João Santos Filipe Manchete SociedadeCPSP | MP quer pena severa para agressor de agente O motorista que atacou com uma barra metálica um polícia, depois de ter sido advertido para uma situação de estacionamento ilegal, fica sujeito a apresentações periódicas, proibição de sair do território e teve de pagar uma caução O motorista que agrediu um agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) com uma barra metálica está obrigado a apresentar-se periodicamente diante das autoridades, proibido de sair do território e ainda teve de prestar uma caução. Foram estas as medidas de coacção aplicadas ao homem detido no domingo, de acordo com um comunicado do Ministério Público (MP). “Tendo em conta a natureza, o modus operandi, a ilicitude dos factos e a gravidade da culpa, o Juiz de Instrução Criminal, sob a promoção do Ministério Público, aplicou-lhe as medidas de coacção de prestação de caução, de apresentação periódica e de proibição de ausência”, foi comunicado. Na base destas medidas esteve o facto de o juiz ter considerado existirem “fortes indícios da prática do crime de injúria agravada, do crime de dano, do crime de resistência e coacção, e do crime de detenção não justificada de arma e outros instrumentos”. No comunicado, o MP avisa a população que vai sempre promover “penas severas” para qualquer cidadão que utilize violência contra os agentes da polícia. “Para quaisquer tipos de crimes que envolvam violência, o Ministério Público não só promove, nos termos da lei, a aplicação de punições severas, que podem ainda ser agravadas, ao abrigo da lei penal, quando se verificarem circunstâncias graves relacionadas com actos de violência contra agentes de autoridade, mas também se empenha no trabalho de apurar de forma rigorosa as responsabilidades legais dos infractores, defendendo a dignidade e segurança dos aludidos agentes”, foi indicado. “O Ministério Público apela, desde já, aos cidadãos para observarem a lei, terem uma boa disciplina, respeitarem e cooperarem activamente com o trabalho dos agentes de autoridade, no sentido de se preservar, em conjunto, a boa ordem social de Macau”, foi acrescentado. Palavrões e agressão Em comunicado, o MP indica que o motorista “utilizou palavrões para insultar o agente […] e brandiu uma vara hidráulica de metal”, quando ainda estava dentro do veículo. Depois, mais tarde, saiu do veículo, “com a vara na mão, brandiu-a na direcção do agente policial e afastou-se do local de imediato de carro, por duas vezes”. À terceira, conta o MP, quando o condutor foi interceptado “desceu do veículo para agredir o agente policial com a referida vara, causando-lhe ferimentos no corpo”. “Durante o processo de detenção, foram também provocados danos nos equipamentos policiais”, foi completado. O crime de injúria agravada prevê uma pena de prisão de 4,5 meses ou multa de 180 dias, o crime de danos de 3 anos de prisão, o crime de resistência e coacção pode chegar aos 5 anos de prisão e o crime de detenção não justificada de arma e outros instrumentos de dois anos ou 240 dias.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEconomia | Moody’s mantém rating, mas admite perspectiva negativa A Autoridade Monetária de Macau emitiu um comunicado a mencionar a avaliação sobre a boa situação das finanças do território. Porém, deixou de fora que a notação foi atribuída com uma perspectiva negativa A agência de notação financeira Moody’s manteve o rating de Macau no nível Aa3, o quarto mais elevado da escala, mas admite que a perspectiva para o futuro é negativa. O relatório mais recente, publicado na terça-feira, indica que se o território emitir dívida para se financiar, esta é considerada um bom investimento, embora haja o risco de a nota ser reduzida no futuro próximo. Como parte da justificação para o facto de a notação ser mantida no nível Aa3, a Moody’s indicou a forte capacidade do território para fazer face a eventuais dívidas, devido ao elevado nível do produto interno bruto per capita, assim como o facto de a RAEM não ter emitido qualquer dívida. As reservas financeiras são ainda tidas como uma boa almofada para “absorver” eventuais choques que resultem do “abrandamento estrutural da economia chinesa”, que é principal mercado de Macau. Após a Moody’s ter revelado a manutenção do rating, a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) emitiu um comunicado em que deixou de fora menções às perspectivas negativas e referências directas aos riscos associados à situação económica do outro lado da fronteira. “A Moody’s manteve a notação ‘Aa3’, posicionada no quarto nível mais elevado, atribuída à RAEM, fundamen- tando-se na situação estável das finanças públicas e dos pagamentos externos da RAEM”, foi indicado. “Além disso, a ausência de encargos com dívidas por parte do Governo da RAEM continua a conferir uma forte capacidade de resistência a potenciais choques externos”, foi acrescentado. A AMCM destacou ainda como positivo o facto de a economia em 2025 estar a 85,2 por cento dos níveis de 2019: “Apesar dos desafios complexos e das múltiplas incertezas que a economia global enfrenta actualmente, a economia da RAEM tem demonstrado uma tendência da recuperação sólida. No primeiro trimestre de 2025, a dimensão da economia local atingiu 85,2 por cento do nível registado no mesmo período de 2019”, foi realçado. Mão de Pequim A AMCM vincou o papel do Governo Central nos planos de diversificação económica de Macau: “Além disso, com o apoio do Governo Central, o Governo da RAEM encontra-se a promover, de forma ordenada, o desenvolvimento da diversificação adequada da economia e a cooperação regional, reforçando ainda mais a sustentabilidade do crescimento económico da RAEM”, foi comunicado. A notação financeira das diferentes agências serve como referência para investidores quando tomam decisões sobre as dívidas que compram. Quanto melhor for a avaliação, menor é o risco de não ter capacidade de pagar as dívidas, o que leva a que os juros pagos pelos emissores sejam mais reduzidos. No entanto, como Macau não emite dívida, ao contrário do Interior da China, a notação acaba por não ter verdadeiramente impacto, além de ser uma opinião de uma entidade externa sobre as finanças públicas locais.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMetro | Lucro de 17,43 milhões apesar de cortes nos subsídios Sem os subsídios do orçamento da RAEM, a empresa que explora o metro ligeiro teria apresentado perdas de 660,67 milhões de patacas. Todavia, as receitas com a venda de bilhetes estão a apresentar melhorias No ano passado, os lucros da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau registaram uma redução de 16,7 milhões de patacas, caindo para os 17,43 milhões de patacas. Os números foram publicados ontem, através do portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP), e a diferença pode ser explicada com a redução dos subsídios públicos. O resultado representa uma quebra de 48,9 por cento face ao lucro de 34,13 milhões de patacas apresentado em 2023. Para esta diferença, contribuíram os subsídios entregues pelo Governo à empresa, e sem os quais os resultados seriam sempre negativos. Em 2023, o Governo entregou em subsídios à empresa que explora o metro 705,47 milhões de patacas. No ano passado este número teve um corte de 48,9 milhões de patacas, caindo para 678,10 milhões de patacas. Todavia, sem os apoios da RAEM, a empresa teria perdido 660,67 milhões de patacas no ano passado, o que representa uma melhoria face a 2023, quando sem apoios do Governo as perdas teriam sido de 671,34 milhões de patacas. No entanto, as receitas das empresas apresentam sinais de melhoria, principalmente ao nível da venda de bilhetes. As receitas com a venda de bilhetes subiram para 27,06 milhões de patacas, quando no ano anterior tinham sido de 13,21 milhões de patacas, o que significa que no espaço de um ano mais do que duplicaram. Este aumento foi explicado pela empresa com a abertura da linha de Seac Pai Vai, em Novembro do ano passado, e com a abertura da Linha de Hengqin, em Dezembro. Outras fontes Também as receitas com o estacionamento registaram um aumento de 596 mil patacas para 1,3 milhões de patacas. Além disso, a venda de cartões para utilizar o metro viu as receitas subirem de 344 mil patacas para 676 mil patacas. Ao mesmo tempo, as “outras receitas” foram de 6,76 milhões de patacas, um aumento face aos 4,53 milhões de patacas do ano anterior. Enquanto as receitas com juros foram de 52,0 milhões de patacas, quando no ano anterior tinham sido de 47,45 milhões de patacas. Contudo, as despesas operacionais cresceram mais de 12 milhões de patacas, para 746,77 milhões de patacas em 2024, quando no ano anterior tinham sido de 734,15 milhões de patacas. As maiores despesas envolveram os custos com o pessoal que atingiram 299,70 milhões de patacas a operação e manutenção das linhas de metro que representaram despesas de 229,75 milhões de patacas e ainda os outros gastos que atingiram 89,68 milhões de patacas.
João Luz Manchete PolíticaCheques | Associações tradicionais afastam conversão Depois de Pereira Coutinho e Ron Lam se terem manifestado contra a conversão do cheque pecuniário em cartão de consumo, deputados das associações tradicionais juntaram-se à oposição. Uma delas foi Lo Choi In, que viu ontem o jornal Cidadão desculpar-se por um artigo escrito por IA em que deputada defendia a substituição dos apoios A polémica relativa à conversão da forma de atribuição do cheque pecuniário num cartão de consumo, que restringe onde gastar o apoio e assume a forma de descontos, conheceu ontem novos contornos, com o “coro” de vozes de deputados a aumentar de volume. A ideia voltou à ordem-do-dia depois de duas reuniões organizadas pelo Governo com representantes de associações, há cerca de duas semanas, para ouvir sugestões sobre a reforma da comparticipação pecuniária. No final, o Executivo revelou que alguém sugeriu mudar a forma como se atribuem os cheques pecuniários, convertendo-os em cartões do consumo para apoiar o comércio e restauração nos bairros comunitários. O deputado Pereira Coutinho começou por criticar a substituição dos apoios e afirmou que iria tentar saber qual a posição dos restantes deputados eleitos por sufrágio directo, cujas associações a que pertencem estiveram nas reuniões com o Governo. Depois de Ron Lam e Nick Lei, deputados das associações tradicionais vieram ontem juntar-se às vozes descontentes com a ideia. Wong Kit Cheng, deputada da Associação Geral das Mulheres de Macau, o deputado Ngan Iek Hang, da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM), e Leong Sun Iok, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), assumiram posições contra a alteração à forma como são atribuídos os cheques pecuniários. Falhas tecnológicas A oposição mais caricata à mudança da forma do cheque pecuniário surgiu ontem, com uma errata e pedido de desculpas do jornal Cidadão relativamente ao resumo de artigo escrito com recurso a Inteligência Artificial (IA), onde se indicava que Lo Choi In, deputada da associação ligada à comunidade de Jiangmen, era favorável à polémica conversão. O artigo foi publicado no dia 16 de Janeiro deste ano, mas devido à polémica sobre o assunto, voltou a ressurgir nas redes sociais onde se somaram muitas críticas à posição da deputada reflectida no artigo do Cidadão. O resumo do artigo referia que “a deputada sugere que parte do cheque pecuniário deve ser convertido em cartão do consumo” e que as autoridades devem ajustar a alocação de recursos com flexibilidade. No entanto, o que a deputada realmente defendeu foi a aplicação do montante poupado pela saída do programa de residentes que morem fora de Macau num cartão do consumo para incentivar o consumo nos bairros comunitários. Por esta razão, o jornal publicou ontem uma declaração a pedir desculpas a Lo Choi In. “Devido a problemas técnicos da IA, o artigo apareceu com declarações enganosas, que interpretavam mal a intenção original da deputada Lo Choi In sobre o plano do cheque pecuniário.” A deputada respondeu nas redes sociais, partilhando o pedido de desculpas do jornal Cidadão, e apelou ao público para ler os artigos com conteúdos completos e não se ficar pelos resumos escritos com recursos a softwares de IA.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCriminalidade | “Jogo ilícito” com aumento superior a 900 por cento As alterações à “Lei de combate aos crimes de jogo ilícito”, que aditaram o crime de câmbio ilegal, levaram a mais ocorrências. Só num ano houve um aumento de 906,3 por cento de crimes associados ao “jogo ilícito”. Os dados são relativos ao primeiro trimestre deste ano e foram ontem divulgados pelo secretário Wong Sio Chak A lei mudou e o crime aumentou. Foi assim com o câmbio ilegal em casinos, uma vez que a actividade passou a ser criminalizada com a alteração à “Lei de combate aos crimes de jogo ilícito” no ano passado. Segundo o balanço da criminalidade feito ontem, os crimes associados ao jogo ilícito subiram 906,3 por cento, tendo-se registado 161 casos no primeiro trimestre deste ano face aos 16 do ano passado, crescimento potenciado pelos casos de câmbio ilegal. A mudança legislativa em causa “levou a um grande aumento deste tipo de criminalidade, sobretudo no que diz respeito aos câmbios ilegais”, foi referido. Ao aditar-se o crime de “Exploração de câmbio ilícito para jogo”, foi assim, ajustado “o âmbito de cobertura de alguns crimes relacionados, o que teve como consequência o aumento dos crimes relacionados com o jogo ilícito”, foi acrescentado. Na conferência de imprensa de ontem, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, referiu que as autoridades policiais vão continuar “a reforçar os trabalhos de prevenção e de execução da lei”, além de acompanharem “e analisarem o desenvolvimento da criminalidade”. Trocas e baldrocas Em termos gerais, os crimes associados ao jogo também aumentaram, com a instauração de 567 inquéritos, mais 216 face ao primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 61,5 por cento. Segundo uma nota de imprensa do gabinete de Wong Sio Chak, “acredita-se que a causa principal deste aumento está relacionada com a criminalização da ‘troca ilegal de dinheiro'”, “o desmantelamento de várias redes criminosas pertinentes, nas operações conjuntas, assim como factores incertos da sociedade resultantes do aumento de turistas”. No panorama geral da criminalidade, a polícia instaurou, no total, 3.289 inquéritos criminais, o que representa um decréscimo de 260 casos e traduz uma decida de 7,3 por cento relativamente ao mesmo período do ano de 2024. Táxis | Mais de 700 infracções em três meses Os dados divulgados ontem pelo Executivo mostram como as infracções cometidas por taxistas não pararam de aumentar. Só no primeiro trimestre deste ano foram registadas 773 infracções, sendo que 660 foram detectadas pelos agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). Segundo as autoridades, “mais de metade foram situações em que os condutores de táxis não aguardaram por ordem de chegada pelos clientes nas praças de táxis”. A polícia diz ter “tratado os casos em conformidade com a lei e apelado aos infractores para não voltarem a infringir a lei”.
Hoje Macau Manchete PolíticaDireito de manifestação | Risco para segurança do Estado, diz secretário O Governo disse ontem que a realização de manifestações pode ameaçar a segurança da China, mas negou que a polícia tenha pressionado uma associação a cancelar um protesto no Dia do Trabalhador. “As manifestações podem trazer conflitos à sociedade, à segurança de Estado”, defendeu o secretário para a Segurança. “Isto tem a ver com o bem-estar do nosso país. Não podemos, devido ao interesse de uma pessoa, prejudicar o nosso povo”, disse Wong Sio Chak. Durante a pandemia, as forças de segurança recusaram-se a aprovar o percurso de qualquer protesto, invocando razões de “ordem e segurança” ou de saúde pública. As autoridades levantaram as restrições antipandémicas no final de 2023, mas os protestos não voltaram às ruas da cidade. Wong Sio Chak reiterou o respeito do Governo da RAEM pelo direito à manifestação, mas sublinhou que “não pode causar impacto à sociedade”. “Temos uma negociação quanto à ordem pública, tal como anteriormente, porque uma manifestação tem de ocupar espaço público e pode também ter muitas pessoas a participar”, referiu o secretário. Wong Sio Chak deu ainda como exemplo uma alegada decisão da polícia em Espanha, que terá sido confirmada pela justiça, de proibir uma manifestação “envolvendo dois grupos religiosos que podia levar a um conflito e desordem”. Questionado sobre se a polícia de Macau tinha razões para temer que o protesto do Dia do Trabalhador poderia levar a confrontos físicos, o secretário não respondeu directamente. No entanto, Wong sublinhou que “todos os polícias têm medo de conflito, de agressão”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEnergia fotovoltaica | Pedidas medidas de apoio à produção O deputado Si Ka Lon considera que a energia solar fotovoltaica deve ser uma das grandes apostas do Governo, porque vai permitir reduzir as emissões de carbono. Si destaca ainda que Macau tem boas condições para apostar neste tipo de produção de energia O deputado Si Ka Lon pretende saber que medidas vão ser tomadas pelo Governo para que a electricidade consumida em Macau tenha cada vez mais como fonte a energia solar fotovoltaica. O pedido faz parte de uma interpelação escrita do deputado ligado à comunidade de Fujian, divulgada no portal da Assembleia Legislativa. Na perspectiva do deputado, Macau tem condições para apostar na energia solar fotovoltaica porque possui uma “estrutura económica relativamente homogénea”, em que o “sector terciário representa mais de 90 por cento”. Por este motivo, o consumo de energia no território é visto por Si como “relativamente” baixo, havendo apenas “um pequeno número de grandes consumidores de energia”. Ao mesmo tempo, o membro da Assembleia Legislativa destaca que “o sector da energia é a principal fonte de emissões de carbono em Macau, representando uma proporção significativa do total de emissões” no território, pelo que a aposta por fontes alternativas de energia “é crucial para alcançar a neutralidade de carbono”. “Dado que Macau tem uma vantagem única para alcançar a neutralidade de carbono, as autoridades devem desempenhar um papel de liderança na promoção activa da aplicação da energia fotovoltaica e facilitar a realização dos objectivos de redução de carbono de Macau o mais cedo possível”, atirou. O deputado lamenta ainda falta de esforços para promover mais esta fonte de energia: “A aplicação da produção de energia solar fotovoltaica em Macau está a progredir lentamente, com a produção desta energia a representar apenas 0,01 por cento da carga total e da electricidade total em 2023. E embora tenha aumentado para 0,04 por cento em 2024, a carga total está ainda longe de ser adequada quando comparada com as regiões vizinhas e os padrões internacionais”, descreveu. Parados no tempo O legislador recorda também a ausência de medidas para diversificar a fonte de produção de energia desde 2015, ano em que o Governo criou o Regulamento de Segurança e Instalação das Interligações de Energia Solar Fotovoltaica. Este documento legal veio permitir a ligação de sistemas fotovoltaicos à rede eléctrica, e a possibilidade de as distribuidoras de energia pagarem por essa energia. “Na última década, o progresso dos projectos fotovoltaicos tem sido lento, com poucos casos de ligação [de sistemas fotovoltaicos] à rede, o que deixa muito a desejar”, vincou. Neste sentido, o deputado pede “orientações políticas claras”, “optimização do ambiente de mercado” e “simplificação dos procedimentos administrativos”, que considera muito lentos. O deputado pergunta assim se vão ser adoptadas novas políticas e se o Governo vai rever os procedimentos administrativos, para agilizar este mercado de produção de energia.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTrânsito | Conselheiro pede sanções mais pesadas para peões Ip Wai Keong defende o aumento das multas por atravessar a rua fora da passadeira de 300 patacas para 600 patacas. O membro do Conselho Consultivo do Trânsito considera que a penalização actual é insuficiente Após o atropelamento de uma turista que atravessou a Avenida de Almeida Ribeiro fora da passadeira, Ip Wai Keong, membro do Conselho Consultivo do Trânsito, defende sanções mais pesadas para peões. A posição foi tomada em declarações prestadas ao Jornal do Cidadão. Na opinião de Ip, a multa actual de 300 patacas é insuficiente para levar as pessoas a utilizarem mais as passadeiras, pelo que defende o aumento da sanção para 600 patacas. Ip Wai Keong lamentou também que a revisão da Lei do Trânsito Rodoviário, que actualmente está a ser discutida na Assembleia Legislativa, apenas aplique multas a quem atravessa as passadeiras ao telemóvel. No entanto, não prevê um aumento das sanções para quem atravessa a estrada de forma ilegal, o que o conselheiro considera que devia ser tido em conta. O membro do Conselho Consultivo do Trânsito considera ainda a medida necessária porque cada vez mais pessoas são multadas, o que na sua óptica mostra que o valor não é tido como suficientemente penalizador. Todavia, reconhece que parte do aumento das infracções pode ser igualmente explicado com o facto de a polícia ter começado a prestar maior atenção ao assunto. Um cenário que o conselheiro afasta, pelo menos para já, é a criminalização da conduta de atravessar a estrada fora da passadeira. Segundo Ip, a infracção é “menor” e não justifica uma penalização tão pesada, a não ser que haja consenso social. Além das multas mais pesadas, o membro do Conselho Consultivo do Trânsito pede às autoridades que façam mais campanhas a alertar a população e os turistas para as consequências de atravessarem a estrada fora da passadeira. Desafios locais Em relação à possibilidade de as autoridades instalarem mais barreiras nos passeios da Avenida de Almeida Ribeiro, para impedir que aos peões entrem na faixa de rodagem, Ip Wai Keong afirmou que os efeitos da medida são limitados. Na lógica do conselheiro, a Avenida de Almeida Ribeiro tem muitos cruzamentos, acessos e paragens de autocarros, o que faz com que haja muitas oportunidades para atravessar a estrada fora da passadeira. Além disso, Ip teme que com mais barreiras naquela zona, e dados os pilares dos edifícios antigos, a visibilidade dos condutores fique ainda mais reduzida. Em relação à possibilidade de haver mais locais com semáforos para a travessia da rua na Avenida de Almeida Ribeiro, Ip mostra-se contra, por considerar que a zona tende a ter muitos congestionamentos e que com mais semáforos a situação vai piorar. O atropelamento que relançou a questão das travessias de rua fora das passadeiras aconteceu no sábado, quando duas turistas do Interior decidiram atravessar uma das vias mais movimentadas da cidade fora da passadeira. Uma das mulheres foi atingida por um autocarro público, e acabou por ser transportada para o hospital.
João Luz Manchete PolíticaCheques | Nick Lei também contra troca por cartão de consumo O deputado Nick Lei demarca-se da ideia de converter o cheque pecuniário em cartão do consumo, depois de Pereira Coutinho e Ron Lam terem demonstrado oposição à troca. Nick Lei revela que a opinião de mudar a natureza do apoio foi partilhada por forças associativas minoritárias numa reunião com membros do Governo Afinal, quem defendeu a troca do cheque pecuniário por um cartão de consumo, que pode obrigar a gastos superiores para beneficiar da comparticipação, numa reunião com membros do Governo? Na semana passada, o deputado Pereira Coutinho demonstrou oposição à ideia e garantiu que iria perguntar aos deputados que representam associações que reuniram com o Executivo para saber se concordavam com o fim da atribuição habitual do cheque pecuniário. “Vou contactar os deputados eleitos por sufrágio directo para saber quem apoia esta forma ridícula de atribuição do apoio,” garantiu Pereira Coutinho. Ontem, o deputado Nick Lei, ligado à comunidade de Fujian, publicou um vídeo nas redes sociais a demarcar-se desta posição. A polémica surgiu depois de os gabinetes de Tai Kin Ip e O Lam terem divulgado um comunicado sobre reuniões nos dias 15 e 16 de Maio com associações para ouvir opiniões sobre o aperfeiçoamento da comparticipação pecuniária, vulgarmente designada como cheque pecuniário. Segundo o Governo, alguém sugeriu a “adopção de outras formas de atribuição e combinações de atribuição tais como cartões de consumo ou vales de consumo”. A substituição do cheque por um cartão do consumo poderá implicar a necessidade de consumir primeiro para poder gastar o valor comparticipado pelos cofres públicos. Sem indicar especificamente a associação responsável pela opinião, Nick Lei afirmou que a ideia não contou com a concordância da larga maioria dos participantes na reunião, e que, por isso, “não é necessário recolher as opiniões sobre a forma de atribuição”. Linha na areia Independentemente de quem disse o quê, o deputado que preside à associação Aliança do Povo de Instituição de Macau afirmou ontem ter recebido queixas de residentes contra a conversão do cheque pecuniário em cartão do consumo, medida que considera “inaceitável”. Desde o início da distribuição dos cheques pecuniários, em 2008, a medida tem contado com a opinião favorável dos residentes, correspondendo às suas expectativas, indica o deputado. Porém, Nick Lei defende o lançamento de uma nova ronda de cartão do consumo enquanto complemento do cheque pecuniário. “A sociedade de Macau concorda com a atribuição dos dois apoios. No entanto, se parte do valor do cheque pecuniário for transferido para um cartão de consumo, isso é inaceitável”, concluiu.
João Luz Manchete PolíticaEconomia | Mais de 200 milhões usados em descontos Com o “Grande prémio para o consumo nas zonas comunitárias 2025” a terminar este fim-de-semana, o Governo estima que mais de 200 milhões de patacas em cupões de desconto tenham sido usados até 18 de Maio. O Governo espera que a iniciativa dê início a um ciclo de consumo comunitário, reforçando os negócios das pequenas e médias empresas O “Grande prémio para o consumo nas zonas comunitárias 2025” termina no próximo fim-de-semana. Os residentes têm até sexta-feira tempo para fazer compras superiores a 50 patacas através de aplicações de pagamento aderentes ao programa para se habilitarem ao último sorteio de cupões de desconto para gastar no fim-de-semana. Segundo informação divulgada ontem pela Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), até 18 de Maio foram utilizados benefícios electrónicos num valor superior a 200 milhões de patacas. No passado dia 9 de Maio, o Governo adiantava que 160 milhões de patacas de cupões de desconto usados haviam gerado até então 680 milhões de patacas em receitas para os estabelecimentos comerciais onde foram gastos. A DSEDT indicou esperar que, “através dos esforços conjuntos de todas as partes, os residentes sejam continuamente incentivados a consumir nos bairros comunitários durante os fins-de-semana, promovendo o ciclo de consumo comunitário e reforçando a confiança das pequenas e médias empresas na exploração dos seus negócios”. Mais para todos Uma das novidades desta edição da iniciativa para impulsionar o consumo, além do aumento para 200 patacas do valor máximo de desconto, foi a criação dos descontos imediatos para idosos através das versões especiais do Macau Pass. Como tal, a DSEDT relembra que os residentes com mais de 65 anos que ainda não tenham levantado a nova versão do cartão para idosos podem fazê-lo até domingo em mais de 100 postos de serviços, ficando com o resto do dia para gastar as 300 patacas do apoio. As autoridades vincam que os descontos imediatos não gozados depois de domingo “serão automaticamente reduzidos a zero”. Recorde-se que os cupões não podem ser utilizados em algumas cadeias de supermercados, como Royal, PARKnSHOP, San Miu e Sunsco. Além disso, não podem ser usados ser utilizados para pagar água, electricidade, gás natural, combustíveis, telecomunicações, transportes transfronteiriços, serviços médicos, serviços prestados por instituições públicas. Também não podem ser usados em casinos, bancos, seguradoras e outras instituições financeiras, casas de penhores, supermercados de grande escala, administração de propriedades, instituições de ensino, parques de estacionamento, táxis, parquímetros e máquinas de venda automática.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteLiteratura | MUST aposta em projecto de tradução de Camões para chinês A Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau está a apostar em projectos de tradução de Luís de Camões. Numa altura em que celebram os 500 anos do nascimento do poeta, Filipe de Saavedra, académico da universidade local, fala da iniciativa e do Congresso do Meio Milénio do Nascimento de Luís de Camões, em Moçambique No ano passado, completaram-se 500 anos do nascimento daquele que é considerado o maior poeta português de todos os tempos. Luís de Camões, autor da epopeia “Os Lusíadas”, nasceu em 1524, navegou pelos mares e percorreu terras por onde os portugueses andaram, nomeadamente Moçambique, Goa e Macau, entre outros, e sobre eles deixou poemas e escritos em cartas. A sua importância está espelhada nas comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das comunidades portuguesas. Todas as manifestações literárias que Camões deixou escritas vão agora ser traduzidas para chinês graças a um projecto que tem vindo a ser desenvolvido pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa). Filipe de Saavedra, especialista na vida e obra de Luís de Camões, docente e investigador nesta universidade e doutor em Estudos Portugueses, falou ao HM sobre o projecto. “As nossas traduções sairão ao abrigo de um projecto em curso na UCTM [MUST na sigla em inglês] onde se prevê a tradução integral para chinês de todos os géneros líricos e das cartas de Camões. Os alunos são ali expostos ao poeta desde o primeiro ano da Licenciatura em Estudos Portugueses até ao mestrado, e a resposta deles é entusiástica. Temos trabalhos de grande qualidade feitos por eles e publicados no canal YouTube ‘Português em Macau’. Já tínhamos tido igual sucesso com os alunos indonésios. Neste momento, o número de projectos de vídeo sobre Camões já publicados ultrapassa as duas centenas”, confessou. “O projecto mais ambicioso é o da edição crítica da obra, a que estamos a dar início pelas cartas e pelas odes. Irá combinar os esforços acumulados de várias gerações de estudiosos com as nossas novas leituras dos manuscritos, e novas interpretações. Será o contributo mais duradouro e mais necessário suscitado por estas celebrações”, acrescentou o camonista. A MUST tem também o projecto de atelier de teatro em que “os alunos representam Camões”, além de que “no concurso de poesia deste ano os alunos escolheram recitar Camões, demonstrando grande sensibilidade à poesia dele”. Para Filipe de Saavedra, “a semente está lançada, e dali sairão os tradutores e camonistas do futuro”. Tendo em conta a forte ligação de Macau na vida de Luís de Camões, o território acolheu, no ano passado, o “I Congresso do Meio Milénio”, com representação de académicos de vários países com estudos em torno da figura, obra e vida de Luís de Camões. O balanço feito por Filipe de Saavedra é bastante positivo. “Trouxemos já por três vezes o mestre-tradutor Zhang Weimin, sempre com o apoio da Fundação Oriente, que deu várias aulas magistrais sobre como traduzir Camões para mandarim aos alunos dos cursos mais avançados da UCTM.” Nesse contexto, a MUST tem estabelecido “protocolos com universidades estrangeiras onde existem centros camonianos, para iniciativas em comum”. Um dos mais recentes foi com a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique, para a realização da segunda edição do mesmo congresso no próximo mês de Junho, em Maputo e na ilha. Camões em Moçambique Segundo Filipe de Saavedra, “o congresso realiza-se em dias especiais para Camões, e em lugares que ele habitou: 25 de Fevereiro, data mais provável do seu nascimento e 12 de Março, data da publicação da epopeia; e agora 10 de Junho, dia da morte do poeta em Lisboa”. “Como Camões viveu dois anos na Ilha de Moçambique, tarde ou cedo ali iríamos. Já tinham sido realizados congressos sobre Camões em Portugal e no Brasil, mas este é o primeiro que se reúne em toda a África, sendo que na Ásia também já fizemos dois, um na Indonésia e outro em Macau, os primeiros neste continente”, explicou. Em Moçambique, o docente irá falar “sobre os africanos em geral [presentes] na obra de Camões”, sendo que outros académicos vão “ocupar-se da relação dele com Moçambique, com outras pessoas que por ali passaram no tempo em que ele lá esteve, de questões de tradução que são sempre primaciais, e do ensino de Camões nas escolas”. Segundo o académico, este congresso tem o apoio da Comissão Nacional Portuguesa para as Celebrações do V Centenário de Camões. Filipe de Saavedra faz também parte da “Rede Camões na Ásia & África”, que reúne vários especialistas em Camões e que tem organizado os Congressos do Meio Milénio. “A rede de camonismo que implantamos na Ásia será fiel à sua matriz de ponto de encontro dos tradutores com os exegetas. Caracteriza-se por uma perspectiva global e plural, centrada nos textos, mas ancorando-se igualmente na experiência vital do poeta, concretamente nas vivências asiáticas e africanas dele. Este é um ponto de vista diferente do de Portugal.” O III Congresso do Meio Milénio irá decorrer no próximo ano em Goa, em parceria com a Universidade de Goa. “Iremos aprofundar as relações de Camões com a Índia daquele tempo, e não só com a Índia portuguesa. Estamos a oferecer co-tutorias a estudantes indianos de mestrado e doutoramento que queiram trabalhar Camões, bem como assistência bibliográfica. Também investiremos na procura de novos tradutores da poesia de Camões para as várias línguas indianas”, adiantou. Escritos que faltam Questionado sobre o que falta analisar e investigar na obra do poeta, o investigador da MUST salienta os poucos avanços ao nível da obra, e mais na vertente biográfica. “No século XX, e no que vai do XXI, avançou-se sobretudo no conhecimento da vida de Camões. Mas quanto à obra, os progressos têm sido mais lentos. Apesar dos contributos fundamentais prestados por estudiosos portugueses e estrangeiros, pode-se dizer que nenhuma edição da lírica saída até hoje se sustenta no seu conjunto como definitiva, e o mesmo quanto às do teatro. Para as cartas, a pesquisa e edição que eu estou a publicar era ainda mais urgente.” Filipe de Saavedra destaca que “muito está feito e muito está por fazer”, mas no que diz respeito à agitada vida do poeta, “há muitos aspectos da vida de Camões em que até sabemos demasiado, em assuntos sobre os quais o próprio talvez não tivesse gostado que se soubesse tanto”. “Mesmo o estudo da lírica já seria para ele um abuso, uma vez que a não quis reunir nem publicar, quando facilmente o poderia ter feito depois do sucesso de ‘Os Lusíadas’. Foi uma parte renegada da obra dele, já sem falar das cartas privadas, algumas privadíssimas. Pelo que todo esse excesso de conhecimento, esse saber-se quase tudo sobre a vida e sobre a obra de Camões, representa para nós um milagre, e para ele possivelmente uma maldição”, acrescentou. Para Filipe de Saavedra está em causa “o angustiante dilema entre respeitar a vontade e a privacidade de um autor, e perscrutar até aos íntimos recessos a existência terrena dele, sondando mesmo os seus pensamentos mais íntimos”. “Aqui somos forçados a pesar o interesse do indivíduo por um lado, idealmente atendível, e o interesse da cultura e da história por outro, que é maior e soberano. Ganha o segundo, e que Camões nos perdoe”, conclui.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCrime | Condutor irrita-se e agride agente do CPSP Insulto agravado, ofensa à integridade física agravada, dano agravado, resistência e coacção. É esta a lista de crimes pela qual um motorista de 60 anos está indiciado, depois de ter atacado um agente, com uma barra de ferro, devido a um aviso por estacionamento ilegal Um residente com 60 anos foi detido no domingo, depois de ter tentado agredir um agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). O caso começou com um aviso perto do Mercado Vermelho e acabou na Avenida do Ouvidor Arriaga, com as imagens da agressão a tornarem-se virais nas redes sociais. Na origem do incidente, esteve o facto de o agressor ter sido admoestado por um agente por estacionar ilegalmente a sua carrinha, perto do Mercado Vermelho, de acordo com a versão dos acontecimentos do CPSP, apresentada em comunicado. Segundo a mesma versão, o estacionamento ilegal foi detectado numa operação de rotina das autoridades naquela zona. Todavia, num primeiro momento, como o agente reparou que o condutor estava no interior do veículo pediu-lhe que conduzisse para outro lugar. No entanto, o CPSP afirma que após o primeiro pedido, o condutor insultou o agente e mostrou-lhe uma barra de metal como forma de ameaça. Face ao comportamento do condutor, o agente deixou um aviso e pediu a identificação do cidadão. Todavia, o motorista, em vez de apresentar os documentos, arrancou com a carrinha, e tentou fugir do local. O agente do CPSP perseguiu a carrinha, de mota, até que conseguiu interceptá-la, na Avenida do Ouvidor Arriaga. É a partir desse momento que foram captadas as imagens que foram divulgadas nas redes sociais. Firme e hirto Com a carrinha bloqueada à frente pela mota, e atrás por um carro particular, o condutor saiu do veículo, mas dirigiu-se de imediato ao agente do CPSP, atacando-o com uma barra metálica. O agente conseguiu defender-se com as mãos, e o agressor foi prontamente imobilizado, não só pelo polícia atacado, mas ainda por um outro agente no local, que se encontrava de folga, e alguns transeuntes. Apesar de ter sido imobilizado no chão, o homem ainda esperneou e tentou soltar-se durante alguns momentos, embora sem qualquer sucesso, acabando por ser detido. Como consequência da agressão, o agente atacado sofreu uma lesão no braço e o CPSP afirma que o equipamento do polícia ficou danificado. O caso foi encaminhado para o Ministério Público, e o residente, com cerca de 60 anos, está indiciado da prática dos crimes de insulto agravado, ofensa à integridade física agravada, dano agravado e resistência e coacção.
João Luz Manchete SociedadeViolência doméstica | Actualizado guia de casos contra crianças O IAS reviu o guia para tratar casos de violência doméstica contra crianças e organizou um curso para passar esses conhecimentos a cerca de 600 agentes policiais, médicos, professores e assistentes sociais. Os profissionais receberam formação sobre mecanismos de colaboração, instrumentos de avaliação, análise e intervenção O Instituto de Acção Social (IAS) actualizou os procedimentos para tratar casos de violência doméstica quando as vítimas são crianças, indicou o presidente da instituição, Hon Wai, numa resposta a interpelação escrita do deputado Ho Iong Sang. No documento divulgado ontem pelo gabinete do deputado da bancada dos Moradores, é indicado que o novo guia, revisto em Março deste ano, actualizou processos de colaboração entre departamentos e polícias, instrumentos de avaliação e análise e prioridades a ter em conta durante a intervenção em casos de violência doméstica com vítimas crianças. Após a actualização do guia, o IAS organizou um curso de formação básica destinado a trabalhadores da linha da frente de diferentes unidades de serviços para partilhar conhecimentos sobre métodos de abordagem e tratamento de casos que envolvam crianças. Segundo Hon Wai, cerca de 600 pessoas participaram no curso, incluindo agentes da polícia, médicos, pessoal docente, pessoal de aconselhamento e assistentes sociais. Além da preparação profissional para o problema, o IAS apostou também na educação e sensibilização da população no sentido de identificar e prestar apoio o mais cedo possível a potenciais casos de violência doméstica. Nesse sentido, mais de 40 instituições de serviços sociais organizaram palestras e actividades sobre a lei e para encorajar a população a fazer o pedido de apoio ou a participar o mais cedo possível, e reconhecer os diferentes tipos de violência doméstica. No terreno Para afinar os mecanismos de intervenção, o IAS estreitou a colaboração com vários departamentos e instituições públicas, como o Ministério Público, a Polícia Judiciária, o Corpo de Polícia de Segurança Pública, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude e os Serviços de Saúde. A cooperação inter-departamental é indicada por Hon Wai como indispensável para tratar assuntos relacionados com as medidas de protecção às vítimas e aconselhamento e acompanhamento de agressores. A colaboração inclui ainda entidades como a Comissão do Apoio Judiciário, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude e o Instituto de Habitação. Desta forma, o IAS quer garantir a capacidade para prestar “apoio económico urgente ou apoio judiciário, abrigo e protecção temporária, apoio à frequência escolar ou ao emprego, cuidados de saúde gratuitos, e aconselhamento individual ou em família. O objectivo é garantir as “necessidades básicas das vítimas e dos seus filhos”, indica o presidente do IAS.
João Santos Filipe Manchete PolíticaRenovação Urbana | Empresa em Hengqin com lucro de 539 milhões Entre as cerca de 4.000 habitações disponíveis, foram vendidas, até ao final do ano passado, 1.388 apartamentos, o que representa 34,7 por cento do total No ano passado, a Sociedade de Desenvolvimento do Novo Bairro de Macau (Hengqin, Zhuhai), representação no Interior da Macau Renovação Urbana, registou um lucro de 538,7 milhões de patacas (483,4 milhões de renminbis). Os resultados foram divulgados ontem através do portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP). As vendas das habitações tiveram início em Novembro de 2023 e no ano passado as casas começaram a ser entregues. Este é um projecto que pretende imitar o estilo de vida local, subordinado à legislação do Interior. Os dados apresentados pela empresa indicam que entre as cerca de 4.000 habitações disponíveis foram vendidas, até ao final do ano passado, 1.388 apartamentos, o que significa cerca de um terço das unidades construídas, ou 34,7 por cento. No ano passado, a empresa alterou os critérios de compra destas habitações, para facilitar o acesso às mesmas por mais pessoas do mesmo agregado familiar, ao permitir, por exemplo, a compra a residentes com menos de 18 anos. A nível do estacionamento, as vendas até ao final do ano passado foram menos significativas. Entre os 3.300 espaços de estacionamento construídos foram vendidos um total 462, o que significa cerca de 14 por cento. O relatório da empresa indica que entre os 3.300 estacionamentos um total de 673 foi construído com capacidade para servir como bunker em tempos de guerra, embora não tenha sido indicado se estes foram vendidos. Mais vendas, mais dinheiro Como consequência das vendas dos apartamentos e parques de estacionamento, as receitas operacionais da empresa subiram para 3,69 mil milhões de patacas, uma subida face às receitas de 171,6 mil patacas do ano anterior. Além disso, as cerca de 200 fracções disponíveis para serem arrendadas, assim como as lojas e outros espaços comerciais, geraram uma receita anual de 4,46 milhões de yuan. Os números das unidades arrendadas não foram avançados. Os custos operacionais situaram-se nos 2,70 mil milhões de patacas, tendo igualmente um crescimento face ao ano passado, quando não foram declarados custos operacionais. A empresa teve ainda de pagar em impostos no Interior cerca de 177,93 milhões de patacas. Os resultados positivos da Sociedade de Desenvolvimento do Novo Bairro de Macau (Hengqin, Zhuhai) contribuíram para os resultados da empresa-mãe, a Macau Renovação Urbana, encerrou o ano passado com um lucro de 1,79 mil milhões de patacas, quando em 2023 tinha registado prejuízos de 599,3 milhões de patacas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEconomia | Associação quer acelerar transformação de indústrias A Associação Económica de Macau defende que Macau necessita de uma transformação económica mais célere, face à fraca recuperação económica a nível local e mundial e ao aumento das tensões geopolíticas. Um dirigente da associação salienta que Macau é a cidade da Grande Baía que menos investe em investigação É preciso acelerar a transformação da economia, apostando em indústrias emergentes para retirar o peso do jogo das restantes actividades económicas. A ideia foi deixada por Wong Un Fai, secretário-geral adjunto da Associação Económica de Macau, que, ao jornal Ou Mun, disse que é necessário efectivar a diversificação da economia tendo em conta a fraca recuperação da economia local e global e ainda o aumento das tensões geopolíticas. Num artigo de opinião publicado no jornal Ou Mun, o responsável pediu para se olhar para os anos da pandemia, que explicam os riscos inerentes da dependência de uma única actividade económica. Nesses anos, o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau caiu mais de 50 por cento devido à queda de turistas e das receitas do jogo, salientou. Para o responsável, é também grave o facto de os casinos “roubarem” espaço de desenvolvimento a outros sectores e empresas. Apesar da esperança no fomento de áreas como a cultura, medicina tradicional chinesa (MTC) ou sector financeiro, a sua base é ainda fraca, o desenvolvimento lento e não existe uma cadeia de produção e fornecimento com maturidade, escreveu. Assim, Wong Un Fai defende que Macau tem desequilíbrios estruturais na sua economia que não dão resistência ao território para enfrentar impactos externos, defendendo um maior foco das autoridades em indústrias emergentes como a MTC, através dos laboratórios nacionais. maior entrada de empresas internacionais, para promover Macau como um centro de actividade entre a moeda chinesa e os países de língua portuguesa. Wong Un Fai pede também o reforço da aposta no ensino superior, aumentando o investimento em investigação científica para cerca de 1 por cento do PIB, criando mais laboratórios de referência do Estado e reforçando a cooperação académica internacional. Parcos investimentos Em relação ao investimento na área da ciência, Wong Un Fai disse que Macau é a cidade da Grande Baía que menos investe em investigação e desenvolvimento científico, representando apenas 0,3 por cento do PIB. Ao nível dos recursos humanos, o responsável alertou para a escassez de quadros qualificados que limita a transformação das actividades económicas, e criticou a falta de políticas adequadas e medidas complementares para a chegada de mais quadros qualificados internacionais. Isso faz de Macau um território pouco atractivo para a chegada de académicos e profissionais, defendeu. Ainda que seja uma das 11 cidades do projecto da Grande Baía, Macau não desempenha, segundo Wong Un Fai, o papel que lhe foi destinado por Pequim neste contexto, pois é em Hengqin que existe oferta de terrenos e políticas de apoio ao território. Além disso, lembrou, é ainda necessário aumentar a articulação entre a RAEM e as restantes cidades da Grande Baía nas áreas legislativa, indústrias e recursos.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteJogo | Como o bacará e o empresário Yip Hon ajudaram a cimentar a STDM Jorge Godinho, jurista e especialista na história do jogo de Macau, publicou um artigo que destaca o legado de Stanley Ho e como o bacará e o empresário Yip Hon foram essenciais na construção do império da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau. Completaram-se ontem cinco anos da morte do rei do jogo de Macau Acaba de ser publicado, na revista “Gaming Law Review”, um artigo de análise do académico Jorge Godinho que retrata as peças essenciais que ajudaram a construir o império da STDM – Sociedade de Turismo e Diversões de Macau e o legado que Stanley Ho deixou nas indústrias do jogo e entretenimento do território. Os fundadores dos STDM foram Yip Hon, Teddy Yip, Henry Fok e Stanley Ho. Em “The place of Stanley Ho (1921-2020) in Macau casino gaming history” [O lugar de Stanley Ho (1921-2020) na história do jogo de casino em Macau], conclui-se que dado o parco conhecimento e domínio do funcionamento dos jogos de fortuna e azar por parte do magnata de Hong Kong, acabou por ser Yip Hon o grande estratega da STDM nessa área. E que, nos primeiros anos, o bacará foi o jogo que deu fortuna aos bolsos dos gestores da STDM. “Yip Hon esteve por detrás das principais mudanças de 1975-1976: a viragem para o bacará e a utilização de uma rede de promotores de jogo. Stanley Ho era um empresário muito inteligente, com um olhar extremamente atento às oportunidades de negócio. Foi decisivo ao aproveitar a oportunidade oferecida pelas reformas e pelo concurso público de 1961-1962 e ao criar a STDM. No entanto, isso não é necessariamente o mesmo que ter experiência no jogo em geral e no bacará em particular”, escreveu Jorge Godinho na conclusão. O professor visitante na Universidade de Macau e docente no ISMAT – Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes cita um diálogo entre Stanley Ho e a jornalista do canal CNN, Lorraine Hahn, numa entrevista de 2004, em que este assume o seu fraco conhecimento dos meandros do funcionamento do jogo. “Não percebo nada de jogos de azar, continuo a não jogar. Consegui esta concessão porque foi um desafio para mim, pois não consigo perceber por que razão Hong Kong era tão próspera e Macau era uma cidade moribunda, a apenas 40 milhas de distância. Por isso, mais uma vez, adoro desafios, apresentei uma proposta e ganhei a concessão. (…) Como é que eu sou? Bem, sou muito normal; a única diferença é que não jogo”, assumiu Stanley Ho, acrescentando que apenas se interessava por desporto. “Bem, gosto desse nome [rei do jogo], mas para ser muito franco não mereço esse ‘rei do casino’, não jogo, como posso ser o rei do casino?”, questionou Stanley Ho em resposta à jornalista. O artigo de Jorge Godinho destaca que “nos primeiros anos, e durante o período em que se deu a grande viragem para o bacará, a força motriz do jogo na STDM foi Yip Hon (1904-1997), o verdadeiro perito do jogo na STDM”, cuja importância foi reconhecida pelo próprio Stanley Ho. “Devido ao tempo que passei em Macau, conhecia toda a gente de lá e, em 1961, quando houve um concurso para a concessão do jogo, juntei-me a alguns amigos e fizemos uma proposta para o casino – e ganhámos o franchise. Eu estava a trabalhar com o Sr. Henry Fok, o meu cunhado Teddy Yip e Yip Hon, que era um jogador profissional. Precisava de alguém que conhecesse esse lado do negócio”, disse o magnata, citado no artigo. Yip Hon era “o único accionista da STDM especialista em jogo”, e, nos primeiros anos de vida da empresa, o bacará gradualmente assumiu mais importância, ganhando destaque face a jogos como o blackjack e roleta, “tanto no mercado de massas como no segmento das grandes apostas”. Dados citados por Jorge Godinho, da Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos, à data com o nome Inspecção dos Contratos de Jogos, mostram uma “evidente” ascensão do bacará, que era o maior jogo em 1977, com 37 por cento de quota de mercado, e 65 por cento de quota em 1984. “Por outro lado, todos os outros jogos diminuíram o seu peso relativo”, acrescenta o autor do artigo. Dividir o bolo O monopólio da STDM em Macau durou exactamente 40 anos e três meses – de 1 de Janeiro de 1962 a 31 de Março de 2002, quando as autoridades decidiram liberalizar o mercado, trazendo para o território concessionárias norte-americanas. No artigo é referida a posição pública de Stanley Ho relativamente à chegada de novas operadoras e ao estilo de empresa que trouxe novidades ao que se passava em Macau, com mais eventos de cariz internacional. “Eles querem imitar Las Vegas, criar grandes espaços centrados no entretenimento familiar. Isso é bom para Macau. Quanto aos nossos clientes habituais, eles vêm para jogar assim que entram no casino. Não têm tempo para ver outras coisas”, referiu o magnata. Da STDM nasceu a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) que concorreu ao concurso público para a atribuição de novas concessões e que ganhou uma, mas para Jorge Godinho poderá ter havido uma má análise da futura concorrência, o que afectou, em parte, o posicionamento da operadora. “A SJM pode ter esquecido o seu próprio passado e pode ter repetido alguns dos erros cometidos pela Tai Heng no concurso público de 1961, a começar pelo excesso de confiança. A SJM poderá ter entendido que, como lhe seria sempre atribuída uma das concessões, não valeria a pena assumir compromissos ‘excessivos’. Esta abordagem revelou-se incorrecta”, lê-se. O estudo remete a 1961, quando a anterior concessionária à STDM, a Tai Heng Ltd, encarou esse concurso “de forma demasiado optimista e poderá ter subestimado a concorrência potencial num processo de concurso em que a decisão se baseia essencialmente numa base muito simples e directa: o montante da renda oferecida”. “A Tai Heng pode ter esperado que não houvesse concorrência, dado o montante do investimento necessário”, defendeu Jorge Godinho. Concurso aquém Em 2001, Macau tinha deixado para trás há bem pouco tempo a administração portuguesa e era já RAEM. As análises em relação ao futuro do jogo já sem monopólio eram, portanto, prudentes. “Embora em 2001 se acreditasse que havia potencial para crescer e transformar o mercado através da introdução da concorrência, na altura as expectativas não eram muito elevadas. Num movimento algo conservador, cuidadoso ou incremental, foi tomada a decisão de ter (apenas) três concessões. De facto, em 2001, ninguém poderia ter previsto o enorme desenvolvimento que, de facto, ocorreu nos anos seguintes.” Estava “ainda muito fresca” a criminalidade marcada pelas seitas no final dos anos 90 e “os decisores eram muito prudentes”. “Havia dúvidas sobre se as grandes empresas internacionais estariam presentes no concurso público de 2001. Havia também a percepção de que seriam necessários muitos anos para que os novos operadores gerassem efectivamente algum tipo de concorrência significativa para o antigo monopólio da STDM.” Segundo Jorge Godinho, “com o benefício da retrospectiva, é bastante claro que estas percepções não estavam de acordo com o que aconteceu”, pois “os anos que se seguiram a 2001 foram caracterizados por um crescimento histórico e por transformações qualitativas”. Jorge Godinho recorda que, embora fosse “amplamente esperado que uma das concessões fosse atribuída à SJM”, a verdade é que a empresa “foi classificada em terceiro lugar – o que não é uma posição excelente”. “Talvez porque os projectos de investimento pré-concessionados não eram vistos como os melhores para o que se pretendia ser um futuro dominado pelo turismo de massas em Macau e com uma diversificação crescente. A SJM terá estimado que a nova concorrência não lhe retiraria demasiada quota de mercado, especialmente no sector VIP”, acrescentou. O lugar de hoje Aquando do desenvolvimento dos primeiros projectos de grande envergadura no Cotai, Jorge Godinho destaca como a “força motriz foi a Venetian, liderada por Sheldon Adelson”, que trouxe para o território o maior casino do mundo, o Venetian. Tratou-se de “uma aposta fortíssima em Macau, que deu bons resultados”, frisou o autor do estudo, que destaca que a SJM depressa perdeu terreno no mercado. “O papel principal nestes projectos [no Cotai] não foi desempenhado pela SJM. A perda de quota de mercado da SJM começou em 2004 e foi relativamente rápida. Em 2009, a SJM continuava a liderar, com 31 por cento de quota, mas a liderança do mercado perdeu-se em 2014 e nunca mais voltou. A SJM enfrentou uma concorrência séria tanto no mercado de massas como no mercado VIP, e nos investimentos em novas propriedades”, refere Godinho. O estudo traz ainda dados sobre o actual posicionamento da SJM após os anos duros da pandemia, e já no contexto de atribuição de novas licenças de jogo, num total de seis. “A SJM foi o último operador a abrir um grande resort integrado na zona do Cotai”, lê-se, referindo-se de seguida que, a partir do terceiro trimestre de 2023, a quota de mercado por GGR [Gross Gaming Revenue – receitas brutas de jogo] foi de 26,9 por cento para a Venetian, 18 por cento para a Galaxy, 14,6 por cento para a MGM, 14,5 por cento para a Melco, 13,4 por cento para a Wynn e 12,1 por cento para a SJM. Assim, o que se verificou, nos últimos anos, foi “a perda inevitável de importância da SJM” tendo em conta “a intensa competição desde o fim do monopólio em 2001”. “Actualmente, a SJM encontra-se na última posição. A SJM Resorts é o principal operador de casinos em Macau apenas numa métrica específica: o número de casinos (13). Este facto deve-se sobretudo à sua longa história e ao legado dos ‘casinos-satélite’. O concurso público de 2022 para seis concessões constitui a base do actual ciclo de concessões de dez anos (2023-2032). No concurso de 2022, a SJM foi classificada na sexta posição – a última entre os operadores históricos”, remata Jorge Godinho.
João Luz Manchete SociedadeEconomia | Inflação em Macau fixa-se em 0,23% em Abril O índice de preços no consumidor em Macau subiu 0,23 por cento em Abril, em termos anuais. A secção de lazer, recreação, desporto e cultura foi a que registou a maior subida mensal de preços, 2,47 por cento, devido à inflacção dos quartos de hotel. Nos primeiros quatro meses do ano, o índice de preços cresceu 0,17 por cento face ao mesmo período de 2024 No passado mês de Abril o índice de preços no consumidor (IPC) subiu 0,23 pontos percentuais face a Abril de 2024, e 0,16 por cento em relação ao mês anterior, segundo dados divulgados na sexta-feira pela Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Os preços da secção de lazer, recreação, desporto e cultura aumentaram 2,47 por cento em relação a Abril de 2024, principalmente impulsionados pela subida dos preços dos quartos de hotel. O índice de preços da secção dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas cresceu 0,48 por cento no mês em análise, “graças à subida dos preços das refeições adquiridas fora de casa e de ‘take-away'”, acrescentou a mesma fonte. Em termos mensais, os preços dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas desceram ligeiramente face a Março (0,04 por cento), porque os acréscimos dos preços das refeições adquiridas fora de casa e de “take-away” não compensaram “completamente as quedas dos preços do peixe fresco, dos produtos do mar frescos, dos produtos hortícolas e da fruta”. Moda Primavera-Verão No que diz respeito à habitação e combustíveis, os dados da DSEC demonstram uma subida anual foi de 0,21 por cento, devido a um aumento das rendas de casa. Na secção do vestuário e calçado, a DSEC indicou que os preços subiram 0,78 por cento em Abril em relação ao mês anterior, “graças ao lançamento do vestuário de Verão”. Ainda assim, em termos anuais a secção de vestuário e calçado caiu 2,35 por cento. Enquanto nos transportes a subida mensal foi de 0,42 por cento devido “ao aumento dos preços dos bilhetes de avião”, apesar de na comparação em termos anuais se ter verificado uma quebra de 1,67 por cento. Por outro lado, registou-se, no quarto mês do ano, uma queda anual dos preços na área da informação e comunicação (-3,01 por cento), secção que também registou uma quebra mensal de 0,07 por cento. A DSEC indicou também que nos 12 meses terminados em Abril, o IPC subiu 0,42 por cento em relação aos 12 meses imediatamente anteriores. Neste período, as secções que “tiveram os acréscimos mais notáveis” foram produtos e serviços diversos (+2,47 por cento), da educação (+2,21 por cento) e da saúde (+1,62 por cento). Em sentido contrário, os transportes caíram 3 por cento.
João Santos Filipe Manchete SociedadeMetro | Governo nega atrasos na construção da Linha Leste No melhor cenário, a abertura da nova linha do metro vai acontecer em Julho de 2029. As obras de construção dos segmentos norte e sul da Linha Leste estão avaliadas em 9,3 mil milhões de patacas, mas os custos com a infra-estrutura vão ser suportados até 2031 A Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) afirma que a construção da Linha Leste do Metro Ligeiro está com um “bom andamento” e que se prevê a conclusão no primeiro trimestre de 2028. Num comunicado emitido no sábado, a DSOP reconheceu que as obras dos segmentos sul e norte da Linha leste vão custar cerca de 9,3 mil milhões de patacas, de acordo com o preço da adjudicação. “As obras de construção civil da Linha Leste do Metro Ligeiro tiveram início no terceiro trimestre de 2023, com conclusão prevista para o primeiro trimestre de 2028”, foi informado pela DSOP. Apesar disso, a abertura da linha à circulação só deverá acontecer depois de Julho de 2029, dada a necessidade de fazer os testes de circulação do metro. “Posteriormente, serão realizados o comissionamento e os testes do sistema de circulação, estando o projecto da Linha Leste a avançar em direcção ao objectivo de reunir as condições para a sua entrada em funcionamento no segundo semestre de 2029”, foi explicado. “Tal como a Linha da Barra, a Linha de Hengqin e a Linha de Seac Pai Van que foram concluídas há pouco tempo, após a conclusão das obras de construção civil, ainda foram sujeitas à instalação do sistema de circulação e dos testes para terem condições de funcionamento”, foi indicado. “Tomando como referência a conclusão, no prazo previsto e sem atrasos, das três linhas do Metro Ligeiro, o plano de trabalhos da Linha Leste é viável”, foi acrescentado. Progresso de 41 por cento Em relação às obras dos segmentos sul e norte da Linha Leste o custo de adjudicação foi de 9.281 milhões de patacas, estando a “ser pago de acordo com o progresso dos trabalhos”. Apesar de as obras ficarem concluídas até 2028, a DSOP explicou que os pagamentos vão prolongar-se até 2031, o que foi justificado com o facto de alguns trabalhos só serem “executados após a entrada em funcionamento da Linha Leste”. A comunicação do Governo serviu ainda para fazer um ponto-de-situação, ao indicar que os trabalhos estão concluídos a 41 por cento. “Actualmente, os trabalhos relativos ao sistema de circulação já tiveram início, enquanto os trabalhos de construção das estações subterrâneas, do túnel com recurso a tuneladora e dos viadutos de ligação à Linha da Taipa do Metro Ligeiro também estão a decorrer de acordo com o plano previsto, tendo os trabalhos de algumas metas obrigatórias sido concluídos com antecedência”, foi revelado. “Nesta fase, regista-se a conclusão do projecto global em cerca de 41 por cento e o seu andamento e orçamento estão conforme o previsto”, foi indicado.
Hoje Macau Manchete PolíticaDSEDJ | Prometida ajuda a alunos de Macau que estudam em Harvard Face à hipótese de estudantes de Macau serem afectados pelo conflito entre Donald Trump e a Universidade de Harvard, a DSEDJ afirmou ter entrado em contacto com os alunos e pedido às universidades locais que se preparem para acomodar os estudantes O Governo de Macau disse ter oferecido ajuda aos jovens locais que estudam na Universidade de Harvard, após o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter suspendido a matrícula de estudantes estrangeiros na instituição. A Direcção dos Serviços de Educação e do Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) disse num comunicado emitido no sábado que contactou os estudantes de Macau em Harvard “para prestar aconselhamento e assistência de forma permanente”. Na sexta-feira, uma juíza federal em Boston, no estado de Massachusetts, bloqueou temporariamente a decisão da Administração Trump de suspender a matrícula de estudantes estrangeiros na Universidade de Harvard. A DSEDJ disse que “está a acompanhar de perto os últimos desenvolvimentos”, mas sublinhou que “as circunstâncias ainda estão a mudar”. Ainda assim, a direcção encorajou as universidades de Macau a disponibilizar métodos de “transferência conveniente” aos afectados, para “proteger o direito dos alunos a prosseguirem os estudos”. “Qualquer medida concreta será decidida por cada universidade de acordo com as condições reais”, sublinhou a DSEDJ. Por outro lado, a tutela prometeu “continuar a promover as universidades de Macau e atrair estudantes excepcionais de todo o mundo”, para promover a internacionalização do ensino superior do território. Seguir o exemplo Na sexta-feira, uma universidade da região vizinha de Hong Kong já tinha prometido facilitar a inscrição de alunos vindos da Universidade de Harvard. A Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong prometeu “ofertas incondicionais, procedimentos de admissão simplificados e apoio académico para facilitar uma transição suave”. Os benefícios propostos incluem “admissões aceleradas, transferências de créditos e apoio personalizado” na assistência para vistos e alojamento, de acordo com um comunicado. Na quinta-feira, o Governo dos Estados Unidos proibiu Harvard de continuar a matricular estudantes estrangeiros e indicou aos que já estão inscritos que se transfiram para outras universidades sob risco de perderem o seu estatuto de imigração. A universidade, a mais prestigiada dos Estados Unidos, respondeu ao executivo com uma acção judicial. A juíza Allison D. Burroughs aceitou a suspensão temporária pedida por Harvard da revogação da permissão para acolher estudantes internacionais, que representam um quarto do total de alunos da instituição. “Harvard demonstrou que, sem um pedido para restringir temporariamente [a ordem de Trump], sofrerá danos imediatos e irreparáveis”, observou a juíza. A magistrada agendou uma audiência sobre o caso para amanhã, que contará com a presença de representantes de ambos os lados. Harvard processou o Governo republicano em Abril para recuperar o seu financiamento federal congelado, de 2,6 mil milhões de dólares, por alegados comportamentos anti-semitas.
João Luz Manchete PolíticaCooperação | Reunião com 50 representantes consulares O Chefe do Executivo jantou na sexta-feira com representantes de consulados de cerca de 50 países e organizações internacionais a quem salientou a missão de estabelecer uma plataforma de cooperação internacional. Sam Hou Fai sublinhou a importância de estreitar laços económicos, comerciais e culturais O Governo da RAEM organizou na sexta-feira uma recepção e jantar que contou com a com a presença de representantes de consulados-gerais de cerca de 50 países e organizações internacionais. No discurso na recepção aos representantes, Sam Hou Fai referiu que “Macau está empenhado em construir uma plataforma de cooperação internacional”, e uma “plataforma de abertura ao exterior de alta qualidade”. O líder da RAEM indicou que o objectivo é tornar Macau “numa janela importante para o intercâmbio e aprendizagem mútuos entre a civilização chinesa e a civilização ocidental”. Dirigindo-se aos convidados internacionais, Sam Hou Fai apontou à cooperação económica e comercial, ao intercâmbio cultural e à conexão de pessoas entre Macau e aqueles países, e garantiu que o seu Executivo irá articular com a estratégia de desenvolvimento nacional, “tendo como força motriz a inovação de regimes jurídicos e a optimização de políticas”. O objectivo passa por “promover de forma coordenada o progresso comum do Governo e do mercado, de Macau e do mundo, em prol da construção de uma plataforma de intercâmbio internacional, mais inclusiva, mais conveniente, e mais eficaz”. Sam Hou Fai vincou também o empenho do seu Executivo na “reforma da administração pública, na elevação constante da eficiência da governação, na inovação do conceito de servir”, e na criação de “um ambiente que facilita ainda mais a vida das pessoas e das empresas”. O governante indicou ainda que todos os países e regiões são bem-vindos para aproveitar o papel de Macau enquanto plataforma de cooperação internacional, e convidou “empresas e turistas de todos os países” a “experimentarem a vitalidade do desenvolvimento de Macau e da China”. Alargar o círculo O Chefe do Executivo mencionou também alguns dos conceitos políticos típicos da RAEM, como a ideia de que o princípio “Um País, Dois Sistemas” “demonstra êxitos mundialmente notáveis”. Depois de salientar a imperiosa necessidade de assegurar a soberania e segurança nacional, Sam Hou Fai destacou a importância de garantir “plenamente um alto grau de autonomia de Macau, manter inalterados por um longo tempo o sistema capitalista e a respectiva maneira de viver, o seu estatuto de porto franco internacional e de zona aduaneira autónoma, e o sistema de direito europeu continental em Macau”. O Chefe do Executivou vincou que “Macau está disposta a partilhar as oportunidades de desenvolvimento com todos os países e regiões, alargando o ‘círculo de amigos’ internacional para alcançar uma cooperação cada vez mais abrangente”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteNanfang Media | Grupo de Guangdong cria plataforma com Portugal Na sexta-feira, foi lançada uma plataforma de cooperação na área dos media, promovida pelo grupo Nanfang Media, com sede em Guangdong e escritórios em Macau. A “Plataforma Chinesa-Portuguesa de Conteúdos de Media para a Grande Baía” pretende “reformar a cooperação de media e facilitar a troca de notícias e conteúdos culturais entre a China e os países de língua portuguesa” Acaba de ser criada uma nova plataforma para troca de conteúdos noticiosos e culturais entre a China e os países de língua portuguesa. O projecto é do Nanfang Media Group, com sede na província de Guangdong e escritórios em Macau, e intitula-se “Greater Bay Area Chinese-Portuguese Media Content Platform”. Trata-se de um projecto integrado na internacionalização e expansão do grupo chinês e que foi lançado na última sexta-feira, em Lisboa, integrado no Festival da Cultura Chinesa-Portuguesa “Chinese Styles, Portuguese Flavors” [Estilos Chineses, Sabores Portugueses], que decorreu na sede da Quinta da Marmeleira, em Lisboa. O Nanfang Media Group, que detém títulos como o GD Today, em língua inglesa, quer agora chegar ao universo da língua portuguesa e a uma “audiência global de cerca de 300 milhões de falantes de português”, escreveu essa publicação. Também aí se descreve que o grande objectivo desta nova plataforma é “reforçar a cooperação de media e facilitar a troca de notícias e conteúdos culturais entre a China e os países de língua portuguesa”. No seu discurso, Zhao Yang, chefe de redacção do portal “International SOUTH”, ligado ao grupo Nanfang, apresentou os objectivos principais desta plataforma, nomeadamente “estreitar a colaboração com meios de comunicação portugueses, ‘Think Tanks’ e outras instituições e apresentar, de forma mais acessível, histórias sobre o ambiente de negócios da China, Grande Baía e Guangdong”. É ainda objectivo mostrar a modernização económica e social que a China tem conhecido nos últimos anos, bem como mostrar “a cooperação pragmática sino-portuguesa e a amizade entre os dois povos”. Assim, esta plataforma de contacto visa ainda “aproveitar as potencialidades da inteligência artificial, a fim de promover os nossos meios de comunicação social na era digital”. “Espero que esta iniciativa possa contribuir, com a força dos media, para o diálogo entre civilizações e aprofundamento de uma cooperação abrangente entre a China e Portugal”, disse Zhao Yang. O responsável explicou ainda que “nos últimos dois anos, e através do aproveitamento das vantagens jornalísticas em Macau, a SOUTH tem reforçado a colaboração com a plataforma sino-portuguesa, a Agência Lusa ou outros órgãos de comunicação em língua portuguesa, divulgando de forma ampla histórias sobre portugueses a viver e trabalhar no grande país [China], Hong Kong e sobre a cooperação económica entre Guangdong e Portugal”. De frisar que o grupo Nanfang, presidido por Liu Qiyu, detém actualmente a rádio portuguesa Iris FM, com sede em Samora Correia e Lisboa. Palavras de presidente Liu Qiyu, presidente do Nanfang Media Group, destacou o facto de esta plataforma ser lançada numa altura em que se celebram os 500 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e a Europa, bem como “o 20º aniversário do estabelecimento de uma parceria estratégica abrangente entre a China e Portugal”. Referindo-se ao grupo que lidera, que tem “ampla influência nacional e internacional e que está enraizado na principal província económica da China, em Guangdong”, Liu Qiyu falou da ideia de internacionalizar o grupo, “empenhando-se na construção de pontes a nível internacional e na promoção do diálogo entre civilizações”. “Queremos reforçar a cooperação com os meios de comunicação social de todo o mundo, a fim de promover uma compreensão global entre povos”, referiu. O responsável afirmou esperar que a nova plataforma “possa reunir a sabedoria e a força dos meios de comunicação social de ambos os países para se contarem histórias do mundo lusófono e as histórias de Guangdong, da Grande Baía e da China, e também para que se possam levar histórias de Portugal e da Europa para a China, em especial para Guangdong”. O presidente do grupo Nanfang não esqueceu o papel de Macau na ligação à zona de Hengqin, numa altura em que se consolida “o papel da região como plataforma de serviços a nível económico e comercial entre a China e países da língua portuguesa”. Camões e Ronaldo Zhao Bentang, embaixador da China em Lisboa, marcou presença no evento, destacando que “as civilizações chinesa e portuguesa valorizam-se, aprendem e coexistem de forma harmoniosa, o que beneficia os povos de ambos os lados, fazendo também contribuições importantes para a paz e desenvolvimento mundial”. “A cooperação linguística e cultural entre a China e Portugal tem sofrido um processo rápido”, destacou ainda, referindo que, nos últimos anos, a cultura chinesa tem tido cada vez mais popularidade fora do país, enquanto que Portugal “foi um dos primeiros países europeus a comunicar com a China”. Trata-se de uma história “com mais de 500 anos”, tendo-se criado “uma base sólida para o desenvolvimento comum” e um maior intercâmbio cultural, disse. Zhao Bentang não esqueceu o destaque que o futebol e a literatura em português têm tido na China. “Cristiano Ronaldo é um nome bem conhecido na China, e as excelentes obras de escritores portugueses como Camões, Fernando Pessoa ou José Saramago podem ser encontradas em todas as livrarias chinesas”, lembrou. O festival cultural sino-português onde se integrou o lançamento desta nova plataforma de media contou com gastronomia chinesa e também pratos macaenses e portugueses, com assinatura de Michael Franco, macaense de Hong Kong que abriu recentemente um novo restaurante em Lisboa, o Dragon Inn. De resto, o evento, apoiado por diversas entidades, como a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), teve provas de vinhos e demonstrações da cultura chinesa, com sessões de caligrafia e uso de vestes tradicionais. Bernardo Mendia, secretário-geral da CCILC, destacou que a China criou, há 71 anos, a ideia de “respeito mútuo e da coexistência pacífica entre as nações, os célebres Cinco Princípios de Coexistência Pacífica, que não são mais que uma manifestação de respeito pela cultura de terceiros, sem a pretensão de alterações ou imposições, como se umas culturas fossem superiores a outras”. O responsável salientou que, nas ligações económicas, “a cultura é um elemento essencial e até anterior como forma de potenciar o bom relacionamento bilateral e a concretização de negócios mutuamente benéficos”. Neste sentido, acrescentou Bernardo Mendia, “o respeito pela cultura é inegociável”, por se tratar de “um bem intangível, porque é composta por valores, crenças, costumes e tradições, transmitidos de geração em geração através de práticas, rituais e expressões que resultam na própria identidade de um Povo ou comunidade”. Segundo o GD Today, Bernardo Mendia referiu “que os media podem ajudar-nos a quebrar barreiras e a facilitar a comunicação”, sendo que a nova plataforma poderá ter “um enorme significado na conexão entre Portugal e a China”. Fazendo referência ao debate que existe actualmente em Portugal, sobre o fim das touradas, Bernardo Mendia destacou que “as corridas de toiros à portuguesa” são parte da cultura, algo “anterior ao poder do próprio Estado, poder esse que se legitima pelo respeito da cultura do seu Povo e comunidades”. Assim, neste contexto, o secretário-geral da CCILC lamentou que o Estado tente “impor uma cultura – fenómeno denominado de ‘cultura de Estado'”. Nesses casos, “instala-se o caos, conforme presenciámos recentemente no mundo ocidental com a tentativa de imposição da cultura woke por parte de alguns Estados”, rematou.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTufão | ID pressionado a devolver dinheiro de cancelamento Um cidadão cancelou uma marcação para utilizar um campo de futebol, porque não queria regressar para casa com o sinal número 8 de tufão içado. No entanto, só conseguiu ser reembolsado pelo ID, depois de ter apresentado queixa junto do CCAC Um cidadão cancelou uma marcação para utilizar um campo de futebol público, devido à passagem de um tufão, mas só foi reembolsado pelo Instituto do Desporto (ID) depois de ter apresentado queixa no Comissariado contra a Corrupção (CCAC). O caso aconteceu em 2024 e foi divulgado ontem pelo organismo liderado por Ao Ieong Seong. De acordo com os contornos apresentados pelo CCAC, o queixoso tinha uma marcação para utilizar o campo de futebol ao ar livre do Centro Desportivo Olímpico às 20h num dia de Verão. Contudo, nesse dia, a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (DSMG) anunciou, ainda à tarde, que iria içar o sinal número 8 de tempestade tropical a partir das 22h. Como consequência do aviso, o cidadão cancelou a marcação, por considerar que depois de utilizar o espaço, e com o aproximar do sinal número 8, ia correr riscos desnecessários quando tivesse de regressar a casa. No entanto, quando tentou pedir o reembolso, este foi recusado pelo ID, que considerou que não estavam reunidas as condições para haver devolução do dinheiro. O cidadão acabou por fazer queixa ao CCAC, que foi investigar o caso, verificando as horas em que foram içados os sinais e pedido esclarecimentos ao ID. Por sua vez, o ID explicou que o regulamento sobre a compra de bilhetes para acesso às instalações desportivas prevê que só há reembolso quando se verificam “condições escorregadias na superfície do pavimento”. No entanto, o ID considerou que apesar do cancelamento, a superfície estava “em estado normal para abertura ao público”, o que fazia com que não fossem preenchidos os requisitos para devolver o dinheiro. Pedidos de boa-fé As explicações do ID não convenceram o CCAC. Na óptica deste organismo, dado que “a DSMG tinha anunciado expressamente que iria içar o sinal número 8 de tempestade tropical a determinada hora” que havia “riscos de segurança durante o percurso de ida e volta” para o queixoso. Por este motivo, o CCAC considerou que o ID devia ter dado “uma resposta mais adequada, de acordo com os princípios da boa fé, da desburocratização e da eficiência, às solicitações razoáveis dos cidadãos, no sentido de assegurar a qualidade e a eficácia dos trabalhos da Administração Pública”. Face às críticas, o ID concordou com o CCAC e avançou para o reembolso. Além disso, foi feita uma revisão do regulamento sobre a compra de bilhetes para acesso às instalações desportivas, para passar a prever este tipo de situações.
João Luz Manchete SociedadeJogos Nacionais | Criticado atraso na selecção de atletas locais Ron Lam considera que a moral e preparação física dos atletas de Macau para participarem nos Jogos Nacionais foram prejudicadas pelo atraso na selecção dos atletas que vão competir. O deputado defende que as autoridades deveriam dar prioridade à participação e relativizar medalhas e sucesso desportivo Esta semana, o director do Instituto do Desporto, Luís Gomes, negou rumores e relatos de atletas locais de que estariam afastados de competir nos Jogos Nacionais, e foi revelado que não só o evento desportivo contará com a participação de atletas da RAEM, como a comitiva de Macau será a maior de sempre, com 350 atletas, segundo o Jornal Tribuna de Macau. Apesar da notícia, Ron Lam publicou no Facebook uma opinião a criticar o atraso no processo de selecção dos participantes locais na competição organizada conjuntamente pela província de Guangdong, Hong Kong e Macau, e que começa a 9 de Novembro. No início da semana, Luís Gomes adiantou ao jornal Ou Mun que ainda estavam a ser acertados detalhes sobre a participação de atletas locais com associações desportivas, e que as autoridades iriam analisar regulamentos e exigências que as provas requerem. Tendo em conta que se conhece a dimensão da comitiva da RAEM, mas que ainda não haverá uma lista concreta com o nome dos atletas, Ron Lam criticou a lentidão com que as autoridades têm gerido o processo. “O processo de selecção de atletas de Hong Kong começou em Janeiro. Por exemplo, a Associação Chinesa de Badminton anunciou a lista de participantes no mês passado, incluindo 1.599 do Interior da China, 49 de Hong Kong, 10 de Taiwan, mas zero de Macau. É inacreditável”, comentou o deputado. Alegria de competir O deputado criticou a garantia tardia do Governo em relação à participação de atletas locais e os comentários sobre o nível de competitividade que as provas exigem, e defende a organização de provas desportivas abertas para apurar os atletas que irão integrar a delegação da RAEM. “Os atletas de Macau demonstraram sempre um grande orgulho em representar o território, algo que encaram como a mais elevada meta e competir nos Jogos Nacionais é um sonho para os atletas locais”, afirmou. Ron Lam defende ainda que Macau deveria enviar pelo menos uma equipa para cada modalidade, mesmo sacrificando requisitos mínimos de participação como padrões de desempenho e aptidão física. O deputado reconhece que os Jogos Nacionais representam uma “oportunidade rara” para os atletas locais competirem ao mais alto nível. Porém, sem acção por parte das autoridades ou anúncio da lista de participantes locais, “a moral e os planos de preparação dos atletas de Macau foram afectados”. “A oportunidade de competir é mais importante do que as medalhas. O espírito e participação desportiva são conceitos fundamentais dos Jogos Nacionais”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaUM | Empresa de investimento no Interior paga 3 milhões por estudo O braço de investimento da Universidade de Macau vai construir o novo campus na Ilha de Montanha e antes de obter a licença para utilizar o terreno tem de realizar estudos do solo. O preço deste contrato é de 3,3 milhões de patacas A empresa Guangdong Hengqin UM Higher Education Development vai pagar 2,95 milhões de renminbis (3,3 milhões de patacas) pelos estudos do solo para poder construir o futuro campus na Ilha da Montanha. Este valor soma-se aos 946 milhões de renminbis pagos anteriormente às autoridades de Zhuhai, pela concessão do terreno. De acordo com a informação partilhada pela subsidiária da Universidade de Macau (UM) no portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP), a realização dos estudos é uma exigência para receber a licença permanente de utilização do terreno na Ilha da Montanha. Só depois de serem finalizados estes trabalhos será possível avançar com as obras que deverão ter um custo na ordem dos milhares de milhões de renminbis. O estudo em causa foi encomendado à representação de Zhuhai da empresa China Nonferrous Metal Industry Changsha Reconnaissance Design & Research Institute, uma multinacional da China, que tem igualmente actividade em países como Estados Unidos, Japão ou Alemanha. Entre os 2,95 milhões de renminbis, a empresa da UM admite que foi feito um primeiro pagamento de 2,17 milhões e que o restante montante, na ordem dos 780 mil renminbis será pago “quando as condições estiverem reunidas”. No relatório, o valor declarado com investimento em terrenos e construção de activos é de 976 milhões de renminbis, embora estes gastos não seja discriminados, pelo que podem ter em conta outra custos, além dos 946 milhões de renminbis que foram anteriormente anunciados, através do jornal Ou Mun. Em termos dos gastos operacionais, a empresa gastou 359 mil renminbis em imposto de selo, no Interior da China, e pagou 84 mil renminbis de imposto de utilização de terrenos, num total de 443,2 mil renminbis. Aos custos anteriores juntam-se 80 mil renminbis pagos a intermediários, definidos como despesas de gestão, além do pagamento de financiamento de 576 mil renminbis. Ao nível das despesas reconhecidas pela Guangdong Hengqin UM Higher Education Development constam ainda donativos de 100 mil renminbis, embora o destinatário não seja indicado. Cerca de 10 mil alunos De acordo com os planos anunciados anteriormente pela UM, o terreno do futuro campus está dividido em nove lotes, dos quais seis vão ser utilizados para construir laboratórios, faculdades, e outras instalações universitárias. A UM tem como missão construir um campus internacional na Ilha da Montanha, com a chancela do Governo da RAEM, virado para o ensino e investigação nas áreas da ciência, engenharia, agricultura e medicina. São esperados pelo menos 10.000 alunos no campus que deverá ficar concluído até 2028, ano em que iniciará as operações com 8.000 alunos, entre os quais 4.000 a frequentarem licenciaturas. Espera-se também que o campus necessite de cerca de 500 funcionários para operar, não sendo ainda claro se a UM vai optar por residentes locais ou dar prioridade os residentes chineses.