na capital holandesa. Christine Hong Barbosa é a curadora e explicou ao HM os trabalhos dos dez artistas de Macau que participam este ano e que viajarão para a capital holandesa em Agosto. Posteriormente, a mesma exposição terá lugar em Macau. “É o quarto ano que fazemos este evento anual e queremos fazer com que as pessoas falem mais sobre as diferentes formas de utilização da ilustração, seja na arte ou no comércio. Esta iniciativa tem corrido muito bem e tem permitido às pessoas de outros países e regiões aprender mais sobre os artistas de Macau e também abre os nossos olhos a outras tradições e culturas diferentes. Este ano vamos para Amesterdão porque é a capital da arte, há imensas galerias.” Sob o tema “Futuro”, artistas como Pat Iam (Pibg Gantz), ligado ao graffiti, Joana Borges, Monica Bernie Darling, Bruno Kuan ou Sandy Ieong, entre outros, vão mostrar os seus trabalhos. Christine Hong Barbosa defende que a escolha dos artistas não passa apenas pelos nomes mais conhecidos do panorama artístico local. “Sempre pensei que fosse desafiante procurar tantos ilustradores, mas para minha surpresa ainda não repeti nenhum artista. O meu trabalho de curadoria baseia-se muito nas pessoas que já conhecem este evento e que me podem recomendar outros artistas que estejam no mesmo circulo. A Joana Borges, por exemplo, foi-me recomendada por alguém que participou na edição passada.” A responsável pela Yunyi Arts & Cultural Communications garante que “há alguns artistas que já são conhecidos em Macau, mas há outros também que não são famosos, mas que são bastante criativos e têm talento”. “Alguns artistas não têm um estilo específico e ainda estão a experimentar muitas coisas”, exemplificou Christine Hong Barbosa. Arte em autocolante Joana Borges faz ilustrações nos tempos livres e ainda não se assume como artista. Participar nesta exposição e ir a Amesterdão é, para ela, uma oportunidade, uma vez que nunca expôs o seu trabalho publicamente. “Vou levar um quadro que se chama ‘Georgia on my mind’ porque tem a ver com a música com esse nome e outros conceitos mais pessoais. Esse quadro é feito com autocolantes que eu reutilizei e pintei com acrílico, em papel escrevi partes da letra da música e de frases feitas por mim. O outro quadro é roxo e azul, feito com acrílico, e dá um efeito de buraco negro no universo. São todas emoções num turbilhão, criadas numa tela”, explicou ao HM. A ideia de trabalhar com autocolantes começou quando uma amiga de Joana Borges teve problemas pessoais. “Comecei em 2016 porque tinha uma amiga que estava a passar um mau bocado e resolvi fazer autocolantes entre o caminho de casa até ao local do trabalho dela. Os autocolantes tinham desenhos e frases. Outras pessoas disseram que tinham visto e que tinham reconhecido a letra da música, e aí pensei que deveria explorar mais isso. Comecei a pôr outros desenhos e frases e comecei a espalhar alguns autocolantes por aí. Comecei a evoluir para o desenho.” Em Amesterdão, Joana Borges vai mostrar um pouco daquilo que tem vindo a fazer nos últimos meses, mas ainda hoje não assina aquilo que faz. “Raramente identifico as minhas obras porque não considero que seja importante o nome de quem fez, mas a obra em si.” Estar na capital da Holanda vai ser importante “nem que seja pela ligação que vou fazer com os outros dez artistas e pelo facto de espalhar autocolantes em Amesterdão, Paris e Lisboa”. “Vou tentar espalhar pela Europa o que tenho andado a fazer nos últimos meses, mas esse não é o objectivo”, acrescentou Joana Borges. Para Christine Hong Barbosa, é interessante abordar as diversas perspectivas da ilustração porque há uma maior liberdade. “Não temos restrições ao nível do conteúdo da obra mas apenas referente ao tamanho. Podem fazer trabalhos digitais, com aguarelas, utilizando qualquer estilo com que se sintam à vontade. Queremos que os artistas interpretem isso de acordo com o seu estilo próprio e assim poderemos ver diferenças entre as visões de Macau e dos artistas de Amesterdão, sempre baseadas nas suas próprias culturas e vivências.” “A ilustração é algo completamente livre, não tem restrições, cada um pode fazer da maneira que quiser. Não é preciso ter ferramentas especificas, e este evento está relacionado com pessoas que não precisam de ser artistas profissionais mas que podem simplesmente ter a sua própria voz”, rematou a responsável pela Yunyi Arts & Cultural Communications.