Canídromo | SJM quer desenvolver PME e indústrias criativas e culturais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ngela Leong, directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) afirmou que já apresentou ao Governo várias propostas sobre o futuro no Canídromo de Macau, cujo contrato acaba já no próximo mês. A directora mostra-se esperançosa quanto ao futuro e conta renovar a licença por mais dois ou três anos.
Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Angela Leong referiu, ontem, que está a negociar com o Governo sobre o futuro da Companhia de Galgos Yat Yuen, mas que ainda não há decisão. Ainda assim a directora afirmou que espera que possa renovar o contrato de exclusividade por mais dois ou três anos, de forma temporária. angela leong
A directora executiva avançou que a SJM já apresentou várias propostas para o desenvolvimento de pequenas e médias empresas (PME) e indústrias culturais e criativas no Canídromo, sugerindo construir uma “residência de jovens” ao lado do Canídromo para que arrende os imóveis a jovens com uma renda mais barata.
Questionada sobre o valor de novo investimento e de construção de novas instalações, Angela Leong disse apenas que depende do período de renovação aprovado pelo Governo.
Ao Governo, em Setembro passado, foi entregue uma petição da autoria da Anima – Sociedade Protectora de Animais, para o encerramento do Canídromo. Iniciativa que recolheu 340 mil assinaturas só através das redes sociais. Em reacção, Angela Leong diz que é necessário que o Governo recolha opiniões de residentes para estudar o seu desenvolvimento.

23 Nov 2015

Proibido fumar | Um ano depois, quais as consequências?

Nas salas VIP, ainda se fumega. E no mercado de massas, que efeito teve a proibição?

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um ano depois da interdição de fumar nas zonas comuns dos casinos de Macau, as operadoras de jogo tentam travar uma proibição total, que abranja as salas VIP, com receio de diminuição das receitas. A interdição parcial de fumo de outubro de 2014 deixou de fora as salas VIP dos casinos, dos grandes apostadores, e abrangeu apenas as áreas comuns do denominado mercado de massas.
O receio é que a proibição de fumar nas salas VIP agrave ainda mais a tendência de queda das receitas dos casinos, que caem ininterruptamente desde Junho de 2014. E o mercado de massas?
“É virtualmente impossível quantificar com precisão o impacto negativo da interdição de fumar no mercado de massas”, em vigor há pouco mais de um ano, observou Grant Govertsen, analista da Union Gaming, recordando que as receitas dos casinos já estavam em queda quando a legislação começou a ser aplicada, influenciadas pela convergência de uma série de fatores, como a campanha anticorrupção lançada por Pequim ou o abrandamento da economia chinesa.
“Dito isto, e baseado em conversas com membros da indústria, parece que houve provavelmente um impacto negativo de três ou quatro pontos percentuais nas receitas do mercado de massas”, afirmou.
Ricardo Siu, professor da Universidade de Macau, com artigos publicados sobre a indústria do jogo, afina pelo mesmo diapasão, quando estima um impacto directo de idêntica ordem e também com a ressalva de que, “de facto, muitos factores misturados e em conjunto contribuíram para a queda das receitas de jogo”.
“O impacto da proibição parcial de fumar nas receitas de jogo do mercado de massas pode não ser significativo em comparação com outras medidas restritivas tomadas pelo governo chinês”, realçou.
A queda das receitas dos casinos de Macau deve-se, por outro lado, aparentemente, a um maior declínio no segmento VIP. “Se forem permitidas salas para fumadores para o segmento VIP, o efeito negativo nas receitas brutas do jogo poderia ser menor”. Mas “só vai ser possível avaliar os efeitos reais quando os detalhes dos regulamentos relacionados forem confirmados”, observou Ricardo Siu.
O Governo de Macau estima que a proibição total do fumo nos casinos em geral tenha um impacto nas receitas de jogo de entre 2,76 e 4,6 por cento, segundo uma avaliação preliminar dos Serviços de Saúde e da Direção de Inspecção e Coordenação de Jogos.
As operadoras de jogo têm alertado para o impacto negativo na economia de tal medida, tendo, com base num estudo conjunto encomendado à consultora internacional KPMG, avançado a possibilidade de fazer cair o Produto Interno Bruto (PIB) em 16%, defendendo, portanto, a manutenção de salas de fumo.

23 Nov 2015

Fórum Macau | Colóquio sobre inspecção comercial junta 21 participantes

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ortugal trouxe a Macau quatro profissionais da área de inspecção comercial e económica para participarem no 5º colóquio organizado pelo Centro de Formação do Fórum Macau. De acordo com uma das representantes da Autoridade de Segurança Alimentar (ASAE) portuguesa, o país veio aqui trocar impressões sobre o modelo utilizado para inspeccionar este tipo de negócios. “Há uma diversidade de aplicação e articulação aqui na RAEM distinta da que temos em Portugal. Mas também não nos podemos esquecer que temos realidades completamente diversas. Portugal tem (…) regras muito bem definidas para países que fazem parte da UE”, disse à TDM uma das participantes do colóquio, Cristina Caldeira. “O que tiramos daqui é essa partilha e forma de estar que também nos ensina, de alguma forma, a melhorar o nosso desempenho em Portugal”, continuou.
O colóquio, que aconteceu entre os dias 8 e 22 de Novembro, juntou 22 representantes do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique. O brasileiro Felipe Carvalho foi outro dos participantes. A representar o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, assegura ter vindo ao território para ter Macau “como exemplo”. As delegações vieram à RAEM para ver como se fazer os serviços de inspecção por estes lados. “O Brasil é um país muito grande, muito diverso e temos diversas entidades de níveis políticos diferentes e por isso a inspecção das actividades económicas e comerciais é muito mais dispersa”, acrescentou.
Os visitantes visitaram vários serviços públicos e instituições de ensino como a Universidade de São José, entidade co-organizadora do colóquio. De acordo com declarações da Coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado do Fórum Macau, Cristina Morais, estão pensados mais três colóquios para breve. “Prevemos organizar cerca de três colóquios. Actualmente os temas ainda estão a ser considerados no seio do Secretariado Permanente porque vamos dar prioridade à organização da 5ª Conferência Ministerial do próximo ano”, disse a responsável à TDM.

23 Nov 2015

Salários | Relatório prevê subida da Administração e marasmo no sector privado

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m relatório internacional mostra que Macau está em penúltimo lugar, de entre uma lista de 20 países e regiões asiáticos, quando se fala do aumento do salário médio no próximo ano. O mesmo documento prevê que o ordenado oferecido pelas empresas privadas locais não vai aumentar de forma significativa. Segundo do jornal Ou Mun, o órgão consultivo internacional para a gestão de recursos humanos, ECA, publicou um relatório sobre tendências de salário, onde se afirma que o ordenado médio mundial deverá aumentar 5,1%, sendo a percentagem mais baixa dos últimos anos. No ranking asiático, Macau encontra-se no fim da linha, abaixo de si ficando somente o Myanmar.
Um especialista de Economia – cujo nome não foi identificado – citado pelo jornal chinês considera que “o aumento da taxa salarial se baseia na informação e nos dados do ambiente económico, inflação e salário das várias profissões”, mas está pouco confiante de que a tendência se alastre para o sector laboral privado. “Havia um crescimento económico negativo, e é louvável que o salário dos funcionários públicos seja alvo de um aumento no próximo ano, mas o mercado privado não deve seguir a tendência do Governo”, disse o mesmo especialista. “Como Macau é uma região desenvolvida, o salário médio fixa-se num nível mais alto. As empresas privadas não contrariam a inflação de acordo com o crescimento de salário”, finalizou.
São factores como a campanha anti-corrupção do Governo Central, o declínio no negócio dos casinos, a diminuição do imposto sobre o Jogo e a queda das receitas dos sectores aliados ao dos casinos que justificam a manutenção do mesmo salário médio do sector privado. Também os sectores adjacentes ao Jogo verão, diz o economista, uma diminuição da força laboral. Há ainda a hipótese da percentagem de desemprego vir a crescer. Ultimamente, as operadores de Jogo têm apostado mais na formação dos profissionais já empregados para responder às necessidades dos consumidores sem recorrer a contratações extras. Estes funcionários podem assim ser transferidos de uma área de especialização para outra sem necessidade de mais mão-de-obra, explica o Ou Mun.

23 Nov 2015

Marjory Vendramini, directora da Associação Berço da Esperança

São mais de 20 anos a cuidar dos filhos dos outros. Duas décadas de dedicação a crianças com marcas psicológicas e registos de vários tipos de violência. Do Brasil até Macau, a missão tornou-se a causa maior da vida da directora Marjory

Como era o cenário de Macau há 22 anos, quando avançou com a ideia de criar esta associação?
O que nos fez começar este projecto foi o caso de um bebé abandonado num contentor do lixo, tornado público pelos jornais. Nessa altura, depois de ler a notícia, fiquei motivada em ajudar aquela criança. Entrei em contacto com o Instituto de Acção Social (IAS) e percebi que não existia em Macau nenhum orfanato, nenhuma instituição que cuidasse de crianças os zero aos três. Nada.

Levou a criança para sua casa?
Sim, durante quatro meses. Foi a primeira família de acolhimento em Macau e esse era o programa que se gostaria de iniciar na altura. A questão é que surgiram mais crianças e – eu e o meu marido – decidimos não ficar mais em casa, porque eu já tinha cinco crianças, mais o meu filho. Depois disso, arrendámos um apartamento pequeno, na Taipa, e ficámos lá como associação de Março de 1994 até ao final de 1996.

Mas continuaram a crescer…
Sim, muito. Cada vez havia mais crianças. Foi depois de 1996 que o IAS nos doou o primeiro espaço que era na Nova Taipa. Mas as necessidades mantiveram o ritmo, e cresciam cada vez mais, o número de crianças aumentava sempre. O que não é de estranhar porque somos a única associação desta faixa etária em Macau.

Mas com o crescimento das crianças a base da vossa associação mudou.
Pois, é verdade. No início as crianças eram para ficar temporariamente, a curto prazo. Aos três anos voltavam para a família ou teriam de ser adoptados. Mas esta última opção era uma problemática, porque grande parte destas crianças tinhas as suas famílias, não podiam ser adoptadas. Assim estas crianças tinham de ir para algum lugar, mas não podiam ficar connosco porque só tínhamos licença até aos três. Com esta problemática nas mãos surgiu a ideia de criarmos um novo espaço para as crianças mais velhas. Foi um processo, porque não conseguíamos encontrar o lugar apropriado. Até que um dia recebemos a visita do Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente, que veio entregar-nos uma prenda de natal que era uma carrinha. Foi um momento de muito emoção e lembro-me de ele me perguntar quais as nossas maiores dificuldades e o que estávamos a precisar. E eu contei-lhe que algumas crianças teriam de sair da nossa tutela porque não tínhamos encontrado um espaço.

Quantas crianças tinham nessa altura?
Nessa altura estávamos acima daquilo que esperávamos e devíamos. Tínhamos uma licença de 18 crianças mas connosco estavam 26, das quais nove já ultrapassavam os três anos. marjory

Foi então que a Fundação Oriente doou o novo espaço?
Sim, ele ouviu a história, olhou para mim e disse que tinha um espaço ideal. Ele próprio tinha adoptado 12 crianças e tinha esta intenção de doar o espaço para esta causa, só ainda não tinha encontrado a instituição. Foi assim que aconteceu. Depois de obras, tudo isto em 2000, abrimos aquele espaço para podermos manter as crianças até aos 12 anos, que depois cresceu para os 18. Licença que se mantém até agora.

Quantas crianças estão à guarda da associação neste momento?
No Berço e na Fonte Esperança, nos dois espaços, temos 72 crianças, 30 com idades entre os zero aos seis, e 42 dos seis até aos 18. Temos lugar até 84 crianças.

Imaginava tantos casos de crianças em risco quando quis ficar com aquele bebé em 1993?
Não, nunca. No início pensámos em adoptar aquela criança, mas depois começámos a perceber que o problema era bem maior do que aquele que parecia ser. Não era só uma criança, eram muitas. São muitas.

Quais são as maiores dificuldades que a associação sente e ultrapassa neste momento?
Os dois maiores problemas é a falta de mão-de-obra e os problemas que as crianças têm apresentado, a solução para esses problemas. São questões emocionais, psíquicas.

Mas existem profissionais especializados para o tratamento destas crianças?
Temos uma psicóloga. Uma apenas. Vem de Hong Kong, porque Macau não tem este tipo de profissionais preparados para lidar com estas questões. Tem uma psicóloga no hospital, que é muito profissional, mas é só uma, e está cheia de trabalho. Já nos ajuda no que pode. De forma particular vem então a psicóloga de Hong Kong, mas só uma vez por semana. Temos também assistentes sociais que têm de trabalhar nesta parte, mas claro não é suficiente. Há aqui uma grande questão de preparação também, que é o facto dos profissionais recém-formados não estarem preparados para esta realidade, nem sabem o que significa este trabalho.

O recrutamento é difícil?
Muito difícil. Não há muitas pessoas que queiram trabalhar aqui. Devido ao horário de trabalho, aos problemas que se encontram. A própria estrutura do trabalho, não é fácil trabalhar com crianças. É preciso um perfil especial, não é qualquer pessoa que consegue. É difícil de encontrar alguém em Macau. Também pelas ambições que cada profissional tem para si. Se pudéssemos gostaríamos, por exemplo, de ter professores para trabalhar com as crianças, mas é difícil, não conseguimos encontrar ninguém.

E os voluntários?
Sim temos, o trabalho voluntário e de grande importância, pois fazem o trabalho de coração. Há várias pessoas que nos ajudam como por exemplo: cabeleleiros profissionais, que uma vez por mês vêm ao nosso lar e cortam o cabelo às crianças. Também a escolinha de futebol do Benfica que dá aulas as crianças gratuitamente, sem falar em várias senhoras do clube International de senhoras de Macau que vêm ao nosso lar para passear e fazer atitvidades com os bebés. Assim como muitos advogados que nos dão assistência profissional, sem cobrar qualquer honorário.

Até pelo ambiente…
Exactamente, estar numa instituição não é o ambiente ideal. O ideal seria estar em família, se estivessem bem, claro. São os problemas que as fazem estar aqui, mas uma instituição nunca é o lugar ideal para uma criança. Até pelas coisas pequenas, por exemplo a mudança dos pessoal trabalhador, isso cria instabilidade emocional para a criança, em termos de segurança e confiança. Ferramentas muito necessárias para que as crianças consigam criar uma ligação, e só assim é que é possível trabalhar com elas. Não pode haver medo.

Sentimento comum na educação chinesa…
Sim, mas aqui não permito isso. O pessoal aqui não pode trabalhar com a regra de impor o medo, aqui não há esse tipo de trato. Fazemos muito treino e formação nessa área.

Como é que acompanha 72 casos tão delicados?
Eu tento acompanhar. Faço metade do meu tempo nos dois espaços, no Berço e na Fonte, e vou-me metendo a par de cada caso.

É importante referir que estas crianças não estão para adoptar.
Sim, estas não. É errado pensar que estas crianças estão para processo de adopção. Não. Elas foram retiradas ou entregues pelas famílias que não conseguem educá-las. Estão aqui num regime provisório, que às vezes acaba por ser até aos 18 anos. A designação correcta para a nossa associação é Lar Residencial.

Há 22 anos a acompanhar estas vidas, são muitas os momentos intensos vividos…
Tantos. Este ano é um ano desses. Cinco crianças que nos foram entregues ainda em fase bebé fizeram agora 18 anos e, claro, tiveram de seguir sua vida. É muito difícil, muito. Pelo menos três delas já cá estavam com menos de três anos. Por mais que tentes ser profissional não consegues: são filhos, são pessoas, são da casa. A saída destas cinco crianças, principalmente estas três, fazem-me olhar para trás e pensar que se calhar até fizemos um bom trabalho.

Mas continuam a acompanhar estes jovens?
Claro. Quero ver como é que estas crianças seguem. Estas não foram as primeira a ir embora, já tivemos crianças que voltaram para casa mais cedo, para as suas famílias.

E comparando os casos, quais as conclusões?
Se comparamos as crianças que fizeram os 18 anos aqui com as crianças que saíram antes, posso dizer que as primeiras estão num caminho muito melhor. A maioria, não são todas. Estas que fizeram todo o seu percurso aqui vejo que têm o seu futuro planeado. Dos cinco, uma voltou para casa, outra está na China, a estudar na Universidade, outros dois estão a estudar também em Taiwan e uma está em Macau. Esta última tem sido um presente para todos nós. Foi uma criança que conseguiu uma bolsa de estudo, é muito aplicada e estudiosa. E todos os restantes estão a ser bons alunos.

Essa é a maior recompensa para a associação…
Sim. O que mais queremos é quebrar o ciclo de miséria, de pobreza, de violência. Todos este valores se envolvem uns com os outros, parecem sempre todos encaixados uns nos outros. A negligência, com a miséria, com a pobreza, com a doença, vício. Estas são sempre as raízes. Uma coisa atrai a outra.

Por receber crianças tão novas é mais fácil de trabalhar?
Pois, o número de casos de crianças com estes problemas é menor, porque são mesmo muito pequeninas. Mas em 2007, 2008 começamos a receber crianças mais velhas e este tipo de criança viu coisas, passaram por coisas. Violência, foram maltratadas, passaram fome. Há bem pouco tempo uma das crianças olhou para mim e disse “não tinha o que comer”. Não tinha água, não tinha banho, não tinha onde dormir.

Como é que uma criança supera isso?
É muito difícil uma criança transmitir estas ideias e as situações pelas quais passou. É preciso ser feito um trabalho muito, muito mesmo, profundo, para que ela consiga começar a falar. É muito raro uma criança conseguir falar, o que denúncia os seus traumas é o comportamento. Na escola, a agressividade, a atitude deles para com as outras crianças. Nos mais velhos é difícil.

Qual é o papel da família depois da criança ser entregue à vossa associação?
Há um procedimento, mas, claro, cada caso é um caso. Quando a criança chega, a família pode visitar, mas isto só acontece depois de um período de tempo. Normalmente seis meses. Nos primeiros meses a família só pode visitar com o acompanhamento de um assistente social e dependendo da atitude da criança com os pais, eles podem começar a ir à rua. Mas tudo depende da reacção. Depois se acharmos que está tudo bem, eles começam a visitar sem acompanhamento do profissional. Enquanto isto, nós, associação, vamos fazendo e estudando as reacções das crianças. Se gostam, se estão confortáveis. No final de seis meses talvez a criança possa ir para casa, se a família estiver em condições. E aí são feitas visitas às casas. É muito difícil tomar esta decisão, porque são os pais e eles têm os direitos, mas a associação quer garantir a segurança da criança.

Como se sente depois de 22 anos desta missão?
Não consigo avaliar, não tenho muito tempo para pensar nisso. Mas é um trabalho pesado, tem sido. Porque são muitas necessidades e o meu trabalho é muito exigente. Já por mim eu preciso de contacto com as pessoas para perceber e ser profissional. E depois há todo o trabalho de gestão e liderança. Para o ano seremos 63 profissionais. É muita coisa para gerir, muita responsabilidade e nós queremos fazer tudo muito bem, claro. Tem sido superexigente.

Vai escrever um livro?
Sim, nos próximos três ou quatro anos. Quero acompanhar aquelas cinco crianças que referi. São 15 anos com aquelas crianças e perceber a nossa missão. É um livro sobre todo o meu trabalho. Uma das minhas paixões é transmitir aquilo que tenho feito para outras pessoas. Tenho feito várias formações na China, Malásia e Tailândia. Sempre que dou palestras, por exemplo, o feedback é sempre muito bom. Partilhar faz-nos perceber que não estamos sozinhos, que passamos todos por situações muito parecidas ou até iguais.

23 Nov 2015

Tribunal nega ao IH a retirada de casa a residente idosa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Tribunal Administrativo (TA) proibiu o Instituto da Habitação (IH) de rescindir o contrato de arrendamento que havia feito com uma residente de 73 anos, doente de cancro. A situação teve início em Janeiro de 2012, quando o IH recebeu uma denúncia de que a residente, que estava a arrendar uma habitação pública, tinha mais pessoas a viver no apartamento do que aquelas que o contrato de arrendamento permitia.
Depois de investigar o caso e fazer algumas inspecções ao local, o IH concluiu que a residente da casa esteve ausente do território entre Janeiro de 2012 e Outubro de 2013, enquanto a sua filha e neto lá viviam. “Em 9 de Outubro de 2013, o pessoal do IH recebeu, por telefone, uma queixa que disse suspeitar que residissem na referida fracção pessoas não inscritas no contrato”, escreve o TA em acórdão.
Tal levou a que o presidente substituto do IH decidisse rescindir o contrato com a idosa, que havia sido submetida a uma cirurgia para retirar um cancro intestinal. A justificação do IH é que a idosa havia infringido normas do regulamento de Atribuição, Arrendamento e Administração de Habitação Social e por isso deveria perder o direito àquela habitação. O apartamento em questão localiza-se no edifício Cheng Chong da Ilha Verdade e apenas a residente estava autorizada a lá residir.

Permanecer a sofrer

Em sua defesa, a residente alegou, numa carta dirigida ao IH, que a sua filha e neto só vieram para Macau para a auxiliar durante o período de convalescença da operação a que havia sido submetida. No entanto, a entidade não ficou satisfeita com o argumento dado e seguiu com o pedido de rescisão de contrato.
No entanto, a idosa recorreu ao TA e pediu a suspensão deste acto, referindo que a sua pensão de 3000 patacas a impossibilitava de arrendar uma habitação no mercado privado, a isto acrescendo o facto de precisar de estabilidade enquanto estava em tratamento.
“Adiantou a requerente ao mesmo tempo que, vivendo da pensão para idosos no valor de 3.000 patacas, ela não tem capacidade económica para arrendar um prédio colocado no mercado privado, ao que acresce que a imediata execução do respectivo acto determinará afectação grave da saúde dela”, refere o documento do TA.
O tribunal determinou então que a requerente, que é já de avançada idade, está doente e precisou de ir ao continente para estar com o marido, também mal de saúde, deveria continuar naquela casa.
“Não se pode negar completamente que, no caso duma pessoa doente e em situação económica desfavorecida, a execução de tal acto vai deixá-la com receio de perder a habitação, causar-lhe pressões psicológicas e, por conseguinte, provocar, certas influências ou prejuízos à sua saúde, todos esses traduzidos em prejuízos de difícil reparação”, define o acórdão.

23 Nov 2015

Advogados de Ricardo Salgado desmentem desvio de dinheiro para Macau

O tribunal diz que o antigo presidente do BES transferiu para a RAEM 30 milhões de euros, mas os advogados dizem que a notícia é falsa. O dinheiro teria sido desviado antes do colapso da instituição bancária

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s advogados de Ricardo Salgado, ex-banqueiro do antigo Banco Espírito Santo, actualmente em prisão domiciliária, desmentem o desvio para Macau de 30 milhões de euros em Dezembro de 2013. Num comunicado enviado ao jornal Sol – que avançou com a notícia -, fonte oficial da defesa do antigo presidente do BES diz que a notícia é falsa. A informação do desvio de dinheiro consta de um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, citado pelo mesmo semanário. De acordo com a notícia, o montante teria sido transferido para uma conta bancária no território oito meses antes do colapso do BES, fase em que o supervisor bancário em Portugal já tinha detectado a existência de um buraco financeiro nas contas da holding do Grupo Espírito Santo (GES).
Apesar da defesa ter desmentido a notícia, o acórdão revela que o ex-banqueiro tinha na sua agenda pessoal anotações como “chegaram a Macau 30mE”, “39 Ok” e “Saldo Suisse”, detectadas pelos investigadores a 11 de Dezembro de 2013. Segundo o Sol, Ricardo Salgado terá sido confrontado com estas informações a 20 e 24 de Julho deste ano, mas não deu explicações às autoridades.
“O arguido não apresentou justificação para um conjunto de inscrições na sua agenda de 2013, do qual aparentemente se extraem movimentos com destino a uma conta em Macau”.
Salgado não terá conseguido decifrar o conteúdo da agenda, mas referiu que a informação “poderá dizer respeito a movimentos de clientes”. Contudo, o Ministério Público terá referido que “resta explicar por que razão é feita alusão a esta operação na sua agenda pessoal”.
A fortuna que Ricardo Salgado terá no estrangeiro já não é novidade, tendo sido noticiado recentemente a possível existência de fundos em Singapura e Brasil, os quais serão na ordem dos 26,5 milhões de euros. O acórdão da Relação de Lisboa citado pelo jornal Sol dá ainda conta da existência de duas contas abertas por Ricardo Salgado na Suíça, nas instituições UBS e CreditSuisse, em Agosto de 2012.
O Ministério Público referiu que as contas “têm valores com proveniências ainda não apuradas, e de expressão elevadíssima”.

23 Nov 2015

São Januário gastou 3,52 mil milhões em 2014. Mais de 200 milhões foram para o Kiang Wu

O orçamento do hospital público em 2014 foi de 3,52 mil milhões de patacas. Destes 240 milhões foram pagos ao Kiang Wu. O director dos Serviços de Saúde garantiu que, mesmo com o novo hospital, a parceria com o Kiang Wu é para continuar

[dropcap stule=’circle’]E[/dropcap]stá desvendado o mistério. Uma semana depois do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura ter ordenado a organização de uma conferência de imprensa para divulgação do orçamento do hospital público, eis que os Serviços de Saúde (SS) divulgaram ontem os números. Em 2013, o orçamento do Centro Hospitalar Conde de São Januário foi de 3,12 mil milhões, número que representa 73,5% das despesas totais dos SS, incluindo “pessoal, bens de consumo e bens adquiridos”, explicou Fanny Ho, sub-directora dos SS. Dessa fatia, 230 milhões foram pagos ao hospital Kiang Wu por prestação de tratamentos médicos.
Já o ano passado o orçamento do hospital público foi de 3,52 mil milhões, com 240 milhões a serem pagos ao Kiang Wu. Os valores dizem sobretudo respeito a tratamentos de hemodiálise, mas também ao serviço de urgência, pediatria e internamento.
O director dos SS prometeu fazer orçamentos autónomos para o São Januário no futuro, depois de ter referido que não havia um orçamento específico.
“No futuro haverá mais hospitais e os SS já pensaram em separar as contas. Na década de 80 as contas eram separadas, por se tratarem de dois sistemas autónomos, mas a situação mudou e, em muitas situações, temos de cooperar e trabalhar em conjunto com os centros de saúde”, explicou.

Kiang Wu para manter

Questionado sobre a extensão do pagamento de apoios financeiros ao sector privado de saúde aquando da abertura do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, Lei Chin Ion não teve dúvidas.
“Sem dúvida, vamos continuar, porque temos três suportes em todo o sistema de saúde de Macau. Esta cooperação será mantida e reforçada para proporcionar mais serviços à população e com os estabelecimentos de saúde não lucrativos.”
O director dos SS foi ainda confrontado com as razões pelas quais o dinheiro dado a entidades privadas não foi usado para melhorar o serviço público de saúde, mas Lei Chin Ion falou da necessidade de financiar o privado.
“O hospital tem que executar as suas tarefas através de um regime de concessão e adjudicação. Devem perceber que em Macau este é o único hospital público que presta serviços a toda a população. Temos de ter uma entidade para nos ajudar. Se toda a procura nos concentrasse no hospital, os nossos trabalhadores iriam ter muita pressão. Se houvesse mais hospitais, iríamos escolher, mas optámos pelo Kiang Wu para fazer uma parceria. Há muitas pessoas que não conseguem fazer viagens a Hong Kong”, apontou.
Lei Chin Ion citou ainda Chui Sai On, Chefe do Executivo, que na Assembleia Legislativa falou da necessidade de manter um sistema de saúde com três áreas: público, privado e associações não lucrativas.
“Na década de 80 praticamente tínhamos um sistema sustentado pelo hospital público e o sector público era só para funcionários públicos. Imaginem numa situação de calamidade se fosse só o hospital público a receber doentes. O hospital público não consegue dar resposta. A responsabilidade do Governo é garantir o funcionamento de todas estas instituições e temos de garantir que a qualidade do serviço e temos um mecanismo de fiscalização de todos os serviços”, rematou.

Hospital promete documentos electrónicos

Na conferência de imprensa de ontem os SS levaram dois sacos de cores diferentes e uma máquina de triturar papéis para exemplificarem o modo como os documentos confidenciais serão tratados. Para além da criação de grupos de trabalho para reforço da fiscalização, Kuok Cheong U, director do hospital, confirmou que há a intenção de digitalizar documentos. “A longo prazo vamos proceder ao estudo de um sistema de informatização dos dados e documentos, para que o papel seja menos utilizado e para reduzir o risco de desvio inadequado de tantas informações. Vamos criar o sistema de processo clínico informático. Ainda não temos um projecto que permita a substituição dos processos em suporte papel para formato electrónico. Para termos tudo informatizado ainda é muito complexo”, explicou. Os visados vão ainda receber cartas com pedidos de desculpa.

20 Nov 2015

Saúde | TSI nega recurso a Rui Sá, ex-administrador do São Januário

[dropcap style=’circle’]R[/dropcap]ui Sá viu negado o recurso que interpôs no Tribunal de Segunda Instância (TSI) contra o Governo, em consequência do despedimento a que foi sujeito após ter desviado medicamentos em nome de utentes do Centro Hospitalar Conde de São Januário. A decisão, a que o HM teve acesso, foi conhecida a 12 de Novembro. No acórdão, pode ler-se que Rui Sá tentou interpor recurso da decisão de Cheong U, na altura Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que o despediu em Dezembro de 2012.
Rui Sá, que era também administrador do hospital público, foi condenado a um ano e seis meses de prisão, com pena suspensa, por burla através de receitas falsas, no valor de 160 mil patacas. Os fármacos eram receitados por dois médicos – Rui Furtado e António Martins – a dois pacientes (Cassiano Pinto e Eduardo Ribeiro, ex-director dos Serviços de Finanças) e levantados na farmácia do hospital por Rui Sá.
O Tribunal Judicial de Base, que condenou Sá, considerou que os dois médicos foram enganados pelo ex-administrador. Os fármacos prescritos eram para doenças do foro mental – os dois médicos que as prescreveram eram cirurgiões. Em causa neste processo estavam também as saídas de Rui Sá durante o horário de trabalho para deslocações fora de Macau, a maioria das vezes a Zhuhai.
No recurso, entre outros motivos, o antigo administrador evocava, por exemplo, que os factos apurados pela investigação “não revelavam qualquer acção que pudesse ser considerada violação dos deveres de lealdade e honestidade para com a entidade patronal”. Rui Sá defende-se, dizendo que a acção estava até “longe de ser lesiva dos interesses do hospital” e que era apenas para “facilitar” o levantamento dos medicamentos dos pacientes que sofriam doenças crónicas.
“Prestava um serviço a tais pacientes, poupando-lhes o estorvo e o inconveniente de terem de se deslocar ao São Januário”, pode ler-se no acórdão.
Os dois pacientes, contudo, assumiram em tribunal desconhecer que tinham consultas marcadas em seu nome e disseram mesmo que não só não consultavam os dois médicos, como nunca tomaram os medicamentos. O ex-administrador – que se mantém em funções em Portugal – fala de “falta de memória dos dois homens”.
No recurso, Rui Sá dizia ainda ser “verdadeiramente incompreensível” a sua punição, “quando nem sequer existiam normas internas que proibissem ou sequer regulassem tais condutas”. E acrescenta: mesmo que o seu comportamento fosse reprovável, “nunca daria despedimento”.
Os mais de 30 anos que esteve ao serviço da RAEM são constantemente descritos no recurso e caracterizados como “imaculados”. Mas o Executivo e o tribunal não entendem as coisas dessa forma.

Distorções e factos

No acórdão, fica-se a saber que houve profissionais da farmácia do hospital que chegaram a contactar um dos médicos envolvidos, Rui Furtado, “devido ao facto de as doses apresentadas nas receitas emitidas por ele serem consideradas elevadas”. As mesmas profissionais diziam ainda ter achado “estranho” aqueles medicamentos serem receitados por médicos da área de Cirurgia, quando eram medicamentos de foro psicológico.
Testemunhas no caso, os funcionários da farmácia hospitalar indicam ainda que Rui Sá levantava medicamentos “semanalmente ou duas a três vezes por semana” e relatam até conflitos entre o ex-administrador e uma farmacêutica, quando esta questionou estas visitas.
O Tribunal de Segunda Instância indica que Rui Sá “distorceu alguns factos apurados”, que foram dados como provados, e diz que não há dúvida que os actos cometidos “violam os deveres” do profissional.
“Antes pelo contrário, estava a praticar, por meio fraudulento, factos”, atira o acórdão, que diz ainda que estes levaram a que “houvesse prejuízo ao erário público e a utentes dos Serviços de Saúde”.
O comportamento, pode ainda ler-se no acórdão, foi feito de forma voluntária e consciente pelo menos ao longo de um ano, período durante o qual Rui Sá marcou mais de 40 consultas fraudulentas.
O ex-administrador – que, segundo o que o HM apurou, não foi sujeito a qualquer investigação pela Ordem dos Médicos em Portugal – viu, assim, o seu recurso negado.

20 Nov 2015

Jovens | Associação sugere aposta em negócios pela internet

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Associação de Jovens Empresários de Macau concorda com que a ideia patente no Plano de Apoio a Jovens Empreendedores de expandir o apoio para três zonas de comércio livre da província Guangdong, e por isso sugere que expansão possa acontecer com a ajuda da internet.
Segundo o Jornal Ou Mun, o presidente da associação, Ho Ka Lon, considera que o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) de 2016 dá atenção ao desenvolvimento dos jovens, bem como à incubação de negócios, apoiando as pequenas e médias empresas (PME).
Como o relatório aponta a necessidade de encorajar jovens para a cooperação entre regiões, Ho Ka Lon defende que actualmente os jovens têm vontade de “ir para fora”, exemplificou o Vale de Empreendedorismo na Ilha de Montanha, em que mais de cem jovens empreendedores pediram para criar negócios naquele local.
O presidente considera que o plano de apoio a Jovens Empreendedores, que abrange as zonas da Ilha de Montanha, NanSha e Shenzhen, pode aumentar as oportunidades de aprendizagem de diferentes culturas, permitindo que os empresários conheçam melhor o mercado dos diversos sectores.
Além disso, o presidente acha que os jovens podem agarrar a oportunidade e apostar nos projectos de inovação, tais como as plataformas online de venda do interior da China.
“As pessoas de Macau têm falta de conhecimento no que diz respeito às aplicações de plataformas na internet. Além de dar subsídios, o Governo pode oferecer consultas e formações. Por sua vez, os jovens empreendedores podem aproveitar, depois de criadas estas plataformas, e vender os seus produtos para os países da Língua Portuguesa”, rematou.

20 Nov 2015

Ex-Secretários, deputado e Nam Kwong agraciados com medalhas de honra

O Chefe do Executivo decidiu atribuir Medalhas Lótus de Ouro aos ex-Secretários que estiveram 15 anos na Administração, nomeadamente Florinda Chan, Francis Tam e Cheong Kuok Vá. O deputado Chan Meng Kam também vai receber uma medalha

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]á é conhecida a lista de personalidades às quais Chui Sai On, Chefe do Executivo, vai atribuir medalhas de honra, sendo que os nomes de ex-Secretários que ocuparam os cargos entre 1999 até Dezembro do ano passado surgem à tona. Florinda Chan, que tutelou a área da Administração e Justiça, Francis Tam, da área da Economia e Finanças, e Cheong Kuok Vá, da tutela da Segurança, vão ser agraciados com os graus de Lótus de Ouro e de Prata, que visam “galardoar a prestação de serviços excepcionais para a imagem e bom nome, ou com grande relevância para o desenvolvimento da RAEM”. Nesta lista consta ainda o nome de José Proença Branco, ex-comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários.
O deputado Chan Meng Kam vai também receber a medalha Lótus de Prata, ao lado do Bispo de Macau, D. José Lai, Sin Wai Hang e Chan Kam Meng. Rita Santos, que foi coordenadora-adjunta do Fórum Macau e é actualmente conselheira do Conselho das Comunidades Portuguesas, vai receber das mãos do Chefe do Executivo uma Medalha de Dedicação.
Quanto às Medalhas de Mérito, destinadas a “agraciar os que se notabilizem ou distingam no exercício de actividades profissionais, fomento e desenvolvimento industrial, comercial e turístico”, entre outras áreas, destaca-se a atribuição da medalha de mérito profissional a Vitória Conceição, ex-directora dos Serviços de Finanças, já aposentada, e a João Batista Manuel Leão, membro do colégio eleitoral que elege o Chefe do Executivo e deputado na I Legislatura da Assembleia Legislativa (AL) após a transferência de soberania. A equipa médica do serviço de Psiquiatria do hospital Conde de São Januário também irá receber a Medalha de Mérito Profissional.
Na área do comércio, destaque para a Medalha de Mérito Industrial e Comercial para a Nam Kwong, empresa que tem o monopólio do mercado abastecedor e que também está ligada ao fornecimento de gás natural do território.
Para além das diversas medalhas atribuídas a entidades ligadas ao desporto e educação, o Chefe do Executivo atribuiu ainda a medalha de mérito turístico ao restaurante The Plaza e ao restaurante Federal, incluindo ainda um reconhecimento à Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau (CAM).

20 Nov 2015

Decisão do Governo sobre Pearl Horizon até 10 de Dezembro

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o debate de ontem na AL, o Chefe do Executivo garantiu que até ao dia 10 de Dezembro o Governo toma uma decisão sobre o caso Pearl Horizon. “O Governo da RAEM é responsável e esperamos que a população tenha confiança em nós. Neste caso pontual, posso dizer com franqueza que a nossa equipa está a estudar para encontrar uma solução. Vamos rever todas as matérias complicadas e antes de 10 de Dezembro vamos dar uma resposta”, garantiu.
A decisão do Governo deverá ser conhecida dias antes da concessão do terreno do Pearl Horizon chegar ao fim, a 26 de Dezembro. Ontem os proprietários de apartamentos adquiridos em regime de pré-venda voltaram a manifestar-se publicamente sobre o caso, com a publicação de uma carta no jornal Ou Mun.
Na missiva os responsáveis acusam o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, de “violar a promessa do Chefe do Executivo”, por ter dito que o caso do Pearl Horizon era uma questão comercial. Com o título “Com lágrimas, porque só nós é que assumimos a responsabilidade”, a carta diz ainda que o Grupo Polytec, concessionária do terreno, “não deu ainda uma resposta séria”, aos proprietários.
“O Grupo Polytec está a tratar os proprietários como reféns, para que façam pressão junto do Governo”, questionam, frisando que os seus direitos não estão a ser protegidos.

19 Nov 2015

Tabaco | Fiscal agredido recebe assistência hospitalar

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m agente de fiscalização da brigada anti-tabaco dos Serviços de Saúde (SS) foi agredido por um homem e teve de receber tratamento hospitalar. O caso aconteceu precisamente à porta do Centro Hospitalar Conde de São Januário, onde o funcionário terá sido insultado e atacado por um indivíduo que estava a fumar na área da entrada do hospital.
A situação ocorreu na terça-feira de manhã, quando quatro agentes da fiscalização acusaram o homem de estar a fumar em local proibido. De acordo com comunicado dos SS, aquando do pedido da documentação ao indivíduo, que estava num motociclo, este tentou colocar-se em fuga mas acabou impedido por um dos inspectores. O resto é história.
“Manifestamente incomodado com a situação, o indivíduo insultou o agente e, apesar de ser alertado que a conduta poderia incorrer num crime de insulto, continuou com os impropérios. Na sequência destes actos, os inspectores chamaram a polícia ao local, para que fosse efectuada a identificação do infractor, e – sem que nada o fizesse prever – o indivíduo dirigiu-se a um dos inspectores com ameaças corporais. Apesar de ter sido repreendido, o homem agarrou o inspector derrubando-o e ferindo-o no cotovelo direito”, pode ler-se no comunicado.
O homem acabou por se detido pela polícia e será sujeito a uma investigação. O agente de fiscalização atacado foi tratado e assistido no São Januário e o seu estado clínico é considerado normal, não tendo sido necessário internamento.
“Os Serviços de Saúde repudiam os actos de violência e reafirmam que este tipo de comportamento não pode ser tolerado daí que este caso terá um acompanhamento até ao apuramento da responsabilidade legal deste infractor”, explica ainda o organismo.

19 Nov 2015

Tortura | Forças de Segurança são alvos de queixa, revela Executivo

Agentes da polícia de Macau foram alvo de quase uma centena de queixas por actos de violência desde 2006, trinta deles nos últimos dois anos. Os números são do Governo, para quem a maioria não tem fundamento. O CCAC aponta para 57 casos que lhe chegaram às mãos desde 2005

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s Forças de Segurança foram alvo de quase uma centena de queixas por actos de tortura, apontam dados oficiais entregues pelo Governo à Organização Mundial das Nações Unidas (ONU). Os números revelam 87 casos desde 2006, 24 deles apenas nos últimos dois anos.
O documento – que dá conta de casos nunca antes anunciados pelo Executivo – aponta que os actos foram cometidos por “membros das Forças de Segurança”, ainda que revele que “a maioria foi considerado como sendo sem fundamento”. Os dados mostram que apenas três casos motivaram a acções disciplinares internas, com “cinco agentes da polícia a serem multados”.
Não são anunciados os valores das multas pagas pelo envolvidos, nem se foram castigados, mas os dados apontam para 172 polícias envolvidos.
Só nos últimos dois anos – 2013 e o ano passado – houve 11 queixas de tortura cometidas por agentes “dentro de espaços sob jurisdição policial e com vigilância”. Depois da investigação, aponta o documento, nove foram consideradas “sem fundamento”, enquanto dois estão ainda a ser investigados. No mesmo período, houve 13 queixas semelhantes, mas fora de espaços policiais e sem vigilância. “Nove foram considerados sem fundamento, um foi fabricado, um tinha fundamento e outros dois estão ainda pendentes. Para a queixa que teve fundamento, foram implementadas medidas disciplinares e o caso foi encaminhado para o Ministério Público.”
CCAC com mais números
O mesmo documento dá ainda conta de outros dados, que apontam para 57 casos de queixa por actos de tortura recebidos pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC). O documento não especifica se estes estão incluídos nos dados acima referidos, mas começa a contar desde 2005, altura em que 18 queixas chegaram ao organismo.
O CCAC fala em 57 casos em dez anos, sendo que quatro estão ainda a ser seguidos. Um deles diz respeito ao ano passado.
De acordo com o mesmo documento não houve casos nos tribunais sobre crimes de tortura, pelo que não houve, por isso, direito a indemnização a vítimas, pelo menos de 2008 a 2014.
Uma parte do documento levanta ainda alguma confusão, já que revela firmemente que “não houve casos de tortura em Macau no passado”, pelo que não foi conduzido sequer o curso de “como identificar e tratar de vítimas de tortura”, destinado a pessoal médico dos Serviços de Saúde.
As denúncias de violência policial podem ser apresentadas junto da Comissão de Fiscalização da Disciplina das Forças e Serviços de Segurança (CFD) de Macau, criada em 2005, que tem por atribuição a emissão de parecer sobre o comportamento dos agentes na relação com os cidadãos. A CFD é constituída por sete membros, dos quais actualmente três são deputados (Leonel Alves, que preside), Vong Hin Fai e Tsui Wai Kuan, todos nomeados pelo Chefe do Executivo.
O Comité Contra a Tortura das ONU começou a ouvir ainda ontem, depois do fecho desta edição, os representantes RAEM em Genebra, no âmbito de mais uma sessão.

Definição de tortura pode sofrer revisão

A RAEM admite, na resposta facultada à ONU, que a definição de “tortura” não se encontra de acordo com o que vem definido pela Convenção contra a Tortura que Macau ratificou. Ainda que explique que “há outras formas de punição” para crimes “ilegais” relacionados com a violência, como à integridade física, o Governo admite que pode fazer mudanças. “No futuro, quando o Governo revir o Código Penal, vai estudar a definição de tortura consoante vem na Convenção”, pode ler-se.

EPM | Não há solitária, diz Governo

Questionados pela ONU sobre o Estabelecimento Prisional de Macau e se há utilização da solitária, o Governo diz que não e que a única situação em que um condenado é isolado é em casos de doença contagiosa. O documento aponta para uma “comunicação próxima entre o EPM e o CCAC” e diz ainda que, para evitar violência ou armas de destruição, a pisão optou por “utilizar aparelhos de choques eléctricos”. Estes são ainda, assegura o Executivo, utilizados sob linhas orientadoras, que indicam, por exemplo, que os idosos ou doentes presos não podem ser alvo destes choques. Até Maio de 2015, a taxa de ocupação da zona masculina de detenção era de 79% e a feminina de 78%. Havia um total de 1232 presos, sendo que apenas 34% eram residentes de Macau.

19 Nov 2015

Violência Doméstica | Analistas concordam com inclusão de homossexuais na lei. Violência aumenta e com mais crianças envolvidas

A ONU alerta mas a lei de Macau é clara: os homossexuais não são reconhecidos e inclui-los na violência doméstica implicaria o seu reconhecimento. Académicos acreditam que justiça é para todos e o Governo deve reconhecer qualquer tipo de relação

[dropcap style=’circle’]U[dropcap]ma vez mais o Comité contra a Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) alerta para a necessidade da Lei de Combate ao Crime de Violência Doméstica, em estudo na especialidade, contemplar também os casais homossexuais. A ideia já tem vindo a ser defendida por membros da comunidade LBGT, como a Associação Arco-Íris, e já foi até parte da lei apresentada pelo Governo que, depois, decidiu retirar essa alínea. Analistas e advogados ouvidos pelo HM não têm dúvidas: a inclusão deveria acontecer.
Para Melody Lu, docente de Sociologia da Universidade de Macau (UM), é claramente correcto e justo que os homossexuais sejam parte desta lei. “Acho muito justo e correcto incluir os homossexuais dentro da protecção da violência doméstica porque também eles são companheiros, têm uma relação”, argumentou.
De acordo com a lei actual de Macau, os casais homossexuais não estão incluídos por não serem reconhecidos como casal no território. Postura reforçada, em Janeiro deste ano, pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que frisou que “as relações homossexuais vão contra outras previsões do Código Penal” e, por isso, os casais não podem ser incluídos nesta proposta de lei.
“Embora Macau não aceite o casamento homossexual, estes casais poderiam estar incluídos na lei da união de facto, ou seja, ao viver juntos há mais de dois anos seriam contemplados na Lei do Combate ao Crime da Violência Doméstica”, argumentou Melody Lu, frisando a necessidade de “não excluir os homossexuais. Esta lei serve para proteger todos os cidadãos da violência, permitindo prevenir crimes que possam acontecer, sejam ou não casal, porque também inclui os divorciados. Não há razão para excluir os homossexuais”, reforçou ainda a docente. “Se é uma lei penal então deve proteger os cidadãos de qualquer violência.”

Lei para todos

Jacky Ho, docente da área social da Universidade São José, acha que, num princípio de justiça, todos devem ser protegidas pela lei e que “a orientação sexual não pode ser, de forma alguma, um ponto de consideração para se ser vítima de violência doméstica”. Ainda assim, diz o docente, é preciso mais discussão sobre o assunto para preparar a sociedade.
“Fora da religião é possível perceber e aceitar que o conceito de família está a mudar, diariamente. Agora podemos ver famílias compostas de diferentes formas. Abranger ou não, na Lei de Combate e Repressão da Violência Doméstica, os homossexuais implica uma discussão na Assembleia Legislativa e na própria sociedade. A decisão irá depender do desenvolvimento social que existe”, indicou, contudo.
Apesar de concordarem com a entrada destes na lei, os especialistas ouvidos pelo HM explicam que seria preciso mudar a lei para que isso acontecesse.
Questionada sobre o assunto, a advogada Ana Fonseca indica que para incluir os casais do mesmo sexo na lei seria preciso, efectivamente, reconhecê-los como tal.
“Seria preciso mudar os conceitos porque a violência doméstica engloba familiares e cônjuges, como os casais do mesmo sexo não são reconhecidos, não podem ser incluídos”, explicou a advogada.
Lei Wun Kong, advogado, reforça a ideia apresentada por Ana Fonseca. “Nem a lei de união facto reconhece estas relações, portanto nem assim conseguiram estar incluídos na lei”, adianta.

Olhar para o futuro

Para Melody Lu, Macau deveria olhar para o exemplo de Taiwan ou Hong Kong, que mesmo não reconhecendo os casais homossexuais os incluis nas uniões de facto, permitindo a adição na lei contra a violência doméstica.
“A nossa sociedade está a mudar, é preciso que as leis acompanhem as tendências e Macau até pode seguir o exemplo destas duas regiões”, indicou, frisando a necessidade de rever o conceito de “relações”.
Para Lei Wun Kong os homossexuais só serão incluídos caso haja uma “alteração a toda a ideia da lei” o que pode fazer com que haja “muito trabalhos assim como muitas consultas públicas”.
Para o advogado não devem existir “restrições futuras”, algo que só acontecerá com a alteração da definição de união de facto no Código Civil.
De qualquer forma, salienta Ana Fonseca, os casais, e qualquer outra pessoa, estão sempre contemplados pelo regime de ofensas à integridade física.

Violência doméstica aumenta em 20% e há mais vítimas menores

As autoridades de Macau receberam 353 casos de violência doméstica em 2014, mais 19,2% do que em 2013, havendo 15 vítimas com menos de 15 anos de idade, mais sete do que no ano anterior. Os dados foram facultados pelo Gabinete Coordenador de Segurança de Macau ao Comité contra a Tortura da Organização das Nações Unidas e surgem no dia em que se comemora o Dia da Prevenção da Violência Doméstica Contra Crianças.
Segundo os mesmos dados, do total de 353 casos de violência doméstica que chegaram às autoridades de Macau no ano passado, mais de dois terços (241 ou 68,2%) dizem respeito a abusos perpetrados no seio de um casal, a maioria dos quais cometidos contra mulheres: 229, contra 186 em 2013, ou seja, mais 19,2%.
Já o número de vítimas do sexo masculino diminuiu de 17 para 11 em termos anuais.
Casos implicando outros membros da família subiram de 93 em 2013 para 112 em 2014, de acordo com os mesmos dados.
Das 90 vítimas envolvidas, 15 tinham menos de 15 anos de idade, mais sete do que as sinalizadas pelas autoridades em 2013.
Depois de anos de slogans de tolerância zero à violência doméstica, de consultas públicas e de debates no seio da sociedade civil sobre o paradigma a seguir – se crime público ou semi-público, o Governo ainda se mantém a analisar na especialidade o diploma contra a violência doméstica.

19 Nov 2015

Macaenses | ADM lança colóquio e fala em preocupações face ao futuro

Em Dezembro vai ter lugar o III Colóquio da ADM, que nesta edição se dedica ao debate sobre a transição do testemunho do que é ser macaense para uma nova geração. Os mais jovens estão pouco preocupados com o que é ser de Macau e isso coloca em causa o futuro da identidade macaense, diz Senna Fernandes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação dos Macaenses (ADM) organiza em Dezembro o seu terceiro colóquio sobre o tema da cultura e identidade macaense, uma temática há muito falada, mas que continua a levantar preocupações.
“Se há três anos, no primeiro colóquio que organizámos, estas questões já se colocavam e eram motivo de preocupações, então agora ainda pior”, começou por defender o presidente da ADM, Miguel de Senna Fernandes, durante uma conferência à imprensa realizada ontem.
Depois de um desenvolvimento “muito rápido” do território, da sua economia e valores culturais e da entrada de “muitas culturas no território”, a grande questão da identidade macaense vem dar lugar a uma “outra questão bem mais importante”: “como é que vamos passar o testemunho desta identidade aos nossos jovens para que não se percam os valores”?, questiona Senna Fernandes, que diz que o que se pretende no colóquio não é discutir quem é o macaense.
“Não, nada disso. O que nos propomos é a criar um debate de discussão, uma conversa sobre como passar o testemunho aos mais jovens, à nova geração. Porque eles são o futuro da nossa identidade”, argumentou.
O III Colóquio está agendado para os dias 5 e 6 de Dezembro e contará com a presença de oradores convidados ligados à juventude. “Convidámos o Ricardo Silva, chanceler do Consulado de Portugal para Macau e Hong Kong, também convidámos a doutorada Margarida Vieira que está a escrever uma tese sobre esta questão, entre outras pessoas ligadas à área”, adiantou José da Silva, também membro da ADM.
Barreiras Linguísticas
É inegável a perda dos valores, ou pelo menos do interesse dos mais jovens, perante a cultura macaense, defende o presidente, exemplificando que há cada vez menos macaenses a falar Português. Questionado sobre a falha que a geração anterior possa ter cometido, Miguel de Senna Fernandes não esconde que, de facto, algumas coisas não foram direccionadas da melhor forma. Caso disso era exactamente a prática da Língua Portuguesa.
“Eu lembro-me de andar na escola e dos meus colegas que falavam mal Português serem alvo de chacota até por parte dos professores. Os professores riam-se dele. Os que falavam mal Português eram apontados por não o saberem fazer. Isto causou problemas. Eles tinham vergonha. Para que é que vou aprender Português, perguntavam-se.”
Sem o ensinamento dos pais e o exemplo da comunidade, a nova geração cresceu com a timidez de não saber falar e foi, aos poucos, desligando-se, também pelo próprio desligamento dos progenitores.
“Eu tive o cuidado de dar às minhas filhas a passagem do testemunho do que é ser-se macaense”, contou aos jornalistas Senna Fernandes, reforçando que isso não aconteceu com outras famílias.
Dados do mundo
Actualmente, ainda decorre um inquérito, organizado pela Associação, que pretende recolher dados de todas as pessoas ligadas à identidade macaense. Até ao momento foram recebidas mais de 300 participações de 19 países ou regiões. Os dados recolhidos permitem perceber que grande parte dos participantes pertencem a Macau e Portugal, seguindo-se os Estados Unidos da América, Austrália e Brasil.
Relativamente à idade, 92 participações recebidas até agora correspondem a pessoas com mais de 60 anos, seguindo-se a faixa etária entre os 40-49 anos e em último lugar seis participações de macaenses com idades entre os 0 e os 20 anos.
Questionado sobre a pouca participação do público-alvo pretendido, os jovens, Miguel de Senna Fernandes não esconde que são indicadores preocupantes mas também justificados.
“Não fico admirado que, com esta idade, as preocupações estejam mais viradas para os trabalhos, os estudos e outras coisas. Este não é um tema que se discute numa mesa de café”, argumentou, sublinhando por isso a importância da comunidade na participação do colóquio.
Relativamente ao apoio do Governo, o presidente não nega a atenção sempre recebida do Executivo, assim como pelo Governo Central na continuidade da salvaguarda da identidade macaense.

19 Nov 2015

Saúde | SS alertam para resistência aos antibióticos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) lançam desde ontem e até dia 22 de Novembro a Semana Mundial de Consciência sobre os Antibióticos, que tem como objectivo alertar as pessoas para a resistência aos antibióticos e apelar a que os cidadãos façam boa utilização deles. De acordo com os SS, como em todo o mundo, “a situação da resistência aos antibióticos em Macau é gradualmente mais grave, constituindo cada vez mais uma ameaça à saúde pública”.
“O tema da campanha ‘Antibióticos: manusear com cuidado’ visa sensibilizar o público para a problemática da resistência aos antibióticos a nível global, sendo encorajadas as melhores práticas junto do público e dos trabalhadores de saúde e para o uso correcto dos antibióticos, de modo a evitar a ocorrência e propagação contínua da resistência aos antibióticos”, pode ler-se num comunicado dos SS.
O Relatório Global de Vigilância em Resistência Antimicrobiana 2014 da OMS indica uma resistência aos antibióticos a nível mundial, o que ameaça a capacidade de tratamento das infecções gerais. “Caso não sejam definidas acções urgentes de coordenação, o mundo caminhará para uma “era pós-antibiótico” – em que infecções comuns e ferimentos simples tratáveis há décadas se tornam fatais”, aponta o comunicado dos SS.
De acordo com os dados do organismo, as bactérias mais frequentes detectadas em 2014 no território eram principalmente e.coli, estafilococos (existem na pele das pessoas, embora frequentemente também estejam presentes nos intestinos e no trato urinário) e a klebsiella pneumoniae, causadora da pneumonia. As taxas de resistência às duas últimas chegam a 40% e 30%.

18 Nov 2015

Violência Doméstica | Linha directa recebeu sete chamadas numa semana

Em apenas uma semana, o IAS recebeu sete chamadas – e quatro pedidos de ajuda – através da linha directa da violência doméstica recentemente criada. Mas um académico da área social aponta que é preciso mais promoção da hotline

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Acção Social (IAS) já recebeu sete chamadas na linha directa de pedido de ajuda por violência doméstica, apenas na primeira semana desde a sua criação. Leung Kai Yin, professor de Assistência Social do Instituto Politécnico de Macau (IPM), considera que o que está em falta é a promoção desta linha na sociedade.
O número 2823 3030 está operacional 24 horas por dia desde o dia 8 deste mês e, segundo dados fornecidos pelo IAS ao HM, o organismo recebeu já sete chamadas até domingo passado, dia 15, sendo que quatro delas foram confirmadas como sendo pedidos de ajuda.
“Estes quatro casos já foram transferidos para o acompanhamento do Centro de Acção Social”, afirmou o IAS na resposta dada ao HM.
O presidente do IAS, Iong Kuong Io, já afirmou que o objectivo da hotline é fazer com que haja zero violência entre as famílias e, entretanto, a Lei de Combate e Repressão da Violência Doméstica continua – há mais de três anos – a ser analisada na Assembleia Legislativa.
Para Leung Kai Yin, esse serviço consegue, de certa forma, ajudar as vítimas de violência doméstica, mas mantém-se um problema constante: as vítimas continuam sem ter coragem e vontade de expressar a sua situação a outros.
“Pela análise que faço, as vítimas das classes mais baixas ou os novos imigrantes em Macau continuam com medo de denunciar a violência doméstica, aguentam o sofrimento e tentam aguentar-se porque se preocupam com o que uma eventual denúncia às autoridades policiais possa fazer à sua família, como retirá-los de perto dos seus familiares mais próximos”, explica o académico ao HM.
Leung Kai Yin considera que o Governo não promoveu suficientemente a linha directa, bem como o conceito de prevenção da violência doméstica, para que mais pessoas saibam sobre o assunto. O académico avança ainda que é necessário realizar mais actividades para promover o convívio “harmonioso das famílias”.
No que toca à Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica, este académico espera que a proposta não se foque apenas em punir os agressores.
“A legislação contra a violência doméstica deve ser uma medida final para tratar da violência doméstica, o mais importante é a promoção, educação e prevenção. Acho que a lei não deve apenas penalizar os agressores mas também educar a população sobre os conceitos correctos. Pode não só [levar os perpetradores] à prisão, mas obrigar a um aconselhamento psicológico”, indicou.
Dados das autoridades indicam que, em 2014, 419 pessoas foram alvo de violência doméstica, o que representa um aumento de 47% em relação a 2013.

18 Nov 2015

Economia | Delta Asia quer apoiar PME de Macau

[dropcap styyle=’circle’]O[/dropcap]grupo financeiro Delta Asia quer ajudar as pequenas e médias empresas (PME) de Macau, através de formação, serviços de consultoria e até de capital. O responsável do banco assegura que a ideia é contornar os problemas trazidos pela queda da economia, que já afectou “o mercado e o crédito bancário”.
Segundo o Jornal do Cidadão, Stanley Au, director geral do grupo financeiro Delta Asia, disse, na cerimónia de 80º aniversário do Banco, que o grupo vai assumir a “missão social” de ajudar à inovação, revitalização e fortalecimento das PME, a fim de impulsionar o desenvolvimento da diversificação das indústrias para as próximas gerações de Macau.
Stanley Au foi questionado sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano na sua área de interesse, a economia, e o responsável aponta que considera a economia de Macau como estando dividida entre duas: uma fictícia e uma real. As duas, aponta, não se podem gerir por um igual modelo.
“A economia fictícia são as empresas comerciais relacionadas com o sector do Jogo e a economia real são as PME, de retalho e produção, que contribuem verdadeiramente para o PIB. Quando a economia fictícia estiver a cair e a despedir funcionários, pode pedir para que se repatriem os trabalhadores não residentes (TNR). Mas a economia real precisará de TNR para se desenvolver”, afirmou.
Stanley Au diz mesmo que, caso o mercado imobiliário não recupere das quedas de 20% a 25% nos preços dos imóveis em breve, “muitos residentes de Macau podem ir à falência”. O sector dos empréstimos bancários sofreu um “grande ataque”, remata.

18 Nov 2015

Idosos | Medida de hipoteca levanta questões

A medida não é uma certeza, mas já está a levantar questões. O Governo poderá lançar um regime de hipoteca para ajudar os idosos, medida esta que, segundo Pereira Coutinho, não passa de uma maçã podre

[dropcap styyle=’circle’]”[/dropcap]Sou contra esta medida”, disse de imediato o deputado José Pereira Coutinho, quando questionado sobre a medida que o Governo pretende avançar relativamente à implementação de um regime de hipoteca sobre as casas dos idosos, como medida de ajuda. A ideia apresentada, na última sexta-feira, pelo chefe de departamento do Instituto de Acção Social (IAS), Choi Siu Un, pretende ajudar os idosos que tenham uma casa em sua posse, mas que não detenham fundos suficientes para acabar de a pagar ou para se sustentar. Assim, com o apoio do Governo, poderão hipotecar os seus imóveis enquanto recebem as ajudas. Ao Governo é-lhe atribuído de forma directa o imóvel em causa, que poderá usufruir depois da morte do idoso.
“Como é que se utiliza um bem essencial de sobrevivência, que é a casa, para obter dinheiro para sobreviver? Isto é errado”, argumentou Pereira Coutinho.

Gastar bem

Sem muito se saber sobre esta medida, o deputado levanta ainda hipótese do próprios idosos não filtrarem e canalizarem de forma correcta o dinheiro recebido pela hipoteca.
“Muitos idosos têm as suas pensões de aposentação – ou as suas migalhas constituídas ao longo dos tempos – muitas vezes colocadas em causa por causa dos casinos. Perderam-se e perdem-se fortunas nas salas de jogo. Não posso ser a favor de um medida que poderá levar os idosos a terem a tentação de hipotecar a casa, pegar no dinheiro e ir gastá-lo no jogo. Este é um perigo real”, argumentou ao HM.
Devem ser implementadas medidas, sim, diz Pereira Coutinho, mas medidas que “diminuam o sofrimento dos idosos”, como por exemplo, o controlo da inflação, para que os preços dos bens essenciais não subam de forma drástica. “Temos o claro exemplo dos vegetais e da carne de porco, por exemplo. Aqui em Macau são muito mais caros do que ali ao lado em Zhuhai, que é duas vezes mais barato”, exemplifica.

Politicamente pensando

Para aqueles ouvidos pelo HM, é preciso pensar bem e definir outras “vias para ajudar”.
“Esta medida não é boa, corre-se o perigo de se gastar tudo e depois os idosos fazem o quê? Voltam a pedir ajuda às instituições sociais?”, questiona Pereira Coutinho.
Miguel de Senna Fernandes, advogado, alerta para a necessidade de se clarificar de forma simples e directa o que o Governo pretende efectivamente e como é que o vai fazer. “Isto é um bocado uma figura híbrida, não estamos habituados a uma ideia destas. Mas no fundo existe uma orientação política nesta medidas, ou seja, há de facto um intenção política. Como é que isto vai ser concretizado? Aqui é que o Governo tem de explicar no que é que se traduz isto”, argumentou.
Estando uma hipoteca em causa, diz, há interesses de várias partes. No entanto, não é a primeira vez que o Governo acorda com instituições bancárias para facilitar o crédito.
“Já houve no passado uma comparticipação do Executivo para minimizar os custos dos juros”, explicou Senna Fernandes ao HM.
A medida, indicou o Governo, é um dos resultados do Mecanismo de Protecção de Idosos, que, segundo responsáveis do IAS, terá Março como data limite para a entrega da publicação dos resultados da consulta pública a que foi sujeito.
“O Governo não deveria de maneira nenhuma tocar nos bens essenciais dos idosos. O Governo tem que arranjar medidas sociais, subsidiárias e, como tem vindo a fazer e muito bem, atribuir os subsídios aos idosos que contribuíram para o desenvolvimento, tanto da sociedade, como do Jogo. Se eles contribuíram, agora que estamos economicamente bem devem ser beneficiados, não prejudicados com a hipoteca dos seus bens”, rematou Pereira Coutinho.

18 Nov 2015

Assédio Sexual | Pais acusam DSEJ de passividade. Direcção contesta

[dropcap styyle=’circle’]A[/dropcap]pergunta é do pai de um aluno de uma escola secundária que viu seis dos seus colegas serem assediados sexualmente: como é que pode a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) proteger os alunos? Numa carta aberta, o encarregado de educação relembra o caso de seis colegas do filho que foram assediados por um instrutor de campo de treino em Coloane para criticar o que diz ser passividade da DSEJ, da escola e da associação organizadoras da actividade.
O pai, que enviou uma carta aberta que foi, mais tarde, publicada no Facebook da publicação Macau Concelears, apontou que, embora o seu filho não tenha sido assediado, a comunicação com os encarregados de educação não foi imediata, tal como o problema sugeria.
“A escola e a DSEJ só avisaram os pais no dia seguinte, apesar do caso ter acontecido a meio da noite. Os pais têm o direito de saber das coisas oportunamente, até para poderem ir buscar os filhos, se quiserem”, escreveu. alunos
No início de Novembro, foi dado a conhecer que seis alunos do Colégio Yuet Wah foram assediados por um instrutor da China continental do campo de treino militar organizado pela Associação Macau Flying Eagle. O Governo considera que ofereceu protecção suficiente aos alunos que foram vítimas, mas o autor da carta refere que, numa conferência com os pais, o colégio mostrou uma atitude de “ficar fora do assunto”. Atitude que veio do director e do subdirector da escola e que os pais dizem ser rude.
“Quando os pais questionaram se o colégio vai suspender as actividades semelhantes no futuro, o colégio não quis responder”.
Este pai criticou ainda a Associação organizadora da actividade, que acusa de ter dado uma explicação do caso aos pais demasiado rápida e sem sequer ter presentes os representantes da Associação.
Quanto à DSEJ, a carta aponta que o organismo não emitiu instruções para a Associação pedir desculpa, nem outras consequências e diz que a forma de tratamento foi “folgada demais”.
No entanto, o subdirector da DSEJ, Lou Pak Sang, respondeu na segunda-feira ao canal chinês da Rádio Macau que não ajudou os alunos a voltar de imediato para casa devido à sua “segurança”, algo que foi decidido depois de uma “consideração conjunta do organismo”.
Lou Pak Sang acrescentou que já suspendeu a actividade e que a DSEJ tem dado aconselhamento e apoio a alunos e pais, bem como já recrutou um psicólogo clínico de Hong Kong para prestar acompanhamento.

18 Nov 2015

Atentados de Paris levam Putin e Obama a acertar posições sobre a Síria

Os presidentes da Rússia e dos EUA parecem ter chegado a um acordo sobre os meios de combater o Estado Islâmico na Síria

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, acertaram neste domingo as suas posições sobre a guerra na Síria e, com outros países na cimeira do G20 na Turquia, prometeram actuar contra os “terroristas estrangeiros”.
Dois dias depois dos atentados de Paris, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), terem tornado mais urgente avançar para uma solução do conflito sírio, Obama e Putin mantiveram uma inesperada reunião bilateral informal, a primeira desde o início, há um mês, da intervenção russa para apoiar o regime do presidente sírio, Bashar Al Assad.
Os dois líderes pediram na cimeira de Antalya (sudoeste da Turquia) uma “transição política dirigida por sírios, precedida de negociações sob mediação das Nações Unidas”, assim como a negociação de um cessar-fogo.
A reunião internacional realizada no sábado, em Viena, permitiu que os chefes da diplomacia de 17 países, liderados pelos Estados Unidos e Rússia, fixassem um calendário concreto para a transição política na Síria, mas sem chegar a um acordo sobre a saída de Assad do poder, como exigem os países ocidentais e árabes.
Obama e Putin conversaram por cerca de 35 minutos sentados frente a frente, segundo imagens da televisão.
O assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, no entanto, afirmou que algumas divergências sobre a táctica para combater o EI na Síria persistem entre a Rússia e os Estados Unidos.
“Moscovo e Washington têm objectivos estratégicos muito próximos na luta contra o EI, mas persistem divergências sobre a táctica”, declarou Ushakov, sem dar maiores detalhes.
Por seu lado, um representante da Casa Branca disse que “o presidente Obama e o presidente Putin concordaram com a necessidade de uma transição política na Síria, que será realizada por meio de negociações mediadas pela ONU entre a oposição e o regime do país, assim como de um cessar-fogo”.
Obama elogiou os esforços de todos os países para combater o EI, notando a importância dos esforços militares russos na Síria focados no combate desse grupo, acrescentou.

Tudo muito bonito mas…

Mas, além das declarações de boas intenções, a França, representada pelo ministro das Relações Exteriores Laurent Fabius e das Finanças Michel Sapin, espera acções concretas na luta contra o terrorismo.
“Além da solidariedade e da comoção, a França quer decisões concretas em matéria de luta contra o financiamento do terrorismo”, declarou à AFP Sapin.
As declarações de intenção escondem, de facto, as divergências sobre a guerra na Síria, onde mais de 250 mil pessoas já morreram.
Numa cimeira marcada pelos atentados de Paris, que deixaram 129 mortos, os líderes fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas e mostraram-se determinados a fazer uma frente comum perante o jihadismo. O anfitrião do encontro, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, prometeu que a cimeira enviará uma mensagem dura contra o terrorismo.
Neste contexto, e duas semanas após a vitória nas eleições legislativas, o homem forte da Turquia quer aproveitar a oportunidade para reafirmar o seu papel na crise. Para lembrar a urgência da ameaça terrorista, um membro do EI cometeu um ataque suicida sábado à noite durante uma acção da polícia na cidade turca de Gaziantep, localizada a 500 km a leste de Antalaya.

Rascunho e refugiados

Os líderes do G20 devem tomar medidas contra a crescente circulação de terroristas estrangeiros, segundo um rascunho da declaração final da cimeira obtida pela AFP.
As principais economias do planeta concordaram em “compartilhar informações operacionais, fazer uma gestão de fronteiras para detectar deslocamentos, tomar medidas preventivas, dar uma resposta judicial adequada e fazer um reforço da segurança aérea internacional”, segundo o texto.
O projecto de declaração também condena os “odiosos ataques de Paris e de Ancara” em 10 de Outubro, mas não cita qualquer grupo ou organização terrorista.
A cimeira dos países mais ricos do planeta deveria tratar de assuntos económicos, mas a guerra na Síria, a crise migratória na Europa e os atentados de Paris modificaram a agenda deste ano.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, advertiu contra qualquer tentativa de transformar a política europeia de refugiados em função dos atentados em Paris. “Quem cometeu os atentados são exactamente as pessoas de quem fogem os migrantes e, por isso, não é preciso rever o conjunto da política europeia em termos de refugiados”, declarou.
A questão veio à tona quando as autoridades gregas indicaram que um passaporte sírio achado pela polícia francesa num dos locais dos ataques em Paris pertencia a um solicitante de asilo que se registou em Outubro passado numa ilha grega, onde chegam milhares de migrantes.

França retalia com bombardeamentos na Síria

Dez caças franceses lançaram domingo à noite 20 bombas sobre Raqqa, no Norte da Síria, que o Estado Islâmico tornou a sua capital, anunciou o Ministério da Defesa de Paris. O acto está a ser visto como uma resposta aos atentados de sexta-feira na capital francesa, que o Presidente François Hollande tinha classificado como “um acto de guerra, cometido por um exército terrorista.” Durante o dia, o Presidente recebeu os líderes dos partidos políticos representados no Parlamento, em busca de uma união nacional, tentando reproduzir o clima em França após os atentados de Janeiro contra o semanário satírico Charlie Hebdo e um supermercado judaico, que fizeram 17 mortos.
Desde sexta-feira à noite que o Presidente apela à “unidade indispensável” para defender “a pátria e os valores da humanidade”. Este domingo, o primeiro-ministro, Manuel Valls, exortou os partidos a formarem “a união sagrada”, antes da sessão conjunta das duas câmaras que se realizará em Versalhes na segunda-feira. É muito raro que o Senado e a Assembleia Nacional se reúnam ao mesmo tempo – a convocatória excepcional justifica-se, afirmou Hollande, devido à necessidade de “unidade” da nação face ao desafio do terrorismo.
Mas Nicolas Sarkozy, o líder do partido de centro-direita, em vez de consensos, exigiu “alterações drásticas” na política de segurança – indiciando que Hollande não conseguiria a desejada união. “Disse ao Presidente que me parecia que devíamos construir respostas adequadas, o que quer dizer fazer uma inflexão da nossa política externa, das decisões no plano europeu e efectuar modificações drásticas na nossa política de segurança”, declarou o ex-Presidente, batido nas eleições de 2012 por Hollande.
Apesar de bombardeamentos continuados, inicialmente no Iraque e depois de Setembro na Síria, a coligação internacional não está a conseguir enfraquecer o grupo jihadista Estado Islâmico. Por isso a oposição francesa está a reclamar uma acção mais ampla. Alguns, como Sarkozy, dizem que o Ocidente se devia coordenar com a Rússia e até com o Presidente sírio, Bashar al-Assad – contra o qual os sírios se levantaram inicialmente, dando origem à guerra civil.
“Temos de tirar as consequências da situação na Síria. Precisamos de toda a gente para acabar com o Daesh [a sigla em árabe do Estado Islâmico], incluindo os russos. Não pode haver duas coligações internacionais na guerra da Síria”, declarou Sarkozy.

O que é o Estado Islâmico?

A tentação agora será a de seguir uma política mais dura – os bombardeamentos serão prova disso. O caminho de França inicia agora poderá levá-la para o mesmo percurso que os Estados Unidos começaram a percorrer após os atentados do 11 de Setembro de 2001, com um difícil equilíbrio entre as liberdades cívicas, uma sociedade aberta e a segurança, sublinha o New York Times.
“Hollande está a ser empurrado para endurecer a sua retórica”, sublinha a editorialista Françoise Fressoz no Le Monde. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, solicitou a realização de conselho dos ministros do Interior da União Europeia extraordinário na próxima sexta-feira, 20 de Novembro.
Por outro lado, é a primeira vez que uma alta figura do Estado europeu é ameaçada directamente num atentado jihadista – Hollande estava no Estádio de França a assistir ao jogo amigável entre as selecções francesa e alemã, no qual os terroristas tentaram entrar. Houve uma linha vermelha que foi atravessada, que obrigará as autoridades de Paris a agir de forma diferente.
Além disso, neste momento está a decorrer uma campanha eleitoral em França – as regionais disputam-se em duas voltas, a 6 e 13 de Dezembro, com uma derrota quase certa para os socialistas no poder. E as presidenciais de 2017, cujo contra-relógio começou a contar logo em 2012, após a eleição de François Hollande, estão a aproximar-se. Pode haver “um efeito de repetição talvez muito doloroso”, diz SainteMarie.
“A repetição dos acontecimentos pode provocar uma reflexão sobre as escolhas do Governo e do Presidente. De uma parte sobre a eficácia das medidas de prevenção, sobre o aspecto securitário, mas também sobre o aspecto diplomático.” Tudo isso pode significar que a França entrou de facto em guerra com o Estado Islâmico.

Os números

150
rusgas foram levadas a cabo em locais islamitas em França desde os atentados perpetrados na sexta-feira, disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Em Lyon, no centro-leste do país, foram apreendidas armas, um lança-foguetes, coletes à prova de bala, várias pistolas e uma arma automática de tipo ‘kalachnikov’

23
pessoas foram detidas para interrogatório e foi decidida a prisão domiciliária para 104 pessoas. O primeiro-ministro francês disse que as autoridades acreditam que novos ataques terroristas estão a ser planeados em França e noutros países europeus após os atentados realizados na noite de sexta-feira em Paris. Anteriormente, Valls tinha estimado que os ataques poderiam ocorrer nos “próximos dias, próximas semanas”

31
armas foram apreendidas

3
meses poderá durar o estado de emergência em França. Hollande terá comunicado esta intenção ao parlamento. “Ele disse-nos que quer o estado de emergência durante três meses, no mínimo”, disse uma das fontes. Em França, o prolongamento do estado de emergência para mais de 12 dias exige uma lei que tem de ser votada no parlamento, fixando a duração definitiva da medida.

2
luso-descendentes ainda não apareceram. A associação de jovens luso-descendentes Cap Magellan e o vereador da Câmara de Paris Hermano Sanches Ruivo procuram dois jovens alegadamente de origem portuguesa que aparecem como desaparecidos na conta do Twitter criada na sequência dos atentados de Paris. Hermano Sanches Ruivo, fundador da associação Cap Magellan, disse que estão à procura dos jovens Julien Ribeiro e Cédric Santos. “Pela fotografia eu diria que eles têm menos de 30 anos, provavelmente menos de 25 também. Eles não constam da lista dos feridos, daqueles que ainda estão a ser vistos nos hospitais, o que não deixa de ser uma má notícia, a menos que estejam completamente fora do esquema e nesse caso podemos estar numa falsa pesquisa. É um risco também, não podemos descartar que seja uma piada de mau gosto”, descreveu

1
dos terroristas abatidos era filho de uma portuguesa. Ismael Omar Mostefai, um dos terroristas identificados como autor do ataque à sala de especáculos Le Bataclan, que fez 89 dos 129 mortos dos atentados de Paris desta sexta-feira, era filho de uma portuguesa e de um argelino, escreve o “New York Times”. Ismael Omar Mostefai tem 29 anos e nasceu em Courcouronnes (arredores de Paris). Era o terceiro de cinco irmãos, contou ao jornal um vizinho da família que o jornal norte-americano ouviu em Chartres, onde vivia a família, a cerca de 100 quilómetros da capital francesa. Mostefai, adiantou ainda a mesma fonte, chegou a trabalhar numa padaria nos subúrbios de Chartres. “Era uma família normal, como todas. [Mostefai] brincava com os meus filhos. Nunca falou de religião. Era normal. Tinha alegria de viver. Ria-se muito”, contou o vizinho. Isto até há cinco anos, depois algo mudou: “Foi em 2010, foi aí que ele começou a radicalizar-se. Não percebemos o que aconteceu.” O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse que não consegue confirmar a informação avançada pelo “New York Times”. Afirmou apenas que Mostafa “não é português”

17 Nov 2015

Receitas do Governo caem 31,2%

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau encerrou Outubro com receitas públicas totais de 90.993,9 milhões de patacas, uma queda de 31,2% face ao mesmo período de 2014 e a traduzir uma execução de 85,3%. A grande fonte das receitas públicas de Macau são os impostos sobre as receitas dos casinos, que estão em queda desde Junho de 2014 e em Setembro desceram até níveis de há cinco anos.
De acordo com os dados provisórios da execução orçamental até Outubro disponibilizadas ontem na página electrónica dos Serviços de Finanças, as receitas correntes da administração totalizaram 90.050,7 milhões de patacas, uma queda de 31,6% face aos primeiros dez meses de 2014 e a representarem uma execução de 84,8%.
Os impostos directos continuam a ter um forte peso na composição da receita de Macau traduzindo numa receita de 77.624,5 milhões de patacas, menos 32,6% face aos primeiros dez meses do ano passado, com 83,7% da previsão anual já cumprida.
Dos impostos directos, as receitas oriundas dos impostos sobre o sector do jogo, no valor de 35% sobre as receitas brutas dos casinos, representaram 71.378,3 milhões de patacas, mas estavam em queda de 35,3% em relação ao ano passado.
Já no capítulo da despesa, entre Janeiro e Outubro foram gastos 56.410,8 milhões de patacas, mais 21,5% do que no mesmo período do ano passado.
Mesmo assim, a despesa no final de Outubro cumpria apenas 64,2% do previsto para os 12 meses do ano.
Entre receitas e despesas, a Administração acumulou um saldo positivo de 34.583,1 milhões de patacas, menos 59,7% quando comparado com os primeiros dez meses do ano passado.

17 Nov 2015

Violência Doméstica | ONU alertada para inclusão de casais gay

O Comité de Tortura das Nações Unidas recebeu um relatório da Associação Arco-Íris a alertar para a ausência dos casais do mesmo sexo na Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]ason Chao está em Genebra, Suíça, não só na qualidade de membro da direcção da Associação Novo Macau mas também como porta-voz da Associação Arco-Íris, tendo aproveitado para alertar o Comité da Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) para a ausência dos casais do mesmo sexo na Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica.
No relatório, a Associação considera que “a decisão do Governo de privar os casais do mesmo sexo da mesma protecção legal dos casais heterossexuais no âmbito da Lei de Violência Doméstica constitui, de facto, uma discriminação”. Para além disso, a Associação diz estar preocupada que essa retirada “vá inevitavelmente enviar a mensagem errada à comunidade de que a exclusão das pessoas LGBT é justificável”.
No documento, a Arco-Íris faz um resumo daquilo que têm sido os encontros entre os dirigentes e o Executivo.
“É lamentável que o Governo tenha mantido a sua posição de estar ‘em conformidade com o sistema legal’, apesar do ano de diálogo que teve com os activistas da Associação Arco-Íris de Macau. O Instituto de Acção Social (IAS) afirmou que incluir os casais do mesmo sexo na definição de ‘membros de família’ poderia ser ‘inconsistente face ao sistema legal de Macau’ porque não há reconhecimento legal dos casamentos do mesmo sexo em Macau”, pode ler-se. jason chao
Contudo, a Associação diz “recusar” esses argumentos, já que “há leis de violência doméstica na mira em Hong Kong e Taiwan que incluem casais do mesmo sexo. São regiões onde as culturas são próximas de Macau e onde o casamento homossexual ainda não foi legalizado”.

Ameaças mais fáceis

A Associação alerta ainda para uma maior facilidade de estigmatização deste tipo de vítimas. “As pessoas que estão nestas relações estão mais vulneráveis a formas de violência doméstica, onde uma das partes pode facilmente coagir a outra, ameaçando revelar a orientação sexual à sua família ou empregador. As vítimas poderão não poder relatar o caso às autoridades com medo da exposição pública da sua orientação sexual. Sem medidas como a confidencialidade e intervenção mandatória dos assistentes sociais, os casais do mesmo sexo ficarão mais vulneráveis a esta forma de coacção”, explicou o relatório.
Tanto Jason Chao como Anthony Lam, presidente da Associação, lembram a ausência da entidade no conjunto de reuniões que os deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) mantiveram com várias associações locais.
“Na altura em que entregamos este relatório, a Lei de Violência Doméstica continua em discussão na especialidade na 1.ª Comissão Permanente da AL. A Associação Arco-Íris de Macau pediu uma reunião com o presidente dessa Comissão com o intuito de explicar pessoalmente aos membros as razões para a inclusão dos casais homossexuais na lei. A Associação Arco-Íris ficou profundamente desapontada ao ver que o pedido foi recusado pela presidente da Comissão, que disse que a Associação poderia entregar uma comunicação por escrito com a opinião”, frisaram os responsáveis.
A Arco-Íris não deixa de incluir no relatório uma frase de um discurso proferido pelo secretário-geral da ONU, Ban Kin-moon, a 29 de Setembro deste ano. “Acabar com a marginalização e a exclusão das pessoas LGBT é uma prioridade em termos dos direitos humanos e um desenvolvimento imperativo.”

17 Nov 2015