David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesO concerto de Jacky Cheung Jacky Cheung (張學友), o famoso cantor de Hong Kong apresentou um concerto em Macau que recebeu óptimas críticas das quais se destacam em particular dois comentários. Primeiro, o concerto fez aumentar as receitas do casino. Em média, a receita diária do jogo em Maio foi de 684 milhões de patacas, mas nos primeiros 22 dias de Junho, atingiu os 14,8 mil milhões, com uma média diária de jogo de 670 milhões. Junho é infelizmente um período de época baixa para o turismo, mas as receitas diárias do jogo foram comparáveis às de Maio, o que prova que o concerto atraiu muitos fãs de Jacky Cheung para Macau e ajudou a economia da cidade. Jacky Cheung fará seis concertos em Macau entre Junho e Julho. O Citibank emitiu um relatório onde se afirma que os concertos de Jacky Cheung impulsionaram o desenvolvimento económico de Macau, tendo as receitas do jogo em Junho subido dos esperados 19 mil milhões para os 19,75 mil milhões. O HSBC também emitiu um relatório onde é dito que as receitas do jogo em Junho podem atingir valores entre os 19,7 e os 20,4 mil milhões. Um cantor internacional tem capacidade de trazer um lucro adicional de 700 milhões a Macau. Isto mostra como Jacky Cheung é querido dos seus fãs e a dimensão do seu carisma. Jacky Cheung estreou-se nos anos 80 e está no activo há quase 40 anos. Os seus fãs cresceram com ele e são representantes de todas as faixas etárias, jovens, gente de meia-idade e também pessoas da idade de Cheung. Com uma base de fãs muito alargada, não surpreende que os seus concertos estejam sempre esgotados. Se Macau pretender desenvolver a economia atraindo para os seus palcos cantores internacionais, deve tomar em linha de conta as suas bases de fãs. Quanto maior ela for, maior será o número de pessoas que se desloca a Macau para ver o concerto e maiores serão os benefícios económicos para a cidade. Para atingir este objectivo, Macau pode considerar a possibilidade de oferecer descontos a estes artistas no aluguer das salas e fornecer aos fãs facilidades de transporte para facilitar as viagens de e para os seus locais de origem; também pode organizar transportes para que os fãs visitem as áreas mais frequentadas pelos habitantes locais e os sectores não turísticos possam beneficiar do afluxo de consumidores. Macau também pode aproveitar esta oportunidade para desenvolver sectores de actividade para lá da indústria do jogo, o que trará centenas de benefícios e nenhum prejuízo. O segundo foco do concerto é a utilização do cantonês e do mandarim. Durante o concerto, os fãs oriundos da China continental pediram a Jacky Cheung que falasse mandarim, ao que ele respondeu: “Peço desculpa, mas não falo mandarim.” Perguntaram então a Jacky Cheung: “Quantas pessoas falam cantonês?” Os fãs que falavam cantonês gritaram imediatamente “uau”. Depois, Jacky Cheung disse em mandarim: “Desculpem, mas não dá. Vá lá, aprendam cantonês.” Os gritos de “uau” dos fãs mostraram que a maior parte falava cantonês. Mesmo assim, Jacky Cheung cantou algumas canções em mandarim e os fãs da China continental ficaram muito felizes. Além disso, a frase de Jacky Cheung, “Não falo mandarim, vá lá, aprendam cantonês”, foi aclamada pelos cibernautas, que lhe chamaram “Embaixador da Promoção do Cantonês” e que o elogiaram pela sua grande inteligência emocional. Os concertos são parte da indústria do entretenimento. Desde que os fãs fiquem felizes, que diferença faz se se usa o mandarim ou o cantonês? As pessoas que vão assistir a um concerto deveriam esquecer a barreira da língua, mergulharem no espectáculo, desfrutarem de cada momento, integrarem-se na atmosfera festiva e fazerem tudo para proporcionar a si próprios a maior felicidade possível. É para isto que serve assistir a um concerto. A música é a linguagem comum da humanidade e pode eliminar barreiras entre as pessoas. Pensem nisto, sempre que ouvem música, só podemos apreciar canções cantadas na vossa própria língua? Para além de canções em cantonês, também ouvimos canções em mandarim, em inglês, em coreano, em japonês, etc. Ao compreender isto, podemos quebrar a barreira e língua e divertirmo-nos todos. Nos últimos anos, o poder da China aumentou muito, a economia desenvolveu-se rapidamente e o investimento estrangeiro também aumentou. Baseados no princípio que orienta as transações comerciais “os interesses económicos em primeiro lugar”, começa a ser comum os homens de negócio estrangeiros usarem o mandarim para comunicar com os seus parceiros chineses. Em 1972, as Nações Unidas classificaram os “caracteres chineses simplificados” como uma das seis “línguas comerciais” a par do inglês, do francês, do russo, do árabe e do espanhol. Todos os documentos oficiais das Nações Unidas são escritos nestas seis línguas, e o dia 20 de Abril foi escolhido como o “Dia da Língua Chinesa das Nações Unidas”. Actualmente, cerca de 1,5 mil milhões de pessoas falam chinês em todo o mundo e a importância desta língua é evidente. “Comunicação negocial” e “necessário para os assuntos de estado” demonstram que a partir de uma perspectiva política e económica, a procura global pela aprendizagem do mandarim cresce de dia para dia. De futuro, as pessoas que falam mandarim terão vantagem quando negoceiam com chineses. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Faculdade de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau
João Luz EventosCinema | Ng Man-tat, um dos mais populares actores de Hong Kong, morreu no sábado Com uma filmografia extensa, desde os finais dos anos 70, Ng Man-tat será para sempre recordado como parceiro de ecrã de Stephen Chow, incluindo em sucessos de bilheteira como “Shaolin Soccer” e “All for the Winner. Ng Man-tat morreu no sábado, vítima de cancro no fígado, deixando para trás uma carreira com mais de 150 filmes “Ele partiu pacificamente, morreu enquanto dormia”. A curta declaração de Tenky Tin Kai-man, presidente da Federação de Cineastas de Hong Kong, anunciou no sábado a morte do amigo Ng Man-tat, um dos actores mais populares de Hong Kong, depois de uma batalha inglória contra o cancro no fígado. Partiu assim, aos 70 anos, uma das lendas da indústria cinematográfica do território vizinho e um dos mais famosos actores chineses do final do século passado. Com mais de 150 filmes no currículo, Ng Man-tat ficará para sempre associado a Stephen Chow, o rei da comédia de Hong Kong, com quem contracenou em alguns dos filmes de maior sucesso da indústria da região vizinha. A dupla viria a partilhar o ecrã em algumas das mais populares comédias ao estilo Hong Kong, o chamado “Mo lei tau”, um conceito fílmico assente no absurdo e na paródia como veículos para retratar características culturais chinesas. Entre os filmes mais marcantes da carreira de Ng Man-tat destaque para “All for the Winner”, onde interpreta o papel de Blackie Tat, o tio da personagem interpretado por Chow, “Shaolin Soccer” o êxito de bilheteira mundial que transporta para o mundo do futebol as habilidades físicas sobrenaturais do kung fu de monges de Shaolin. Ficam também na memória filmes como “Fight Back to School”, “The God of Cookery” (que leva para uma dimensão louca concursos de culinária) e “Sixty Million Dollar Man” uma insana comédia inspirada na “Máscara” protagonizada por Jim Carrey. Vida e obra Natural de Xiamen, Ng chega a Hong Kong com cinco anos na década de 1950. Durante os anos 70 frequenta cursos de representação organizados por estações televisivas, onde chega a ser colega de turma de Chow Yun-fat, outro dos mais conhecidos actores de Hong Kong. No final dos anos 70 e início dos 80s ganha notoriedade em aparições no pequeno ecrã. O salto para o grande ecrã dá-se em 1981, com o filme de estreia de uma longa carreira “Heroic Cops”, que retrata a luta entre um polícia e um chefe de uma tríade, com o colega e amigo Chow Yun-fat no elenco, assim como Danny Lee. A ascensão na carreira e a fama trouxeram ao actor uma vida de excessos, onde não faltaram doses copiosas de álcool, vício do jogo e muitas mulheres. De acordo com o South China Morning Post, nesta altura Ng Man-tat acumulou dívidas a rondar 300 mil dólares de Hong Kong. Em desespero, chegou a pedir ajuda a Chow Yun-fat, que rejeitou emprestar-lhe dinheiro. “Sentia-me envergonhado de ter de declarar bancarrota. Tinha de encontrar uma saída. Como no início não queria admitir problemas à minha família, acabei por pedir dinheiro a Chow Yun-fat”, admitiu o actor, há uns anos, em entrevista a um órgão de comunicação social do interior da China, citado pelo jornal de Hong Kong. “Ele era um actor de grande sucesso, muito popular e fez muito dinheiro. Pedi-lhe 300 mil dólares de Hong Kong nos anos 80, mas ele recusou. Fiquei chateado. Ele não me emprestou dinheiro, nem me explicou porquê”, acrescentou. Mais tarde entendeu que o amigo não me deu a quantia porque isso não o iria ajudar. Assim sendo, declarou falência e trabalhou com afinco para recuperar terreno perdido. Foi nessa altura que começou a contracenar com Stephen Chow, criando uma das mais prolíferas e amadas duplas do cinema de Hong Kong. A fama de Ng Man-tat foi muito além das fronteiras de Hong Kong. Em 2017, entrou em “The Wandering Earth”, um filme chinês de ficção científica que foi um enorme êxito de bilheteira, com lucros de cerca de 700 milhões de dólares norte-americanos. As notícias da sua morte atraíram mais de 2.1 mil milhões de visualizações no Weibo e nas redes sociais em Macau e Hong Kong foram lançados apelos à visualização dos filmes com Ng Man-tat no Netflix, para que cheguem à lista de popularidade “trending” no site de streaming.