João Santos Filipe Manchete PolíticaDSAL | Chan Un Tong escolhido como próximo director Ao fim de 13 anos, Wong Chi Hong vai deixar o cargo de director da DSAL. A saída está marcada para a próxima semana. Chan Un Tong é o homem que se segue naquela que é uma das cadeiras “mais quentes” da Administração da RAEM Chan Un Tong foi promovido a director da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). A escolha do secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, foi revelada ontem, através do Boletim Oficial, e produz efeitos na terça-feira da próxima semana. A decisão representa uma promoção para Chan Un Tong, que era desde 2016 subdirector da DSAL. As mudanças foram justificadas pela “vacatura do cargo”, embora o actual director, Wong Chi Hong, se vá manter em funções até ser substituído, e ainda com o facto de o secretário ter considerado que Chan tem “competência profissional e aptidão para o exercício do cargo de director”. Chan Un Tong é Licenciado em Direito Económico na Faculdade de Economia da Universidade de Jinan, em Cantão. Além disso, frequentou um curso de Introdução ao Direito de Macau na Faculdade de Direito da Universidade de Macau. Em termos profissionais, Chan foi adjunto-técnico da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça entre Agosto de 2002 e Agosto de 2005. Foi neste ano que transitou para a DSAL, assumindo o cargo de técnico, até Maio de 2007. Antes de chegar a subdirector da DSAL, Chan desempenhou ainda as funções de técnico do Gabinete para os Recursos Humanos, técnico superior do Gabinete para os Recursos Humanos, coordenador-adjunto do Gabinete para os Recursos Humanos até 2016. Fim do percurso A informação divulgada ontem significa igualmente que o tempo de Wong Chi Hong à frente da DSAL chegou ao fim, depois de praticamente 13 anos. Esta é uma direcção de serviço sempre muita dada a críticas de deputados e associações locais devido às competências de autorização na contratação de trabalhadores não residentes. O motivo da substituição ainda não foi indicado, mas Wong estará em condições de se reformar. Em 2012, quando assumiu as tarefas actuais, Wong Chi Hong era Coordenador do Gabinete para os Recursos Humanos, depois de ter sido durante vários anos assessor do Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam. Ainda durante a Administração Portuguesa, tinha desempenhado diferentes funções na então da Direcção dos Serviços de Trabalho e Emprego, que mais tarde foi rebaptizada de DSAL. Com a promoção de Chan Un Tong ficou um cargo disponível como subdirector da DSAL que vai ser ocupado por Chan Tze Wai. Licenciada em economia pela Universidade de Jinan, Chan era desde 2021 subdirectora da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, onde trabalhou directamente sob o controlo hierárquico de Tai Kin Ip, secretário que a nomeou para as novas funções.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteSun Yat-sen | Assinalado centenário da morte do “pai da China moderna” Sun Yat-sen faleceu a 12 de Março de 1925. Figura incontornável da história política da China moderna e pai do movimento que levou à queda do regime imperial, Sun Yat-sen foi ontem celebrado em Guangzhou, onde nasceu, Pequim e Taiwan O primeiro presidente da China pós-imperial e considerado o pai da era moderna do país, Sun Yat-sen, foi recordado ontem na China continental e em Taiwan, no 100.º aniversário da sua morte. Em Pequim, realizou-se uma “breve e solene cerimónia” de homenagem a Sun no parque de Pequim que tem o seu nome. Autoridades e “pessoas de todos os sectores da sociedade” estiveram presentes, guardaram silêncio e fizeram três vénias em frente à sua estátua, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. A Academia Chinesa de História elogiou o vulto político na sua conta de Weibo, descrevendo-o como “um grande herói nacional, um grande patriota e um grande precursor da revolução democrática da China”. A cidade de Guangzhou, capital da província de Guangdong, onde Sun Yat-sen nasceu, inaugurou na terça-feira uma exposição de objectos antigos relacionados com o homem que foi um dos promotores da revolução que derrubou a dinastia Qing (1644-1911). O edifício memorial de Sun Yat-sen na cidade acolheu a primeira apresentação de um musical baseado na juventude do revolucionário. Em Guangzhou, onde também existe uma universidade com o nome de Sun Yat-sen, exibe-se essa exposição, que inclui objectos como o relatório do exame de graduação de Sun Yat-sen no College of Medicine for Chinese, em Hong Kong, do ano 1892. Destaca-se ainda a certidão de casamento entre Sun Yat-sen e Soong Ching-Ling, em 1915, mulher que seria, mais tarde, vice-presidente da China durante o Governo de Mao Tse-tung, abraçando o comunismo. Na mesma exposição pode também ver-se o busto em bronze do próprio Sun Yat-sem, feito por ordem do amigo japonês Umeya Shokichi, em 1929. O “pai” da China moderna foi também recordado em Taiwan, com uma cerimónia junto ao memorial de Sun Yat-sen, em Taipé, onde foram depositadas flores e manifestar respeito. Duplas lembranças Apesar de ter fundado, em 1919, o Kuomitang, que viria a ser o principal rival do Partido Comunista Chinês (PCC), Sun é lembrado tanto na China continental como em Taiwan. O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado declarou que Sun Yat-sen “procurou a unidade nacional e a revitalização da China ao longo da sua vida”, apelando ao mesmo tempo aos “compatriotas de Taiwan para se juntarem a nós na herança do seu legado” e para se “oporem à secessão” da ilha. Nascido em 1866, Sun estudou medicina em Hong Kong – então uma colónia britânica – e, depois de liderar várias revoltas, ganhou notoriedade como líder revolucionário e como força motriz de uma tentativa de modernização do país. Em 1911, a Revolução de Xinhai conduziu à queda da dinastia Qing e Sun Yat-sen foi nomeado presidente provisório da nova República da China em Janeiro de 1912, mas rapidamente cedeu o poder ao principal líder militar do país, Yuan Shikai, que, longe de consolidar os ideais republicanos, dissolveu o parlamento em 1914 e proclamou-se imperador em 1915, anulando grande parte do progresso democrático pelo qual Sun tinha lutado. A partir de então, continuou a promover o seu ideal de uma China unificada e republicana, reorganizando o KMT e procurando apoio internacional para a sua causa. Em 1923, estabeleceu uma aliança com o recém-fundado PCC e recebeu o apoio da União Soviética para reforçar o movimento político. No entanto, não conseguiu consolidar um governo estável antes da sua morte em 1925. Uma vida de luta Na obra “As Irmãs Soong – A Mais Velha, a Mais Nova e a Vermelha”, da autoria de Jung Chang, descrevem-se alguns detalhes da vida de Sun Yat-sen antes de abraçar a causa revolucionária e a forma de como saiu da casa dos pais, em Guangzhou, em busca de uma vida melhor. O local de destino foi o Havai, que a 4 de Julho de 1894 se declarou como república, acontecimento que, segundo o livro, “ajudou a moldar a China de hoje”. “Um chinês radical, de 27 anos, Sun Yat-sen, desembarcou no arquipélago e entrou num mundo onde a palavra ‘república’ estava em todas as bocas”, descreve-se. Na China, a agitação contra o poder do império tornava-se forte. A república “era um novo conceito”, pois “a monarquia era o único sistema político que a China conhecia”. “Na época, o país era governado pela dinastia manchu”, sendo que os manchus “não eram naturais da China, mas tinham conquistado o território em meados do século XVII”. “Como não perfaziam mais de um por cento da população, eram considerados uma minoria de governantes estrangeiros e nunca lhes faltara oposição dos rebeldes nativos Han. Sun era um deles”, descreve-se na mesma obra. Sun Yat-sen era “um homem baixo, moreno e de traços bem proporcionados e agradáveis”. A sua aldeia natal, Cuiheng, tinha solos impróprios para a agricultura, o que proporcionava “uma vida de miséria extrema” a quem lá vivia. Como tal, a família do revolucionário não escapou as condições adversas. Na sua primeira fuga do contexto de pobreza, Sun foi para Hong Kong, encontrando abrigo junto da Escola Diocesana e Orfanato de Rapazes, aceitando depois um casamento arranjado pela família como chamariz para regressar à aldeia. Sun Yat-sen casou com Mu-zhen, teve filhos, mas foi uma figura ausente e algo despreocupada face às responsabilidades familiares, viajando pelo mundo a procurar apoios para a revolução que desejava para a China. A obra de Jung Chang descreve como o percurso de Sun se ligou ao pai das “três irmãs”, Ei-ling, May-ling e Ching-ling. Charlie Soong financiou e apoiou Sun Yat-sen nas suas causas revolucionárias, sendo que uma das filhas, Ei-ling, chegou a ser secretária do republicano. Este, apesar de casado, terá feito tentativas de aproximação amorosa e Ei-ling, mas acabou por ter uma relação com Ching-ling, que foi nacionalista, mas que mais tarde abraçou o comunismo, sendo conhecida como a “irmã vermelha”. Ching-ling foi também, conhecida como a “Madame Sun Yat-sen”, mas à altura da morte de Sun Yat-sen, já o relacionamento entre ambos tinha esfriado. Depois do estabelecimento da República Popular da China, Ching-ling foi vice-presidente do país, entre os anos de 1949 e 1954, e depois entre 1959 e 1975, além de ter sido vice-presidente da comissão permanente da Assembleia Nacional Popular. Passagem por Macau De resto, a vida de Sun Yat-sen cruzou-se com Macau várias vezes, onde viveu um curto período de tempo, ao contrário da mulher, Mu-zhen, e os filhos que permaneceram no território mais tempo. Para recordar o curto período em que o republicano viveu no território, à época sob administração portuguesa, foi construída a Casa Memorial do dr. Sun Yat-sen, onde se “testemunha a curta, mas significativa estadia em Macau no início do século XX quando, fugindo ao poder dos mandarins imperiais, tentava movimentar as forças suas apoiantes, a fim de implantar um novo regime na China”. “Em Macau recebeu apoio de alguns amigos que ao tempo eram ilustres e influentes figuras da vida social e política macaense”, lê-se ainda na descrição do museu. Outro detalhe interessante da revolução republicana de 1911 prende-se com a proximidade de datas face à instauração da República em Portugal, que aconteceu a 5 de Outubro de 1910. Macau, no meio dos acontecimentos na China e Portugal, só teve conhecimento de que a Monarquia Constitucional havia caído em Lisboa graças ao envio de um telegrama publicado em Boletim Oficial a 10 de Outubro de 1910, alterando-se o governador nesse contexto. Com Lusa
Hoje Macau Manchete SociedadeSarampo | Macau aconselha vacina a quem viaje para os EUA O Governo aconselhou os residentes que não são imunes ao sarampo que se vacinem antes de viajarem para os Estados Unidos, onde um surto já infectou mais de 200 pessoas Os Serviços de Saúde (SS) apelaram a todos os habitantes de Macau a vacinarem-se “antes de viajaram para áreas onde o sarampo é endémico” nos Estados Unidos da América, de acordo com um comunicado divulgado na noite de segunda-feira. “Recentemente, houve muitos surtos de sarampo nos Estados Unidos e países como as Filipinas e o Vietname também estão a ser afectados pela baixa taxa de vacinação contra o sarampo, resultando em casos”, sublinharam os SS. Os residentes que nasceram a partir de 1970 são apontados como grupo prioritário para a vacinação, gratuita através de marcação nos centros de saúde públicos. Isto porque, embora a vacina contra o sarampo tenha sido introduzida pela então administração portuguesa em Macau no final da década de 1960, a taxa de vacinação permaneceu baixa até ao início dos anos 80. Segundo o mais recente relatório dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, o país já registou quase 230 casos de sarampo durante o actual surto. A esmagadora maioria dos casos (94 por cento) atingiu pessoas não vacinadas ou que não completaram a vacinação e 80 por cento dos doentes são crianças ou adolescentes, revelaram os CDC na sexta-feira. Uma criança em idade escolar morreu no final de Janeiro numa região do oeste do estado do Texas onde já foram identificados 159 casos de sarampo. Inimigo invisível Os SS alertam para o facto de o sarampo ser “uma doença altamente contagiosa que pode ser transmitida através do ar, de gotículas ou do contacto directo com secreções nasofaríngeas de uma pessoa infectada. O período de incubação é geralmente de 7 a 18 dias, mas pode chegar aos 21 dias”. A entidade liderada por Alvis Lo acrescenta que o sarampo é contagioso quatro dias antes e depois do aparecimento das erupções na pele, e tem como sintomas “febre alta (superior a 38°), manchas na mucosa oral, erupção maculopapular sistémica, conjuntivite, tosse e corrimento nasal”. Uma vez infectadas, as crianças podem desenvolver complicações como otite média, encefalite e pneumonia. Em casos graves, pode levar à deficiência auditiva, à deficiência intelectual e até à morte. A vacina contra o sarampo, papeira e rubéola é segura e altamente eficaz na prevenção de infecções e casos graves. A primeira dose é recomendada para crianças dos 12 aos 15 meses, e a segunda para crianças dos 4 aos 6 anos. Lusa / João Luz
João Santos Filipe Manchete SociedadeGP Consumo | Ngan Iek Hang pede ajustes no programa O deputado dos Moradores pede uma maior flexibilização do programa que visa reter os consumidores em Macau e tentar salvar o comércio dos bairros comunitários face à concorrência do Interior Com o arranque de uma nova fase do Grande Prémio do Consumo marcado para 24 de Março, o deputado Ngan Iek Hang apelou ao Governo para resolver os problemas das duas edições anteriores, e facilitar a atribuição dos descontos. O Grande Prémio do Consumo é um evento de distribuição de cupões de descontos, para os residentes que consomem no comércio local, e que procura responder à fuga dos consumidores para o Interior. “Queremos que o Governo ajuste de forma dinâmica o Grande Prémio do Consumo. Por exemplo, recebemos opiniões de alguns residentes que é melhor haver mais flexibilidade a nível dos sorteios dos cupões de desconto e dos períodos em que podem ser utilizados”, afirmou Ngan Iek Hang, que participou numa palestra do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, subordinado à Associação dos Moradores. Nos moldes anteriores, os residentes precisavam de consumir de segunda-feira a sexta-feira para se habilitarem a receber os cupões de desconto, que tinham de ser gastos no fim-de-semana seguinte. Caso esse não fosse o caso, os descontos passavam da validade. Este formato é considerado problemático: “Os residentes explicaram-nos que precisam de trabalhar entre segunda-feira a sexta-feira, ou que têm de trabalhar por turnos [o que impede o consumo nos dias indicados]”, apontou o deputado. “O período de habilitação para participar nos sorteios dos cupões de desconto tem de ser mais amplo e flexível”, frisou. Elogios da praxe Apesar de apontar a necessidade de melhorar o programa de apoio ao comércio local, Ngan Iek Hang destacou que a iniciativa merece ser elogiada, uma vez que também permite apoiar os mais idosos e os grupos mais desfavorecidos. Além disso, Ngan Iek Hang citou comerciantes das pequenas e médias empresas (PME) dos bairros comunitários que confessaram ter falta de liquidez e dificuldades para sobreviver no actual contexto económico, quando têm de fazer frente aos empréstimos contraídos durante a pandemia. Face a este assunto, Ngan pede o prolongamento temporal das ajudas em vigor: “Esperamos que o Governo prorrogue as medidas que ajudam as PME, tal como o apoio financeiro sem juros e o plano de garantia de créditos”, defendeu. O deputado dos Moradores sugeriu também ao Governo que faça um estudo sobre o consumo nos diferentes bairros comunitários de Macau, com base nos dados recolhidos através dos meios de pagamentos electrónicos, e que com base nesses dados ajuste as políticas de apoios às empresas. Por outro lado, Ngan Iek Hang considerou que as PME têm que rever as suas estratégias operacionais e diversificar os produtos segundo a tendência dos residentes e turistas. O deputado recordou ainda que nos últimos anos, o Governo lançou medidas positivas para a digitalização das PME.
João Luz Manchete PolíticaMacau Pass | Idosa convidada a assinar candidatura quando trocava cartão Uma residente alegou que a sua avó foi convidada a assinar um boletim de propositura de candidatura às eleições legislativas quando tentava trocar o cartão Macau Pass para idosos para o Grande Prémio do Consumo. O prazo para apresentar as comissões de candidatura termina a 6 de Junho “A minha avó queria trocar o cartão Macau Pass para idoso e foi a algumas associações. Quando tratava do processo para trocar o cartão, o funcionário da associação perguntou à minha avó se podia assinar um boletim de propositura para as eleições.” A alegação de aproveitamento eleitoral dos processos de substituição do “Cartão da Macau Pass para Idosos” foi ontem relatada por uma ouvinte do programa “Fórum Macau” do canal chinês da Rádio Macau. A ouvinte, de apelido Wong, descreveu em poucas palavras o estado de confusão em que ficou a sua avó depois de lhe terem pedido para assinar o boletim durante o processo de troca. “A minha avó ficou confusa e incomodada com a situação. Ela só queria substituir o Macau Pass, sem se envolver em assuntos eleitorais e ficou a pensar que a troca do cartão poderia ter relação com a assinatura do boletim”, contou. A residente mostrou-se também incrédula perante a forma como o processo de substituição de cartões se processa. “Quando vi a apresentação do programa, reparei que a substituição dos cartões é coorganizada pelo Instituto de Acção Social. Não percebo porque o Instituto de Acção Social não trata directamente da substituição dos cartões, da mesma forma que recebe pedidos e documentos para a atribuição de subsídios”, comentou a ouvinte. Processo em curso Estão abertos, até ao próximo dia 20 de Março, 60 postos para a substituição gratuita do “Cartão da Macau Pass para Idosos” espalhados um pouco por todo o território, entre instituições de serviços sociais e associações cívicas. A troca dos cartões é necessária para os residentes com mais de 65 anos que tenham versões antigas do Macau Pass para idosos, uma vez que estes cartões têm um chip que não suporta o carregamento para obter desconto imediato do Grande Prémio do Consumo. Recorde-se que a medida arranca no dia 24 de Março e, pela primeira vez, oferece a modalidade de uso do Macau Pass para não excluir do programa idosos que não saibam utilizar as plataformas de pagamento online. Por outro lado, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa começou na semana passada a disponibilizar os formulários para constituição de candidaturas. O prazo para as candidaturas, com as assinaturas requeridas por lei, termina a 6 de Junho. As eleições estão marcadas para 14 de Setembro. O HM enviou questões à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa e às entidades públicas que organizam a troca de cartões e o Grande Prémio do Consumo (Instituto de Acção Social e Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico) a perguntar se haveria algum caso em investigação relacionado com acções eleitorais durante a troca dos Macau Pass. Até ao fecho desta edição não foram obtidas respostas.
João Luz Manchete PolíticaLares de Idosos | Lo Choi In defende incentivos para privados A deputada ligada à comunidade de Jiangmen alerta para a falta de camas nos lares de idosos em Macau. Face ao envelhecimento populacional, Lo Choi In defende o incentivo ao desenvolvimento de alternativas aos recursos públicos Face ao envelhecimento da população de Macau, Lo Choi In alertou para a falta de camas em lares de idosos e defende a promoção do sector privado. O assunto foi abordado numa interpelação escrita pela deputada ligada à comunidade de Jiangmen. De acordo com as contas apresentadas na interpelação, actualmente existem 2.510 camas em lares de idosos, número que não sofreu aumentos desde 2021, circunstância o que a deputada explicou com a pandemia. Até 2028, é expectável que o número de camas aumente até 3.600, incremente que se deve à abertura de novos lares na Zona A dos Novos Aterros. Todavia, os números são insuficientes na óptica de Lo Choi In, não só devido ao envelhecimento esperado da população, mas porque cita relatórios de especialistas a indicar que o número mínimo aceitável seria de 4 camas em lares de idosos por cada 1.000 habitantes. Em Macau, o número médio está em 3,4 camas por 1.000 habitantes. A deputada aponta igualmente que apesar da informação oficial sobre estes números nem sempre ser a mais transparente, os dados disponibilizados pelo Executivo permitem apurar que até 2028 haverá um défice de 400 camas. No cenário ideal, Lo indica que até 2026 deveria haver 5.200 camas em lares de idosos, tendo por base as recomendações da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e Organização Mundial de Saúde (OMS). Porém, esta fasquia não se vai concretizar. Mais mercado privado Perante esta situação, Lo Choi In pede ao Governo que invista mais recursos na disponibilização de camas, mas também que promova o desenvolvimento do sector privado, com a distribuição de terrenos da reserva da RAEM e a implementação da política de apoio. “Nos últimos anos, em muitos países e regiões vizinhas, o mercado privado de cuidados a idosos tem vindo a desenvolver-se vigorosamente, o que não só satisfaz as necessidades da comunidade e reduz os encargos para o Governo, como também cria um grande número de postos de trabalho”, aponta. A deputada acrescenta que “em Macau, a procura também está a aumentar e, mesmo que o Governo esteja disposto a investir recursos públicos, continua a ser difícil satisfazer a procura”. “Será que o Governo está a considerar libertar mais terrenos públicos e criar incentivos políticos para o desenvolvimento dos lares privados?”, questiona. Lo Choi In perguntou ainda se o Governo equaciona o papel do mercado privado na resposta às necessidades da comunidade no âmbito da política para os idosos. Além de terrenos, Lo Choi In admite que é difícil atrair trabalhadores para este sector, porque a maior parte das profissões não é considerada atractiva para os residentes. A legisladora quer assim saber se pode haver uma flexibilização da contratação de não-residentes.
Andreia Sofia Silva Grande Plano ManchetePsicologia clínica | Os benefícios e riscos da introdução da IA A inteligência artificial está aí para ficar e o seu uso no campo da psicologia começa a ser falado. Recentemente, o deputado Lam Lon Wai defendeu a sua utilização e, em Portugal, a Ordem dos Psicólogos criou a plataforma “PsIA”, que permite detectar sintomas. Nuno Gomes e Goreti Lima, dois terapeutas que trabalham com residentes, falam dos benefícios, riscos e potenciais usos da tecnologia Perceber se emoções podem resultar em doenças do foro psicológico é algo que já é possível fazer com recurso à inteligência artificial (IA). O assunto começa a discutir-se em Macau ainda de forma tímida, nomeadamente através do deputado Lam Lon Wai, que em Fevereiro interpelou o Governo sobre a necessidade de aplicar ferramentas de IA em casos clínicos com jovens. O HM falou com dois psicólogos clínicos que trabalham com residentes de Macau, de forma presencial ou à distância, sobre os benefícios e riscos de apostar na IA. Nuno Gomes, psicólogo numa clínica local, diz que a IA “é, para já, uma ajuda, e será sempre”. “A IA é um processo irreversível e é inevitável que abranja todos campos da nossa vida, e neles está a psicologia e ajuda às pessoas. Mas venho de um campo da psicologia que é a Escola Humanista, que tem por base a relação com o paciente, e por isso não vejo grandes benefícios, para já, da utilização da IA, porque nas relações humanas a IA não entra”, defendeu. Nuno Gomes acredita que a IA pode ajudar na fase de diagnóstico, embora pense que “o psicólogo vai ser sempre a personagem central”. “A IA pode ser uma vantagem em Macau para as pessoas que têm dificuldades em pedir ajuda. O uso da IA bem definido, até em termos éticos, poderá ser bastante útil para o início de uma terapia. Porém, neste momento não temos condições para o uso da IA ao nível de uma terapia mais completa e de fundo”, disse. Nuno Gomes recorda ainda que para quem deseje falar com alguém, a IA “pode dar a sensação de que não estamos sozinhos e que está alguém do outro lado”. Trata-se de uma sensação que é ainda “estranha”, mas que “no futuro deixará de o ser, porque a IA vai fazer parte dos nossos dias”. O psicólogo acredita que a IA “poderá funcionar desde que seja eticamente bem regulada, podendo ajudar em terapias breves, mas sempre como complemento de um processo maior”. Goreti Lima, que já viveu em Macau, continua a fazer psicologia clínica à distância com residentes que vivem no território. É mais céptica em relação ao uso da IA, defendendo que a relação humana é sempre fundamental para um acompanhamento de qualidade. “A terapia faz-se na relação e estas aplicações não contemplam isso. Acho muito bem que possamos utilizar a IA para diagnosticar, ver sintomas, mas isso também podemos fazer com um livro ou artigo. O ChatGPT já nos diz algumas coisas na área da psicologia, possíveis análises dos sintomas. A IA ajuda nesse processo, mas depois o resto funciona na relação terapêutica. É por isso que as pessoas gostam mais de um psicólogo ou outro. Depois há a questão ética, os dados são armazenados como? Vão para onde? As pessoas podem confiar?”, questiona. Recomendações em Portugal Numa interpelação escrita dirigida ao Governo da RAEM, o deputado Lam Lon Wai questionou se vai existir “cooperação” entre departamentos governamentais, empresas tecnológicas e instituições académicas locais no uso da IA na área da saúde mental. Porém, Goreti Lam lamenta que deputado “não fale na figura do psicólogo”. “Os académicos têm uma experiência diferente dos psicólogos e terapeutas, que adquiriram essa experiência em termos práticos. Isso desenvolve-se ao longo do tempo. Todas essas questões têm de ser pensadas na hora de aplicar a IA. A IA pode identificar o que a pessoa tem e até técnicas a utilizar, mas depois há que ter em conta condições deontológicas. A avaliação tem sempre nuances consoante o contexto social da pessoa, e isso nunca é analisado na IA, ou então é de forma insípida”, acrescentou. Portugal é um dos países onde a aplicação da IA na psicologia começa a ganhar alguma forma, ao ponto da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) ter criado a ferramenta online “PsIA”, que permite enunciar uma série de sintomas e chegar a um diagnóstico. Os dados pessoais parecem ficar protegidos com a introdução, no website, do número do Cartão de Cidadão, com a Chave Móvel Digital. Além disso, a OPP criou um manual de boas práticas, intitulado “O factor humano na inteligência artificial – Recomendações estratégicas para a sustentabilidade”, que refere que existem “terapeutas virtuais que conseguem identificar, na comunicação com as pessoas, dificuldades emocionais que facilitam a educação psicológica deliberada”, além de potenciarem “a aprendizagem de técnicas e competências que visam, por exemplo, a redução da ansiedade”. Além disso, o documento da OPP conclui que “alguns estudos sugerem que estes chatbots, desenvolvidos com base em modelos terapêuticos validados, podem ser eficazes na redução de sintomas depressivos e, inclusive, que algumas pessoas estabelecem com eles um vínculo semelhante ao de uma relação humana”. Porém, “estas evidências não se encontram consolidadas e questões relacionadas com a segurança (de pessoas e dados), a eventual dependência das tecnologias e a responsividade do apoio prestado face a diferentes dificuldades psicológicas não se encontram esclarecidas”, lê-se ainda. Relativamente ao PsIA, é referido no website da OPP que “em questões muito específicas ou complexas não deve ser utilizado em tarefas que requeiram julgamento e avaliação especializados, análise técnica profunda ou aconselhamento profissional”. É ainda esclarecido que as respostas fornecidas baseiam-se “nos documentos e informações disponíveis” até ao dia 31 de Julho do ano passado, além de que a PsIA “não substitui de forma alguma o papel de um psicólogo ou de quaisquer actividades de supervisão”. No caso de Hong Kong também começam a surgir algumas soluções, o que motivou, aliás, a interpelação do deputado Lam Lon Wai. É o caso da Hollo, uma aplicação de telemóvel desenvolvida em ligação com a Universidade de Hong Kong (UHK) e que pretende “tornar os cuidados com a saúde mental mais acessíveis aos pacientes, plataformas de serviços e organizações”. A Hollo usa o poder da IA e tecnologias para levar práticas clínicas estandardizadas a um outro nível de produtividade, inteligência e conectividade digital. Segundo Cameron van Breda, CEO e co-fundador da Hollo, a empresa pretende ser “uma ferramenta facilmente acessível em momentos de stress, oferecendo análises e sugestões de amizade para melhores exercícios da saúde mental”. Em termos práticos, “foca-se nos jovens dos 12 aos 24 anos, funciona em inglês e chinês e introdu-los à terapia e práticas de aconselhamento através de actividades de ‘mindfulness’ e jogos diários”, lê-se no website da UHK. Quase na mesma Questionado sobre o panorama da saúde mental de Macau, Nuno Gomes entende que persiste “algum conservadorismo e desconhecimento não só naquilo que é a IA e as áreas onde se pode aplicar, mas também daquilo que a psicologia pode fazer”. “A psicologia está cá para ajudar pessoas e no contexto de Macau não há ainda esse entendimento. Esse estigma impede muitas pessoas de procurar ajuda e a IA pode dar esse apoio. No entanto, a população mais velha desconhece ainda muito o funcionamento da IA, mas os mais jovens vão recorrer cada vez mais a este tipo de plataformas”, disse. Em termos gerais, “o panorama da saúde mental pouco mudou desde a pandemia”, pois “no geral, as pessoas não sentem necessidade de expressar emoções e desde pequenas que são encorajadas a guardar as emoções, que quando são más e guardadas muito tempo, começam a fazer mal. As pessoas não sabem como exprimi-las por vergonha ou culpa”. Goreti Lima também entende que na área da saúde mental há ainda algum desconhecimento em Macau.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Jefferies reduz em 2% estimativas de crescimento O início do ano levou o banco de investimento a moderar as perspectivas de crescimento do mercado do jogo, mas ainda assim é adoptada uma previsão mais optimista do que a da generalidade dos analistas O banco de investimento Jefferies reduziu em 2 por cento as estimativas de crescimento do jogo, para 240 mil milhões de patacas. Antes desta revisão em baixa, as estimativas apontavam para que as receitas rondassem os 245 mil milhões de patacas, previsões semelhantes às do Governo. “Após os resultados do quarto trimestre de 2024, e com base na tendência de Janeiro/Fevereiro, revimos as estimativas das receitas do jogo”, pode ler-se no relatório mais recente sobre o mercado de Macau, citado pelos portais Inside Asian Gaming e GGR Asia. O número revisto em baixa, significa ainda assim um crescimento de 5,8 por cento em comparação com 2024. No relatório para os investidores é indicado que este número representa, no entanto, uma estimativa mais elevada em 2 por cento, do que as expectativas consensuais entre os diferentes analistas. Segundo a Jefferies, a diferença explica-se com o facto de esperarem de o mercado de massas apresentar um crescimento de 6,9 por cento ao longo deste ano, enquanto a maioria das análises é mais conservadora, apontando para um crescimento de 4,8 por cento. As maiores facilidades ao nível de vistos para turistas do Interior são utilizadas para explicar o optimismo: “Esperamos que o visto de entradas múltiplas para os residentes de Zhuhai, que entrou em vigor em Janeiro de 2025, juntamente com o visto de entradas múltiplas para grupos de turismo, que passou a vigorar em Maio de 2024, continue a impulsionar as visitas a Macau e as receitas do jogo em massa”, foi justificado. Em comparação com o ano passado, o volume das receitas entre Janeiro e Fevereiro foi semelhante, com um crescimento de 0,5 por cento para 38 mil milhões de patacas. No entanto, os analistas esperam uma aceleração das receitas entre Março e Dezembro. Mudanças no mercado Além da revisão das estimativas em baixa, os analistas avançaram com diferentes estimativas face às quotas do mercado local. No que diz respeito a este ano e ao próximo, os analistas acreditam que as concessionárias Sands China, responsável por casinos como o The Venetian ou Sands, e a Galaxy, que gere o casino com o mesmo nome, vão aumentar a proporção de receitas, face à competição. Todavia, a velocidade do aumento vai ser mais reduzida do que a inicialmente esperada: “No entanto, como a tendência dos visitantes nos dois meses do ano não foi tão elevada como previsto, abrandámos o ritmo do aumento da quota de mercado da Sands China e Galaxy”, observou a instituição. “Com o número de visitantes em 2025 a regressar a 94 por cento do nível de 2019, deve ser um bom presságio para os operadores com grande capacidade hoteleira, como a Sands China e a Galaxy”, indicou a Jefferies. Em termos do mercado bolsista, o banco de investimento considera que é uma boa altura para investir em acções de todas as concessionárias à excepção da SJM, que ainda necessita de “mais tempo para reforçar a sua margem de lucro no Grande Lisboa Palace” e também devido à incerteza ligada aos casinos satélites. Os casinos satélites são casinos explorados por empresas independentes das concessionárias, mas com os meios destas, como mesas de jogo, empregados e mesas de jogo. O Governo quer encerrar estes casinos até ao final do ano, ou, pelo menos, que a gestão seja assumida na totalidade pelas concessionárias.
Nunu Wu Manchete SociedadeSeac Pai Van | Incêndio resulta na hospitalização de duas idosas As chamas voltaram a deflagrar no Edifício Lok Kuan, naquele que foi o quarto incêndio em edifícios de habitação em cerca de três semanas. Duas idosas foram transportadas ao hospital, devido à inalação de fumo e problemas de coração Um incêndio na noite de domingo causou duas feridas, e obrigou mais 24 pessoas a saírem de casa. As chamas deflagraram em Seac Pai Van, no Edifício Lok Kuan, no quarto incêndio em edifícios habitacionais em cerca de três semanas. Segundo as informações citadas ontem pelo canal chinês da Rádio Macau, o Corpo de Bombeiros (CB), após as investigações preliminares, identificou como possível causa das chamas um curto-circuito nos fios eléctricos de uma máquina de lavar roupa. As chamas deflagraram por volta das 22h, numa das varadas, onde estava a máquina. Os bombeiros terão demorado pouco tempo a receber o alerta e a extinguir o fogo, embora se tivessem deparado com bastante fumo vindo da varada. Apesar da rapidez da operação para extinguir as chamas, 24 pessoas tiveram de abandonar as suas habitações, principalmente devido à propagação do fumo. Como consequência das chamas, parte das instalações eléctricas da máquina de lavar ficou derretida, assim como o cano para escoar a água da varada. Também grande parte da parede onde estava a máquina de lavar ficou negra. De acordo com o jornal Ou Mun, os bombeiros tiveram de transportar uma mulher local de 70 anos para o hospital devido à inalação de fumos, assim como uma outra residente, com 90 anos de idade, por sentir sintomas cardíacos. Na manhã de ontem a condição das duas mulheres era considerada “estável”. Casos que se sucedem Nas últimas três semanas foram registados quatro incêndios, a contar com este, um deles de maior dimensão, que obrigou a que duas crianças com queimaduras em pelo menos 20 por cento do corpo e uma mulher tivessem de ser hospitalizadas. Esta também não é a primeira vez nestas semanas que o edifício Lok Kuan é afectado, dado que no dia 26 de Fevereiro um homem morreu vítima de um incêndio, que, de acordo com as autoridades, terá sido iniciado pelo próprio. O homem, que sofria de problemas psíquicos, foi encontrado em casa sentado numa cadeira com os pés atados. Como consequência da vaga recente de fogos em edifícios habitacionais, alguns deputados, como Lo Choi In e Si Ka Lon, pediram às autoridades que adoptem novas medidas de segurança. Lo Choi In, deputada ligada à comunidade de Jiangmen, mostrou-se preocupada com o facto de no incêndio no Edifício do Lago o alarme de incêndio não ter funcionado. Por sua vez, Si Ka Lon apelou ao Governo para ponderar a hipótese de financiar a utilização de gás natural, ao apoiar a instalação nos edifícios locais dos canos de distribuição. Também nos últimos dias, o Corpo de Bombeiros anunciou a intensificação de actividades de promoção das medidas de segurança e de inspecção dos edifícios, inclusive com a realização de um simulacro em Seac Pai Van.
João Luz Manchete PolíticaTrabalho | Leong Sun Iok quer residentes nas chefias de empresas Nas concessionárias de jogo, a proporção de profissionais locais em posições de gestão intermédia ou elevada era no ano passado de cerca de 90 por cento. O deputado Leong Sun Iok quer que o Governo incentive empresas de outros sectores a seguir o exemplo das concessionárias Leong Sun Iok quer que as grandes empresas que não pertencem ao sector do jogo sigam o exemplo das concessionárias de casino em termos de políticas de recrutamento e gestão de recursos-humanos. A intervenção tem em conta a meta estabelecida pelo Governo que determina que as concessionárias tenham, pelo menos, 85 por cento dos quadros que ocupam posições de gestão intermédias ou elevadas entregues a residentes de Macau. O deputado da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) defende que o Governo deve incentivar o tecido empresarial a adoptar uma política semelhante, que dê prioridade aos locais em trabalhos mais apetecíveis a nível salarial. Recorde-se que, de acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, os rendimentos de profissionais de gestão do sector do jogo aumentaram 22,2 por cento em termos anuais em 2024, para uma média de 68.900 patacas. Tendo em conta estes dados, Leong Sun Iok defendeu, em declarações ao jornal Exmoo, que o Executivo promova a mobilidade ascendente das carreiras dos residentes e o acesso a posições com melhores condições salariais, e argumenta que não só as empresas de jogo devem assumir responsabilidades sociais. O deputado refere que apesar da taxa de desemprego de Macau ser baixa, actualmente é muito difícil aceder a empregos com boas remunerações. Tapar buracos Porém, o deputado da FAOM também apontou baterias às concessionárias de jogo, começando pelo volume total da mão-de-obra contratada pelo sector. No final de 2024, o número dos funcionários das empresas de jogo totalizava 52.971 pessoas. Apesar do aumento anual de 1.200 trabalhadores, Leong Sun Iok destaca a grande diferença para 2019, quando a mão-de-obra totalizava 58.225 pessoas. A discrepância é ainda mais incompreensível perante a falta de recursos humanos, segundo o deputado, uma vez que é comum os trabalhadores fazerem horas extra. Aliás, Leong Sun Iok explica o aumento salarial de 2,5 por cento do ano passado precisamente com as horas extra feitas pelos funcionários das concessionárias. Outra área onde o Governo precisa intervir, é na entrada de jovens recém-licenciados no mercado de trabalho. Neste capítulo, o deputado da FAOM realça mais uma vez a responsabilidade social que não deve apenas recair nas concessionárias de jogo, em particular quando são negadas oportunidades a jovens sem experiência laboral.
João Luz Manchete Política“Um País, Dois Sistemas” | Ho Ion Sang diz que Hengqin é um paraíso No fim da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Ho Ion Sang vincou as vantagens de Hengqin, que considera “um paraíso” que reúne o melhor dos dois sistemas. O deputado acrescentou que a integração com a Ilha da Montanha proporciona a Macau oportunidades e vitalidade sem precedentes Numa conferência de imprensa após o encerramento da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), o membro de Macau e deputado Ho Ion Sang teceu rasgados elogios ao padrão de desenvolvimento e integração entre Macau e Guangdong através da zona de cooperação aprofundada em Hengqin. O deputado da bancada parlamentar dos Moradores afirmou que Hengqin é um paraíso que combina as vantagens dos dois sistemas e dos dois territórios. Na óptica de Ho Ion Sang, o “modelo de desenvolvimento integrado de Hengqin e Macau” provou ao mundo, com factos, que o princípio “Um País, Dois Sistemas” não só é viável, mas também é exequível e popular, proporcionando a Macau oportunidades e uma vitalidade sem precedentes. O membro do Comité Nacional da CCPPC elencou ainda entre os sucessos políticos e sociais a construção do Novo Bairro de Macau, que oferece 3.800 apartamentos a residentes de Macau, e inclui equipamentos sociais, como uma escola, centro de saúde, serviços para idosos e um centro familiar. Saúde e educação O deputado dos Moradores salientou ainda o papel desempenhado pelas autoridades de Guangdong nas campanhas de promoção e publicidade quando começaram as vendas de apartamentos no Novo Bairro de Macau. Ho Ion Sang lembrou o trabalho feito pela associação que representa no hemiciclo, a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, que organizou mais de 600 excursões e visitas de grupo para levar residentes ao complexo habitacional. Recorde-se que a Fundação Macau financiou o programa de excursões “Sentimento de Amor por Hengqin e Macau”, com o montante mais avultado a ser distribuído precisamente à União Geral das Associações dos Moradores de Macau, num total de 3,85 milhões de patacas. Ho Ion Sang realçou também a possibilidade de os filhos de residentes poderem beneficiar do mesmo sistema educativo de Macau na Ilha da Montanha, situação que também se verifica no acesso a tratamentos de médicos directamente geridos pelos Serviços de Saúde de Macau.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteAugusto Nogueira, presidente da ARTM: “Macau está à frente de Hong Kong” A Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau faz 25 anos este ano. Augusto Nogueira faz um balanço positivo do quarto de século que começou com uma pequena comunidade terapêutica e atingiu o reconhecimento internacional. O presidente da associação defende que, em prevenção, Macau está à frente de Hong Kong e que o consumo de drogas sintéticas ainda não é problemático no território Que balanço faz do trabalho desenvolvido pela ARTM nestes 25 anos? Fazemos o balanço bastante positivo, pois começámos com uma pequena área e uma pequena comunidade terapêutica. Hoje em dia temos uma comunidade com capacidade para 60 pessoas, muito mais do que as 15 que tínhamos na altura. Desenvolvemos vários programas, nomeadamente o da distribuição de seringas, que é um sucesso, porque levou a uma redução e quase supressão do contágio de VIH por parte de pessoas que injectam drogas. Há nove anos que existe o programa e temos zero casos de infecção. Desenvolvemos apoio à integração social e acompanhamento após o tratamento, com o “After Care”. Fazemos trabalho preventivo nas escolas com o programa “Be Cool”. Temos o projecto “Hold on To Hope”, com aposta na educação vocacional, através do café e da galeria de arte. É um projecto que está bem conseguido e que acaba por ser algo virado para o turismo. Temos visitas de entidades internacionais e diversas organizações não-governamentais, e das próprias Nações Unidas. O mais positivo para nós é sabermos a quantidade de pessoas que estão recuperadas e que hoje estão bem. Infelizmente, não conseguimos recuperar todas as pessoas, mas em cada recaída há sempre a possibilidade da pessoa vir novamente para fazer tratamento. Tem ideia de quantas pessoas recuperaram em 25 anos? Não conseguimos ter essa noção. Mantemos contacto com muitas pessoas, mas outras já deixaram Macau, seguiram a sua vida. Temos alguns contactos nos dois primeiros anos após o tratamento, mas depois a vida segue. As pessoas também querem seguir uma vida sem ter ligação à ARTM, às vezes casam e os novos companheiros não sabem da sua vida anterior e querem manter algum sigilo. Mas às vezes encontramo-nos. No outro dia pagaram-me uma água sem eu saber (risos). São pequenos gestos que nos dão satisfação para continuar e que nos fazem acreditar que a recuperação é sempre possível. Quais os grandes desafios actuais para manter o projecto da ARTM, em termos de espaço e financiamento? Em termos de espaço e locais para tratamento estamos bem. As instalações têm dez anos, há problemas de manutenção, mas isso está mais relacionado com o panorama das construções em Macau. Necessitamos de um espaço para o “After Care”, pois o que temos actualmente é arrendado e está deteriorado. Estamos em conversações com o Instituto de Acção Social (IAS) para termos um espaço novo. No tocante aos fundos, todos os nossos departamentos têm financiamento, mas obviamente procuramos apoios para as nossas actividades de outra forma. Relativamente à postura das autoridades quanto ao consumo e tratamento, entende que é ainda conservadora em relação a outros países e regiões? Essa pergunta é um pouco ambígua. Em termos de tratamento e estratégia no combate ao consumo, penso que Macau está muito à frente em relação a Hong Kong, por exemplo. Em Macau, temos comunidade terapêutica, trabalhamos na prevenção e no tratamento, além do nosso programa de distribuição de seringas e metadona. Temos um leque de tratamentos disponíveis para quem necessita. Na área da prevenção, o Governo tem dado muito apoio. O IAS tem sido bastante aberto nas estratégias de combate ao consumo e prevenção. Em Hong Kong, por exemplo, não existe um programa de distribuição de seringas. Macau é das poucas regiões do Sudeste Asiático que tem um programa de distribuição de seringas apoiado pelo Governo. Mas poderia haver outra interpretação diferente da lei, com uma diferenciação entre o que é tráfico e consumo próprio. Por exemplo, neste momento se a pessoa tiver na sua posse uma quantidade superior ao estipulado é logo considerado tráfico, sem que seja necessária prova. Pensamos que, neste caso, deveria haver uma diferenciação. Cabe depois à polícia investigar se as quantidades encontradas são para consumo ou tráfico. Deveria haver uma abertura para dar às pessoas mais oportunidades para serem encaminhadas para tratamento ao invés de irem para a prisão. Mas, ultimamente, não têm havido tantos casos quanto isso. Como descreve o perfil do consumidor actual em Macau? Existe uma grande redução do consumo de heroína, e as poucas pessoas que o faziam consomem hoje lorazepam, ou dormicum. Neste momento o maior consumo é de metanfetaminas, canábis e alguns resíduos de ketamina. Quanto às novas drogas sintéticas, tem havido alguns registos, mas até ao momento nada de alarmante. Mas claro que temos de estar atentos, temos de continuar a fazer um bom trabalho de prevenção, para que as pessoas tenham conhecimento dos problemas ligados ao consumo de drogas. Em relação ao tráfico, sabemos que antes da pandemia havia muito tráfico de cocaína para Macau, e após a covid-19 essa situação quase deixou de acontecer. Tem sido feito um bom trabalho de dissuasão e tem de continuar a ser feito para que cada vez haja menos tráfico a passar por Macau. Não quer dizer que não haja algumas situações actualmente, mas não estamos numa situação assim tão caótica quanto isso. Falando das drogas sintéticas e do seu consumo, que segundo o último relatório das Nações Unidas atingiu uma situação preocupante em todo o mundo. Qual o seu comentário ao cenário descrito no relatório anual do International Narcotics Control Board? É evidente que o consumo desse tipo de drogas tem vindo a aumentar ao longo dos anos. As drogas sintéticas são um verdadeiro problema nos Estados Unidos da América, por exemplo, com o consumo de Fentanil, e na Ásia em alguns países. É um problema global, pois o consumo e produção são fáceis. Algumas destas drogas são feitas com outros químicos e muitos outros produtos de que não se conhece bem a origem e que podem causar muitas overdoses. A ONU sugere o combate à produção dos ingredientes que são usados para produzir estas drogas, continuarmos a reforçar a investigação para apanhar os traficantes. Mas há pontos deste relatório que é necessário seguir, para muitos países, que é a luta entre ideologias. Em que sentido? Existe uma luta entre aqueles que defendem que a redução de danos é suficiente para combater todos estes problemas que estão a surgir, e que é a solução para tudo. Depois temos aqueles que acham que a redução de danos não faz falta. Na ARTM consideramos que tem de haver um equilíbrio, pois a prevenção é algo importante que não pode parar. O que aconteceu em Portugal, por exemplo, quando liberalizaram a droga e deixaram de fazer prevenção e apoiar o tratamento, [não foi bom], e hoje em dia Portugal está novamente numa situação um pouco caótica a nível do consumo e tráfico. Isso quer dizer que a prevenção não pode nunca deixar de existir. Devem haver tratamentos de qualidade, com supervisão de entidades. A rapidez de acesso ao tratamento tem de existir, e não pode ser como em alguns países em que as pessoas estão vários meses à espera de vaga ou autorização para entrar, pois as organizações não governamentais não deixam a pessoa entrar enquanto não recebem o subsídio para cada cama e paciente. Nesses meses muita coisa pode acontecer. A redução de danos deve ser vista como uma continuidade para recuperação, com salas para consumo com apoio médico e técnico, ou programas de gestão de seringas. Há outro problema, sobretudo na Europa, que é os consumidores de heroína, quando chegam a uma idade mais avançada, já têm muitos problemas de saúde e necessitam de sítios para estar, de uma certa dignidade. Está-se a perder muito tempo com estas guerras ideológicas, sendo que algumas delas existem por uma questão de poder, para se influenciar a liberalização das drogas, e isso é bastante prejudicial. Os direitos das pessoas acabam quando se começa a prejudicar os direitos de todas as outras pessoas, deve haver um equilíbrio. Como diz também o relatório, há falta de medicamentos para alguns países em África. Celebrar com arte Para comemorar os 25 anos, a ARTM inaugurou na sexta-feira a “Exposição do 25º Aniversário da ARTM”, que fica patente na Galeria Hold On To Hope até ao dia 23 deste mês. No espaço cultural na Vila de Nossa Senhora em Ká-Hó, que faz parte do programa de terapia ocupacional para os utentes da ARTM, pode ver-se uma mostra de arte feita por estes, com 45 obras de cerâmica, pintura e trabalhos de madeira. Segundo uma nota de imprensa da associação, a exposição “celebra a resiliência, a criatividade e a cura”. “Ao longo do último quarto de século, a ARTM tem sido um símbolo de esperança para indivíduos na sua jornada de recuperação da dependência. Esta exposição apresenta as extraordinárias obras de arte criadas pelos nossos residentes”, lê-se ainda.
João Luz Manchete SociedadeStanley Ho / Património | Administradores processam descendentes Pansy Ho e Mario Ho estão entre os 18 descendentes de Stanley Ho processados pelos administradores do património do magnata. A acção intentada em Hong Kong tem como objectivo pagar custas e despesas de representação num processo judicial contra o executor do património de Winnie Ho, irmã falecida de Stanley Ho Quase cinco anos após o falecimento de Stanley Ho, multiplicam-se os processos judiciais que chegam aos tribunais de Hong Kong e Macau resultantes de disputas familiares envolvendo o património do magnata. Segundo a agência Bloomberg, o mais recente episódio judicial diz respeito ao processo movido pelos administradores do património de Stanley Ho contra 18 descendentes do magnata para garantir o pagamento de custas e despesas decorrentes da representação de Ho num outro processo judicial que envolve o testamenteiro da sua falecida irmã Winnie Ho. Entre os indivíduos processados, que incluem os seus filhos, destaque para a presidente MGM China Holdings Ltd Pansy Ho e o fundador do NIP Group Inc Mario Ho, assim como vários netos do fundador da SJM, Holdings. Esta última acção foi intentada em Hong Kong por Patrick Cowley e Lui Yee Man da KPMG Advisory (Hong Kong) Ltd, os administradores do património de Stanley Ho. A dupla de representantes está a pedir ao tribunal que lhes conceda o direito de defender o património de Stanley Ho num processo judicial contra o executor do património de Winnie Ho, que morreu em 2018. Além disso, é pedido uma indemnização para cobrir despesas e outros custos. Rivalidade fraternal Em 2019, o executor da propriedade de Winnie Ho processou Stanley Ho, a sua irmã mais velha Nanette Ho e a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) que controla o negócio de casino da família. O processo que correu nos tribunais de Macau teve por base o não pagamento de dividendos durante mais de uma década relativos a acções da STDM, que foi gerida vários anos por Stanley e Winnie. Os dividendos ascendem a, pelo menos, mil milhões de dólares de Hong Kong, segundo cálculos da Bloomberg News baseados em registos. Na viragem do século, com o fim do monopólio do jogo em Macau e a criação do sistema de concessões para explorar a indústria no território, os dois irmãos envolveram-se numa luta sem precedentes. Desde 2006, Winnie Ho instaurou mais de 30 processos em tribunais de Macau e Hong Kong contra Stanley Ho, relacionados com dívidas, casos de difamação ou disputas sobre a propriedade de participações sociais em empresas. Stanley Ho tinha 98 anos quando morreu em 2020. Foi pai de 17 filhos com diferentes mulheres, o que deu origem a uma árvore genealógica extensa e complexa que culminou uma série de disputas judiciais. Faleceu sem deixar testamento e, face à impossibilidade de a família chegar a um acordo, um tribunal acabou por nomear administradores do património do magnata, que agora processaram os herdeiros.
João Santos Filipe Manchete SociedadeGás natural | Pedido financiamento para aumentar segurança Os incêndios recentes levaram o deputado Si Ka Lon a sugerir uma maior implementação do abastecimento de gás natural, por motivos de segurança e também como parte das políticas ambientais O deputado Si Ka Lon defende o alargamento dos subsídios do Fundo de Reparação Predial à instalação de canalizações para o uso de gás natural nos edifícios de habitação. A posição foi tomada numa interpelação escrita, divulgada na sexta-feira. Após a ocorrência de dois incêndios nas últimas duas semanas, que causaram sete feridos, o deputado veio defender a necessidade de serem adoptadas mais medidas de segurança para evitar nova ocorrências. E uma das medidas sugeridas passa por financiar a instalação de canalizações de distribuição de gás natural nos edifícios: “Tendo em conta os recentes incêndios no Toi San e na Taipa, em que se suspeita que pelo menos um dos casos está relacionado com uma fuga de gás, o que mostra os riscos existentes, as autoridades têm a intenção de acelerar o estudo para lançar mais medidas de segurança, como o alargamento do financiamento Fundo de Reparação Predial?”, questionou Si Ka Lon. Outra das questões do deputado ligado à comunidade de Fujian, indica a necessidade de “aumentar o nível do conhecimento da população sobre o gás natural” e promover uma maior utilização, dado os benefícios ao nível da segurança. “Será que o Governo vai apostar mais no gás natural […] e na maior utilização em Macau?”, perguntou. O deputado aponta que actualmente o sistema de distribuição de gás natural está disponível no território, mas que “está principalmente concentrado nos novos edifícios de habitação pública ou hotéis das concessionárias”. Por isso, Si pede uma actualização dos números sobre a utilização de gás natural. Falta de vontade Como parte das explicações para a pouca implementação do gás natural, que até 2022 tinha 10 mil utilizadores, o legislador indica que os proprietários tendem a não querer pagar pelas obras de instalação: “Os pequenos proprietários geralmente não se mostram disponíveis a fazer as obras de instalação do gás natural, devido aos elevados custos iniciais e ao retorno pouco evidente”, explicou. “São urgentes as medidas necessárias de incentivo para que mais residentes beneficiem da segurança do gás natural”, frisou. Ao argumento da segurança, Si Ka Lon junta também a importância da redução das emissões de carbono, de acordo com os planos ambientais da RAEM. Neste sentido, o deputado pergunta se há planos para que a proporção da energia adquirida a Zhuhai seja proveniente de fontes não fósseis. “Actualmente, a proporção de energia não fóssil na electricidade adquirida por Macau é superior a 40 por cento. As autoridades declararam que antes do contrato terminar, em 2026, que vai haver discussões para ‘aumentar gradualmente a percentagem’. Quando vai ser feita a negociação?”, questionou. Si Ka Lon quer também saber se há metas definidas a cinco ou 10 anos, sobre a redução da proporção da energia importada gerada por combustíveis fósseis.
Hoje Macau Manchete PolíticaLicença de maternidade | Associações pedem extensão para 90 dias Face à redução da natalidade, Operários e Moradores pediram ao Chefe do Executivo melhores condições para mães e pais, além do aumento da flexibilidade nas políticas de habitação A Federação Geral dos Operários de Macau pediu ao Governo o alargamento da licença de maternidade no sector privado dos actuais 70 dias para 90 dias. De acordo com a TDM Macau, a vice-presidente da associação defendeu ainda uma extensão da licença de paternidade, actualmente fixada em cinco dias. Leong Men Ian apelou também ao reforço do apoio financeiro dado aos pais. Actualmente, o Governo atribui 5.418 patacas aos pais de cada recém-nascido. Por outro lado, Leong disse que as autoridades deveriam permitir que casais a viver em habitações públicas mudem para um apartamento maior após terem filhos. A dirigente falava na apresentação de um inquérito às condições de vida e de emprego das mulheres em Macau, cujos resultados mostram que 73 por cento estão preocupadas com as perspectivas de emprego e 48 por cento com os cuidados a crianças e idosos. Também o deputado Ho Ion Sang, vice-presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, questionou o Governo sobre planos para aumentar as licenças de maternidade e paternidade. Em 20 de Fevereiro, o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam Vai Man, prometeu permitir que residentes em habitações públicas mudem para um apartamento maior, de forma a encorajar a natalidade. O novo Chefe do Executivo de Macau, que tomou posse no final de Dezembro, admitiu durante a campanha eleitoral que um dos maiores desafios a longo prazo é a baixa natalidade. Baixa da Natalidade Sam Hou Fai disse ser necessário “criar condições em termos de educação e emprego” para subir a natalidade e prometeu estudar a extensão da licença de maternidade e a criação de um fundo de providência central obrigatório. Macau registou em 2024 apenas 0,58 nascimentos por mulher, a menor taxa de fecundidade desde que a Direcção de Serviços de Estatística e Censos começou a compilar estes dados, em 2000, e muito longe do valor necessário para a substituição de gerações (2,1). A taxa de fecundidade é ainda mais baixa do que a estimativa feita num relatório divulgado em Julho pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA, na sigla em inglês): 0,68 nascimentos por mulher. Apesar de mais optimista, a estimativa da UNDESA já indicava que Macau teria tido em 2024 a mais baixa fecundidade do mundo, a uma grande distância da segunda jurisdição na lista, Singapura, com 0,95 nascimentos por mulher. Os dados oficiais mostram que houve 3.607 nascimentos em Macau no ano passado, o número mais baixo desde há quase duas décadas. No final de Janeiro, o subdirector dos Serviços de Saúde, Kuok Cheong U, previu que deverá haver menos de 3.500 nascimentos na região em 2025, número que seria o mais baixo desde 2004.
João Luz Manchete PolíticaDia da Mulher | Governo enaltece progresso rumo a igualdade No Dia Internacional da Mulher, o Governo exaltou os avanços no acesso ao trabalho, educação, saúde e participação na esfera pública. A diferença de salários entre homens e mulheres, em 2023, era 2 por cento, abaixo da média da OCDE. Nos cargos mais elevados da Administração, Macau caminha para a igualdade, e na magistratura as mulheres são a maioria No sábado celebrou-se o Dia Internacional da Mulher, com o Governo da RAEM a assinalar os avanços da condição feminina no território desde a transferência da administração portuguesa. O Instituto de Acção Social (IAS) fez um resumo das políticas e progressos sociais das mulheres de Macau no acesso a cuidados médicos, educação, emprego, segurança e regalias sociais em mais de duas décadas. “No que diz respeito ao emprego, com elevado nível de educação das mulheres de Macau e a política amigável de mecanismo de cuidados às crianças, a taxa de participação da mão-de-obra das mulheres aumentou de 56,1 (em 1999) para 65,2 por cento (em 2023)”, salienta o organismo liderado por Hon Wai. O IAS afirma que além do aumento de 9,1 por cento da taxa de participação da mão-de-obra das mulheres, entre 1999 e 2023, a diferença para os homens reduziu de 20,3 pontos percentuais para 6 pontos percentuais no período em análise. Além da maior presença no mercado de trabalho, em 2023 a diferença de salários em Macau foi de 2 por cento, ainda com os homens a ganhar mais. Porém, o Governo realça que a diferença salarial verificada no território é inferior ao valor médio em comparação com os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). No capítulo da participação em assuntos públicos, ainda em 2023, a proporção de mulheres na Função Pública em Macau era de 44,9 por cento, enquanto a proporção de mulheres em cargos de direcção e chefia se situou em 40,7 por cento. Na magistratura local, 51,3 dos juízes do território são mulheres, enquanto no Governo liderado por Sam Hou Fai contam-se três mulheres entre os nove titulares dos principais cargos, ou seja 33,3 por cento. Um órgão onde se denota uma falta de representatividade feminina, e que o Governo não mencionou, é na Assembleia Legislativa onde apenas se contam cinco mulheres num elenco de 33 deputados, ou seja, os homens formam quase 85 por cento do hemiciclo. Outras esferas Antes da entrada no mercado de trabalho e da procura por realização profissional, o IAS destaca a evolução feminina no acesso à educação, começando por referir que a implementação há 15 anos da política de educação gratuita é uma oportunidade para os dois géneros. Mas analisando mais aprofundadamente a situação, o IAS indica que no ano lectivo 2023/2024, a taxa de acesso das mulheres à universidade foi de 97,5 por cento, mais de 0,5 pontos percentuais superiores à dos homens. “A proporção da retenção de habilitação académica de cursos do ensino superior das mulheres aumentou de 6,1 (em 2001) para 30,6 por cento (em 2021)”, uma subida de 24,5 pontos percentuais em 20 anos, acrescenta o IAS. Outro trunfo realçado, prende-se com as vagas em creches para crianças com menos de 3 anos, que é superior a 60 por cento, “muito mais elevado do que o valor médio da taxa de acesso a creches dos países da OCDE”. No plano da saúde, o IAS refere que “a taxa de mortalidade materna mantém-se em um nível baixo há mais de 10 anos. A esperança de vida das mulheres passou de 80,5 anos de idade (em 1999) para 86,1 (em 2024)”, sendo superior à dos homens.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteDebbie Lai, directora do Centro do Bom Pastor | “Vítimas precisam de mais protecção” A propósito do Dia Internacional da Mulher, que se celebrou em todo o mundo no sábado, o HM conversou com Debbie Lai, directora do Centro do Bom Pastor, uma das entidades que acolhe vítimas de violência doméstica no território. A responsável defende celeridade nas investigações de casos de violência doméstica e mais dias de licença de maternidade No que respeita à violência doméstica, a lei continua a não ser revista, com muitos casos em que não se consegue acusar ou condenar o agressor. O que precisa ser alterado na legislação actual? Deve-se acelerar o tempo gasto na investigação do caso, bem como fazer uma simples promoção da lei, para deixar as pessoas compreender o que vão enfrentar caso denunciem a situação à polícia. Continua a haver medo da denúncia à polícia, então o que acontece é que o agressor, perante uma denúncia, fica com raiva, volta novamente a cometer violência e a família fica partida. Quantas mulheres estão actualmente no Centro do Bom Pastor? De acordo com a licença de serviço concedida pelo Instituto de Acção Social (IAS), podemos acolher 14 pessoas, incluindo os filhos. Actualmente, temos 11 pessoas, seis mulheres, três crianças e duas raparigas a viver no nosso centro. Algumas destas mulheres têm problemas devido aos conflitos emocionais, e, apesar de já terem alguma estabilidade a esse nível, continuam a ter dificuldades financeiras. Muitas dessas mulheres não são residentes permanentes e, por isso, não têm condições para se candidatarem a habitação social do Governo, além de que precisam de mais tempo para poupar dinheiro para poderem pagar uma renda em Macau, que não é barata. No caso de existirem crianças pequenas, é mais difícil para elas encontrarem um emprego a tempo inteiro, pelo que estas mulheres não se conseguem mudar num curto espaço de tempo para uma casa, chegando a ficar um ano no nosso centro. E nesta situação, o centro não consegue ter mais quartos vazios para ajudar outras mulheres em crise. Considera que são necessários mais centros de acolhimento para vítimas de violência em Macau, ou mais recursos para garantir a segurança da vítima, dado que o território é tão pequeno? Penso que os recursos são suficientes, mas o processo de investigação é demorado. As vítimas precisam de mais protecção, pois há sempre o risco de o agressor continuar a ameaçá-las. O que é necessário fazer para aumentar a taxa de natalidade e garantir que as mulheres continuem a ter acesso à igualdade de oportunidades económicas e de emprego? A promoção precisa de ser contínua, e devem aumentar os dias de licença de maternidade, pois noutros países existem mais dias de licença de maternidade. Também se poderia diminuir o valor mensal das creches. Poderia ponderar-se também a atribuição de um subsídio por cada criança caso a família tenha problemas financeiros. Há falta de apoio às famílias monoparentais, onde as mulheres ficam sozinhas com crianças dependentes, ou onde as mulheres são cuidadoras? Em termos concretos, o que precisa ser melhorado? Penso que sim. Penso que algumas delas não sabem que existem recursos na sociedade para as ajudar, ou talvez não tenham motivação para procurar ajuda. Muitas destas mulheres também não querem confiar no Governo, nem mesmo nas associações ou organizações não governamentais que prestam serviços à família. Mas estas mulheres podem sempre candidatar-se ao subsídio atribuído pelo Instituto de Acção Social, que lhes dá algum dinheiro e permite ficar em casa a tomar conta dos filhos. Como descreve as mulheres em Macau actualmente, especialmente a comunidade chinesa? Estão mais emancipadas e iguais aos homens no que respeita aos seus direitos? Hoje em dia a capacidade das mulheres mudou muito, pois têm igualdade de oportunidades e direito de se desenvolverem. Muitas empresas locais já são presididas por mulheres, por exemplo. Além de terem força física, podem escolher o emprego que desejam, frequentar o ensino superior, casar e ter a capacidade para assumir posições de liderança. Porém, há muitas mulheres que vêm para Macau e se casam com residentes e que têm uma posição social mais baixa, sofrendo com vários problemas familiares. Falo do machismo que ainda existe, do vício do jogo, situações de toxicodependência ou falta de comunicação. Há homens que controlam tudo, criando um clima em que a mulher tem de ouvir o marido e fica desprovida de auto-estima para sair dessa situação. Nesses casos, é muito fácil haver discussões, conflitos e até casos de violência entre o casal. Trata-se de situações que, obviamente, também afectam os filhos. Dia Internacional da Mulher celebrado em Macau O Dia Internacional da Mulher foi celebrado em Macau de formas muito diversas. No caso da Sands China, foram oferecidas flores às trabalhadoras da operadora de jogo, como forma de expressar “o apreço pelas contribuições indispensáveis que as mulheres fazem no local de trabalho, na família e na sociedade”, pode ler-se num comunicado da empresa. Foi também organizado um debate que focou as questões em torno da mulher, organizado pela equipa voluntária da “Sands EmpowHER”, uma “iniciativa global de diversidade e inclusão liderada por mulheres, que tem como objectivo ligar os membros femininos da equipa para criar oportunidades de trabalho em rede”. Este evento foi transmitido em directo nas diversas plataformas digitais da Sands China. O “Sands EmpowHER” dedica-se, sobretudo, na organização de acções de formação e mentoria para que as mulheres se possam desenvolver em termos profissionais e de carreira. Na mesma nota, refere-se que a empresa “está empenhada em construir e manter um local de trabalho com respeito e igualdade”, defendendo e garantindo os direitos das mulheres. No tocante ao assédio sexual, a Sands afirma que tem levado a cabo uma campanha de prevenção da ocorrência de casos desde Julho de 2018, bem como acções que reduzam casos de discriminação contra mulheres. Esta foi “a primeira em Macau”, tendo-se realizado ainda uma “acção de formação com todos os membros da equipa” sobre essas temáticas. Relativamente aos apoios à maternidade, “a empresa também disponibiliza salas de amamentação para mães e realiza uma grande variedade de actividades para pais e filhos para promover a harmonia familiar”. Na Escola Portuguesa de Macau, o Dia Internacional da Mulher celebrou-se na sexta-feira com o projecto DAC – “Mulheres que Inspiram”, uma iniciativa organizada pelos docentes das disciplinas de Português, Filosofia e Matemática, entre outras. Os alunos do 10º ano desenvolveram vários trabalhos sobre mulheres inspiradoras nas mais diversas áreas. Uma delas foi a poetisa Maria Teresa Horta, recentemente falecida.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJogo | Mais apostadores estrangeiros aumentam isenção de imposto Sem revelar o valor do crescimento da isenção do imposto de jogo, Helena de Senna Fernandes indica que há uma nova tendência, que resulta dos esforços das concessionárias e do Governo para internacionalizar o mercado O Governo afirmou que o aumento do número de jogadores estrangeiros em Macau levou à aprovação de mais pedidos de isenção de pagamento do imposto do jogo. A revelação foi feita pela directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, em resposta a uma interpelação do deputado Lei Chan U. “O montante aprovado em relação aos requerimentos de redução ou isenção de contribuições apresentados pelas concessionarias de jogos de fortuna ou azar no ano passado, em virtude da expansão dos mercados de clientes de países estrangeiros, registou um aumento face a 2023”, pode ler-se na resposta divulgada no final do mês passado. “De acordo com os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), em 2024, o número de visitantes internacionais aumentou 66 por cento em termos anuais”, foi acrescentado. Apesar de mencionar o aumento da isenção de impostos, a resposta assinada por Helena de Senna Fernandes não indica qualquer dado sobre a dimensão do incremento, além da subida percentual de visitantes internacionais. As alterações mais recentes à lei do jogo vieram permitir às concessionárias obter uma isenção até 5 por cento sobre o imposto do jogo, nas receitas geradas por jogadores internacionais. Actualmente, as receitas do jogo pagam um imposto de 40 por cento. Maior promoção A ausência de dados não impediu a representante do Governo de indicar que a evolução tem sido impulsionada pelas concessionárias por “proporcionarem serviços diversificados e de qualidade” para turistas internacionais, como a segregação destes jogadores, a expansão de delegações no estrangeiro para promover Macau como destino turístico, as ofertas preferenciais para visitantes internacionais e o lançamento de mais voos privados. Helena de Senna Fernandes explica igualmente que estes esforços têm sido conciliados com os do Governo para a promoção mais activa da RAEM como destino turístico. No documento, a directora dos Serviços de Turismo revela ainda que em 2025 o objectivo da promoção do turismo de Macau passa pelo mercado do Nordeste Asiático, em países como a Coreia do Sul ou Japão. Além disso, a promoção vai recomeçar na Europa, Estados Unidos, Índia e o Médio Oriente. A estes mercados junta-se a Grande China e o Sudeste Asiático, onde os esforços têm sido intensificados nos últimos anos. A promoção de Macau como destino turístico passa também por participar em feiras internacionais de turismo em locais como o Japão, Indonésia, Malásia, Tailândia e Coreia do Sul.
João Santos Filipe Manchete SociedadeObras rodoviárias | Pedido pavimento de melhor qualidade O deputado dos Operários, Leong Sun Iok, pede multas para os empreiteiros que se atrasem nas obras, melhor qualidade nos trabalhos e adopção de pavimentos mais resistentes, como acontece em Hong Kong Leong Sun Iok defende que o Governo deve seguir o exemplo de Hong Kong e adoptar um pavimento nas estradas com mais qualidade e capacidade de resistência. O assunto faz parte de uma interpelação escrita em que o deputado dos Operários se mostra preocupado com a qualidade das estradas e das obras. De acordo com o membro da Assembleia Legislativa, os veículos pesados em circulação do território exercem uma grande pressão sobre as estradas locais, o que aliado ao fluxo de trânsito, contribui para um desgaste mais rápido da pavimentação. Por este motivo, Leong indica que o “pavimento de asfalto convencional dificilmente consegue fazer face à pressão do tráfego actual”, o que leva ao surgimento de “buracos e irregularidades”. Ao mesmo tempo, Leong indica aponta o exemplo de Hong Kong, onde começou a ser utilizado um novo pavimento a “título experimental”, com resultados “favoráveis” e que mostram uma maior capacidade de resistência ao desgaste. Por isso, o deputado quer saber se o Executivo vai seguir o exemplo: “No futuro, o Governo tem algum plano para introduzir materiais e tecnologias mais inovadores e aumentar os padrões e requisitos técnicos para o controlo da qualidade das estradas, de modo a melhorar a qualidade e a durabilidade das estradas?”, questiona. Qualidade das obras Por outro lado, o legislador mostra-se preocupado com a qualidade de algumas obras realizadas, principalmente quando projectos de maior dimensão são executados por fases. Segundo Leong, muitas vezes o asfalto acaba por apresentar irregularidades, o que se torna perigoso, principalmente para as motos. “A fim de minimizar o impacto para os residentes, nos últimos anos, as grandes obras em Macau foram geralmente realizadas por fases. No entanto, as superfícies das estradas repavimentadas não estavam bem ligadas, o que resultou em desníveis e mesmo em buracos de várias dimensões”, atirou. “Posso perguntar aos serviços competentes como irão melhorar o processo de trabalho para garantir que os pavimentos rodoviários em várias fases possam convergir suavemente e resolver eficazmente o problema existente de pavimentos rodoviários irregulares?”, questiona. Ainda em relação às obras rodoviárias, o deputado pretende saber que medidas estão a ser adoptadas pelo Executivo para penalizar os empreiteiros que se atrasam nos trabalhos, apesar de prometerem prazos mais curtos. “A escavação de estradas é por vezes inevitável, mas é também precisamente devido à persistência das obras rodoviárias que se verificam congestionamentos de tráfego, poluição atmosférica, etc., que afectam o comportamento dos residentes em termos de deslocações e da sua qualidade de vida”, vincou. “Que sanções foram aplicadas quando houve atrasos nas obras?”
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaResidentes | Mais de 14 mil com novos empregos em 2024 Dados da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) mostram como as dezenas de sessões de emparelhamento organizadas em parceria com empresas tiveram sucesso. No ano passado, 14.699 residentes, na grande maioria jovens, conseguiram um novo emprego O Governo continua na senda de promover o emprego de residentes e têm sido muitas as sessões de emparelhamento realizadas. Segundo uma resposta a uma interpelação escrita do deputado Lei Leong Wong, só no ano passado foram empregadas 14.699 pessoas, assegurou Wong Chi Hong, director da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Destes candidatos colocados no mercado de trabalho, “mais de 60 por cento eram jovens com idade inferior a 35 anos”. Além disso, e a pensar nos jovens, a DSAL tem levado a cabo o plano de estágios “Criar melhor perspectivas de trabalho”, a fim de proporcionar “postos de trabalho nos sectores de turismo e lazer integrado, finanças, tecnologia, ‘big health’, serviços de utilidade pública e serviços sociais, a fim de ajudar os jovens a adquirirem experiência prática no mercado de trabalho”. É ainda organizada a “Feira de emprego para jovens”, pensada para licenciados. A DSAL continua a salientar que a premissa é sempre a contratação de locais, garantindo “que os trabalhadores residentes tenham prioridade no acesso ao emprego e os direitos e interesses laborais não sejam lesados”. “Apenas na existência ou insuficiência de recursos humanos residentes locais será considerada a autorização da importação de TNR para suprir a falta de recursos humanos locais”, refere-se na mesma resposta. Regras nas obras Wong Chi Hong explicou ainda ao deputado que existem regras no sector da construção civil para assegurar que os locais têm primazia na contratação. “Para incentivar os empreiteiros a contratar trabalhadores locais, desde 2020 que o Instituto para os Assuntos Municipais passou a incluir a proporção de trabalhadores locais recrutados nos itens de avaliação dos concursos para obras municipais, tendo introduzido um mecanismo de fiscalização através do qual os empreiteiros que não cumpram esse compromisso são sancionados”. Além disso, o Governo exige “na elaboração do processo de concurso para a prestação de serviços, e consoante a natureza e viabilidade do projecto, que os concorrentes submetam, juntamente com a sua proposta, uma Declaração de Contratação Prioritária de Trabalhadores Residentes, com o intuito de que possam considerar a situação laboral dos trabalhadores locais e criar oportunidades de emprego para estes”.
João Luz Manchete PolíticaCasinos-satélite | Pedido mais tempo de subsídio de desemprego Na eventualidade de uma “onda de falências” com o fecho dos casinos-satélite, Pereira Coutinho sugere o alargamento do período do subsídio de desemprego de 90 para 360 dias. O deputado pergunta ainda se o Governo está disposto a alterar a lei para que os trabalhadores dos casinos acedam a subsídios de turno e nocturnos Num cenário de fecho dos casinos-satélites, e de uma “onda de falências” de negócios adjacentes a estes espaços de jogo, Pereira Coutinho pergunta ao Governo que medidas serão implementadas para evitar uma crise laboral e social. Prevendo “enormes dificuldades de emprego” no futuro, tanto para jovens como residentes de idade média, o deputado pergunta se o Governo está disposto a alterar a lei “alargando o actual período máximo de 90 dias para 360 dias para poder usufruir do subsídio de desemprego”. Numa interpelação escrita divulgada ontem, Pereira Coutinho lembra que no passado mês de Outubro já havia interpelado o Governo sobre o “provável desemprego de dezenas de milhares de trabalhadores de casinos-satélite, arrastando consigo empresas doutras actividades económicas localizadas dentro e nos arredores”. A resposta foi dada pelo director dos Serviços para os Assuntos Laborais, que prometeu “manter-se atento ao eventual impacto” e apoiar os trabalhadores com consultas sobre direitos e interesses laborais, aconselhamento de carreira e formação profissional e registo para pedido de emprego. Volvidos cerca de quarto meses e meio, Pereira Coutinho voltou à carga, pedindo informação ao Governo sobre acções e medidas concretas. Uma das preocupações do deputado é a possibilidade de os trabalhadores dos casinos-satélite absorvidos pelas concessionárias serem obrigados a exercer funções distintas, “como serviços de limpeza de quartos de hotel, guardas de segurança, pessoal de segurança e restauração”. Este cenário pode levar a que “sejam obrigados a pedir demissão dos cargos devido à sua condição física e dificuldades de adaptação às novas funções”. A vida dos outros Pereira Coutinho menciona que muitos trabalhadores de limpeza, segurança e de obras de algumas concessionárias beneficiam de um programa especial de antecipação da reforma. O deputado pergunta ao Executivo se pode interceder junto das concessionárias para alarguem este programa a outros departamentos, incluindo aos croupiers. Outro aspecto em que o deputado da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau gostaria de ver melhorias de direitos no sector do jogo prende-se com quem trabalha por turnos, ou durante a noite, nos casinos. Como tal, pergunta ao Governo se vai alterar a lei para permitir o acesso dos trabalhadores dos casinos aos subsídios de turno e nocturno. Seguindo a linha política dominante de crítica ao volume de trabalhadores não-residentes (TNR), o deputado salienta o “aumento brutal de 180 por cento” do número de TNR desde 2009 e pergunta qual a razão para este crescimento e “que reflexos incidiram na diminuição dos postos de trabalhadores locais”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteArquitectura | Liu Jiakun venceu prémio Pritzker 2025 Liu Jiakun venceu o prémio Pritzker deste ano. O arquitecto natural de Chengdu foi escolhido pela obra “coerente”, em paz com a natureza e o mundo envolvente. A organização do prémio destaca o “percurso que não foi linear nem esperado”, e os projectos de arquitectura com “respostas convincentes” em termos ambientais Na obra de Liu Jiakun é o cidadão que manda, sem linhas fixas ou barreiras, conjugando o antigo e o moderno. Mas acima de tudo, sobressai uma espécie de coerência. O arquitecto chinês, nascido em 1956 na província de Chengdu, venceu prémio Pritzker deste ano, distinção descrita frequentemente como o Nobel da arquitectura. Com o anúncio desta semana, foi acrescentado o ponto que faltava para consagrar o talento de um homem que viveu e trabalhou numa China em transformação e que, por pouco, não desistia da arquitectura. Aliás, segundo a informação oficial do prémio Pritzker sobre Liu Jiakun, o seu percurso “até à arquitectura não foi linear nem esperado”. A mãe era médica interna no Chengdu Second People’s Hospital e foi por lá que passou grande parte dos seus dias durante a infância. Nos anos em que a China vivia intensamente o Maoísmo e depois durante o processo da Reforma e Abertura, Liu passou por todas as transformações políticas e sociais à medida que ia crescendo. Frequentou o programa para “jovens instruídos” na área da agricultura, e depois o Instituto de Arquitectura e Engenharia de Chongqing, mais tarde chamado de Universidade de Chongqing, em 1978. “Como num sonho, apercebi-me, de repente, que a minha vida era importante”, disse, segundo a informação oficial do prémio Pritzker. O atelier em nome próprio, Jiakun Architects, só surgiu em 1999 na sua cidade natal, Chengdu, a capital da província de Sichuan. Sobre si e o seu trabalho, Liu Jiakun disse: “Aspiro sempre a ser como a água – a permear um lugar sem ter uma forma fixa própria e a infiltrar-me no ambiente local e no próprio sítio”. “Com o tempo, a água solidifica-se gradualmente, transformando-se em arquitectura e talvez mesmo na forma mais elevada da criação espiritual humana. No entanto, mantém todas as qualidades desse lugar, tanto as boas como as más”, acrescentou. Sobre a atribuição do Pritzker, o júri considerou que o arquitecto chinês soube inovar, mantendo o lado mais tradicional que a profissão pode ter. “A identidade tem tanto a ver com o indivíduo como com o sentido colectivo de pertença a um lugar. Liu Jiakun revisita a tradição chinesa sem abordagem nostálgica nem ambiguidade, mas como um trampolim para a inovação. Criar uma nova arquitectura que é simultaneamente um registo histórico, uma infra-estrutura, uma paisagem e um espaço público notável”, refere a organização. Compromisso espacial Construir casas ou edifícios pode ser muito mais do que a simples edificação, estabelecendo um compromisso com o espaço e o meio ambiente. Para o júri do Pritzker, “num contexto global em que a arquitectura se esforça por encontrar respostas adequadas a desafios sociais em rápida evolução, Liu Jiakun deu respostas convincentes que também celebram a vida quotidiana das pessoas, bem como as suas identidades comunitárias e espirituais”. Ainda segundo o júri, “através de uma obra notável de profunda coerência e qualidade constante, Liu Jiakun imagina e constrói novos mundos, livre de qualquer constrangimento estético ou estilístico”. “Em vez de um estilo, desenvolveu uma estratégia que nunca se baseia num método recorrente, mas sim na avaliação das caraterísticas e exigências específicas de cada projecto de forma diferente. Ou seja, Liu Jiakun pega nas realidades actuais e manipula-as ao ponto de oferecer um cenário totalmente novo da vida quotidiana. Além do conhecimento e da técnica, acrescenta senso comum e sabedoria à caixa de ferramentas do designer”, acrescenta-se. A nota que apresentou o prémio refere que o arquitecto consegue projectar “um ambiente construído que está frequentemente a ser puxado em direcções opostas”, repensando “os fundamentos da densidade através da coabitação, criando uma solução inteligente que equilibra as forças opostas em jogo”. O júri descreve também que “através de uma obra notável de profunda coerência e qualidade constante, Liu Jiakun imagina e constrói novos mundos, livre de qualquer constrangimento estético ou estilístico”. Os maiores projectos O comunicado do Pritzker deste ano destaca o projecto “West Village”, em Chengdu, classificado como “transformador”, onde Liu Jiakun soube “reformular o paradigma dos espaços públicos e da vida em comunidade”, “inventando novas formas independentes e partilhadas de viver em conjunto, em que a densidade não representa o oposto de um sistema aberto”. O arquitecto criou, aqui, um espaço que permite “a adaptação, a expansão e a replicabilidade”. Destacam-se ainda “museus subtis e memoráveis” por si criados, como é o caso do Suzhou Museum of Imperial Kiln Brick ou o Shuijingfang Museum, também em Chengdu. Por sua vez, no Memorial Hu Huishan, em Chengdu, o arquitecto “compreende que a identidade é uma questão de memória colectiva e pessoal, elevando brilhantemente a perspectiva individual a um elemento fundamental da criação de lugares, a fim de reavivar uma dimensão comunitária”. Licenciado em 1982, Liu fez parte da primeira geração de alunos responsáveis por parte dos grandes projectos da chamada “Nova China”, já com Deng Xiaoping ao leme do Governo Central. No início da carreira, esteve ligado ao Instituto de Investigação e Design Arquitectónico de Chengdu, uma entidade estatal, tendo-se deslocado a Nagqu, no Tibete, onde viveu dois anos na década de 80. Sobre esse tempo, o arquitecto recordou a sua “maior força na altura parecia ser o meu medo do nada, além das capacidades de pintura e escrita”, desbravando livros e escrita à noite, quando não projectava. A carreira na arquitectura esteve quase a ser posta de lado até ao momento em que Liu Jiakun viu a exposição individual de arquitectura de Tang Hua, um antigo colega da universidade, no Museu de Arte de Xangai, em 1993. Tal “reacendeu a sua paixão pela profissão e alimentou uma nova mentalidade de que também ele se podia desviar da estética social prescrita”, descreve o júri do Pritzker. Para Liu, “a arquitectura deve revelar algo – abstrair, destilar e tornar visíveis as qualidades inerentes às pessoas locais”, tendo “o poder de moldar o comportamento humano e criar atmosferas, oferecendo uma sensação de serenidade e poesia, evocando compaixão e misericórdia, e cultivando um sentido de comunidade partilhada”.
Hoje Macau Manchete SociedadeSJM | Regresso aos lucros após quatro anos de prejuízos A SJM obteve um lucro de 3 milhões de dólares de Hong Kong no ano passado, e conseguiu reduzir a dívida acumulada em 6 por cento, para 26,5 mil milhões de dólares de Hong Kong A concessionária do jogo SJM Holdings anunciou um lucro de três milhões de dólares de Hong Kong em 2024, após perdas sem precedentes durante quatro anos consecutivos. Num comunicado enviado na terça-feira à bolsa de valores de Hong Kong, a empresa fundada pelo falecido magnata do jogo Stanley Ho Hung Sun recordou que tinha registado um prejuízo de 2,01 mil milhões de dólares de Hong Kong em 2023. Os casinos da SJM arrecadaram 28,8 mil milhões de dólares de Hong Kong, mais 35,9 por cento do que no ano anterior, enquanto as receitas não jogo subiram 22,9 por cento, para 1,92 mil milhões de dólares de Hong Kong. Com as receitas a subir, a empresa registou um lucro operacional de 3,76 mil milhões de dólares de Hong Kong, mais do dobro do que em 2023. Durante o ano passado, a SJM conseguiu reduzir em 6 por cento a dívida total, para 26,5 mil milhões de dólares de Hong Kong no final de Dezembro. Em 22 de Janeiro, a agência de notação financeira Fitch Ratings manteve a classificação da dívida da SJM graças à recuperação do turismo em Macau. A Fitch disse que o Grand Lisboa Palace, empreendimento de jogo e hotelaria inaugurado em Julho de 2021, em plena pandemia, obrigou a SJM a acumular um nível elevado de dívida. Novas receitas A empresa disse na terça-feira que o Grand Lisboa Palace passou de prejuízos em 2023 para um lucro operacional de 499 milhões de dólares de Hong Kong no ano passado. As receitas do novo empreendimento da SJM mais que duplicaram, atingindo 6,58 mil milhões de dólares de Hong Kong. O mercado de massas representou 82,4 por cento das receitas dos casinos da empresa, enquanto o jogo VIP se ficou por uma fatia de 9,3 por cento. As grandes apostas, que em 2019 representavam 46,2 por cento das receitas dos casinos de Macau, foram afetadas pela detenção do líder da maior empresa angariadora de apostas VIP do mundo, em Novembro de 2021. O antigo director executivo da Suncity, Alvin Chau Cheok Wa, foi condenado, em janeiro de 2023, a 18 anos de prisão, num caso que fez cair de 85 para 18 o número de licenças de promotores de jogo emitidas em Macau. A SJM disse que vai renovar por completo todos os quartos do Grand Lisboa, um dos mais importantes casinos da empresa, assim como aumentar em 10 por cento o número de quartos “através de conversão de antigas áreas reservadas a ‘junkets’”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSegurança | Bombeiros apelam a cautela na utilização de gás Face a um incêndio que fez cinco feridos e que se suspeita ter sido causado por uma fuga de gás, o Corpo de Bombeiros veio a público através de um comunicado onde indica ter realizado várias inspecções a edifícios e casas nos últimos anos Após uma explosão seguida de incêndio que causou cinco feridos, o Corpo de Bombeiros (CB) apelou à população para prestar “elevada atenção à segurança na utilização de aparelhos de fogão a gás”. O comunicado, em língua portuguesa, foi emitido na manhã de ontem, dado que se suspeita que na origem das chamas tenha estado uma “fuga de gás de petróleo liquefeito”. “O CB salienta novamente que não se pode negligenciar o risco de segurança do gás, quer seja em casa, restaurantes e outros espaços”, pode ler-se na mensagem. “Espera-se que os cidadãos e os sectores reforcem a vigilância, a prevenção e que tratem bem dos assuntos de segurança relativos à utilização e instalação correctas dos aparelhos de fogão a gás, de modo a garantir em conjunto a segurança da vida e dos bens”, foi acrescentado. A mensagem serviu igualmente para o CB defender-se de eventuais acusações de falha nas inspecções realizadas. “Desde 2019, o CB começou a deslocar-se às comunidades para realizar continuamente inspecções aos fogões a gás em domicílios, conjuntamente com as associações e organizações de moradores e os chefes comunitários de segurança contra incêndios”, foi indicado. “Até Fevereiro do corrente ano, foram efectuadas 1.742 inspecções em domicílios”, foi complementado. Segundo o CB, durante as inspecções verificaram-se “as especificações de segurança, o local de instalação [dos aparelhos] e o prazo de validade do tubo de aparelhos de fogão a gás”, e como resultado encontraram-se problemas como tubos de ligação do gás ao fogão fora da validade, ligações defeituosas para a saída dos gases dos esquentadores ou a colocação em lugares de risco das bilhas de gás. Mais segurança Nas últimas duas semanas aconteceram dois incêndios em edifícios residenciais, o que tem levado a que a manutenção dos equipamentos de segurança contra incêndio tenha sido questionada. O primeiro incêndio aconteceu no Edifício do Lago, acredita-se que devido a um curto-circuito com uma televisão, e causou polémica, dado que o alarme para alertar os moradores não disparou. Como consequência, a deputada Lo Choi In fez uma interpelação escrita a pedir melhores inspecções de fiscalização. No incêndio de segunda-feira, ainda no local, o CB garantiu que os equipamentos de segurança funcionaram como esperado. Contudo, devido à explosão com uma fuga de gás no sistema de abastecimento centralizado, o impacto acabou de atingir maior dimensões, com cinco feridos, entre os quais duas crianças com queimaduras em pelo menos 20 por cento do corpo, além de ter havido a projecção do 19.º andar de vários objectos para a via pública, entre os quais uma máquina de lavar a roupa.